Em contatos com Irã e Iraque, Putin condena 'agressão sem justificativa' contra iranianos

Internacional
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou, em reunião com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, que os ataques contra os iranianos são "uma agressão sem provocação, sem fundamento ou justificativa", segundo a agência de notícias Tass. No encontro com o representante de Teerã, ele reafirmou que a posição russa "é bem conhecida".

Como publicado numa declaração do Ministério das Relações Exteriores russo, Moscou condena veementemente os ataques americanos às instalações nucleares no Irã, e o departamento diplomático pediu o fim das violências.

Em ligação com o primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Al-Sudani, nesta segunda-feira, 23, Putin discutiu a situação no Oriente Médio e teve "uma ampla troca de opiniões", de acordo com comunicado citado pela Interfax. "Ambas as partes observaram que essas ações, que violam gravemente a Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e outras normas do direito internacional, estão repletas de consequências extremamente perigosas e imprevisíveis para a estabilidade da região e de todo o sistema de segurança global", diz.

Putin e Al-Sudani "também expressaram preocupação com os riscos emergentes para os mercados globais de energia e enfatizaram a importância de continuar a cooperação ativa no âmbito da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+)", informou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou ainda a repórteres que as ações dos EUA aumentaram o número de participantes no conflito no Oriente Médio e deram início a uma nova espiral de escalada, segundo a Reuters. Ele disse que ainda não está claro o que aconteceu com as instalações nucleares do Irã e se há risco de vazamento radioativo, mas que a situação não pode deixar de ser motivo de preocupação.

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Os agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aprovaram nesta terça-feira, 24, indicativo de greve e o ingresso de uma Ação Civil Pública que pede o afastamento dos três delegados que dirigem a organização, incluindo o diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, que é suspeito de ter agido em "conluio" com servidores investigados para atrasar investigações no caso da Abin paralela.

O comunicado foi feito por meio da Intelis (União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin), entidade que representa a categoria. De acordo com a organização, a assembleia geral extraordinária, que decidiu sobre o tema, "registrou participação recorde e demonstrou o alto grau de preocupação e revolta dos servidores".

Na nota, a entidade afirma que "as denúncias envolvendo a cúpula da Agência, que resultaram em indiciamentos, foram classificadas como 'graves', 'nojentas' e 'inaceitáveis'".

Os servidores da Abin pedem o afastamento de Corrêa desde o dia 17 de junho. O diretor-geral é um dos 35 indiciados pela Polícia Federal no caso da Abin paralela e pode ter atrapalhado a apuração sobre o aparelhamento da agência para fins políticos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

O diretor-geral foi mantido no cargo pelo presidente Luiz Inácio da Silva (PT) e prosseguiu após o indiciamento. Em nota, a Intelis, que planejava a assembleia desde 20 de junho, já tinha criticado "a falta de controle de questões sigilosas por parte da Polícia Federal, do Ministério da Justiça".

"Com o indicativo de greve aprovado, a entidade apresentará um conjunto de reivindicações formais. Caso não haja resposta satisfatória dentro do prazo estipulado, uma nova assembleia será convocada", afirma a organização que representa os servidores. O não atendimento das solicitações pode resultar em paralisação.

De acordo com a PF, a Abin paralela seria um esquema conduzido pelo vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e pelo seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os políticos teriam criado uma estrutura para espionar ilegalmente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), políticos opositores, jornalistas, deputados e outros brasileiros.

O objetivo, segundo a PF, seria atender os interesses políticos dos Bolsonaro, atacar opositores e desacreditar instituições democráticas.

Estima-se que quase 1,8 mil celulares tenham sido monitorados ilegalmente entre fevereiro de 2019 e abril de 2021 por meio dessa estrutura. A Polícia Federal ainda afirma que Bolsonaro seria o "centro decisório", que determinaria os alvos de monitoramento e usou a Abin para conduzir ataques às urnas eletrônicas.

A aposta de bolsonaristas para acelerar a aplicação de possíveis sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, parece não ter surtido o efeito desejado. Uma audiência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, realizada nesta terça-feira, 24, com a participação do blogueiro Paulo Figueiredo, terminou em embate com o deputado democrata James P. McGovern.

Durante suas considerações finais, Figueiredo afirmou que se sentia seguro como jornalista nos Estados Unidos e descreveu o país como "o mais livre do mundo". Em resposta, McGovern ironizou: "Fico feliz que você se sinta seguro como jornalista nos Estados Unidos. Eu, como político, não tenho certeza de me sentir tão seguro, mas essa é a realidade". Figueiredo retrucou, questionando se o país teria "presos políticos".

McGovern respondeu mencionando o ataque a opositores do presidente Donald Trump e afirmou: "Você acabou de ver um senador ser derrubado no chão e algemado. Também vimos pessoas sendo alvos de assassinato político neste país", em referência a ex-presidente da Câmara estadual, Melissa Hortman, e seu marido, Mark, mortos a tiros dentro de casa, em Brooklyn Park.

