Nos EUA, NOAA ainda prevê temporada de furacões no Atlântico com atividade acima do normal

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A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos ainda prevê que a temporada de furacões no Atlântico terá atividade acima do normal, com a expectativa de 13 a 18 tempestades nomeadas. Segundo a agência, dessas tempestades nomeadas, com ventos de pelo menos 63 quilômetros por hora, de cinco a nove poderiam se tornar furacões, com ventos de 119 km/h ou mais, incluindo de dois a cinco grandes furacões com ventos de pelo menos 179 km/h.

A previsão mais recente da NOAA está, em grande parte, em linha com a previsão de maio, quando estimou entre 13 e 19 tempestades nomeadas e entre seis e 10 furacões, incluindo de três a cinco grandes furacões.

As estimativas são para toda a temporada de furacões do Atlântico, que vai de 1º de junho a 30 de novembro, e incluem as quatro tempestades tropicais nomeadas que já se formaram. A NOAA normalmente divulga uma atualização de meio de temporada no início de agosto, após sua previsão de maio.

A administração espera uma atividade elevada de tempestades tropicais no Atlântico devido às temperaturas da superfície do mar mais altas do que a média no Oceano Atlântico tropical e no Mar do Caribe, juntamente com uma monção ativa na África Ocidental.

Além disso, condições conhecidas como ENSO neutro, o que significa que não há nem El Niño nem La Niña para influenciar a atividade, também são favoráveis para a formação de tempestades, afirmou a agência.

A NOAA disse que a probabilidade de atividade acima do normal é de 50%. Além disso, há 35% de chance de uma temporada próxima do normal e 15% de chance de uma temporada abaixo do normal.

No início de julho, a tempestade tropical Chantal foi a primeira da temporada a tocar o solo nos EUA e trouxe ventos fortes e inundações na Carolina do Norte e na Carolina do Sul durante o fim de semana do feriado do Dia da Independência.

A empresa privada de meteorologia AccuWeather disse que agora prevê a formação de três a cinco tempestades nomeadas em agosto, citando um aumento da atividade de ondas tropicais na costa oeste da África e condições favoráveis no Atlântico. Fonte: Dow Jones Newswires.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado

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O plano do governo Lula para regular as plataformas digitais, composto por dois projetos de lei que devem ser enviados ao Congresso nos próximos dias, incorpora o que decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a responsabilidade civil das empresas, prevê controle parental em redes sociais e evita tratar de desinformação.

O STF decidiu em junho, no âmbito do julgamento sobre a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que as plataformas são obrigadas a remover proativamente conteúdo criminoso considerado grave (terrorismo, incitação ao suicídio, discriminação, pornografia infantil, tráfico de pessoas e pedidos por golpe de Estado).

A responsabilização ocorre, neste caso, se houver falha sistêmica, em que a plataforma deixa de adotar medidas adequadas de prevenção ou remoção dos conteúdo ilícito, em violação do dever de atuar de forma responsável, transparente e cautelosa.

O texto do governo prevê a suspensão das atividades das empresas que descumprirem reiteradamente com suas obrigações sistêmicas, por 30 dias prorrogáveis por mais 30. Essa punição só seria alcançada após uma série de outras sanções, que vão de advertências e multas até a vedação do serviço, e não têm relação com a retirada de conteúdo das redes sociais.

No Brasil, serviços podem ser suspensos sem determinação judicial em diversos casos - pelo Código de Defesa do Consumidor, por cassação de alvará pela prefeitura ou por decisão de agência reguladora, por exemplo -, mas o governo entende que seria preciso uma medida de proteção para as redes sociais, por se tratar de um serviço que afeta milhões de brasileiros. O projeto equipara o processo de suspensão dos serviços digitais ao da concessão para rádio e televisão, para evitar a possibilidade de uma suspensão direta sem ordem judicial.

