Assassino tinha como alvo liga de futebol americano

Internacional
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O prefeito de Nova York, Eric Adams, afirmou nesta terça, 29, que o atirador que matou quatro pessoas em um prédio de luxo em Manhattan tinha como alvo a sede da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL), mas entrou no elevador errado. Uma das vítimas era um policial que estava de folga.

O atirador, identificado como Shane Tamura, tinha um histórico de problemas mentais. Um bilhete encontrado em sua carteira dizia que ele culpava a NFL por acreditar sofrer de encefalopatia traumática crônica (CTE), uma doença cerebral que afeta pessoas que praticam esportes de contato - e que só pode ser diagnosticada de forma definitiva após a morte. Tamura jogou futebol americano no ensino médio, na Califórnia, há quase 20 anos.

O bilhete - descrito pelas autoridades como "incoerente" - pedia que seu cérebro fosse estudado e citava a NFL e o ex-jogador Terry Long, do Pittsburgh Steelers, que se suicidou em 2005, após matar quatro pessoas e beber uma garrafa de produto anticongelante.

Tamura cometeu os assassinatos na segunda-feira, em um arranha-céu que abriga tanto a sede da NFL quanto a do grupo de investimentos Blackstone, uma das maiores gestoras de ativos do mundo. Em mensagem enviada aos funcionários, a Blackstone informou que a executiva Wesley LePatner, de 43 anos, estava entre as vítimas.

Massacre

Imagens de segurança mostram Tamura, que viajou de Las Vegas a Nova York, saindo de uma BMW estacionada em fila dupla às 18h30, carregando um fuzil M4, atravessando uma praça e entrando no edifício. Ele começa a disparar no saguão, matando um policial que fazia a segurança de uma empresa e atingindo uma mulher que tentava se proteger.

Em seguida, ele seguiu até os elevadores, matou um segurança no balcão de vigilância e atirou em outro homem no saguão. Tamura subiu até o 33.º andar, onde ficam os escritórios da Rudin Management, proprietária do prédio, e matou uma pessoa antes de se suicidar.

Donald Trump classificou ontem o ataque como um "ato de violência sem sentido" perpetrado por um "lunático". Registros públicos mostram que Tamura obteve uma permissão para ser segurança e relatos sugerem que ele trabalhava em um cassino de Las Vegas. Ele não tinha filiação partidária.

A governadora de Nova York, a democrata Kathy Hochul, pediu ao Congresso americano que aprove uma lei nacional proibindo armas de assalto, como a usada pelo atirador de Manhattan. "A hora de agir é agora. O povo americano está cansado de pensamentos e orações. Eles merecem ação", disse Hochul.

Obstáculo

Qualquer ação legislativa para restringir venda ou uso de armas de assalto, no entanto, esbarra na Segunda Emenda da Constituição dos EUA, que garante o direito da população de manter e portar armas de fogo.

O tema da proibição nacional sempre volta à tona após uma chacina, mas nunca avança no Congresso. O lobby das armas já superou massacres muito mais chocantes, como o da escola primária de Sandy Hook, quando um atirador matou 20 crianças e 8 adultos, em dezembro de 2012. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Veira, se reuniu nesta quarta-feira, dia 30, em Washington, com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio.

Esse foi primeiro encontro entre os chefes das diplomacias brasileira e americana. Vieira estava orientado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a reforçar que o Brasil desejava discutir a questão tarifária - e apenas a relação econômica-comercial - sem entrar em questões políticas.

O diálogo ocorreu no mesmo dia em que o governo Donald Trump anunciou sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e o tarifaço de 50% sobre exportações do Brasil.

Na reunião com Rubio, Vieira afirmou ter enfatizado que "é inaceitável e descabida a ingerência na soberania nacional no que diz respeito a decisões do Poder Judiciário do Brasil".

O ministro disse ter abordado a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que Trump classifica como "caça às bruxas" e deseja ver encerrada. Vieira respondeu que a Justiça nacional é tão "independente" quanto a dos EUA e "não se curvará a pressões externas".

Em pronunciamento posterior na embaixada brasileira em Washington, ele disse ter afirmado a Rubio que o governo brasileiro se reserva o direito de responder às medidas de restrição americanas contra Moraes.

O chanceler retorna ao País nesta noite e vai relatar o teor da conversa a Lula, a fim de discutir medidas do governo contra o tarifaço da Casa Branca, e as restrições aplicadas pelos Departamento de Estado e o Tesouro americano.

