EUA deportam Julio César Chávez Jr., o 'justiceiro' do cartel de Sinaloa

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Os EUA deportaram o boxeador Julio César Chávez Jr., de 39 anos, preso em Los Angeles e acusado de ter ligação com o tráfico de drogas. Ele é filho da lenda do boxe Julio César Chávez e foi entregue às autoridades mexicanas em Sonora, na segunda-feira, 15.

"Ele foi deportado. Havia um mandado de prisão no México solicitado pela Procuradoria-Geral", disse a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum. Chávez Jr. foi transferido para um presídio na cidade de Hermosillo, capital de Sonora.

O boxeador foi preso no dia 2 de julho por agentes do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) após fornecer informações fraudulentas em seu pedido de residência permanente nos EUA.

Posteriormente, a Procuradoria-Geral do México informou às autoridades americanas que Chávez Jr. é acusado de envolvimento em "organização criminosa e tráfico de armas". O Departamento de Segurança Interna dos EUA também o identificou como "um membro do cartel de Sinaloa", recentemente designado como "organização terrorista" pelo governo de Donald Trump.

Justiceiro

Chávez Jr. mantinha vínculos com os "Chapitos", como são conhecidos os filhos de Joaquín "El Chapo" Guzmán, um dos fundadores do cartel de Sinaloa, condenado à prisão perpétua nos EUA. Segundo jornalistas mexicanos que tiveram acesso ao processo, o boxeador seria um "justiceiro" encarregado de punir membros da organização. "Ele os pendura, os trata como saco de pancadas", publicou o jornal Reforma, citando um testemunho documentado pelo Ministério Público do México.

Autoridades americanas dizem que Chávez Jr. entrou legalmente nos EUA em 2023 com um visto de turista válido até fevereiro de 2024. Em abril do mesmo ano, ele apresentou um pedido de residência permanente após se casar com uma americana, que também foi apontada como operadora do cartel de Sinaloa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) arquivou a investigação sobre suspeita de rachadinha no gabinete do desembargador Ivo de Almeida, afastado do Tribunal de Justiça de São Paulo na Operação Churrascada.

O arquivamento não afeta a investigação que atribui ao desembargador corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e advocacia administrativa, crimes pelos quais ele foi denunciado pela PGR.

Ivo de Almeida está afastado das funções desde que a Polícia Federal deflagrou a Operação Churrascada, em junho de 2024, e fez buscas em sua casa e no gabinete no Tribunal de Justiça.

Além do desembargador, dois servidores eram investigados: Silvia Rodrigues, assistente jurídica, e Marcos Alberto Ferreira Ortiz, chefe de seção judiciária. Eles entraram na mira da investigação porque fizeram transferências fracionadas para a conta do magistrado.

Após mais de um ano de investigação, com a quebra do sigilo fiscal e buscas nos endereços dos servidores, a PGR concluiu que não há provas suficientes para denunciar Silvia e Ortiz por suposta prática de 'rachadinha'. O inquérito pode ser reaberto se surgirem suspeitas novas.

"Conquanto existam indícios que, em tese, sugerem envolvimento colateral, tais elementos revelam-se insuficientes para demonstrar participação efetiva, consentimento ou anuência nos atos ilícitos apurados, razão pela qual não se vislumbra, neste momento, viabilidade para o oferecimento de ação penal", diz o parecer da subprocuradora Luiza Cristina Frischeisen.

Ivo de Almeida recebeu R$ 641 mil dos servidores do seu gabinete entre fevereiro de 2016 e setembro de 2022.

A Procuradoria-Geral da República considerou que Silvia conseguiu comprovar que as transferências foram feitas a título de "reembolsos por despesas cotidianas".

O desembargador sempre negou a 'rachadinha'.

O criminalista Átila Machado, que representa o magistrado, considera que o arquivamento dessa parte da investigação enfraquece as demais acusações da PGR.

O ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), prorrogou por um ano o afastamento de quatro desembargadores do Tribunal de Justiça do Maranhão, todos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) nos autos da Operação 18 Minutos - investigação da Polícia Federal sobre suposto esquema de venda de sentenças na Corte estadual.

Noronha acolheu pedido da Procuradoria-Geral da República ao considerar 'imprescindível' a medida - para 'proteção da ordem pública e da credibilidade da jurisdição' - que mantêm longe do Tribunal os magistrados denunciados por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

A decisão atinge os desembargadores Antênio Pacheco Guerreiro Júnior, Luiz Gonzaga Almeida Filho, Nelma Celeste Sousa Silva - cunhada do ex-presidente Sarney - e Marcelino Everton Chaves.

Segundo a acusação da PGR, os desembargadores e mais dois juízes de primeiro grau - Alice de Souza Rocha e Cristiano Simas de Souza - operavam verdadeira 'mercancia de decisões judiciais' com o conluio de políticos, advogados e servidores.

A Procuradoria sustenta que os juízes agiam 'no exercício e em razão das funções públicas' e com 'uso de gabinetes, assessores e estruturas do tribunal para viabilizar ilícitos'.

