José Jerí será o 7º presidente do Peru em 5 anos; ele assume após impeachment de Dina Boluar

Internacional
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Sétimo presidente do Peru em cinco anos, José Jerí, de 38 anos, assumiu o posto na sexta-feira, 10, com declarações pedindo "calma e tranquilidade" e também defendendo a "guerra contra a delinquência", que apontou como a sua prioridade número um. Ele tomou posse como interino após o impeachment da agora ex-presidente Dina Boluarte em meio a uma crise de segurança no país.

Uma das primeiras agendas públicas de Jerí foi liderar uma operação federal em presídios na madrugada deste sábado, 11. Um dos objetivos da ação era identificar casos de extorsão realizados de dentro das cadeias. Segundo nota da presidência, celulares foram encontrados com detentos.

"O crime não descansa, nós também", reforçou em postagem nas redes sociais em que aparece em meio às forças policiais do país. "Seguiremos combatendo a delinquência nas 24 horas do dia, nos sete dias da semana. Sem trégua, sem medo e com decisão", apontou.

Advogado, Jerí estava na presidência do Congresso peruano desde julho, após uma rápida ascensão política desde que se tornou deputado, em 2021. É considerado como um político de direita e conservador.

Ao tomar posse diante do Parlamento, reiterou a postura de combate ao crime organizado, assim como falou da importância de eleições "transparentes" em 2026. "O principal inimigo está nas ruas, nas gangues e organizações criminosas. Eles são nossos inimigos hoje, e devemos declarar guerra a eles", declarou.

A "inabilidade política" para conter o aumento da criminalidade foi um dos principais motivos atribuídos ao impeachment. A destituição ocorreu horas após um caso de grande repercussão: o ataque a tiros no show da banda Agua Marina, em Lima - que deixou um morto e diversos feridos.

Jerí deve ocupar o cargo até julho de 2026, três meses após as eleições presidenciais realizadas em abril. O Peru vive grande instabilidade política nos últimos cinco anos: desde 2018, três presidentes foram destituídos, enquanto dois renunciaram antes do possível impeachment.

Com a posse, voltaram a ganhar destaque os questionamentos sobre uma acusação de abuso sexual contra Jerí, feita em dezembro do ano passado. O caso, porém, foi arquivado, segundo a imprensa local. Além disso, postagens antigas de Jerí em redes sociais, com conteúdo apontado como machista, foram resgatadas e geraram repercussão.

Presidente deposta diz que não vai deixar o país

Em comunicado, o Ministério Público informou que a ex-presidente Dina Boluarte é investigada em um caso de lavagem de dinheiro, supostamente ocorrido em 2019. O órgão requereu à Justiça que ela seja impedida de deixar o país. Boluarte havia assumido o governo em 2022, após outro impeachment, tendo sido vice-presidente anteriormente.

Na sexta, a ex-mandatária negou que cogite buscar asilo fora do Peru. "Não está nem sequer no meu menor pensamento, nem no meu sentimento patriótico", disse à imprensa, de acordo com o jornal Diario El Comercio. (Com informações da Associated Press)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o episódio final da novela "Vale Tudo", da TV Globo, para promover o debate sobre desigualdade social e justiça. O capítulo foi exibido na noite desta sexta-feira, 17.

"Hoje é dia de final de novela, e o Brasil vai parar pra ver quem matou a Odete Roitman. Mas, fora das telas, o povo brasileiro está escrevendo outra história: a da esperança, com um país que escolheu combater a desigualdade com justiça social. E aqui o final é feliz e coletivo", escreveu o presidente em uma publicação na rede X (antigo Twitter).

No post, Lula também compartilhou imagens de agendas do governo e resultados da gestão em seu terceiro mandato.

Em conversa com o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) nesta sexta-feira, 17, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cobrou maior articulação entre presidentes de partidos de direita contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de olho nas eleições de 2026.

Bolsonaro cumpre prisão domiciliar em sua casa em Brasília, onde vem recebendo aliados para romper o isolamento e tratar de questões políticas. O ex-presidente foi punido com a restrição por descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em 4 de agosto.