A ideia do governo Lula é criar uma regulamentação a partir das bases do que foi decidido pelo Supremo, com algumas diferenças. Isso porque o STF entendeu que, enquanto o Congresso Nacional não editar nova lei sobre o tema, a plataforma será responsabilizada civilmente pelos danos decorrentes de conteúdos gerados por terceiros em casos de crimes em geral ou atos ilícitos se, após receber um pedido de retirada, deixar de remover o conteúdo. A regra também vale para os casos de contas denunciadas como falsas.

A leitura do Palácio do Planalto é que as plataformas digitais não fazem o que está ao seu alcance para proteger o cidadão, embora lucrem com os usuários.

O tema da regulação parecia fadado ao fracasso, até que houve uma virada na direção dos ventos, após o abuso infantil se tornar um dos assuntos mais comentados do País em razão de um vídeo viral do influenciador Felca denunciando pedófilos. Lula tem aproveitado o gancho.

Proteção de crianças e adolescentes

O projeto elaborado pelo Ministério da Justiça (MJ) - o outro foi feito pela Fazenda - tem uma seção específica para proteção de crianças e adolescentes e um foco transversal em golpes e fraudes, que preocupam o governo por atingir, sobretudo, a economia popular.

O texto não trata de desinformação, e exclui crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria) do rol de temas que podem ser removidos por notificação. No antigo "PL das Fakew News", o projeto 2630 que fracassou perto de ser votado no Congresso, a preocupação com uma eventual "censura" das redes sociais desgastou a proposta, o que agora o governo Lula quer evitar.

O texto exige que contas de adolescentes até 16 anos sejam vinculada a de adultos responsáveis, nos mesmos termos que o projeto de lei 2628/2022, de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que trata da proteção de crianças e adolescentes de abusos no ambiente digital.

Em redes sociais usadas por pessoas de todas as idades, em que se "disponibiliza conteúdo de terceiros a um número potencialmente ilimitado de pessoas por meio de contas conectadas", as plataformas devem impedir a criação de contas para crianças, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Consta também uma proibição geral para criação de contas próprias de crianças e adolescentes em serviços de intermediação de acomodações, locações e meios de hospedagem, apostas e jogos online, conteúdo pornográfico e intermediação de acompanhantes.

As redes sociais precisarão criar mecanismos para garantir aos adultos responsáveis uma espécie de controle parental, em que seja possível monitorar e intermediar o uso da rede social pelo usuário mirim.

Outros pontos previstos nos projetos

A proposta do MJ é uma espécie de Código de Defesa do Consumidor para usuários na internet. O texto propõe medidas de mitigação de riscos de acordo com o serviço digital oferecido e se volta mais ao direito do consumidor do que à punição às plataformas. Visa, por exemplo, dar maior transparência às informações aos usuários de redes sociais, como termos de uso e identificação de publicidade.

Também obriga as empresas a empregarem medidas proativas para remover conteúdo que constitua crime grave, como exploração sexual infantil, terrorismo e incitação ao suicídio e à automutilação, sobretudo de crianças e adolescentes. Há hipóteses em que as companhias devem retirar publicações do ar mediante notificação extrajudicial, como publicidade enganosa ou abusiva.

A preocupação da Sedigi foi propor uma lógica diferente do projeto 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, enterrado em abril do ano passado após perder viabilidade política, para não parecer que o governo Lula estaria reembalando o mesmo texto. O foco na proteção à criança e ao adolescente, bandeira da gestão da secretária Lílian Cintra de Melo, influenciou na elaboração da nova proposta - e pode ajudar a encontrar consenso junto à oposição bolsonarista, também simpática ao tema.

Entre os deveres dos fornecedores de serviços digitais previstos pela proposta do MJ, segundo relato de pessoas envolvidas na discussão, estão:

- instituição de SAC (serviço de atendimento ao cliente);

- canal de denúncias;

- termos de uso;

- combate a dark paterns (mecanismos de design de interfaces digitais que manipulam os usuários);

- identificação de contas automatizadas;

- proteção de dados;

- restrição de auto play em vídeos;

- medidas de segurança e transparência.

