Pentágono criou mito de OVNIs para encobrir produção de avião secreto contra URSS, diz jornal

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Uma investigação feita pelo Pentágono (o Departamento de Defesa dos Estados Unidos) encontrou indícios de que pelo menos uma das teorias da conspiração sobre programas secretos de OVNIs em Washington foi alimentada pelo próprio Pentágono. A informação foi publicada na sexta-feira, 6, pelo 'The Wall Street Journal' (WSJ).

Segundo a reportagem, a investigação foi ordenada pelo Congresso e descobriu, que um coronel da Força Aérea armou um cenário falso nos anos 1980. Ele visitou um bar perto da Área 51, um local ultrassecreto no deserto de Nevada apontado por muitos como centro de experimentos com alienígenas, e deu ao proprietário fotos do que poderiam ser discos voadores, de acordo com ele.

As fotos foram penduradas nas paredes, e se espalhou o folclore de que as forças armadas dos EUA estavam secretamente testando tecnologia alienígena recuperada. Mas o coronel estava em uma missão de desinformação. As fotos foram adulteradas, disse o próprio oficial aos investigadores do Pentágono em 2023.

Segundo o WSJ, tudo foi uma farsa para proteger o que realmente estava acontecendo na Área 51: a Força Aérea estava usando o local para desenvolver caças ultrassecretos, invisíveis aos radares. Eram vistos como uma vantagem crítica contra a então União Soviética.

Líderes militares estavam preocupados que os programas pudessem ser expostos se os moradores vissem por exemplo um voo de teste do caça F-117, uma aeronave que realmente parecia ser de outro mundo. Melhor que acreditassem que veio de outro planeta.

O jornal afirma que esse episódio, relatado agora pela primeira vez, foi apenas uma das várias descobertas da equipe do Pentágono. Foi feito um relatório ano passado pelo Departamento de Defesa, que mostrou que o governo não encobriu dados sobre supostos Ets.

Na verdade, de acordo com investigação do Wall Street Journal, o próprio relatório equivalia a um acobertamento: o próprio Pentágono às vezes deliberadamente alimentava as notícias sobre conspiração a respeito de alienígenas. Ou seja, o próprio governo dos EUA estaria produzindo desinformação para seus cidadãos.

O WSJ diz que estão surgindo evidências de que os esforços do governo para propagar a mitologia dos OVNIs remontam aos anos 1950. A afirmação é baseada em entrevistas com duas dúzias de atuais e ex-funcionários dos EUA, cientistas e contratados militares envolvidos na investigação, bem como milhares de páginas de documentos, gravações, e-mails e mensagens de texto.

Conforme o jornal, oficiais militares espalharam documentos falsos para criar uma cortina de fumaça em programas secretos de armas reais. Em outros casos, oficiais permitiram que mitos de OVNIs se enraizassem no interesse da segurança nacional - por exemplo, para evitar que a União Soviética detectasse vulnerabilidades nos sistemas que protegiam instalações nucleares.

As atuais investigações do próprio Pentágono ainda estão tentando determinar se a propagação de desinformação foi decidida por comandantes e oficiais locais ou um programa mais centralizado e institucional.

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou neste sábado, 7, que a Corte envie para o Ministério da Justiça e Segurança Pública todos os documentos necessários para a formalização do pedido de extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Ela está foragida na Itália, país para o qual viajou após ser condenada a 10 anos de prisão em regime fechado pela invasão de sistemas e adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Após o recebimento da documentação pelo ministério, cabe ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional da Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania realizar a análise de admissibilidade da documentação.

Em caso positivo, o pedido será encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores ou à autoridade central estrangeira, para ser formalizado ao país onde se encontra o foragido da Justiça brasileira.

Moraes também ordenou que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), seja comunicado da perda de mandato de Zambelli.

A medida normalmente teria que ser decidida pelos deputados. Porém, a jurisprudência do STF é que se a pena for superior a 120 dias de prisão em regime fechado, o próprio tribunal pode determinar a medida porque a Constituição prevê que o deputado perderá o mandato se faltar a um terço das sessões.

Na sexta-feira, a Primeira Turma do STF rejeitou por unanimidade recursos apresentados por Zambelli e pelo hacker Walter Delgatti, condenado a 8 anos e 3 meses de prisão no mesmo caso.

O entendimento foi de que os embargos de declaração apresentados não trouxeram novos argumentos e tinham caráter protelatório. Ou seja, objetivo era apenas adiar o cumprimento da pena.

Com a rejeição, a Primeira Turma declarou o trânsito em julgado, acabando com a possibilidade de novos recursos.

Moraes transformou o pedido de prisão preventiva de Zambelli em prisão definitiva e determinou que a Secretaria Judiciária do STF envie ao Ministério da Justiça os documentos necessários para o pedido de extradição da parlamentar.

