Coreia do Norte confirma pela que enviou tropas à Rússia para apoiar guerra contra a Ucrânia

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A Coreia do Norte confirmou pela primeira vez, nesta segunda-feira, 28, que enviou tropas à Rússia para apoiar a guerra contra a Ucrânia, afirmando que o ato visava ajudar o Kremlin a recuperar a região de Kursk, tomada pelas forças ucranianas em uma incursão surpresa no ano passado. O número de soldados enviados não foi informado.

O presidente Vladimir Putin agradeceu ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, pelo "feito heroico" dos combatentes de seu país que lutaram pela Rússia contra as forças da Ucrânia na região russa de Kursk, que Moscou afirma ter retomado completamente - autoridades ucranianas negaram a alegação.

"Os amigos coreanos agiram por um sentimento de solidariedade, justiça e verdadeira camaradagem", destacou Putin em um comunicado divulgado pelo Kremlin. "Agradecemos muito e estamos sinceramente gratos, pessoalmente, ao camarada Kim Jong-un e ao povo norte-coreano", declarou.

Em janeiro, a Ucrânia informou a captura de dois soldados norte-coreanos e divulgou imagens.

A ajuda à Rússia obedece a um tratado de defesa mútua assinado pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un, e pelo presidente russo, Vladimir Putin, em junho de 2024, informou a Comissão Militar Central da Coreia do Norte em um comunicado divulgado pela mídia estatal.

O tratado - considerado o maior acordo de defesa entre os dois países desde o fim da Guerra Fria - exige que ambas as nações utilizem todos os meios disponíveis para fornecer assistência militar imediata caso qualquer uma delas seja atacada.

O envio tinha como objetivo "aniquilar e eliminar os ocupantes neonazistas ucranianos e libertar a região de Kursk em cooperação com as forças armadas russas", diz o comunicado citando Kim. "Aqueles que lutaram por justiça são todos heróis e representantes da honra da pátria", completou o líder supremo.

Jong-un afirmou que, em breve, um monumento será erguido em Pyongyang, capital do país, para marcar os feitos de batalha da Coreia do Norte. O governo também deve tomar medidas para tratar e cuidar preferencialmente das famílias dos soldados que participaram da guerra, informou.

A declaração norte-coreana não informou quantos soldados o país enviou nem quantos morreram. Oficiais de inteligência dos Estados Unidos, Coreia do Sul e Ucrânia estimam que tenham sido enviados de 10 a 12 mil soldados para a Rússia no último outono, em sua primeira participação em um grande conflito armado desde o fim da Guerra das Coreias (1950 - 1953).

Em março, o exército sul-coreano afirmou que cerca de 4 mil soldados norte-coreanos foram mortos ou feridos nas frentes de guerra entre Rússia e Ucrânia. O exército sul-coreano também avaliou, na época, que a Coreia do Norte enviou cerca de 3 mil soldados adicionais à Rússia no início deste ano.

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O PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ativou a militância digital para pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pela cassação imediata do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já declarou que pretende abrir mão do cargo, mas a burocracia da Câmara pode mantê-lo até o fim do primeiro semestre de 2026.

Logo após o anúncio do governo de Donald Trump, dos Estados Unidos, da aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), as redes petistas foram orientadas a "bombardear" os perfis e o e-mail funcional de Motta com cobranças para remover o mandato de Eduardo.

"O próprio Trump confirmou: o tarifaço de 50% foi chantagem pra tentar salvar Bolsonaro da cadeia. E Eduardo Bolsonaro foi peça-chave nessa traição. Quem trabalha contra o Brasil não pode continuar no Congresso. Escreva para Hugo Motta e peça já cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro", diz a mensagem distribuída ainda na tarde de quarta-feira, 30.

Procurado por meio da equipe, Hugo Motta não comentou. Em manifestação oficial após o tarifaço, o presidente da Câmara afirmou que "não podemos apoiar nenhum tipo de sanção por parte de nações estrangeiras dirigida a membros de qualquer Poder constituído da República". "Isso vale para todos os parlamentares, membros do executivo e ministros dos tribunais superiores", disse.

O texto da comunicação petista disparado em grupos de WhatsApp é acompanhado por um vídeo de 2 minutos que termina com trecho do pronunciamento feito por Lula, em rede nacional de TV e rádio, no dia 17 de julho.

"Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos. Acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações. Mas que ninguém se esqueça: O Brasil tem um único dono, o povo brasileiro", diz o presidente.

O vídeo tem recortes de imagens de Eduardo e de Bolsonaro intercaladas com programas jornalísticos. O conteúdo é guiado por uma narração que acusa o ex-presidente de ter traído o País para se salvar de punições criminais, ideia já levantada por Lula.