Há também a previsão para repositórios de anúncios, obrigação para combater abuso e exploração sexual infantil e outros crimes graves, avaliação de risco sistêmico, protocolo de crise e relatórios de transparência. Uma seção para a garantia de direitos de crianças e adolescentes consta no anteprojeto.

A ideia é acabar com a ideia de que as plataformas digitais são meras intermediárias. O governo entende que empresas são fornecedoras e precisam ser responsabilizadas se não mitigarem os riscos gerados por seus serviços digitais. Os elaboradores dizem estar "colocando no texto a mesma lógica do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do Adolescente".

O projeto pensado pela Fazenda, por sua vez, mira o mercado das plataformas de redes sociais e trata de aspectos econômicos e concorrenciais. O texto amplia sobretudo o poder do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para investigar e definir novas obrigações para as empresas. A ideia é combater, por exemplo, eventuais monopólios na oferta de serviços, anúncios ou buscas e outras formas de abuso de poder.

O órgão, segundo o texto em discussão, terá atribuição de enquadrar as empresas na categoria de "sistemicamente relevantes", considerando aspectos como poder de mercado, acesso a grandes volumes de dados pessoais e comerciais relevantes, faturamento e número significativo de usuários.

A Fazenda entende que países ao redor do mundo têm tido sucesso em criar jurisdições sobre a necessidade de alterações na legislação e na prática do direito concorrencial, bem como sobre a adoção de novas ferramentas regulatórias pró-competitivas. Um dos modelos tidos como referência é o europeu Digital Markets Act (DMA).

'Está guardado, se preferir levo hoje', escreveu no WhatsApp o advogado Roberto Zampieri ao desembargador João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. A citação 'está guardado' supostamente se refere a uma propina de R$ 250 mil para o magistrado em troca de uma sentença.

A mensagem, enviada em 23 de novembro de 2023, faz parte de uma coleção de diálogos trocados entre o próprio desembargador e Zampieri, apontado como o 'lobista dos tribunais' - doze dias depois, em dezembro de 2023, dia 5, ele foi assassinado a tiros à porta de seu escritório em Cuiabá.

João Ferreira, sob suspeita de ligação com esquema de venda de sentenças na Corte estadual, nega a prática de atos ilícitos.

São 89 mensagens reunidas pelos investigadores apenas no período de 8 de novembro a 5 de dezembro de 2023, média diária de 3,5 conversas entre o lobista e o desembargador. O conteúdo dos diálogos é peça decisiva no Processo Administrativo Disciplinar instaurado pelo Conselho Nacional de Justiça.

O ministro Mauro Campbell, corregedor nacional de Justiça, vê 'relevantes indícios de desvios de conduta e afronta a deveres funcionais' por parte de João Ferreira.

Ao propor a prorrogação do afastamento cautelar do desembargador, Campbell alertou para o 'risco ao interesse público' e que o retorno de João Ferreira à Corte de Mato Grosso pode restabelecer a prática de atos de corrupção e de lavagem de dinheiro ilícito.

"O panorama indiciário, com menções ao pagamento de vantagem indevida ao desembargador João Ferreira Filho, extraídas de diálogos travados entre Roberto Zampieri e terceiros, ou, ainda, entre o advogado e o próprio magistrado, justificam a manutenção da ordem de seus afastamento", assinala o ministro corregedor.

Na avaliação de Campbell, existe o risco de o desembargador 'eliminar provas de sua atuação, caso permaneça no exercício das funções'.

"Todos estes gravíssimos elementos indiciários reforçaram a percepção desta Corregedoria Nacional de que, de fato, muito provavelmente, o desembargador auferiu vantagem indevida para proferir decisões judiciais, atuando, em um momento subsequente, para dissimular o produto do ilícito por intermédio de terceiras pessoas, sendo a abertura de procedimento administrativo disciplinar em seu desfavor, portanto, medida que se impõe", argumenta o corregedor.

