Putin concordou em iniciar próxima fase do processo de paz, afirma Casa Branca

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A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concordou em iniciar a próxima fase do processo de paz para o conflito com a Ucrânia, em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 19. Segundo ela, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, e o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, continuarão a coordenar com os ucranianos as negociações de paz.

Leavitt destacou que o presidente dos EUA, Donald Trump, entende que garantias de segurança são importantes para o fim da guerra, mas ressaltou que tropas americanas "não estarão no terreno". "Trump está buscando entender o que os dois lados querem, os dois vão ter que ceder e sairão um pouco infelizes", afirmou.

A secretária mencionou que Putin e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, estão dispostos a conversar, e Trump espera que a reunião entre os líderes aconteça. Segundo ela, a organização para a reunião já está acontecendo, mas não detalhou onde o encontro pode acontecer. "A ideia de reunião bilateral acontece após conversa com Putin, Zelensky e europeus", acrescentou.

Leavitt disse que a Rússia e "todos os outros países" respeitam os EUA novamente.

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O PP e União Brasil selaram aliança, nesta terça-feira, 19, com a assinatura que forma a federação partidária entre os dois partidos, chamada União Progressista. No dia da criação, o grupo expôs divisão sobre ser ou não oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) disse que a nova federação não é contra ou a favor do governo, os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira, disseram o contrário.

A oposição compareceu com volume e discursos críticos a Lula. Do grupo, discursaram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União) e ainda houve pedido de aplausos para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Presidenciáveis como Tarcísio e Caiado cogitam o apoio da federação. O União Progressista terá a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 109 cadeiras e no Senado Federal, com 15 parlamentares.

Além disso, a federação terá o maior número de governadores, no total são sete, e de prefeitos eleitos em 2024: foram 1.383. A federação também terá a maior fatia do fundo eleitoral (R$ 953,8 milhões, segundo valores de 2024) e do fundo partidário (R$ 197,6 milhões).

"A gente pode celebrar a junção de excelentes quadros. Eu como estrangeiro (Tarcísio é do Republicanos) nessa reunião quero dizer parabéns por esse passo e pode ter certeza que o Brasil conta com vocês", disse Tarcísio.

Enquanto Nogueira define o novo grupo como "oposição conservadora", ministros de ambas as legendas mantém os cargos na Esplanada. Caiado ainda cobrou uma posição clara da federação.

"Vamos desembarcar do governo o mais rápido possível", disse Ciro Nogueira.

Outras lideranças até preferem dizer que o União Progressista não é nem governo e nem base. "Não é um movimento de oposição e situação. Foi um movimento de política com 'P' maiúsculo com o olhar voltado para o futuro do Brasil", disse Alcolumbre.

O evento, realizado em Brasília, contou com a presença das principais figuras dos dois partidos e de outras legendas. Vieram, entre os ministros, André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo).

Além desses dois, o União Brasil tem outros dois indicados no governo Lula: Waldez Góes, da Integração, e Frederico Siqueira, da Comunicação. Integrantes do partido defendem que Góes e Siqueira não são exatamente indicações do União Brasil, mas de Alcolumbre.

A nível pessoal, o próprio Fufuca disse que está com Lula. "Meu voto pessoal é dele (Lula)", disse.

Também compareceram, entre outros, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Nenhum petista veio.

Esse é o último passo até a formalização do grupo, a ser feita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Há decisões ainda a serem tomadas rumo à disputa eleitoral em 2026. De um lado, alas do PP defendem maior alinhamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - já o União tem um pré-candidato para a disputa pela Presidência da República no próximo ano: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

O próprio Caiado cobrou uma posição clara da federação. "Partido tem que ter rumo, partido tem que voz clara. É preciso que o partido lance candidato, tenha posição clara e que a posição é derrotar Lula na eleição de 2026. Não tem opção", disse.

Poucos minutos depois, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) pediu aplausos a Bolsonaro. Maior parte dos políticos presentes aplaudiu.