"Chantagear um país inteiro para salvar a própria pele. Essa é a face mais obscura da traição de Bolsonaro ao Brasil. Mas aqui tem lei, e ela é para todos. E tem um presidente que coloca os interesse do Brasil sempre em primeiro lugar", diz o narrador.

A atuação digital reforça a atuação institucional de membros do PT. Deputados já apresentaram pedidos de cassação de Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética, mas os requerimentos estão pendentes de análise de Hugo Motta.

Líder do PT na Câmara, o deputado Lindbergh Farias (RJ) diz que, no retorno das atividades do Parlamento, na próxima semana, o partido dará prioridade à pauta da cassação de Eduardo.

"A gente vai chegar nessa semana com pressão máxima para pedir a cassação de Eduardo Bolsonaro. O roteiro de antes era esperar ser cassado por falta, mas não podemos esperar que o mandato dele continue até o final do ano. Ele não pode continuar ameaçando a soberania nacional como deputado", afirmou.

Filho "zero três" do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro se licenciou do mandato para articular nos Estados Unidos represálias ao Brasil. O objetivo seria pressionar o País a anistiar acusados de tentativa de golpe de Estado, entre os quais o próprio pai. Trump anunciou que uma taxa de 50% sobre produtos importados do Brasil vai entrar em vigor a partir de sexta-feira, 1º, e Eduardo admitiu ter discutido a medida.

Pouco depois do anúncio feito pelo governo Trump, Eduardo Bolsonaro disse que a responsabilidade está com o Congresso. "Chegou a hora do Congresso agir. A anistia ampla, geral e irrestrita é urgente para restaurar a paz, devolver a liberdade aos perseguidos e mostrar ao mundo que o Brasil ainda acredita na democracia", publicou.

A estrutura digital utilizada para circular a convocação para pressionar a Hugo Motta é a mesma usada para distribuição de peças produzidas com inteligência artificial na campanha do "nós contra eles" por "justiça tributária".

Como já mostrou o Estadão, a ação digital do PT é articulada pelo Instituto Lula, pela Fundação Perseu Abramo e por sindicatos, mas tem interlocução direta com a Secretaria de Comunicação (Secom) do Palácio do Planalto. A pasta nega atuar com comunicação que não seja a institucional do governo.

Uma comitiva de senadores brasileiros foi aos Estados Unidos tentar rever o tarifaço imposto por Donald Trump. Eduardo Bolsonaro chegou a dizer que trabalha junto ao governo norte-americano para que os parlamentares brasileiros "não encontrem diálogo".

A perda do mandato ocorre quando o parlamentar atinge 30% de faltas no ano legislativo. Como mostrou a Coluna do Estadão, a estimativa é a de que o deputado atinja esse patamar de ausências em novembro.

No entanto, ele poderá postergar o mandato por causa das sessões virtuais. Nelas, o parlamentar pode marcar presença e votar remotamente. Se 2025 acabar e Eduardo não tiver 30% de faltas, a contagem fica zerada. Caso o ritmo atual de sessões online seja mantido por Hugo Motta, Eduardo pode chegar ao fim do ano sem extrapolar o limite de ausências.

Na quarta-feira, 30, o governo Trump anunciou a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O dispositivo, acionado pela Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos, impõe sanções financeiras a estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos.

Em paralelo à estratégia direcionada ao adversário, o PT lançou a campanha "Eu defendo o Brasil". A coordenação da comunicação da sigla preparou vídeos, "memes" e até textos prontos para serem compartilhados pela militância nas redes sociais e grupos de conversas.

As mensagens reforçam a responsabilidade dos Bolsonaro pelo tarifaço imposto ao Brasil. "Um governo que defende o Brasil abre mercado, não fecha fábrica. Com Lula é soberania. Com Bolsonaro foi sabotagem", diz um dos conteúdos sugeridos.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que bancos que operam no Brasil apliquem as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos ao ministro da Corte Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky.

Moraes foi sancionado pelo governo de Donald Trump na quarta-feira, 30. O decreto prevê restrição de entrada nos Estados Unidos, além de bloqueio de bens. A norma também prevê que empresas que mantenham ativos nos Estados Unidos estão proibidas de prestar serviços a Moraes, o que pode afetar as contas bancárias do ministro.

Na ação cautelar protocolada no STF, Lindbergh pede que "nenhuma instituição financeira brasileira execute, replique ou dê eficácia material" à restrição prevista pela Lei Magnitsky. Segundo a petição, o cumprimento da norma do governo americano seria uma "transferência de soberania incompatível com a Constituição".

