General russo é morto em explosão de carro-bomba nos arredores de Moscou

Internacional
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Um oficial militar russo de alta patente morreu quando o carro em que estava explodiu na sexta-feira na cidade de Balashikha, a leste de Moscou, informou o Comitê Investigativo da Rússia.

O Comitê identificou o oficial como tenente-general Iaroslav Moskalik, vice-chefe da Diretoria Principal de Operações do Estado-Maior das Forças Armadas Russas, e informou ter aberto um processo criminal sobre o incidente.

"De acordo com os dados disponíveis, a explosão ocorreu como resultado da detonação de um dispositivo explosivo caseiro repleto de elementos destrutivos", afirmou o Comitê Investigativo em um comunicado.

Moskalik, 59 anos, fez parte de várias delegações estrangeiras russas de alto nível nos últimos anos, inclusive em pelo menos duas rodadas de negociações com a Ucrânia e autoridades ocidentais em 2015 e 2019, bem como uma visita em 2018 ao regime de Assad na Síria.

Pessoas próximas ao Ministério da Defesa dizem que sua influência dentro das Forças Armadas russas estava aumentando.

Mikhail Zvinchuk, um popular blogueiro militar russo com vínculos com o establishment da defesa, disse: "De acordo com as conversas nos bastidores, um cenário para a remodelação do pessoal no estado-maior geral tinha Moskalik sendo considerado como um possível chefe do centro de gestão da defesa nacional, principalmente devido à sua abordagem metódica e ponderação."

Natureza semelhante a ataques reinvindicados pela Ucrânia

A explosão parece ter sido de natureza semelhante a ataques anteriores contra russos que foram reivindicados pela Ucrânia e pode lançar uma sombra sobre as negociações de sexta-feira entre Moscou e Washington.

O presidente russo, Vladimir Putin, se reuniu nesta sexta-feira no Kremlin com o enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, para discutir as negociações de paz sobre a Ucrânia.

O Kremlin publicou um pequeno clipe que mostra Putin e Witkoff apertando as mãos e trocando gentilezas antes de se sentarem em lados opostos de uma mesa oval branca para iniciar a reunião a portas fechadas.

Putin foi acompanhado na reunião com Witkoff, que não possui credenciais diplomáticas formais, por seu conselheiro sênior de política externa, Yuri Ushakov, e pelo enviado de investimentos Kirill Dmitriev.

Trump tem valorizado a visita de Witkoff - sua quarta à Rússia nos últimos meses - alegando que um acordo de paz está ao alcance. "Os próximos dias serão muito importantes. As reuniões estão ocorrendo neste momento", disse Trump aos repórteres na quinta-feira. "Acho que vamos fazer um acordo... acho que estamos chegando muito perto."

Em uma entrevista à revista Times publicada na sexta-feira, Trump disse que "a Crimeia ficará com a Rússia", o mais recente exemplo do líder dos EUA pressionando a Ucrânia a fazer concessões para acabar com a guerra enquanto permanece sob cerco.

Durante a entrevista, Trump posou ao lado de um retrato de si mesmo que teria sido dado a ele por Putin, um aceno simbólico aos laços calorosos entre os dois líderes que enervaram a Ucrânia e grande parte da Europa.

A Reuters publicou na sexta-feira dois conjuntos de documentos que descrevem as propostas dos EUA e da Ucrânia para acabar com a guerra, revelando diferenças significativas em questões que vão desde concessões territoriais até sanções.

É improvável que o aparente assassinato ucraniano nas profundezas do território russo seja bem visto pelo governo Trump, que está desesperado para mostrar um progresso tangível na paz antes do 100º dia de Trump no cargo na próxima semana.

Apesar da recusa de Putin em concordar com um cessar-fogo e com os contínuos ataques com mísseis contra a Ucrânia, o presidente dos EUA criticou Volodmir Zelenski por causa das negociações de paz paralisadas, ao mesmo tempo em que adotou um tom mais cauteloso em relação ao líder russo.

O comitê investigativo russo disse que as explosões foram causadas pela detonação de um dispositivo explosivo improvisado com estilhaços. O comitê, que investiga crimes graves, disse que havia aberto um processo criminal.

