A bancada do PSOL na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) protocolou nesta segunda-feira, 21, um pedido de impeachment contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo os deputados do partido, o chefe do Executivo estadual teria cometido crimes de responsabilidade ao apoiar publicamente "ataques do governo Trump contra o Brasil" e agido para "favorecer a fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por tentativa de golpe de Estado".
A manifestação ocorreu após o anúncio de Trump de taxar em 50% produtos brasileiros. De acordo com o pedido, Tarcísio apoiou publicamente o governo dos EUA ao compartilhar nas redes sociais a carta de Donald Trump atacando o Supremo Tribunal Federal (STF) e exigindo o fim do julgamento de Bolsonaro.
O Estadão procurou a assessoria de Tarcísio, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
O PSOL afirma que Tarcísio afronta a soberania nacional e os interesses do Estado ao apoiar a crise diplomática e o tarifaço de Trump, mesmo com o impacto direto das taxações na economia paulista.
"Em 2024, o Estado de São Paulo foi o que mais exportou para os Estados Unidos, dentre os entes federativos do Brasil. Foram quase 14 bilhões de dólares em exportações, representando um pouco mais de um terço de todas as exportações realizadas pelo Brasil aos Estados Unidos", diz o texto, citando dados do Comex Stat.
Além disso, o partido também diz que o governador tentou intervir diretamente no STF para que o passaporte de Jair Bolsonaro fosse liberado, sob a justificativa de que ele viajaria aos Estados Unidos para negociar a suspensão das tarifas com Trump. A proposta enviada no dia 11 de julho ao Supremo foi considerada "esdrúxula" por ministros.
"Dessa maneira, a articulação de Tarcísio em favor da liberação do passaporte de Bolsonaro poderia constituir, caso concretizada, articulação em favor da fuga do ex-presidente, em mais um ataque ao Poder Judiciário brasileiro", diz o PSOL.
No entendimento da bancada, a conduta de Tarcísio legitimou os ataques dos Estados Unidos e ultrapassou os limites da liberdade de expressão, se configurando "como apoio tácito a uma agenda que compromete o bem-estar da população brasileira e a soberania nacional".
O PSOL solicita que a Alesp "instaure imediatamente o processo de impeachment e aplique as sanções previstas em lei com a perda do mandato e a proibição de exercer funções públicas por até cinco anos".
O pedido é assinado pelos deputados estaduais Carlos Giannazi, Ediane Maria, Guilherme Cortez, Mônica Seixas das Pretas e Paula da Bancada Feminista.
Em 10 de julho, Ediane Maria já havia protocolado na Alesp um pedido de impeachment contra Tarcísio por "apoiar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em suas medidas contra o Brasil" além de "incitar a população contra o Judiciário".