A trama teria resultado ao grupo togado uma arrecadação de R$ 54 milhões em propinas. Todos negam ilícitos.

A operação foi batizada 18 Minutos porque esse era o tempo entre o despacho de sentenças e o saque de valores na boca do caixa em favor de beneficiários da fraude. Ao todo, são 29 os denunciados, inclusive 13 advogados e três assessores dos juízes.

Em outubro do ano passado, os magistrados foram afastados das funções pela primeira vez na Operação 18 Minutos, quando a Polícia Federal deflagrou a fase ostensiva da investigação por ordem do ministro Noronha.

Interferências

Em julho último, a Procuradoria comunicou a Noronha que o prazo de afastamento iria expirar no dia 7 de agosto. No dia 6, ele decidiu prorrogar por mais um ano a cautelar.

Noronha aponta a 'gravidade concreta das imputações que envolvem organização criminosa supostamente instalada no âmbito do Tribunal de Justiça do Maranhão'.

O ministro também alerta para 'a necessidade de impedir interferências no andamento do processo penal originário' e na coleta de provas complementares.

Ele anotou que o afastamento deve ser prolongado diante da subsistência dos fundamentos que motivaram a imposição das cautelares, 'os quais permanecem atuais e relevantes', assim como a proibição de contatos com outros investigados e de acesso às dependências do tribunal.

Dissipação

Noronha ainda manteve de pé o sequestro e indisponibilidade de bens dos alvos da investigação 18 Minutos. Segundo ele, as medidas são 'necessárias e adequadas para impedir a dissipação do produto do crime e a frustração da reparação de dano (...) evitando a continuidade das práticas ilícitas'.

"Não há elementos novos que autorizem a revogação ou o afrouxamento das medidas", anotou o ministro.

Uma das maiores apreensões de dinheiro vivo da Operação Estafeta, que levou ao afastamento do prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Marcelo Lima (Podemos), ocorreu em endereços ligados ao empresário Caio Henrique Pereira Fabbri, dono da Quality Medical, distribuidora de remédios e material hospitalar que ganhou contratos milionários com a prefeitura. Havia R$ 215 mil na casa dele e R$ 946 mil na sede da empresa.

Em nota, os advogados Wilton Luís da Silva Gomes e Beatriz Alaia Colin, que defendem o empresário, disseram que ele sempre "prezou pela lisura de suas atividades empresariais" e não tem envolvimento com irregularidades (leia a íntegra da manifestação ao final da matéria).

Em depoimento à Polícia Federal, Fabbri alegou que o dinheiro foi juntado ao longo de dois anos com a venda de peças de carro. Segundo o empresário, um de seus hobbies é participar de competições de automobilismo e muitas peças que compra acabam sendo revendidas. As transações, de acordo com o depoimento, ocorrem em espécie. Ele disse não ter recibo nota fiscal das compras nem comprovantes das vendas. Fabbri declarou ainda que guarda o dinheiro em casa porque tem uma casa em reforma e faz pagamentos em espécie aos pedreiros.

O empresário também foi questionado sobre os valores apreendidos na sede da Quality Medical. Segundo Fabbri, a quantia tem como origem pagamentos em espécie "referentes a pequenas vendas". Ele justificou que usa o dinheiro para pagar uma outra obra, de um prédio que está sendo construído com a família, e também comissões de funcionários e fretes. Novamente, alegou não ter comprovação da origem do dinheiro apreendido.

Fabbri disse que "não tem muito controle sobre a declaração desses valores, que teria que ver com a contabilidade", e não soube informar se a quantia foi declarada à Receita.

O empresário foi preso em flagrante na Operação Estafeta e denunciado nesta segunda-feira, 19, por suspeita de corrupção ativa, lavagem e organização criminosa. Ele é réu em outro processo, de improbidade, derivado da Operação Prato Feito, que investigou suspeitas de desvios de verbas da merenda em três Estados.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO EMPRESÁRIO

Caio é denunciado, única e ilegalmente, em razão de ser sócio proprietário da empresa Quality Medical - renomada em sua expertise, com quase 20 anos de mercado, possuindo contratos em diversos municípios do Estado de São Paulo. Atualmente, a Quality Medical sequer possui contrato com a Prefeitura de São Bernardo do Campo, sendo que tanto Caio quanto os demais sócios desconhecem os nomes das pessoas envolvidas na Operação, com as quais não possuem qualquer vínculo.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público, ao contrário de cumprir o seu papel, deixa mais dúvidas do que respostas. Não logrou pormenorizar um único ato ilícito atribuível a Caio Fabbri - justamente em razão de seu distanciamento dos fatos apurados na operação Estafeta.

Caio sempre prezou pela lisura de suas atividades empresariais e não possui qualquer envolvimento com as práticas ilícitas veiculadas na denúncia - motivo pelo qual a defesa credita sua confiança na Justiça, que deverá absolve-lo sumariamente.

Wilton Luís da Silva Gomes e Beatriz Alaia Colin