O Baza, um canal do Telegram com fontes nas agências policiais da Rússia, disse que uma bomba em um carro estacionado na cidade de Balashikha, na região de Moscou, foi detonada remotamente quando o general, que morava no local, passou por ele.

Um vídeo que circula nas mídias sociais russas capturou o momento em que o carro explodiu, enquanto outras imagens mostraram o veículo completamente queimado.

Atentados ucranianos

Kiev ainda não comentou o incidente. Desde o início da invasão em grande escala, a Ucrânia tem como alvo dezenas de oficiais militares russos e autoridades instaladas na Rússia que Kiev acusou de cometer crimes de guerra no país. No entanto, pouco se sabe sobre as células clandestinas da resistência ucraniana envolvidas em assassinatos e ataques à infraestrutura militar na Rússia e em áreas controladas pela Rússia.

Em dezembro passado, os serviços de segurança da Ucrânia tinham como alvo outro general russo de alto escalão que foi morto depois que um dispositivo explosivo escondido em uma scooter elétrica foi detonado do lado de fora de um prédio de apartamentos em Moscou.

Na época, Keith Kellogg, representante especial nomeado por Donald Trump para a Ucrânia e a Rússia, criticou o assassinato do tenente-general Igor Kirillov, dizendo que isso poderia violar as regras de guerra.

Além de figuras militares, a Ucrânia tem como alvo proeminentes propagandistas russos pró-guerra, entre elas Daria Dugina, filha do ideólogo russo ultranacionalista Aleksander Dugin, que foi morta em 2023 quando uma bomba explodiu o Toyota Land Cruiser que ela dirigia. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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O governo federal anunciou nesta sexta-feira, 2, a escolha de Wolney Queiroz para o comando do Ministério da Previdência Social. A nomeação foi oficializada em edição extra do Diário Oficial da União. Em um longo histórico político, Wolney tem alinhamento com pautas caras ao PT, mas teve desgaste recente quando se aproximou do PL nas eleições municipais de seu reduto eleitoral.

Wolney ocupava o cargo de secretário-executivo da Previdência desde o início do atual governo, posição considerada o segundo posto mais importante dentro de um ministério. A mudança ocorre após a saída de Carlos Lupi, que pediu demissão em meio à crise gerada por investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre descontos irregulares em benefícios pagos pelo INSS em montante que pode chegar a R$ 8 bilhões.

Segundo informações da GloboNews, Wolney Queiroz estava presente quando o então ministro Carlos Lupi foi informado sobre o aumento de denúncias de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. Apesar da gravidade do problema, Lupi não tomou providências imediatas, conforme as atas das reuniões. A informação foi revelada pelo "Jornal Nacional" e confirmada pelo Estadão.

Trajetória

Com informações do site da Câmara dos Deputados, é possível recuperar um longo histórico da vida pública de Wolney. Nascido em 1972 em Caruaru (PE), ele é filiado ao PDT desde 1992. Iniciou a carreira política como vereador em sua cidade natal, onde presidiu a Câmara Municipal. Em 1995, assumiu o primeiro de seis mandatos consecutivos como deputado federal por Pernambuco.

Durante sua atuação no Congresso Nacional, foi vice-líder do PDT em diferentes períodos entre 1995 e 2013, liderou a bancada do partido entre 2020 e 2022 e chefiou o bloco de oposição ao governo Jair Bolsonaro em 2022. Também presidiu a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, além de participar de comissões como Constituição e Justiça, Defesa do Consumidor e Desenvolvimento Urbano.

Em votações de grande repercussão, votou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Foi contrário à PEC do Teto de Gastos e à Reforma Trabalhista no governo Michel Temer, e apoiou a abertura de investigação contra o então presidente Temer em 2017.

