Arábia Saudita bate recorde de execuções, diz Anistia Internacional

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As execuções na Arábia Saudita atingiram um número recorde no ano passado, informou a Anistia Internacional nesta segunda-feira, 7, enquanto ativistas alertam para o aumento do uso da pena de morte pelo reino em casos não violentos relacionados a drogas.

A Arábia Saudita executou 345 pessoas no ano passado, o maior número já registrado pela Anistia em mais de três décadas de monitoramento. Somente nos primeiros seis meses deste ano, 180 pessoas foram executadas, afirmou o grupo, sinalizando que esse recorde pode ser superado novamente.

Este ano, cerca de dois terços dos executados foram condenados por acusações relacionadas a drogas não letais, informou separadamente o grupo ativista Reprieve. A Anistia também levantou preocupações semelhantes sobre execuções em casos de drogas.

A Arábia Saudita não comentou o aumento das execuções. Autoridades sauditas não responderam a perguntas detalhadas da Associated Press sobre as execuções e sobre o motivo pelo qual o país está usando a pena de morte para casos não violentos de drogas.

Casos relacionados às drogas

A Arábia Saudita é um dos vários países do Oriente Médio, incluindo Irã, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, que podem aplicar a pena de morte a acusações relacionadas a drogas. Mas o reino continua sendo um dos principais executores do mundo, atrás apenas da China e do Irã - e seu uso de execuções em casos de drogas parece estar alimentando isso.

A Anistia Internacional documentou os casos de 25 estrangeiros que estão atualmente no corredor da morte, ou foram executados recentemente, por crimes relacionados a drogas. Nesses casos, a Anistia afirmou que os presos condenados à morte não conheciam o sistema legal nem seus direitos, e tinham pouca ou nenhuma representação legal.

Cidadãos estrangeiros enfrentaram desafios adicionais ao tentar garantir um julgamento justo, afirmou a Anistia. Mais da metade dos executados neste ano no reino eram estrangeiros, de acordo com a Reprieve.

Um desses cidadãos, o egípcio Essam Ahmed, desapareceu em 2021 enquanto trabalhava em um barco de pesca no Sinai. Um mês depois, sua família recebeu a notícia de que ele havia sido detido na Arábia Saudita e condenado à morte por tráfico de drogas. Ahmed alega ter sido forçado pelo dono do barco a carregar um pacote para ele sob a mira de uma arma.

"Vivemos aterrorizados, sentimos medo todas as manhãs", disse um familiar de Ahmed, que falou à AP sob condição de anonimato, temendo que seus comentários pudessem impactar o caso. "Todas as manhãs, até as 9h, tememos que eles tenham levado um deles para a execução sem que soubéssemos."

O familiar acrescentou: "Não temos sentimentos. Estamos mortos. A morte seria mais fácil. … Eles nem me deram a chance de defendê-lo e eu não sei o que fazer."

Execuções ocorrem em meio ao plano 'Visão 2030'

Grupos de direitos humanos criticam há anos o histórico da Arábia Saudita. Também houve rápidas mudanças sociais na Arábia Saudita sob o Rei Salman e o príncipe herdeiro. Ao mesmo tempo em que pressionava para que as mulheres dirigissem, o reino supervisionou a prisão de ativistas dos direitos das mulheres. Ao mesmo tempo em que pedia investimento estrangeiro, a Arábia Saudita também prendeu empresários, membros da realeza e outros, em uma repressão à corrupção que logo se assemelhou a uma extorsão das pessoas mais poderosas do reino.

Em 2021, como parte da reforma da justiça criminal do príncipe herdeiro, a Comissão de Direitos Humanos da Arábia Saudita anunciou uma moratória sobre execuções relacionadas a drogas. A moratória, no entanto, permaneceu em vigor por pouco menos de três anos, antes de ser cancelada sem explicação.

As execuções também ocorrem enquanto o reino continua a empreender reformas ousadas para diversificar sua economia como parte da iniciativa "Visão 2030".

Jeed Basyouni, que dirige o programa para o Oriente Médio e Norte da África da Reprieve, organização jurídica sem fins lucrativos sediada no Reino Unido, insistiu que o príncipe Mohammed poderia mudar rapidamente a política de execução da Arábia Saudita, se quisesse.

"Ele poderia conceder perdões em massa. Ele poderia insistir em reescrever as leis para que estejam em conformidade com o direito internacional", disse Basyouni. "Os bilhões gastos nas chamadas reformas, destinadas a promover um reino mais tolerante e inclusivo sob o governo do príncipe herdeiro, mascaram um Estado autoritário onde execuções diárias por crimes relacionados a drogas são agora a norma."

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o tratamento do Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro. "O que o Brasil está fazendo com Bolsonaro é uma vergonha", afirmou. Apesar disso, declarou que "conhece Bolsonaro e acredita que ele é um homem honesto".

