Krugman alerta que economia fraca e impopularidade podem acelerar ofensiva autoritária de Trump

Internacional
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O Nobel de Economia Paul Krugman alertou para um cenário político "extremamente perigoso" nos Estados Unidos, diante do enfraquecimento da economia e da queda de aprovação do presidente do país, Donald Trump. Em artigo publicado nesta segunda-feira, 4, Krugman afirma que "Trump e o movimento 'Faça a América Grande de Novo (Maga)' não têm o luxo do tempo" e que, se quiserem se manter no poder, precisarão agir de forma "rápida e descarada".

Segundo Krugman, o relatório de empregos (payroll) da última sexta-feira expôs a fragilidade da economia norte-americana sob a liderança de Trump, que reagiu à divulgação dos dados demitindo a chefe do Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS). "O que ele fará quando suas tarifas e deportações começarem a aparecer nos números da inflação?", questiona o economista.

Com base em dados privados e relatos do setor produtivo, Krugman prevê uma alta nos preços nos próximos meses, resultado direto das políticas do republicano. "As empresas, que vinham evitando repassar os custos ao consumidor na esperança de que Trump recuasse, agora se preparam para aumentar os preços", escreve.

Para Krugman, Trump pode até tentar manipular os dados oficiais, mas sem sucesso. "Mesmo que os números digam que está tudo ótimo, ninguém acreditará".

Ele argumenta que o presidente dos EUA "herdou uma economia com baixo desemprego e inflação controlada, mas agora enfrenta um mercado de trabalho em enfraquecimento e uma inflação iminente, sem ninguém além dele mesmo para culpar".

Diante disso, Krugman vê riscos reais à democracia. "Isso infelizmente não significa que eles não possam demolir a democracia. Significa que terão de fazê-lo de forma rápida e descarada."

O economista cita tentativas republicanas de interferir nas eleições legislativas, com ações como restrições ao voto por correspondência, muito usado por democratas. "Grande parte disso é claramente inconstitucional, mas isso não significa que não vá acontecer. Se o autoritarismo vier aos EUA, não conte que será brando."

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) após considerar que o parlamentar descumpriu decisões do Supremo e viajou aos Estados Unidos sem autorização da Corte.

Moraes argumentou que o senador descumpriu medidas cautelares impostas anteriormente ao determinar a aplicação de tornozeleira eletrônica no parlamentar e ordem de recolhimento noturno.

Segundo Moraes, Marcos do Val "deliberadamente, descumpriu a imposição das medidas cautelares em claro desrespeito às decisões proferidas" pelo Supremo Tribunal Federal.

"A conduta do investigado demonstra absoluta afronta à determinação do Poder Judiciário, uma vez que Marcos Ribeiro do Val requereu autorização para viajar ao exterior, tendo sido indeferido o pedido, e claramente burlou às medidas, cautelares impostas", afirmou Moraes.

A imposição da tornozeleira eletrônica é prevista na Lei 12.25, de 2010, em casos de presos em regime domiciliar ou que estejam em saída temporária e como medida cautelar a investigados que estejam respondendo processo criminal - o caso de Marcos do Val.

Em nota, os advogados Iggor Dantas Ramos e Fernando Storto, responsáveis pela defesa do senador, afirmaram que a medida aplicada pela Justiça a Do Val "ultrapassa os limites da razoabilidade" e negaram que tenha havido descumprimento das medidas cautelares impostas pelo Supremo.

Em agosto do ano passado, Moraes determinou a suspensão do perfil do senador no Instagram, o bloqueio de até R$ 50 milhões na conta do parlamentar, e o bloqueou de seu passaporte. À época, do Val criticou as medidas que foram ordenadas após ataques do parlamentar à Corte e a investigações da Polícia Federal.

Em julho deste ano, Marcos do Val disse, no dia 24, que viajou aos Estados Unidos utilizando passaporte diplomático, o que representa um "drible" na decisão de Moraes.

Meses antes, em fevereiro, a defesa do senador chegou a pedir ao Supremo Tribunal Federal que reconsiderasse a decisão de apreensão do passaporte do parlamentar, mas teve o pedido negado pela Corte.

O parlamentar apresentou embargos de declaração (um recurso para esclarecer decisões) para tentar reverter um julgamento anterior da Primeira Turma do STF. Em dezembro do ano passado, a Corte já havia negado um pedido semelhante, no qual do Val argumentava que a retenção do documento "impede o exercício da própria função de senador da República, especialmente em eventos, comissões e organismos internacionais".