O ministro ordenou ainda que a documentação contenha "indicações precisas sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato criminoso, a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos legais sobre o crime, a competência, a pena e sua prescrição".

Segundo Moraes, a documentação deve ser encaminhada no original em português, traduzida oficialmente para o italiano e acompanhada do formulário para pedido de extradição disponível no site da pasta.

Além da pena de prisão, Zambelli e Delgatti foram condenados ao pagamento de uma indenização de R$ 2 milhões por danos materiais e morais coletivos. Também foram estabelecidas multas individuais de cerca de R$ 2,1 milhão para a deputada e de aproximadamente R$ 520 mil para o hacker. Os valores exatos ainda serão calculados no processo.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que Carla Zambelli "comandou" e ajudou no "planejamento" do ataque cibernético. Walter Delgatti confessou os crimes.

O ataque aos sistemas do CNJ aconteceu em janeiro de 2023. Foi emitido um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

"Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", dizia o documento fake.

Também foi produzido um recibo de bloqueio de R$ 22,9 milhões em bens do ministro. O valor corresponde à multa imposta por Moraes ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, por questionar as urnas eletrônicas nas eleições de 2022.

Havia ainda uma ordem, também falsa, para quebrar o sigilo bancário do ministro.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, voltou a refutar às afirmações de que a Suprema Corte se mete em tudo que é assunto no País. Durante participação neste sábado, 7, no Fórum Esfera, no Guarujá, Litoral Sul de São Paulo, o magistrado explicou a um grupo de empresários que a diferença do sistema judiciário brasileiro em relação aos dos demais países do mundo é que ele é pautado por uma Constituição Federal mais ampla do que as cartas magnas de outras nações.

Segundo Barroso, em função de a Constituição Federal ser mais ampla, ficou a cargo do STF cuidar de uma gama enorme de temas que em outros países se restringiriam à esfera política, mas que aqui acabam indo parar nas mesas dos ministros do STF.

"A Constituição brasileira permite que tudo possa chegar à Suprema Corte. No Brasil, você pode chegar direto no STF, questionando uma lei", disse ele, acrescentando que tudo isso faz com que a judicialização no País aumente.

Segundo Barroso, por esta enorme lista de atribuições que a Constituição atribui ao STF, ele não se assusta mais quando alguém questiona o fato de a Corte ter apenas 49% de aprovação da sociedade. "Poderia ser pior pelo tanto de gente que desacatamos", disse.

Contudo, segundo o presidente do STF, os 40 anos de estabilidade constitucional num País que já teve tantas cartas magnas como o Brasil precisam ser celebrados.

O ministro, que se propôs a defender a Corte das críticas mais violentas de parte da sociedade, reforçou que numa democracia há espaço para todas ideologias políticas: de esquerda, de direita, centro, conservadoras ou progressistas; mas observou também que a civilidade tem que vir antes de qualquer ideologia.

*Os repórteres viajaram a convite da Esfera Brasil

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu neste sábado, 7, a mudança do atual sistema eleitoral para o modelo de voto distrital misto. Para ele, o País está "mais do que maduro" para, pulando uma eleição, fazer a troca.

Ao apontar as vantagens do voto distrital misto em discurso no fórum da Esfera no Guarujá, litoral paulista, Barroso disse que esse sistema permite ao eleitor saber qual é o parlamentar que representa o seu distrito, assim como desestimula a fragmentação partidária.

Ele lembrou que defende a substituição do sistema desde 2006, quando escreveu um trabalho a favor da implantação do voto distrital misto oito anos à frente, o que, pontuou, evitaria o processo de impeachment da ex-presidente da República Dilma Rousseff.

Antes de Barroso, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, já tinha feito durante o fórum da Esfera uma defesa pelo voto distrital misto como uma forma de qualificar o poder legislativo.

Barroso lembrou que Kassab o visitou quando ele assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2020. O tema, contou o ministro do Supremo, foi discutido entre ambos, mas Kassab recomendou esperar o impacto da cláusula de barreira e da proibição da coligações em eleições proporcionais.

"Pois agora o País está mais do que maduro para mudar o sistema eleitoral. Temos um dos piores sistemas eleitorais do mundo na eleição para Câmara dos Deputados", declarou Barroso, para quem o modelo atual, de voto proporcional em lista aberta, é caro, tem baixa representatividade e não facilita a governabilidade.

Hoje, ressaltou Barroso, o eleitor vota em quem quer, mas não sabe quem ele elege, uma vez que o voto vai para o partido - são os mais votados do partido que entram no Legislativo. Menos de 5% dos deputados, observou o presidente do STF, são eleitos com votação própria.

"Temos um sistema em que o parlamentar não sabe por quem ele foi eleito e o eleitor não sabe quem colocou lá. Um não tem de quem cobrar, o outro não tem a quem prestar contas", disse Barroso.

*Os repórteres viajaram a convite da Esfera Brasil