Figueiredo concluiu dizendo que o congressista seria "bem-vindo ao Brasil para ver como lá é pior". McGovern rebateu: "Estou tentando salvar a nossa democracia [norte-americana]".

Em seu perfil no X, Paulo Figueiredo publicou uma foto da audiência e escreveu: "Grande dia".

Durante a audiência, Figueiredo mencionou o pronunciamento do senador Marco Rubio que, em audiência na Câmara, declarou que "há uma grande possibilidade" de Moraes ser alvo de sanções com base na Lei Magnitsky, e cobrou urgência na decisão, afirmando que, se isso não acontecer logo, o Brasil estará no "ponto de não retorno".

Ele também citou os casos do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) e da deputada Carla Zambelli (PL) como alvos de perseguição política no País, afirmando que Zambelli estava nos Estados Unidos para um "tratamento médico" e Eduardo temia uma prisão no Brasil. Figueiredo também mencionou o CEO da Rumble, Chris Pavlovsky, e Elon Musk como vítimas de Moraes.

Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro atuam juntos na busca por sanções contra o ministro do STF. Internamente, no entanto, bolsonaristas avaliam que o deputado federal não conseguiu, até o momento, obter resultados concretos. O congressista Chris Smith, do partido Republicano, que preside a comissão ao lado de McGovern, não conseguiu comparecer à audiência.

Ele enviou uma carta a Moraes em maio deste ano, afirmando que foram constatadas "graves violações" contra os direitos humanos por parte do governo brasileiro.

Eduardo Bolsonaro também compartilhou a foto de Paulo Figueiredo, afirmando que "medidas podem ser tomadas após a oitiva dos declarantes".

A deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP) empregou dois maquiadores em seu gabinete. Ronaldo Cesar Camargo Hass e Índy Cunha Montiel da Rocha, trabalham desde maio de 2024 com a parlamentar e recebem, respectivamente, R$ 9.678,22 e R$ 2.126,59.

Nas redes sociais, tanto Hass como Rocha divulgam o trabalho como maquiadores, com a congressista aparecendo constantemente em publicações. Hass acompanhou Hilton em Paris (que foi à Europa a convite do Parlamento Europeu) para um show da Beyoncé no fim de semana. A informação da contratação dos maquiadores foi noticiada pelo portal Metrópoles e confirmada pelo Estadão.

Segundo Hilton, ambos exercem funções como secretários parlamentares, como "atuação na pauta LGBT e de cidades", "articulação com movimentos sociais", "interlocuções das mais diversas áreas" e "acompanhamento nas comissões" em Brasília e em São Paulo e ainda prestam serviço estético.

"Ambos os meus assessores são assessores com qualidade, são maquiadores sim, ótimos maquiadores, mas não são apenas maquiadores. São duas pessoas LGBTs com formação profissional, com graduação, que atuam em pautas importantes para o meu mandato", diz a deputada.

Ainda de acordo com a parlamentar, ela os conheceu pelo trabalho com maquiagem e que foram contratados por serem "amigos" dela, "da comunidade". "São profissionais da maquiagem, os conheci sendo profissionais da maquiagem, mas por serem meus amigos, por serem da minha comunidade, chamei para o meu mandato para que cumprisse um trabalho importante nas pautas que nós tocamos diariamente e são vozes necessárias", afirma. "Me acompanham nas viagens, ajudam a fazer foto, preparam os briefings, tudo isso é muito fácil de ser comprovado."

O trabalho de secretariado parlamentar é regulamentado por ato da mesa da Câmara. O texto, de 1997, diz que esse cargo, exercido pelos dois assessores de Erika, "tem por finalidade a prestação de serviços de secretaria, assistência e assessoramento direto e exclusivo nos gabinetes dos deputados para atendimento das atividades parlamentares específicas de cada gabinete".

Procurado, o gabinete ainda enviou imagens dos dois assessores acompanhando a deputada em atividade legislativa. Nessas imagens, Rocha aparece acompanhando a deputada nas dependências da Câmara dos Deputados, em Brasília, enquanto Hass segue a parlamentar em evento no interior de São Paulo.

A oposição na Câmara reagiu e anunciou que irá protocolar representação no Conselho de Ética da Câmara, por quebra de decoro parlamentar e outra representação junto ao Ministério Público Federal, por possível prática de improbidade administrativa e crime de responsabilidade.

"Eles não me querem dentro do Parlamento, eles odeiam a minha voz, odeiam o meu mandato, odeiam o trabalho sério que eu realizo dentro da Câmara, mas fora dela", afirma Hilton. "Fazem de tudo para me colocar em uma situação ruim às vésperas das eleições, porque sabem da minha capacidade de transformar as realidades e de levar para a política corpos e vozes que nunca puderam estar lá."