O cenário de indecisão pode render problemas no futuro em alguns Estados. Em lugares como Bahia ou Paraíba, o PP faz parte da base do governo estadual enquanto o União compõe a oposição e pretende disputar a eleição em 2026.

Essas decisões geralmente são tomadas pelos diretórios estaduais, mas tamanho o impasse, alguns desses diretórios ficarão vagos - caso da própria Paraíba.

O estatuto definido em convenção definiu que, em caso de conflito, a decisão em torno das candidaturas majoritárias estaduais será submetida a decisão do diretório nacional.

Mesmo o diretório nacional passa por uma disputa de forças - neste ano, a presidência será dividida entre os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União, Antônio Rueda.

Alguns deputados federais e estaduais admitiram ao Estadão que podem abandonar a federação a depender de como ficará a questão em seus Estados.

Sem definição, líderes do partido dizem que esperam até a janela partidária (período em que políticos podem trocar de partido sem perder o mandato), em abril de 2026, para fechar questão sobre o tema.

A denúncia de corrupção contra o prefeito afastado de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Marcelo Lima (Podemos), principal alvo da Operação Estafeta, não encerra o inquérito sobre desvio de dinheiro público na gestão municipal. O Ministério Público de São Paulo e a Polícia Federal agora mapeiam os contratos da prefeitura para identificar empresários que supostamente alimentavam com propinas o esquema instalado no Governo Lima.

Dois empresários já estão entre os denunciados nesta primeira acusação formal da Procuradoria-Geral de Justiça: Caio Henrique Pereira Fabbri e Edimilson de Deus Carvalho. Eles foram presos em flagrante com mais de R$ 3 milhões em espécie na Operação Estafeta.

Os investigadores acreditam, no entanto, que há mais empresários envolvidos nos desvios.

Ao todo, na primeira denúncia da Procuradoria, além do prefeito, outros nove investigados estão entre os acusados por organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.

O Estadão buscou contato com as defesas mas, até a publicação deste texto, sem sucesso.

A primeira denúncia tem como base provas encontradas em julho no apartamento de Paulo Iran Paulino Costa, apontado como operador de propinas ao prefeito. Além de R$ 14 milhões em dinheiro vivo, havia no endereço anotações sobre pagamentos de despesas pessoais de Marcelo Lima e de familiares dele, e comprovantes das transações. Em dois celulares apreendidos no "bunker" do operador foram encontradas dezenas de mensagens sobre o esquema.

Os documentos e conversas foram usados para justificar a Operação Estafeta, deflagrada na semana passada, que afastou Marcelo Lima do cargo, e agora também fundamentam as acusações contra o prefeito e seus aliados.

Como há investigados presos, o Ministério Público precisou acelerar a denúncia. O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, considerou que as provas reunidas com Paulo Iran, antes mesmo da fase ostensiva da investigação, são suficientes para embasar as acusações.

Os investigadores analisam agora documentos e celulares apreendidos na Operação Estafeta para aprofundar o inquérito. Esse material não foi usado na denúncia. Os principais objetivos agora são reconstituir o caminho do dinheiro desviado e chegar a outros envolvidos no esquema.

"As investigações prosseguem para a completa revelação dos recursos ilícitos operados pelo grupo, bem como para a descrição de todo o fluxo de valores obtidos ilegalmente pelos principais atores políticos financiados pelo Núcleo Empresarial", diz um trecho da denúncia.

Segundo o Ministério Público, o resultado parcial da Operação Estafeta, incluindo a apreensão de altas quantias em dinheiro, trouxe "elementos de convicção novos" que corroboram as suspeitas iniciais e "demonstram a grande utilização de recursos financeiros em espécie pelos denunciados".

Marcelo Lima é apontado na denúncia como "figura central" de uma organização criminosa criada para desviar recursos da prefeitura de São Bernardo. Segundo o Ministério Público, ele tem "papel de influência direta sobre as movimentações financeiras ilícitas", "emerge como o líder e articulador principal" do esquema e tem "domínio finalístico sobre o fluxo de recursos".