"Bolsonaro entende que precisa mais - e ele vai conversar com Valdemar na próxima semana (sobre isso) - que os presidentes de partido estejam se reunindo com mais frequência para que a gente possa ter ainda mais resultados positivos, para enfrentar o atual governo, visando em especial a eleição de 2026", afirmou o líder do PL na Câmara à imprensa na saída da visita ao ex-presidente.

Em setembro, o União Brasil e o Progressistas (PP) anunciaram o desembarque oficial do governo Lula, antecipando a articulação de uma candidatura competitiva na direita para derrotar o PT em 2026. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), são cotados para liderar esse movimento, mas a escolha do nome ainda não foi decidida.

Sóstenes diz que Bolsonaro lhe perguntou como está a articulação pela anistia do 8 de Janeiro. O tema interessa ao ex-presidente, que pode ser beneficiado pelo texto que os bolsonaristas tentam, ainda sem sucesso, aprovar na Câmara, de modo a perdoar todos aqueles investigados por atos antidemocráticos desde 2019.

Sóstenes detalhou o seguinte panorama: o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto, aguarda o texto ser devolvido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na terça-feira, com o compromisso do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautá-lo para votação. Caso a proposta devolvida pelos articuladores preveja a redução de penas - e não a anistia "ampla, geral e irrestrita", como cobram os bolsonaristas -, a bancada do PL vai apresentar um destaque para ampliar o perdão.

"Estamos muito confiantes, quem sabe na próxima semana a gente pode ter essa boa notícia. Estou muito empenhado em que a gente finalmente possa resolver de uma vez por todas a questão da anistia. Bolsonaro tem reconhecido que as articulações têm avançado", declarou Sóstenes.

O líder do PL disse que a saúde do ex-presidente parece melhor, com menos soluços, mas que a questão emocional permanece a mesma. Bolsonaro, segundo o deputado, vem reclamando do tédio na prisão domiciliar e do uso da tornozeleira.

"Está um pouco melhor do que da última vez que eu o vi. Ele está tomando algumas medicações, com cuidados alimentares. A preocupação dele é com soluço. Enquanto estivemos (juntos), ele tossiu algumas vezes, mas não estava soluçando, mas ele está sentindo algum incômodo (com refluxo) (...) Ele tem conseguido na última semana voltar a fazer exercício físico, porque, por conta do soluço constante que ele estava tendo, ele não estava conseguindo se exercitar. Ele conseguiu hoje fazer uma hora de esteira", disse Sóstenes.

A indicação de Lula à vaga deixada por Luís Roberto Barroso no STF foi outro assunto da conversa desta sexta-feira, mas desta vez com Michelle. O presidente deve indicar o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, que é evangélico e homem de confiança do petista.

"Conversei com a Michelle (sobre isso). Nós comungamos da mesma opinião, por sermos evangélicos. Querem colocar (Messias) na conta dos evangélicos, mas ele, antes de qualquer coisa, não está sendo indicado por ser evangélico, mas porque é petista. E ele, como petista, representa 5% do segmento dos evangélicos, que são os evangélicos esquerdistas. (Mas) não temos como opinar sobre isso, é um direito do presidente indicar quem ele quiser", afirmou Sóstenes.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiu arquivar o processo contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por suposta obstrução de Justiça. O pedido havia sido apresentado pelo deputado federal Rui Falcão (PT-SP).

A representação foi apresentada por Rui Falcão, motivada por uma declaração do governador Tarcísio de Freitas contra o ministro Alexandre de Moraes. Na ocasião, Tarcísio afirmou: "Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como o [Alexandre de] Moraes". Para o deputado petista, a fala configuraria um "ato antidemocrático inserido em um contexto de golpe continuado". O deputado também questionava a articulação de Tarcísio por uma anistia aos presos do 8 de Janeiro.

Apesar disso, Moraes seguiu o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que já havia solicitado o arquivamento do caso. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que "articulação política não constitui ilícito penal, tampouco extrapola os limites da liberdade de expressão".

Após a decisão de arquivamento, nem Rui Falcão, nem o governador Tarcísio de Freitas se manifestaram publicamente.