Ex-primeiro-ministro diz que Israel comete 'crimes de guerra' contra palestinos

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O ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert afirmou nesta terça-feira, 27, que o país está "cometendo crimes de guerra" contra os palestinos na Faixa de Gaza. Em um artigo de opinião no jornal israelense Haaretz, Olmert apontou que milhares de palestinos inocentes estão morrendo, assim como soldados israelenses, por conta das ações do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Ele é o primeiro ex-chefe de governo israelense a se manifestar contra a guerra na Faixa de Gaza. Olmert foi primeiro-ministro de Israel entre 2006 e 2009. Ele foi membro do partido Likud, o mesmo de Netanyahu, de 1973 a 2006, e migrou para o Kadima, onde permaneceu até o fim da legenda em 2015.

"O governo de Israel está atualmente travando uma guerra sem propósito, sem metas ou planejamento claro e sem chances de sucesso", disse Olmert. O ex-primeiro-ministro avalia que as vítimas palestinas estavam atingindo "proporções monstruosas" nas últimas semanas.

Segundo o ministério da Saúde de Gaza, que não diferencia civis de combatentes, cerca de 50 mil palestinos já morreram desde o início da guerra na Faixa de Gaza. O conflito foi iniciado no dia 7 de outubro de 2023, após os ataques terroristas do Hamas, que deixaram 1,2 mil mortos em Israel e 250 sequestrados.

Em seu artigo de opinião, Olmert apontou que a guerra se tornou um "conflito político privado". O ex-primeiro-ministro disse que por meses defendeu as atitudes de Israel em Gaza, classificando-as como justas, mas agora não pode mais dizer isso.

"Tinha convicção de que o governo não estava atingindo civis de Gaza indiscriminadamente, mas agora não posso mais dizer isso. O que estamos fazendo em Gaza agora é uma guerra de devastação: matança indiscriminada, ilimitada, cruel e criminosa de civis. É o resultado de uma política governamental - ditada de forma consciente, perversa, maliciosa e irresponsável", avalia o ex-primeiro-ministro.

Olmert é um crítico do governo Netanyahu e suas declarações sobre a guerra foram criticadas por membros do governo israelense.

Plano para a Faixa de Gaza

As críticas de Olmert ocorrem após o gabinete de segurança de Israel aprovar um plano para ocupar 75% da Faixa de Gaza e destruir toda a infraestrutura do território palestino. Os civis de Gaza seriam encurralados em uma "zona humanitária" em Rafah, cidade que fica no sul de Gaza, perto da fronteira com o Egito. Segundo o plano, para os palestinos permanecerem nesta zona voluntária, eles deverão concordar com uma "saída voluntária" do território para outro país.

A iniciativa israelense foi aprovada em conjunto com uma ideia ventilada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de saída dos palestinos de Gaza para a reconstrução do território.

O plano foi rejeitado por países árabes e ocidentais, mas recebido com entusiasmo pelo núcleo duro da coalizão de Netanyahu, que já tinha ventilado a possibilidade de sugerir a saída voluntária de palestinos de Gaza para a construção de novos assentamentos israelenses no local.

A deportação forçada ou transferência de uma população civil é uma violação do direito internacional e um crime de guerra, segundo especialistas.

De acordo com uma reportagem da Associated Press (AP) do dia 14 de março, EUA e Israel contataram autoridades de três governos do leste da África para discutir o uso de seus territórios como possíveis destinos para o "reassentamento de palestinos" retirados da Faixa de Gaza.

Os contatos com Sudão, Somália e a região separatista da Somália conhecida como Somalilândia refletem a determinação dos EUA e Israel de seguir adiante com um plano que foi amplamente condenado e levantou sérias questões legais e morais. (COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS)

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A União Progressista, federação partidária formada pelo União Brasil e pelo Partido Progressistas (PP) criticou nesta segunda-feira, 4, o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o tarifaço de Donald Trump. Para as siglas, a postura de Lula representa uma "retórica confrontacional".

Lula disse durante evento nacional do PT neste domingo, 3, que apesar de querer negociar em igualdade com os norte-americanos, não desistir de buscar fazer negócios em outras moedas que não o dólar. O presidente também relembrou o envolvimento dos Estados Unidos no golpe militar de 1964.

"Eu não vou deixar de compreender a importância da relação diplomática com os EUA, que já dura 201 anos. Eu não vou esquecer que eles também ajudaram a dar golpe aqui. Mas o que eu quero saber é daqui para frente o que eu faço? E daqui para frente eles têm saber que nós temos o que negociar. Nós temos tamanho, temos postura, temos interesses econômicos e políticos para negociar", disse o presidente.

