Trump ameaça aiatolá, analisa entrar na guerra e exige rendição total do Irã

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Donald Trump deu indícios nesta terça-feira, 17, de que os EUA podem entrar na guerra contra o Irã. Após enviar caças ao Oriente Médio para marcar posição, ele exigiu a "rendição incondicional" do regime iraniano, ameaçou matar o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, e se referiu às operações de Israel usando a palavra "nós".

"Nós sabemos exatamente onde Khamenei está escondido, mas não vamos eliminá-lo. Pelo menos por enquanto", escreveu Trump, em sua rede social. Gabando-se da superioridade aérea de Israel, graças a equipamentos americanos, ele continuou. "Agora, temos controle total dos céus do Irã."

Os comentários de Trump foram feitos no momento em que Israel pressiona a Casa Branca a intervir no conflito, a única forma de acabar com o programa nuclear do Irã. O presidente tem evitado se envolver e defendeu a diplomacia.

No entanto, por mais que tenha superioridade aérea, Israel não tem capacidade de destruir as instalações nucleares cravadas no subsolo iraniano. O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, sabe disso e tenta convencer Trump a lançar as bombas antibunkers, principalmente na usina de Fordow - Israel não tem nem as bombas nem aviões para transportá-las.

Ontem, o ministro israelense da Defesa, Israel Katz, disse que somente as bombas dos EUA poderiam destruir Fordow. "As instalações ficam tão enterradas no subsolo que seriam necessárias bombas antibunker para causar danos significativos. Uma bomba desse tipo só poderia ser lançada por um avião americano", afirmou.

Reação

Trump disse ontem que não queria um cessar-fogo, e afirmou que apenas o fim definitivo do conflito interessa. "Não estou muito disposto a negociar", disse ele, falando a repórteres no avião presidencial, após voltar mais cedo da cúpula do G7, no Canadá.

O envolvimento na guerra, no entanto, pode ser inevitável, mesmo que Trump não queira. Relatórios de inteligência dos EUA indicaram que o Irã já se prepara para atacar bases americanas no Oriente Médio - Teerã se queixa do apoio a Israel. Na segunda-feira, a Casa Branca autorizou o envio de mais de 30 aeronaves de reabastecimento para a Europa, que poderiam ser usadas na guerra.

Contra-ataque

A reação do Irã, segundo autoridades americanas, poderia vir da milícia Houthi, no Iêmen. Apoiado pelo regime iraniano, o grupo ameaça atacar novamente cargueiros no Mar Vermelho. Insurgentes xiitas no Iraque e na Síria também estariam prontos para bombardear bases dos EUA.

Outra possibilidade seria o regime transformar o Estreito de Ormuz em um campo minado, prendendo os navios de guerra americanos no Golfo Pérsico. O Pentágono colocou ontem em alerta máximo suas tropas nos Emirados Árabes, Jordânia e Arábia Saudita. Os EUA têm mais de 40 mil soldados no Oriente Médio.

"Nossos inimigos precisam saber que não podem resolver os problemas com ataques militares contra nós. Eles não conseguirão impor sua vontade ao povo iraniano", disse o chanceler do Irã, Abbas Araghchi, que responsabilizou Israel e os EUA pela guerra.

Dissidência

Entrar no conflito, porém, é um risco para Trump. Temores de envolvimento enfureceram os aliados mais radicais do presidente, que foi eleito com a promessa de manter os EUA longe das guerras. Tucker Carlson, ex-apresentador da Fox News e comentarista conservador, acusou Trump de ser "cúmplice de um ato de guerra" e criticou os "belicistas" que defendem o envolvimento direto do país.

"O foco deveria ser nos EUA. Essa foi a promessa da eleição", disse Carlson. "Tudo isso é ignorado porque o líder de um país que não tem o apoio da maioria da sua população quer adotar uma ação que inclua os EUA", afirmou, em referência a Netanyahu.

