A União Europeia denunciou nesta quarta-feira a medida tomada pelas autoridades de Burkina Faso de declarar persona 'non grata' a coordenadora residente das Nações Unidas no país, Carol Flore-Smereczniak, que em um relatório criticou a violência contra crianças no contexto de conflitos armados.
"A UE lamenta a decisão de Burkina Faso de declarar a coordenadora residente da ONU persona non grata", disse a porta-voz de relações exteriores, Anitta Hipper, em uma mensagem de mídia social, afirmando que o apoio ao trabalho da ONU em prol da paz, do desenvolvimento e da segurança alimentar é "essencial" para avançar em direção a um "futuro pacífico e próspero".
Burkina Faso anunciou a ação contra Flore-Smereczniak, por sua "responsabilidade" por um relatório que "transmitiu informações sérias e falsas" sobre a violência contra crianças no contexto de conflitos armados.
"Ao confirmar unilateralmente informações sem apoiá-las com evidências legalmente aceitáveis, (...) o governo considera, à luz de todas as graves discrepâncias observadas, e a fim de preservar e fortalecer as importantes conquistas da cooperação entre Burkina Faso e a ONU, que Carol Flore-Smereczniak não é mais uma interlocutora confiável", disse o governo burquinense em um comunicado.
As autoridades lamentaram não terem participado de sua preparação nem terem sido informadas das conclusões do estudo e disseram que ficaram "surpresas com a persistência de certas agências da ONU" em seu "uso descuidado e deliberado de terminologia ambígua, ocultando um desejo claro de legitimar ou reclassificar a barbárie à qual o povo burquinense tem sido submetido há uma década".
O país africano experimentou um aumento significativo na insegurança desde 2015, com ataques de afiliados da Al Qaeda e do Estado Islâmico contribuindo para um aumento na violência intercomunitária e um florescimento de grupos de autodefesa, aos quais o governo acrescentou "voluntários".
A junta militar no poder do país alega ter recapturado nos últimos meses 72,7% do território inicialmente controlado por organizações armadas como o Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (JNIM), a afiliada da Al-Qaeda no Sahel, e o Estado Islâmico.
UE denuncia a decisão de Burkina Faso de declarar o coordenador da ONU persona non grata
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