O Estadão teve acesso ao acervo de mensagens - parte delas já havia sido divulgada, outras ainda não eram conhecidas.

Elas foram todas resgatadas via o software 'Cellebrite Reader', fornecido pela Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso.

O conteúdo dos diálogos representa 'indícios robustos de parcialidade na atuação' do magistrado, segundo conclusão de Campbell, o corregedor.

O desembargador está afastado das funções desde agosto do ano passado. Ele teria recebido propinas - entre dinheiro em espécie, relógios de luxo e outros mimos de valores milionários - em troca de decisões favoráveis no interesse de Zampieri e de outros advogados.

No dia 14 de novembro de 2023, João Ferreira escreveu ao lobista e depois deletou o texto. Os investigadores deduzem que, pela resposta de Zampieri, o magistrado teria demonstrado irritação com o atraso do repasse da propina de R$ 250 mil. 'Sim senhor, eu achei que era para juntar tudo, somente isso', procurou se justificar o lobista. "Por isso nem falei nada ontem, somente isso. Está guardado."

'Apenas não quis levar picado'

Zampieri seguiu se desculpando, provavelmente porque ainda não tinha reunido o total do valor acertado com o magistrado, segundo os investigadores. "Não precisa ficar chateado comigo, apenas não quis levar picado."

Ao final da mensagem, o lobista procurou tranquilizar o desembargador. "Mas está guardado, se preferir levo hoje ou transfiro."

Os investigadores supõem que a propina para João Ferreira se deu no âmbito de um recurso - agravo de instrumento - distribuído para a 1.ª Câmara de Direito Privado do TJ, da qual o desembargador fazia parte.

'Outra coisa, desembargador, aquele caso que pedi para o senhor, seria possível o sr apreciar o pedido entre hoje e amanhã?', escreveu Zampieri no dia 8 de novembro.

João Ferreira respondeu. 'Estou fora de Cuiabá, mas a partir de terça-feira próxima, dia 14/11, estarei em Cuiabá."

A PF apurou que o caso não era formalmente patrocinado por Zampieri, mas por outros dois advogados - Flaviano Kleber Taques Figueiredo e Marcelo Pereira de Lucena. Para os investigadores, a atuação 'informal' do lobista 'comprova que ele atuava não apenas em processos seus, como também intermediava feitos de outros advogados, mediante recebimento de parte da vantagem indevida destinada ao desembargador'.

Os agentes verificaram que no dia 20 de outubro, a desembargadora Nilza Maria Pôssas, relatora em substituição, havia decidido sobre um recurso com deferimento de pedido antecipatório. Contra a decisão de Nilza, que contrariava os interesses do lobista, foi interposto o agravo interno citado nos diálogos pelo advogado Flaviano Figueiredo.

'O rapaz está desesperado'

Logo após o envio da mensagem ao desembargador, Zampieri fez contato com Flaviano. Ele comunicou ter falado com 'o magistrado agora e que a decisão esperada deve sair hoje, no final do dia, ou amanhã'. No entanto, diversamente do esperado, João Ferreira indeferiu o pedido formulado. Para investigadores, a negativa do desembargador pode ter sido sua estratégia para forçar o repasse da propina.

Manifestando 'apreensão', segundo a PF.,Flaviano Kleber Taques ligou diretamente em 11 de novembro para Zampieri, que respondeu. "Eu já vi que foi indeferido. Vou cuidar disso amanhã para você. Vou tentar arrumar amanhã."

A investigação mostra que no dia 13 de novembro, dois dias depois, o lobista foi ao Tribunal de Justiça 'para tentar resolver pessoalmente a situação, conforme fora prometido'. Naquele mesmo dia, sustenta a PF, Flaviano encaminhou arquivo nominado 'Protocolo ED', indicando a protocolização de recurso de embargos de declaração. O advogado pediu urgência na apreciação do pleito.

'O rapaz está desesperado', escreveu o lobista ao desembargador, provavelmente sobre Flaviano.