Carlson ganhou a companhia de Steve Bannon, estrategista de Trump, e de alguns congressistas de extrema direita, como a deputada Marjorie Taylor Greene e a facção libertária do Partido Republicano, liderada pelo congressista Thomas Massie, que se uniu aos democratas para apresentar na Câmara uma resolução que exige uma autorização legislativa para o presidente atacar.

Em tentativa de apagar o incêndio, o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, se reuniu ontem com líderes republicanos para tranquilizar a bancada. Após o encontro, o senador Kevin Cramer disse que Trump não desistiu das negociações. "Ele prefere o diálogo às bombas", disse. John Thune, líder do partido no Senado, garantiu que o presidente está agindo dentro de sua autoridade. "A resolução proposta pelos democratas é prematura."

Em meio ao intenso fogo cruzado e às disputas internas, os serviços de inteligência dos EUA provocaram ontem um furo na justificativa israelense para atacar o Irã. Segundo a CNN, que ouviu quatro pessoas familiarizadas com avaliações internas, os iranianos não estavam buscando uma arma nuclear e estariam a três anos de montar uma bomba, caso quisessem.

As informações são coerentes com o testemunho ao Congresso da diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, em março. Ela afirmou que o Irã "não está construindo uma bomba" e disse que Khamenei "não havia suspendido o programa de armas nucleares em 2003". Questionado ontem sobre o assunto, Trump foi direto: "Não me interessa", disse. "Para mim, eles estavam perto de ter uma bomba."

Ataques

Israel e Irã continuaram ontem a trocar ataques. O Exército israelense afirmou ter matado Ali Shadmani, chefe do Estado-Maior do Irã, o mais alto comandante militar e uma das figuras mais próximas do aiatolá Khamenei. A Guarda Revolucionária afirmou que atacou um prédio do Mossad, o serviço secreto de Israel, em Tel-Aviv. A informação não foi confirmada pelos israelenses. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

A maior parte dos brasileiros reprova a atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com pesquisa divulgada nesta terça-feira, 5, pelo Datafolha, 36% dos entrevistados consideram ruim ou péssimo o trabalho dos magistrados.

O estudo também constatou que aqueles que consideram as decisões dos juízes são ótimas ou boas somam 29%. Enquanto isso, 31% pensam que os ministros têm desempenho regular e 4% dos entrevistados não sabem opinar.

Dentre os entrevistados, a maioria (68%) considerou que a Corte prioriza os próprios interesses e apenas 27% afirmaram que eles pensam em primeiro lugar na população.

A medição foi feita pelo instituto entre os dias 29 e 30 de julho, ou seja, antes da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por desobedecer as medidas cautelares, ser decretada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Após a prisão do ex-presidente, seus apoiadores e filhos desferiram ataques contra a Corte, afirmando que o Tribunal minou a democracia brasileira e pedindo o impeachment de Moraes. Os deputados Luciano Zucco (PL-RS) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) incentivaram seguidores a usar os termos "vingança não é justiça" nas redes sociais, para atacar o STF.

A pesquisa demonstrou que, dentre os bolsonaristas, 81% reprovam o trabalho dos ministros do STF e apenas 2% são favoráveis. Os petistas, por outro lado, são mais alinhados com a Corte: 59% têm avaliação positiva e 9% negativa.

A reprovação do STF subiu desde a última medição realizada pelo Datafolha. Em março de 2024, 28% dos brasileiros reprovavam a Corte e uma ligeira maioria, de 29% dos entrevistados, era a favor da atuação. Na ocasião, 40% dos participantes ainda consideraram os ministros com atuação regular e 3% não opinou

Desde a data, os embates entre o Supremo e atores políticos aumentaram. Oito magistrados da Corte chegaram a ser sancionados com a cassação de seus vistos americanos em retaliação ao processo que conduzem contra Jair Bolsonaro, investigando a participação do ex-presidente na tentativa de golpe de Estado.

O principal articulador das sanções é o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está autoexilado nos EUA e pede pelos ataques. O parlamentar também pediu pela aplicação da Lei Global Magnistsky contra Alexandre de Moraes, o dispositivo legal o impede de acessar bens nos EUA, de visitar o país e de ter acesso a serviços de empresas americanas.

De acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira, 5, 35% dos brasileiros consideram a atuação do Congresso Nacional ruim ou péssima. Ao mesmo tempo, os entrevistados que acham o trabalho dos parlamentares regular somaram 41%. Apenas 18% dos participantes afirmaram que o Legislativo é ótimo ou bom, enquanto 6% não opinaram.

A reprovação da Câmara dos Deputados e do Senado, manifestada pela maior parte dos entrevistados, é acompanhada por uma percepção de que o Legislativo privilegia os próprios interesses. Ao todo, 78% dos entrevistados afirmaram que os congressistas dão prioridade a eles mesmos. Somente 18% dos participantes acreditam que o povo é prioridade no Congresso.

A desaprovação ao Congresso se elevou desde a última aferição feita pelo Datafolha. Em março do ano passado, 23% consideravam o Legislativo ruim ou péssimo e 22% ótimo ou bom. A avaliação de que os parlamentares atuavam de forma regular era compartilhada por 53% na ocasião. Por fim, 2% não responderam a pesquisa.

O aumento da desaprovação ocorre após embates entre o Congresso e Executivo. Os senadores e deputados federais acumulam uma série de atritos com a presidência, como a derrubada do aumento do IOF, de interesse do presidente Lula (PT), e o veto do aumento no número de deputados, desejo da Câmara.

Governistas chegaram a levantar uma campanha nas redes sociais com os dizeres "Congresso inimigo do povo" para atacar as Casas. O governo usou, durante esse período, diversos posts feitos com inteligência artificial para criticar a Câmara e o Senado.

Dentre os petistas, a pesquisa identificou que 28% avaliam o Congresso como ruim e 26% bom ou ótimo. Os bolsonaristas, em maior parte, também rejeitam o Legislativo: 38% consideram que a atuação dos senadores e deputados federais é ruim e apenas 14% a avaliam como boa.

A pesquisa 2004 pessoas entre os dias 29 e 30 de julho. A margem de erro do estudo é de dois pontos percentuais e a confiabilidade é de 95%.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, deputado federal Paulo Azi (União-BA), definiu na tarde desta terça-feira, 5, as diligências que serão realizadas no processo de cassação do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que está presa em Roma, na Itália, desde o último dia 29.

Segundo Azi, a fase de instrução probatória do processo inclui a oitiva da deputada, a ser realizada por videoconferência, e de testemunhas convidadas. Ainda não há data marcada para as reuniões. As regras foram acordadas entre ele e o deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), relator da ação.

Zambelli foi condenada a dez anos de prisão pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os ministros também determinaram a perda do cargo na Câmara dos Deputados. Dias após a sentença, a deputada deixou o Brasil e seguiu para os Estados Unidos, onde anunciou que não voltaria ao País. Dias depois, fugiu para Itália, onde possui dupla cidadania na crença de que seria poupada de cumprir pena.

O hacker Walter Delgatti Neto, condenado a 8 anos e 3 meses de reclusão por invadir sistemas da Justiça brasileira com Zambelli, será convidado pelos deputados para audiência.

A defesa da deputada apresentou pedido de acareação entre ela e o hacker como meio necessário para "dirimir eventuais contradições e confrontar as versões apresentadas". No informativo desta terça-feira, os deputados esclareceram que indeferiram o pedido da confrontação entre as testemunhas, por "ausência de previsão regimental".

Além de Delgatti, Flávio Vieitez Reis e Felipe Monteiro de Andrade, delegado e agente da Polícia Federal (PF), respectivamente, que trabalharam no caso, também serão ouvidos pelos parlamentares, caso aceitem participar das oitivas.

O ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro (PL) que se encontrou com Delgatti, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, também será convidado, assim como Michel Spiero, assistente técnico de defesa de Zambelli que atuou na ação penal do Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou a deputada.

A CCJC é responsável por analisar o processo de cassação e emitir parecer favorável ou contrário à perda de mandato. Em caso de parecer positivo, o processo segue para votação no plenário da Câmara. São necessários os votos de 257 deputados para que a cassação se concretize.