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, um dos nomes cotados pelo PL para concorrer ao Senado por Santa Catarina nas eleições de 2026, participou de atos em duas cidades do Estado neste domingo, 3. O filho de Jair Bolsonaro (PL) esteve nas manifestações em favor do pai em Criciúma e na capital, Florianópolis.

Carlos passou o final de semana no Estado, um dos maiores redutos bolsonaristas do País. No segundo turno das eleições de 2022, Santa Catarina registrou o maior porcentual de votos no ex-presidente, sendo 69,27% dos votos válidos.

No sábado, 2, o o filho "02" de Bolsonaro almoçou com aliados na Grande Florianópolis. Já no domingo, 3, participou da manifestação em Criciúma. Mesmo sem subir no palanque, foi ovacionado pelos apoiadores do pai.

Ainda em Criciúma, o vereador tirou foto abraçado com a deputada federal Julia Zanatta (PL-SC), que também foi cotada por Bolsonaro para ser uma das candidatas do PL ao Senado. A parlamentar afirmou em junho deste ano que o ex-presidente ligou para ela avisando que decidiu apoiar o filho em seu lugar.

Em seguida, Carlos viajou 207 km até a capital, Florianópolis, para participar do ato pró-Bolsonaro. Lá, o vereador subiu no palanque ao lado do prefeito Topázio Neto (PSD) e do governador Jorginho Mello (PL).

Apesar da candidatura de Carlos ao Senado por Santa Catarina não ter sido confirmada oficialmente, a aparição nos atos em duas cidades foi entendida pelos catarinenses como um primeiro movimento na disputa pela vaga. A expectativa é que as visitas do filho "02" de Bolsonaro fiquem mais frequentes ao Estado.

No final de julho, Jorginho Mello negou acordo com Bolsonaro sobre a candidatura de Carlos. Segundo o governador, nos outros Estados, o ex-presidente costuma indicar todos os nomes do PL por falta de estrutura local do partido. Em Santa Cataria, como a legenda já está consolidada, segundo ele, os aliados acordaram que o ex-presidente indicará um nome, e o Jorginho Mello indicará o outro.

Carlos é vereador do Rio de Janeiro há 24 anos e pode ser a primeira vez a se candidatar a um cargo fora do Estado. O irmão mais novo, Jair Renan Bolsonaro (PL), também fez a rota migratória e foi eleito o vereador mais votado em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina.

Em junho deste ano, Carlos disse em publicação no X (antigo Twitter) que considera abrir mão da vaga do Senado pelo Rio de Janeiro para se candidatar "em Estado em que puder ser mais útil ao projeto de libertar o Brasil".

Setores da economia catarinenses, como a indústria no Estado, já deram sinais de que não vão dar suporte à candidatura. Em nota, a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) afirmou que não precisa "importar" políticos de outros Estados e que o candidato ao Senado deve estar ligado aos interesses catarinenses.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) foi vaiada durante um show da banda Roupa Nova em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. A senadora usou o microfone durante um momento em que a banda abriu espaço para perguntas da plateia na sexta-feira, 1º.

"Está tudo certo, a gente vive numa democracia", reagiu Soraya, que é ex-aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e relatou a CPI das Bets do Senado. A senadora do Mato Grosso do Sul candidatou-se à Presidência em 2022 pelo União Brasil. Obteve a 5ª colocação no pleito, com 600.955 votos.

O grupo musical se manifestou sobre o episódio por meio de uma nota oficial. No comunicado, a banda esclareceu que não sabia que a senadora faria uso do microfone.

"Reforçamos que o episódio não representa, de forma alguma, um posicionamento político da banda ou de um integrante isolado", disse a banda. "Esperamos sinceramente esse momento isolado não prejudique a conexão sincera que construímos com milhões de fãs ao longo dos anos, nem nos leve a rever o formato do show."

Em nota, Soraya lamentou o episódio. "A senadora lamenta que a polarização política tenha alcançado até espaços de cultura e lazer, onde deveria prevalecer o respeito mútuo. Reitera que estava ali como cidadã, fã da banda, e não em exercício de seu mandato", afirmou o gabinete da parlamentar, em nota.