Brics deve fortalecer uma diplomacia preventiva, afirma ministro Mauro Vieira

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O Brics deve fortalecer uma diplomacia preventiva, uma força para o bem, atuando não como um bloco de confronto, mas sim como uma coalizão de cooperação, defendeu nesta segunda-feira, 28, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Em reunião de chanceleres dos países do Brics, no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, Vieira disse que investir na paz significa abordar as causas profundas da instabilidade, entre elas a pobreza, desigualdade e instituições frágeis.

"O sofrimento humano jamais deve ser instrumentalizado. O Brics deve continuar a defender um sistema humanitário global neutro, justo, unificado e genuinamente universal. O caminho para a paz não é fácil nem linear, mas o Brics pode e deve ser uma força para o bem. Não como um bloco de confronto, mas como uma coalizão de cooperação. Devemos liderar como exemplo reafirmando a nossa crença em um mundo multipolar onde a segurança não é privilégio de poucos, mas direito de todos", discursou o chanceler brasileiro.

Em sua exposição na reunião, Vieira citou conflitos em curso no mundo, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e a contraofensiva de Israel em Gaza.

"A situação devastadora nos territórios palestinos ocupados continuam sendo uma fonte de profunda preocupação", disse o ministro. "A retomada de bombardeios em Gaza e o bloqueio de ajuda humanitária são inaceitáveis."

Vieira declarou permanecer firme a posição por uma solução que passe por dois Estados independentes para a guerra em Gaza, com um Estado da Palestina independente, tendo Jerusalém Oriental como capital.

"É necessário assegurar a retirada total das forças israelenses de Gaza, assegurar a libertação de todos os reféns e garantir a entrada de ajuda humanitária", defendeu o ministro.

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi submetido na tarde deste domingo, 3, a um procedimento de radioablação na tireoide por ultrassonografia. A intervenção aconteceu sem intercorrências, afirma nota oficial do governo de São Paulo divulgada neste domingo. Segundo especialistas, este tipo de procedimento é feito para destruir nódulos na tireoide.

Tarcísio cumprirá na segunda-feira, 4, agenda interna no gabinete no Palácio dos Bandeirantes.

Ele não foi à manifestação bolsonarista realizada neste domingo na Avenida Paulista por causa do procedimento.

Cumprindo medidas cautelares e sem poder sair de casa, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) reuniu 37,6 mil apoiadores na Avenida Paulista neste domingo, 3, por meio de aliados que convocaram as manifestações em São Paulo e em várias cidades brasileiras. A estimativa é do Monitor do Debate Público do Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), que fez o levantamento a partir de fotos aéreas em diversos momentos do ato.

A margem de erro é de 12%, o que faz com que o número possa variar entre 33,1 mil e 42,1 mil participantes.

O grupo que constantemente acompanha e faz a contagem de público de manifestações chegou a ser criticado pelo líder do PL na Câmara, deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ), que disse que a Universidade "não sabe contar os brasileiros", e que este, segundo sua própria percepção, é o maior protesto bolsonarista até agora.

Em São Paulo, as principais lideranças presentes foram o pastor Silas Malafaia, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), e prefeito Ricardo Nunes (MDB), que subiu no trio elétrico das autoridades, mas não discursou.

Deputados federais, estaduais e vereadores paulistanos também compareceram, mas o principal orador foi Malafaia, que teve o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como seus principais alvos.

O comparecimento aos atos em favor do ex-presidente minguou à medida do avanço da investigação e da ação penal por tentativa de golpe de Estado, da qual Bolsonaro é réu. A redução do público foi superior a 90%. Em fevereiro de 2024, mais de 125 mil pessoas estiveram presentes na Avenida Paulista. Em 29 de junho, um protesto no mesmo local reuniu 12,4 mil pessoas, segundo dados do Monitor.

Veja a evolução do público nos atos bolsonaristas, segundo dados do Monitor da USP:

Fevereiro de 2024, em São Paulo - 185 mil

Setembro de 2024, em São Paulo - 45 mil

Março de 2025 - no Rio de Janeiro - 18,3 mil

Abril de 2025, em São Paulo - 44,9 mil

Junho de 2025, em São Paulo - 12,4 mil

As manifestações deste domingo, que ocorreram em outras capitais brasileiras e em cidades do interior, foram as primeiras realizadas após o anúncio de sanções dos Estados Unidos ao Brasil, estimuladas por um dos filhos do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Segundo relatório do Monitor da USP, o auge da manifestação ocorreu às 15h33. No momento, o deputado Nikolas Ferreira discursava, e foi assistido por cerca de 31 mil telas que acompanhavam a transmissão no canal do YouTube de Malafaia. Durante o discurso do pastor, a transmissão alcançou 31,7 mil espectadores.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cobrou neste domingo, 3, que o PT se empenhe em eleger a maioria dos senadores em 2026. Ele disse que é necessário avaliar se os nomes que querem se candidatar têm condições de ganhar.

"Os nossos senadores, nós temos quase todos em reeleição; eles a oposição bolsonarista, não, eles já têm 25 senadores. Se eles elegem 17, eles vão para 41, e vão fazer a maioria no Senado", disse o presidente, durante o 17º Encontro Nacional da sigla.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) vem destacando a importância de ganhar uma maioria no Senado. É a Casa Alta que pode aprovar, por exemplo, o impeachment de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes.

Lula disse que, no PT, é comum que os dirigentes imponham suas candidaturas ao partido, mesmo sem chance de vitória.

"É importante que o partido tenha a possibilidade de articular se o candidato é nosso ou se não é, se a gente vai fazer aliança ou não vai, quais são as possibilidades de ganhar", disse Lula.

O presidente acrescentou que, hoje, um deputado tem mais poder sozinho do que o próprio partido, pelo volume de emendas que recebe e a possibilidade de negociar com vereadores e prefeitos.

E cobrou a união do partido, dizendo que as tendências do PT muitas vezes são fruto de disputas pessoais, e não políticas.