Confirmada a decisão favorável de João Ferreira, o lobista escreveu para Flaviano. 'Consegue os 250 para amanhã?'. Para a PF, essa mensagem reforça a suspeita de que a quantia de R$ 250 mil seria o valor combinado a título propina para o magistrado.

Como sua pergunta sobre o dinheiro ficou sem resposta, Zampieri 'cobrou incisivamente o advogado no dia 17 de novembro. 'Flaviano, hoje preciso muito da sua atenção meu amigo'.

O lobista disse. "Já recebi duas ligações agora pela manhã. Não consigo deixar de atender essa pessoa hoje." - referência ao desembargador.

'Boa noite, desembargador'

Para a PF, a conversa, 'em caráter claramente cifrado', se reporta manifestamente ao diálogo anterior, em que Roberto Zampieri pedia o pagamento da propina combinada com o advogado.

Naquele mesmo dia, pouco depois, Zampieri voltou a cobrar Flaviano Taques e passou ao advogado o número de uma conta sua no banco. 'Desculpe a perturbação, precisamos pagar as novilhas, Veja se consegue 150 hoje, na outra semana passa o restante.'

A PF fez uma cronologia e desdobramentos do caso.

- Em 5 de novembro de 2023, Flaviano envia minuta de agravo a Zampieri;

- Oito de novembro de 2023: Zampieri envia minuta do mesmo agravo para o desembargador, ao tempo em que mostra o relógio de luxo Patek Philippe, avaliado em quase meio milhão de reais;

- Em 9 de novembro 2023, o magistrado João Ferreira Filho nega provimento ao agravo interno, 'provavelmente, por estar descontente com a sequência de pagamentos';

- 13 de novembro de 2023: Zampieri conversa pessoalmente com o desembargador às 19hs no Gabinete do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, e Flaviano apresenta recurso de embargos de declarações;

- 14 de novembro de 2023: Zampieri conversa com desembargador João Ferreira Filho sobre valores que teriam sido pagos pelo 'rapaz desesperado', e salienta que o desembargador não precisava ter se aborrecido, pois apenas não queria 'levar picado', prontificando-se a levar de imediato ou a transferir a quantia combinada;

- 16 de novembro: o desembargador acolhe os embargos de declaração, favorecendo a causa defendida por Flaviano.

No dia 27 de novembro, o lobista prosseguiu com os contatos diretos com o desembargador, 'a comprovar a efetiva existência de proximidade e de amizade íntima, enviando mensagens e interagindo com o magistrado em horário noturno, fora do expediente forense e por meios não oficiais'.

No dia 27, Zampieri envia mensagem a João Ferreira, indagando-o se poderia ir pessoalmente à casa do magistrado.

Eram 22h30.

Zampieri: Boa noite, desembargador. Tudo bem com o senhor? Estou em Campo Novo dos Parecis, vim atender um cliente. O senhor poderia me receber amanhã, antes da sessão?

Desembargador: Sim

Em 30 de novembro. 'Tudo bem?', escreveu o lobista a João Ferreira. 'Simbol. Posso passar na casa do senhor hoje?'

Desembargador. 'Simbol'

A PF assinala que a sequência de diálogos 'evidencia que a conversa era a continuação da cobrança dos duzentos e cinquenta mil reais'. "Zampieri dá a Flaviano a opção de transferir ao menos R$ 150 mil de imediato, deixando para pagar os cem mil reais restantes na semana subsequente."

Os investigadores supõem que a intensa comunicação entre lobista e magistrado 'indicam, para além da estranha proximidade entre os dois, a provável prolação de decisões judiciais mediante pagamento de vantagens indevidas'.

O acesso aos diálogos foi obtido a partir da análise do arquivo estocado no celular do lobista, após ordem da 12.ª Vara Criminal de Cuiabá para quebra de sigilo de Zampieri. "Foram observadas interações diretas entre o advogado e o desembargador."

Os diálogos encerraram em 5 de dezembro de 2023. O lobista foi executado a tiros naquele dia.

