China e UE discutem relações bilaterais com foco em multilateralismo e autonomia

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, reuniu-se nesta quarta-feira, em Bruxelas, com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, em meio às comemorações dos 50 anos de relações diplomáticas entre China e União Europeia (UE). Segundo comunicado do governo chinês, o encontro tratou da cooperação bilateral, do cenário geopolítico e da preparação para uma nova cúpula entre os dois lados.

A China afirmou ver a Europa como "um importante polo em um mundo multipolar" e prometeu manter "continuidade e estabilidade" na política externa voltada ao bloco. De acordo com Wang, "independentemente das condições que a Europa enfrente, a China apoia sempre a integração europeia" e defende "o fortalecimento da autonomia estratégica da UE".

O chefe da diplomacia chinesa também criticou o que chamou de práticas unilaterais e intimidação internacional. "Unilateralismo e atos de intimidação têm impactado gravemente a ordem e as normas internacionais", disse Wang, para quem o aprofundamento do diálogo entre Pequim e Bruxelas pode conter essa tendência. "Se China e Europa escolherem a abertura e o benefício mútuo, a globalização econômica não será revertida", afirmou.

Costa, segundo o comunicado, defendeu a cooperação entre as duas potências em meio a "um mundo cada vez mais incerto" e reafirmou o apoio europeu à política de "uma só China". O conflito na Ucrânia também foi discutido. Wang declarou que Pequim seguirá "do lado da paz" e prometeu que a China continuará atuando de forma construtiva para uma solução política.

Wang também se encontrou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Em outra categoria

Demitida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul sob a acusação de fraudar o acervo processual para 'engordar' métricas de produção, a juíza Angélica Chamon Layoun ingressou com uma ação no Conselho Nacional de Justiça para tentar reverter a sanção disciplinar que lhe foi imposta - a mais severa punição a magistrados. Segundo sua defesa, ao assumir o cargo, em 2023, Angélica foi designada para uma vara cível com 'grande passivo processual'.

Ela alega que encontrou dificuldades para conciliar os deveres funcionais com a maternidade de uma criança com transtorno do espectro autista (TEA).

Angélica estava em estágio probatório. Ela foi demitida no dia 3 de julho, sob acusação de utilizar uma decisão padrão para disparar cerca de 2 mil despachos em processos cíveis, sem uma análise individualizada, com o objetivo de estufar as métricas de produtividade da 2ª Vara Cível de Cachoeira do Sul, situada a 200 quilômetros de Porto Alegre.

"A conciliação entre os deveres funcionais e o cuidado com uma criança com necessidades especiais representa um desafio adicional que qualquer mãe magistrada pode compreender", afirmou o advogado Fábio Medina Osório, ex-advogado-geral da União (Governo Temer).

A estratégia da defesa ao recorrer ao CNJ é alcançar um pedido de revisão disciplinar, sob alegação de 'desproporcionalidade da sanção, falta de tipicidade e vícios na instrução do processo disciplinar no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul'.

A demissão é a pena mais grave imposta a um magistrado, segundo o artigo 42 da Lei Orgânica da Magistratura (Loman). Raramente ela é aplicada. As sanções, quase sempre, ficam entre advertência, censura, remoção, disponibilidade e aposentadoria compulsória - quando o juiz é afastado de vez da carreira, mas continua recebendo vencimentos proporcionais ao tempo de serviço.

Para Medina Osório, 'eventuais equívocos ou falhas operacionais, naturais em estágio probatório e agravados pelas dificuldades de adaptação a sistemas digitais complexos, não podem justificar o rigor da medida disciplinar aplicada'.

Segundo ele, ao assumir a titularidade da 2ª Vara Cível de Cachoeira do Sul, em 2023, Angélica Chamon Layoun encontrou um 'grande passivo processual' e buscou corrigir 'falhas operacionais'.

A defesa alega que ela enfrentou 'resistências internas' que fortaleceram o processo disciplinar contra Angélica.

"É importante esclarecer que o que a mídia vem reportando como 'sentença' eram, em verdade, despachos que originalmente deveriam ser endereçados para o cartório ou Multicom, e não diretamente para os advogados, o que ocorreu por erro de um dos servidores da vara", afirma o advogado, sem citar nomes.

Angélica exerceu a carreira na Justiça gaúcha entre julho de 2022 e setembro de 2023, quando foi afastada do cargo.

O Estadão apurou que ela também responde a uma ação penal movida pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul.

Aos 39 anos, Angélica havia sido juíza em Pernambuco por quase seis anos. Após ser aprovada em um novo concurso no Rio Grande do Sul, pediu exoneração do Tribunal de Justiça de Pernambuco.

Em setembro do mesmo ano, Angélica Chamon Layoun foi afastada do cargo. O processo administrativo disciplinar seguiu sob sigilo.

A demissão da juíza foi apreciada pelo Órgão Especial do TJRS em fevereiro de 2025. No dia 26 de maio, o caso transitou em julgado.

A DEMISSÃO

"O desembargador Alberto Delgado Neto, presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, no uso de suas atribuições, resolve:

Demitir, do cargo de juíza de direito de entrância inicial, Angélica Chamon Layoun, ID funcional nº 4811437, conforme decisões do Egrégio Órgão Especial do Tribunal de Justiça, instaurado processo administrativo disciplinar tramitado no expediente SEI (Sistema Eletrônico de Informações) nº 8.2024.2199/000003-4, em sessões nos dias 24/02/2025 e 12/05/2025, a contar da data do trânsito em julgado em 26/05/2025, nos termos do artigo 42, inciso VI, da Lei Complementar nº 35/1979 (Ato de Demissão nº 001/2025-DMAG/P).

Tribunal de Justiça, em 03 de junho de 2025."

O governo brasileiro enviou nesta terça-feira (15) uma nova carta oficial às autoridades dos Estados Unidos, na qual expressa “profunda indignação” com a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, manifesta disposição para negociar uma solução e cobra uma resposta à proposta confidencial encaminhada em maio deste ano.

O documento, assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, é endereçado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio, Jamieson Greer. O texto reafirma o descontentamento brasileiro com a decisão anunciada pelo presidente Donald Trump em 9 de julho, que prevê a aplicação das tarifas a partir de 1º de agosto.

“O governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos. Tal medida terá impacto extremamente negativo em setores relevantes de ambas as economias e ameaça uma parceria econômica historicamente sólida e estratégica entre nossos países”, diz a carta.

Os ministros reiteram que o Brasil está pronto para um diálogo construtivo, com vistas a encontrar uma solução mutuamente aceitável e minimizar os impactos da medida sobre o comércio bilateral. “Estamos abertos a negociar para preservar e aprofundar a relação histórica entre as duas nações”, reforça o texto.

A correspondência também contesta um argumento apresentado por Trump na semana passada, quando o americano justificou a tarifa afirmando que os EUA acumulam prejuízos comerciais com o Brasil. O governo brasileiro ressalta que, ao contrário do alegado, os Estados Unidos são superavitários no comércio bilateral, com um saldo favorável acumulado de cerca de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos, segundo dados oficiais norte-americanos.

Por fim, Alckmin e Vieira lembram que o governo brasileiro já solicitou em várias ocasiões que os EUA indicassem áreas específicas de preocupação para que fossem consideradas nas negociações, sem que houvesse resposta formal até o momento. A expectativa é que a nova carta abra caminho para uma interlocução mais ágil e a revisão das tarifas impostas unilateralmente.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o tratamento do Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro. "O que o Brasil está fazendo com Bolsonaro é uma vergonha", afirmou. Apesar disso, declarou que "conhece Bolsonaro e acredita que ele é um homem honesto".