"Eu não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que a gente possa negociar com os outros países, eu não preciso ficar subordinado ao dólar", prosseguiu Lula.

Para os membros da União Progressista, o posicionamento do presidente "está longe de contribuir" para a resolução da crise tarifária. Na nota assinada por Antonio Rueda (União Brasil) e pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), a federação "manifesta sua profunda preocupação com as declarações".

"Nesse contexto, adotar uma retórica confrontacional, que remete a eventos históricos sem foco em soluções práticas, compromete a capacidade do Brasil de negociar com pragmatismo e buscar acordos que minimizem o impacto dessas tarifas", diz a federação.

Os partidos defendem que o Brasil negocie em condição de igualdade com os norte-americanos, no entanto, pedem que o governo atue pela "redução de barreiras comerciais e a proteção de nossas exportações".

Além disso, "a União Progressista defende que o governo federal lidere esforços para fortalecer as relações comerciais com os Estados Unidos", diz a nota.

Os partidos que compõe a federação possuem cargos no governo Lula e estão em processo de abandonar a gestão petista. Na última semana, ao participar de um evento da Expert XP, em São Paulo, Antônio Rueda fez críticas ao presidente e sinalizou que o partido não deve apoiá-lo na próxima eleição.

Em abril deste ano, o ministro do Turismo, Celso Sabino, indicado pelo União, havia defendido que a "ampla maioria" do partido dele apoiaria a reeleição de Lula em 2026 e voltou a falar da hipótese de a sigla ter a vice na chapa do presidente mesmo com o lançamento de Ronaldo Caiado, governador de Goiás, como pré-candidato à Presidência.

Políticos de esquerda e direita reagiram à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi decretada nesta segunda-feira, 4, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão do magistrado ocorreu após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) publicar discurso de seu pai em rede social, o que havia sido proibido pelas medidas cautelares.

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), saiu em defesa do ex-presidente no X (antigo Twitter). "Ditadura declarada: Bolsonaro preso em casa por ordem de Moraes. O que mais falta acontecer? Tentaram matá-lo. Perseguiram sua família. Proibiram-no de falar. Agora o trancam dentro da própria casa, como um criminoso", escreveu.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também criticou a prisão. No X, o parlamentar questionou a motivação da medida: "Corrupção? Rachadinha? Desvio de bilhões? Roubou o INSS? Não. Seus filhos postaram conteúdo dele nas redes sociais. Que várzea".

Os governistas, por outro lado, comemoraram. O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) escreveu "um tornozelo de cada vez em direção a Papuda", em publicação que compartilhou a notícia da prisão domiciliar do ex-presidente. O post faz referência às medidas cautelares impostas a Bolsonaro, dentre elas o uso de tornozeleira eletrônica.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) ironizou o ex-presidente: "Com isso, o ex-presidente não poderá sair de casa nem mesmo antes das 19h, tornando as nossas ruas mais seguras".

"O Ministro Alexandre de Moraes acaba de decretar a prisão domiciliar do inelegível, golpista e traidor da pátria Jair Bolsonaro por descumprir as medidas cautelares definidas pelo STF", escreveu.

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), citou que Bolsonaro apareceu em chamada de vídeo durante protesto realizado por apoiadores na praia de Copacabana neste domingo, 3.

"Além disso, (Eduardo Bolsonaro) segue promovendo sanções estrangeiras contra o Brasil e atentando contra a soberania nacional em articulação com atores políticos internacionais."

O parlamentar também afirmou que a "resposta do Supremo foi proporcional à gravidade dos atos".

"A prisão domiciliar visa conter o comportamento reiterado de afronta às instituições e proteger a ordem pública até o fim do julgamento", complementou.

Bob Floriano, jornalista e locutor, morreu aos 64 anos na madrugada desta segunda-feira, 4. O comunicador havia sido diagnosticado com uma leucemia, de acordo com a rádio CBN.

A notícia da morte foi divulgada pela Voz Up, plataforma de aulas de locução profissional, nas redes sociais.

Ele era casado com Viviane Faustini e deixou duas filhas.

O jornalista começou sua carreira em 1980, trabalhando como locutor na Rádio Cidade. Também trabalhou como locutor em canais como Eurochannel, Discovery e E! Entertainment.

De 1998 a 2000, ele participou do Fala Brasil, da Record. Bob também esteve à frente do programa ShopTour.

Bob Floriano chegou a ser entrevistado por Jô Soares em 2015 depois de ter sua voz em mais de 90 mil comerciais das Casas Bahia.

O jornalista também escreveu o livro Quem Fala Bem, Vende Mais.