A PF sustenta que o teor das conversas reforça suspeitas de:

- Relação de amizade íntima entre o desembargador e o lobista;

- Tratativas sobre processos que seriam colocados na pauta de julgamento na Corte estadual com defesa de tese jurídica pelo advogado diretamente por aplicativo de mensagens, e não pelas vias convencionais de manifestação;

- Acesso à casa do desembargador, com encontros pessoais em horário noturno, a indicar a entrega pessoal de algo que não poderia ser repassado de maneira mediata ou eletrônica

- Pedidos diretos para que o desembargador apreciasse recursos no dia e hora indicados pelo advogado, os quais foram posteriormente acolhidos pelo magistrado

- Recebimento de vantagens indevidas pelo desembargador, caracterizado pelo possível recebimento de relógio do modelo Patek Philippe, dado pelo advogado Roberto Zampieri, avaliado em quase meio milhão de reais;

- Possível recebimento de dinheiro em espécie pelo desembargador entregue pelo advogado Zampieri em sua residência, 'em montante total, e não picado'

- Operações financeiras entre a Agropecuária Cuyabá, da qual Roberto Zampieri era sócio, com terceiros que, posteriormente, realizaram o pagamento de boletos atinentes a prestações de imóveis adquiridos pelo desembargador.

Lionel Messi

Outros diálogos, datados de 8 de novembro de 2023, mostram que o lobista, 'conhecedor dos hábitos de consumo do desembargador,' enviou uma mensagem a João Ferreira na qual indagava se o magistrado conhecia determinada marca de relógios. João Ferreira respondeu 'ato contínuo, que de fato conhecia a marca, inclusive dando detalhes de outros modelos fornecidos pelo mesmo fabricante'.

Zampieri informou que iria levar o relógio da marca Patek Philippe ao magistrado para que ele pudesse conferir.

"Segundo consulta em fontes abertas, o modelo teria sido utilizado pelo jogador de futebol Lionel Messi em agosto de 2023, em uma cerimônia esportiva, e custaria em torno de U$ 75.700,00, o que equivale, atualmente, a aproximadamente R$ 429 mil", assinala a PF.

Logo após encaminhar a mensagem sobre o relógio, no mesmo contexto dos diálogos, Zampieri pediu ao desembargador que apreciasse 'aquele caso' com urgência, entre 'hoje e amanhã'.

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) determinou a exclusão de um vídeo publicado no perfil oficial do Partido Liberal (PL). A gravação, feita com uso de inteligência artificial, foi publicada em 12 de julho e retrata apoiadores do Partido dos Trabalhadores (PT) como "viciados em PT", em analogia a usuários de drogas.

A decisão tem caráter liminar e atende a uma ação movida pelo PT contra o PL e a Meta, empresa responsável pelo Instagram e pelo Facebook. A peça não está mais disponível nas duas redes sociais. O PL foi procurado, e o Estadão aguarda um retorno.

Na decisão, a 2ª Vara Cível de Brasília avaliou que o material ultrapassou os limites da liberdade de expressão, configurando abuso e ofensa à honra do PT. O juiz classificou a propaganda como "grotesca" e "despida de qualquer propósito construtivo de cidadania". As informações foram publicadas pelo jornal O Globo.

O material mostra entrevistas fictícias, com declarações como "fui usuário do PT por dez anos" e "o petismo acaba com a vida das pessoas". Um dos personagens, identificado como "Enzo Albuquerque, ex-militante", diz estar "há seis meses limpo".

O vídeo associa a legenda petista à corrupção, aumento de impostos e "roubo da aposentadoria dos idosos". "Chega de defender quem só destrói o Brasil! A verdade liberta. O país está em colapso. A culpa é do Lula", diz a legenda. Segue-se, então, o aviso: "Este conteúdo é uma sátira. Para caso real de dependência química, busque ajuda pelo 132".

A Meta foi obrigada a remover o conteúdo em até três dias, sob pena de multa diária de R$ 2 mil, limitada a 20 dias.