O prefeito de Igarapé Grande, no interior do Maranhão, é suspeito de matar um policial militar de folga durante uma vaquejada em 6 de julho. Segundo a Polícia Civil maranhense, João Vitor Xavier (PDT) confessou ser o autor dos disparos e foi preso nesta terça-feira, 15, em São Luís. Ele se entregou aos policiais após a Justiça decretar sua prisão preventiva.

Segundo a Polícia Civil do Maranhão, João Vitor confessou ser o autor dos disparos contra Geidson Thiago da Silva Santos, de 39 anos, que morreu durante uma vaquejada em Trizidela do Vale, no interior do Maranhão. O prefeito se apresentou aos policiais no dia seguinte e alegou que agiu em legítima defesa.

Na ocasião, mesmo com a confissão, o prefeito não foi detido, pois não havia mandado de prisão em aberto, nem flagrante do delito. A Polícia Civil do Maranhão ainda não finalizou as investigações sobre o caso. Xavier, por ora, não foi indiciado pela morte do PM. Caso vire réu, o prefeito será julgado pela segunda instância do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), pois possui foro por prerrogativa de função. O Estadão busca contato com a defesa de João Vitor Xavier.

João Vitor Xavier, de 27 anos, é natural de Ouricuri, em Pernambuco, e provém de uma família de políticos. Seu pai, Júnior Xavier, é prefeito de Bernardo do Mearim (MA), vizinha de Igarapé Grande, enquanto Erlânio Xavier, seu tio, era o prefeito de Igarapé Grande antes do início de seu mandato.

João Vitor elegeu-se ao cargo com 4.987 votos, o equivalente a 70,3% dos votos válidos. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele declarou ser estudante e possuir um patrimônio de R$ 550 mil. Antes de ser prefeito, havia sido vereador em Bodocó, em Pernambuco. Elegeu-se para o cargo em 2016, aos 18 anos.

Desde a última quarta-feira, 9, Xavier está licenciado do cargo, ocupado de forma interina por sua vice-prefeita, Maria Etelvina (PDT).

O novo presidente do PT, Edinho Silva, eleito neste mês de julho, disse que o "Brasil não é um puxadinho dos Estados Unidos". Edinho defende que, nesta guerra comercial com o presidente americano Donald Trump, o País fortaleça a formação de novas relações comerciais com outros países.

"Evidente que também essa crise diplomática demonstra que temos que fortalecer a nossa concepção de formação de blocos comerciais e que também a gente consiga colocar na mesa os países que defendem a democracia, para que a essa prática do governo Trump não seja normalizada", afirmou.

Como antecipou ao Estadão, Edinho voltou a dizer que as ações de Trump como uma tentativa de construir uma "Terceira Guerra Mundial" por meio de medidas econômicas.

O ex-prefeito de Araraquara também apontou, nesta quarta-feira, 16, quais devem ser as prioridades do PT de agora em diante: a reforma política eleitoral, o fortalecimento dos partidos, financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), mudança climática, a escala de trabalho 6x1, a tarifa zero no transporte e a segurança pública. Ele deu ênfase para esse último tema.

"É urgente que possamos aprofundar o debate de segurança pública. A sociedade está dizendo isso", disse. Para o partido, Edinho deseja a formulação de um novo estatuto, que discuta a renovação da militância, limite de mandatos e organização de base.

O partido diz que a eleição interna deste ano, chamada de Processo de Eleição Direta (PED), foi a maior da história, com aproximadamente 550 mil votos de filiados em todo o Brasil.

Edinho Silva saiu como vencedor com 378 mil, ou 73,1% dos votos. A tendência predominante do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB), saiu novamente triunfante com a tese "Derrotar a extrema direita e avançar na construção de um novo Brasil".

Edinho enfrentou concorrência de nomes mais à esquerda do PT, como o o secretário de relações internacionais Romênio Pereira (58,8 mil votos, 11,4%), o ex-presidente da sigla e deputado federal por São Paulo Rui Falcão (57,7 mil votos, ou 11,2% do total) e o diretor na Fundação Perseu Abramo Valter Pomar (22,5 mil votos, 4,4%).

No dia 27 deste mês, o PT fará o segundo turno de votações para definir a presidência de diretórios nos Estados do Paraná, Tocantins, Santa Catarina, Rondônia, e Rio Grande do Sul. Haverá também uma segunda rodada em municípios.

Houve controvérsia durante as votações. O Estadão revelou o caso de uma chapa derrotada na Bahia que denuncia que mortos votaram no PED em Camaçari, em um caso que deve parar na Justiça. Houve também, pelo Brasil, denúncias de filiações em massa, acusações de golpe e novas ameaças de judicialização.

"Acredito que não houve nenhuma anomalia em relação a outros momentos, sempre na disputa política, ocorrem tocas de acusações", afirmou o senador Humberto Costa (PE), presidente em exercício do PT durante a realização do PED. "É óbvio que num processo como esse, precisa ser aperfeiçoado. Garantir que todo mundo possa participar é a principal coisa."