Ainda entre as posições sobre projetos, Queiroz votou contra a reforma da Previdência em 2019, posicionando-se de forma crítica à proposta. Mas também esteve envolvido em episódios que geraram críticas. Em 2021, foi criticado por parte do PDT por votar a favor da PEC dos Precatórios no primeiro turno de votação. Mas votou contra a medida no segundo turno. A PEC permitiu ao governo adiar o pagamento de dívidas judiciais para abrir espaço no orçamento público para a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Filho do ex-prefeito José Queiroz (PDT), mantém influência na política local de Caruaru. Em 2023, confirmou que o partido lançaria seu pai como candidato à prefeitura de Caruaru. Por outro lado, a aproximação com o PL, em articulações políticas em Jaboatão dos Guararapes, provocou desconforto em setores do governo e dentro do próprio PDT, colocando em debate sua permanência em cargos na administração federal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou Carlos Lupi do cargo de ministro da Previdência. Como novo titular da Pasta, foi nomeado Wolney Queiroz, que era secretário-executivo do ministério.

Os atos foram publicados em edição extra do Diário Oficial da União desta sexta-feira, 2 de maio. A exoneração de Lupi foi feita a pedido.

Mais cedo, o pedetista publicou em suas redes sociais que havia entregado o cargo depois de se reunir com o presidente Lula no Palácio do Planalto. O pedido de demissão ocorreu após o ministro ter sido pressionado pela repercussão da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal em 23 de abril.

A investigação apura um esquema de deduções indevidas em contracheques de aposentados e pensionistas do INSS. Segundo os investigadores, o total de descontos sem autorização chega a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Considerando dados desde 2016, o montante pode chegar a quase R$ 8 bilhões.

A oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional afirma ter conseguido coletar o número mínimo de assinaturas na Câmara dos Deputados (171) e no Senado Federal (27) para protocolar o requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT) diz que o número foi alcançado no final da tarde desta sexta-feira, 2, pouco tempo depois de o ministro da Previdência, Carlos Lupi, pedir demissão do cargo. A ideia do grupo é protocolar o documento na segunda-feira, 5.

"A crise é tão grande que Lupi acabou de pedir exoneração. Acreditamos que ninguém vai ser contra os aposentados. O roubo aconteceu e vamos garantir que os aposentados tenham seus valores devolvidos com juros e correção monetária", afirmou Fernanda. O número mínimo já tinha sido alcançado no Senado nesta quarta-feira, 30. Damares Alves (Republicanos-DF) foi quem fez a coleta nessa Casa legislativa.

A CPMI é um recurso visto pelo grupo como uma forma de contornar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), caso ele decida não dar abertura ao processo. Deputados já haviam colhido e protocolaram uma CPI do INSS na Câmara nesta quarta-feira, 30.

Neste momento, Motta sinalizou ao líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), que há outros 12 requerimentos que aguardam análise dele e que daria uma resposta no futuro sobre o que faria.

Uma pode ser aberta em sessão do Congresso Nacional, após leitura do presidente Davi Alcolumbre (União-AP). Isso aconteceu, em 2023, com a CPMI do 8 de Janeiro, mobilizada pela oposição.

Lupi pediu demissão nesta sexta-feira, 2, em razão da crescente pressão que envolve o escândalo dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do INSS. Para o lugar de Lupi, Lula convidou o atual secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, que também é um quadro do PDT de Carlos Lupi.

A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) realizaram, em 23 de abril, a Operação Sem Desconto, fruto de uma investigação que aponta um esquema fraudulento de deduções indevidas em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS.

Associações e sindicatos faziam descontos em folha dos benefícios a partir de acordos de cooperação técnica firmados com o INSS. Em muitos casos, as retiradas mensais ocorriam sem qualquer aval ou ciência do beneficiário.

O valor estimado em cobranças irregulares soma R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo a PF. Se retroagir a data até 2016, esse valor sobe para quase R$ 8 bilhões referentes a descontos sem autorização. Apesar de o esquema não ter sido instituído neste governo, a investigação aponta um salto no volume descontado a partir de 2023.

A investigação da PF não aponta responsabilidade de Carlos Lupi no êxito das fraudes. No entanto, ele tem sido cobrado por uma suposta omissão diante de alertas recebidos desde 2023 de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria-Geral da União (CGU), do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), de auditores do próprio INSS e da imprensa. O inquérito da PF foi aberto a partir de reportagens do site Metrópoles.

Lupi rechaça as acusações de omissão e alega que uma auditoria realizada pelo órgão seria a "prova cabal" de que ele agiu para evitar desvios indevidos no pagamento de aposentadorias. A auditoria foi realizada depois do surgimento das denúncias.