"O prefeito Marcelo Lima não era um mero beneficiário passivo. As provas demonstram que ele participava ativamente da gestão do esquema, ditando as regras e o fluxo de valores", afirma o MP na denúncia.

Contratos de diversas áreas, como saúde, obras e coleta de lixo, teriam sido fraudados, segundo o inquérito. "A menção explícita de percentuais sobre cada contrato pelos interlocutores nas conversas denota um modus operandi consolidado e um flagrante desprezo pela legalidade", descreve o procurador-geral.

Além da condenação, o Ministério Público pede ao Tribunal de Justiça de São Paulo a perda definitiva dos mandatos de Marcelo Lima e do presidente afastado da Câmara de São Bernardo, vereador Danilo Lima.

A Procuradoria requereu ainda a perda do cargo público de servidores que estariam ligados à corrupção e a devolução de R$ 16,9 milhões aos cofres municipais.

A Câmara Municipal de Macapá, capital do Amapá, instaurou nesta terça-feira, 19, uma investigação que pode resultar no impeachment do prefeito Antônio Paulo de Oliveira Furlan (MDB), conhecido como Dr. Furlan. Por 12 votos favoráveis a 10 contrários, os vereadores da cidade acolheram a denúncia de Iranés Froes da Silva, o cinegrafista que foi agredido pelo político no domingo, 17, após o jornalista Heverson Castro, perguntar sobre o atraso das obras no Hospital Municipal.

Em sua denúncia, Iranés afirma que o prefeito de Macapá é faixa preta em judô e que, além de agredi-lo, também "incitou a população ao linchamento". O cinegrafista afirma que ele e Herverson foram algemados pela Guarda Municipal e colocados em um camburão. O político é acusado de crime de responsabilidade, ao quebrar o decoro de seu cargo, por uso indevido de algemas, abuso de autoridade e ataque direto à liberdade de imprensa, ao agredir jornalistas.

"A comissão poderá chamar as servidoras que se diziam agredidas, os agentes da Guarda Municipal, vai poder convocar o prefeito Furlan e todas as testemunhas. No final, o processo vai voltar para o plenário para decidir se vamos acatar ou não, se vai seguir ou arquivar o processo", afirmou o vereador.

A comissão que avaliará o processo, formada por três vereadores sorteados, tem 45 dias para ouvir o prefeito e testemunhas. Depois disso, produzirá um parecer sobre o caso. Por fim, o documento será votado no plenário da Câmara, que pode optar pelo arquivamento ou cassação do político.

"Os vídeos dos fatos são esclarecedores, em momento nenhum se verifica qualquer agressão a mulheres e, além do mais, o prefeito municipal de Macapá, por seus seguranças, imobilizam os profissionais com extrema violência", afirma a denúncia conduzida por Iranés.

Relembre o caso

O prefeito de Macapá agrediu os jornalistas no domingo e o caso foi gravado em vídeo. Em vídeo publicado no seu X (antigo Twitter), na segunda, 18, o prefeito aparece na obra do teatro municipal e diz: "antes de começar eu quero pedir desculpas para toda a sociedade amapaense. Ontem eu me excedi quando presenciei servidoras, nas suas funções, sendo agredidas durante seu trabalho. Isso eu não vou permitir".

"Quero me dirigir à imprensa amapaense e nacional e dizer que sempre tive o maior respeito e a melhor relação com a imprensa, e isso vai continuar", prossegue Dr. Furlan. O político ainda afirma que, há quatro anos, sua gestão é vítima de ofensas e fake news criadas por uma "turma do atraso, essa turma que está no poder a mais de 30 anos".

O caso repercutiu e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou a agressão do prefeito de Macapá. O órgão disse que é "inadmissível qualquer reação que envolva violência".

Em entrevista ao MCP News, o advogado de Heverson, Maurício Pereira, afirmou que o jornalista cumpria seu dever quando foi agredido. "Eu entendo que ele foi vítima de violência", disse.

Procurado pelo Estadão, Dr. Furlan não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem. O espaço continua aberto para manifestação. Anteriormente, o político afirmou ter agredido o jornalista para defender servidoras públicas.