Segundo interlocutores do governo brasileiro, Vieira se deslocou a Washington para ser recebido por Rubio, após dias de articulação discreta. O encontro não ocorreu na sede do Departamento de Estado, tampouco na embaixada brasileira. O local não foi informado. A reunião também não foi previamente divulgada, até que fosse realizada, nas respectivas agendas públicas de ambos.

Vieira havia viajado aos Estados Unidos após sinalizar disposição para uma conversa. Ele passou dois dias em Nova York, em debates sobre o conflito entre Israel e Palestina.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) será interrogada pela justiça italiana na próxima sexta-feira, 1º de agosto. A parlamentar foi presa em Roma, capital do país, na última terça-feira, 29, e se encontra no presídio feminino de Rebibbia.

No interrogatório, a justiça italiana perguntará se Zambelli prefere voltar ao Brasil ou passar por um processo de extradição. Caso opte pela segunda opção, o juiz deverá decidir se ela ficará presa ou terá medidas cautelares enquanto aguarda o resultado do processo. Como já apontou o Estadão, os trâmites para concretizar a extradição podem demorar de um ano e meio a dois anos.

Dentre as medidas cautelares que podem ser impostas à parlamentar, estão a prisão domiciliar, a continuidade no presídio ou, até mesmo, a possibilidade de seguir em liberdade enquanto o processo corre.

A defesa da deputada já afirmou que ela deseja permanecer no país e não deve escolher voltar ao Brasil por conta própria. "A Carla busca a não extradição e, obviamente, ser julgada com imparcialidade e justiça", afirmou o advogado Fábio Pagnozzi, que representa a deputada, por meio de um vídeo publicado no seu Instagram.

O deputado italiano de esquerda Angelo Bonelli, do Partido Europa Verde, diz ter encontrado a deputada em Roma e fornecido o endereço dela à polícia nacional.

O parlamentar europeu era vocal nas críticas à Zambelli e, em junho, pressionou o governo de seu país, questionando ao ministro das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional, ao ministro do Interior e ao ministro da Justiça, sobre a permanência de Zambelli na Itália.

A defesa de Zambelli, no entanto, sustenta uma versão diferente. O advogado e a deputada afirmam que ela se entregou às autoridades italianas e busca por um julgamento no país.

A deputada deixou o Brasil após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão e a perda do seu mandato por ser mentora intelectual da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na ocasião, um mandato de prisão falso foi emitido para o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

A nova briga travada no campo das narrativas entre governistas e bolsonaristas é atribuir um responsável pelo governo de Donald Trump ter recuado e deixado de fora da taxação quase 700 itens produzidos pelo Brasil.

Na primeira declaração sobre o anúncio do governo norte-americano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atribuiu a desidratação da medida ao seu próprio trabalho com autoridades americanas.

"Trabalhamos diretamente nas últimas semanas para que as medidas fossem ainda melhor direcionadas, atingindo o alvo correto e poupando ao máximo possível o povo brasileiro e o setor produtivo", disse, após semanas afirmando que buscou as sanções contra o Brasil.

O anúncio de Trump ocorre no mesmo dia em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi punido com a Lei Magnitsky pelo governo americano, o que representou vitória dos bolsonaristas e de Eduardo, que há meses tem buscado a sanção internacional contra o ministro.

Eduardo encheu as próprias redes com agradecimentos às autoridades americanas e declarações sobre os próprios esforços. Após as notícias sobre a oficialização das tarifas, entretanto, o deputado demorou quase quatro horas até se pronunciar sobre as medidas.

Já os aliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conferem ao petista e à posição do governo os créditos pelo recuo de Trump.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou que País "não se ajoelhou, respondeu com firmeza, defendeu sua soberania", e as exceções listadas pelo americano são resultados dessa postura.

Fotos de Lula, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, circulam nas redes com frases como "os mais brabos".

As publicações fazem referência a fotos do trio Trump, Eduardo, e do influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo, que trabalha com o deputado em busca das sanções para punir autoridades brasileiras; ou do deputado, do presidente americano, e do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

Tão logo as tarifas foram anunciadas pelo americano no início de julho, que deixou claro que a medida estava vinculada à ação penal que Jair Bolsonaro (PL) responde no STF por golpe de Estado, bolsonaristas demonstraram dificuldade em centralizar as críticas em um único culpado, se dividindo entre Lula e Moraes.

O efeito ainda foi visto nesta quarta nas declarações após decreto de Trump, mas o principal alvo, principalmente de parlamentares, foi o presidente Lula.