Alexandre de Moraes é a primeira autoridade de um país democrático a ser punida com a Lei Magnitsky, criada para restringir direitos de violadores graves dos direitos humanos, como condenados por tortura, terrorismo, tráfico humano e assassinatos em série.

Em entrevista ao Estadão, o ativista William Browder, que fez campanha para a aprovação da lei em 2012, criticou a punição ao magistrado brasileiro. Para Browder, o decreto do governo Trump é um "momento vergonhoso".

O ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel, o 'Bibinho', de 85 anos, fechou acordo com o Ministério Público estadual para devolver R$ 258 milhões e pagar multa de R$ 3,6 milhões no âmbito de uma investigação em que ele é o alvo principal por desvios de recursos públicos. O valor foi calculado 'considerando os desvios praticados, o enriquecimento ilícito obtido e os prejuízos causados aos cofres do Estado do Paraná', informou a Promotoria.

Até a publicação deste texto, o Estadão buscou contato com os advogados de Abib Miguel, mas sem sucesso. O espaço está aberto.

A Promotoria imputa a Abib os crimes de corrupção, peculato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e outros apurados no âmbito das operações Diários Secretos e Argonautas, deflagradas há cerca de 15 anos. Os desvios atribuídos a Abib teriam ocorrido em meio a um esquema por ele conduzido com emprego de 'laranjas' e inclusão de 97 'fantasmas' na folha salarial do Legislativo.

O pagamento milionário a que Abib se comprometeu faz parte de acordos de delação premiada firmados com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Núcleo de Curitiba. Os acordos foram recentemente homologados pela Justiça. Eles abrangem ações penais em que é réu o ex-diretor da Assembleia. A partir da homologação, os processos ficam suspensos.

Os desvios em série na Assembleia foram revelados pelo jornal A Gazeta do Povo em uma série de reportagens, em 2010. A série, intitulada 'Diários Secretos', também foi exibida pela RPC.

A Gazeta e a RPC analisaram mais de 700 exemplares do Diário Oficial da Assembleia, no período entre 1998 e 2009, e constataram dois mil atos que incluíram 97 'fantasmas' na folha salarial do Legislativo estadual.

O esquema atribuído a Abib, via a nomeação de 'fantasmas' e o emprego de 'laranjas', prevaleceu por cerca de dez anos na Assembleia. Ele teria ocultado os valores ilicitamente recebidos por meio de quase 60 atos de lavagem de dinheiro.

As ações criminais resultaram em condenações que, somadas, chegam a 250 anos de reclusão. Abib ficou preso oito anos.

O Ministério Público informou que a celebração dos acordos com o ex-diretor do Legislativo do Paraná assegura 'a devolução dos valores desviados dos cofres públicos, com a reparação expressiva dos danos causados, bem como garante a segurança jurídica dos processos judiciais'.

Após quase 15 anos do início das investigações, muitas ações penais e cíveis relacionadas às operações Diários Secretos e Argonautas ainda estão em fase de recurso, 'havendo o risco de prescrição de vários processos, considerando-se a idade avançada do ex-diretor'.

Em novembro de 2014, Abib foi preso no Aeroporto de Brasília quando recebia cerca de R$ 70 mil, em dinheiro vivo, do administrador de suas propriedades em Goiás, 'oriundos da exploração de imóveis localizados na região'.

No último dia 22 de junho, a 4.ª Vara Criminal de Curitiba recebeu nova denúncia contra o ex-diretor. Promotores do Gaeco acusam, além de Abib, doze investigados por 'envolvimento em desvios de dinheiro público do legislativo estadual'.

De acordo com a denúncia, entre 1997 e 2010, Abib Miguel foi responsável pelo desvio de R$ 216 milhões, em valores atualizados, envolvendo a contratação de 'fantasmas' pela Assembleia.

Ainda de acordo com o Gaeco, os recursos desviados eram 'lavados' por meio da aquisição de imóveis urbanos e rurais, em nome do próprio ex-diretor e de seus familiares, em vários estados, e de sua posterior exploração - agrícola ou extração de madeira ou minérios.

A denúncia dos promotores lista pelo menos 60 imóveis que Abib teria incorporado ao seu patrimônio, localizados no Paraná, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Santa Catarina e São Paulo.

Abib Miguel, sete familiares e outros três investigados são acusados de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A Justiça determinou o sequestro de bens de todos os denunciados e a prisão preventiva, com relação a esse novo processo, de Abib Miguel - que já estava preso por outra decisão judicial.