Pais querem vetar amor Gay em livro de escola infantil nos EUA, e caso vai à Suprema Corte

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Um príncipe laça um dragão, salvando um cavaleiro de armadura brilhante da morte certa. Mas o príncipe escorrega e, ao cair, o cavaleiro e seu corcel correm para retribuir o favor. Então, os dois homens se apaixonam.

Essa história - Prince and Knight (Príncipe e Cavaleiro) - é um dos cinco livros infantis com personagens LGBT+ voltados para alunos do jardim de infância até a quinta série que causaram polêmica em um distrito escolar suburbano e diverso de Maryland, e levaram o caso para a Suprema Corte, que será ouvida na terça-feira, 22.

Pais do condado de Montgomery que se opõem aos livros, por motivos religiosos, querem tirar seus filhos das aulas do ensino fundamental que usam esse material. O sistema escolar do condado recusou o pedido e os tribunais inferiores concordaram com a escola até agora. Mas o desfecho pode ser diferente na Suprema Corte, atualmente dominada por juízes conservadores que têm apoiado repetidamente alegações de discriminação religiosa nos últimos anos.

Os pais argumentam que escolas públicas não podem forçar as crianças a participar de instruções que violem sua fé. Eles apontam para cláusulas de exclusão opcional nas aulas de educação sexual e observam que o distrito originalmente permitia que os pais retirassem seus filhos das aulas quando os livros começaram a ser utilizados, mas depois mudou abruptamente de posição.

"É rotulado como um programa de artes da linguagem, de leitura e da escrita, mas o conteúdo é muito sexual", disse Billy Moges, membro do conselho do grupo de pais Kids First, formado em resposta à inclusão dos livros no currículo. "Está ensinando sexualidade humana e confundindo as crianças, e os pais não se sentem à vontade com seus filhos sendo expostos a essas coisas tão cedo."

Dezenas de pais testemunharam em audiências do conselho escolar sobre suas obrigações religiosas de proteger seus filhos pequenos e impressionáveis de lições sobre gênero e sexualidade que entram em conflito com suas crenças. Moges disse que retirou suas três filhas, agora com 10, 8 e 6 anos, da escola pública. Elas foram inicialmente educadas em casa e agora frequentam uma escola cristã particular, segundo ela.

O sistema escolar recusou-se a comentar, citando o processo judicial em andamento. Mas, em documentos apresentados ao tribunal, os advogados das escolas afirmaram que os livros infantis não são materiais de educação sexual, mas sim "contam histórias cotidianas de personagens que vivem aventuras, enfrentam novas emoções e lutam para serem ouvidos".

Os livros abordam os mesmos temas encontrados em histórias clássicas como Branca de Neve, Cinderela e Peter Pan, escreveram os advogados. Em Uncle Bobby's Wedding (O Casamento do Tio Bobby), uma sobrinha se preocupa que seu tio não terá mais tempo para ela depois que se casar. O parceiro dele é um homem.

Love, Violet (Com Amor, Violet) trata da ansiedade de uma menina em entregar um cartão de Dia dos Namorados a outra menina. Born Ready (Nascido Pronto) conta a história de um menino transgênero que decide compartilhar sua identidade de gênero com a família e o mundo. Intersection Allies (Aliados Interseccionais) descreve nove personagens de diferentes origens, incluindo um que é de gênero fluido.

Os livros foram escolhidos "para melhor representar todas as famílias do Condado de Montgomery", e os professores não podem usá-los "para pressionar os alunos a mudarem ou abandonarem suas visões religiosas", disseram os advogados das escolas.

O sistema escolar abandonou a opção de permitir que os pais retirassem seus filhos das aulas porque isso se tornou "inviavelmente disruptivo", disseram os advogados ao tribunal.

O grupo de escritores Pen America, que relatou mais de 10 mil livros banidos no último ano letivo, disse em um documento judicial que o que os pais querem é "uma proibição de livros disfarçada, algo constitucionalmente questionável."

A dificuldade de oferecer lições alternativas para algumas crianças sempre que os livros forem utilizados provavelmente forçaria o condado a removê-los completamente do currículo, disse Tasslyn Magnusson, conselheira sênior do programa Liberdade de Ler da PEN America.

"Espero muito que as pessoas leiam esses livros. Eles são exemplos adoráveis de experiências que as crianças vivem na escola e são perfeitamente apropriados para fazer parte de um currículo educacional," disse Magnusson.

Um dos livros que originalmente fazia parte do currículo e depois foi retirado por razões não explicadas é My Rainbow (Meu Arco-Íris), coescrito pela deputada estadual de Delaware DeShanna Neal e sua filha Trinity. A história conta o desejo de Trinity, uma menina transgênero, de ter cabelos longos, e como sua mãe resolveu isso tricotando uma peruca colorida.

Neal disse já estar acostumada com a retirada do livro de circulação em bibliotecas de lugares como Flórida, Ohio e Texas. "A escola é um lugar para aprender por que o mundo é diferente e como ele é diferente", disse Neal. "O que eu esperava com esse livro era: ouçam seus filhos. Eles conhecem seus próprios corpos." / COM INFORMAÇÕES DA AP

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Para ex-presidente, contato entre chefes de governo do Brasil e dos EUA é difícil, mas precisa ser tentado.

O ex-presidente da República, Michel Temer (MDB), se manifestou nesta quarta-feira, 23, sobre a tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras. Temer disse que a medida tomada pelo presidente americano, Donald Trump, é "despropositada" e classificou como "lamentável, injustificável e inadmissível" a revogação de vistos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em um vídeo de pouco mais de dois minutos, o emedebista defendeu o diálogo como a principal saída para a crise, afirmou que momentos sombrios exigem sobriedade e que é necessário buscar consensos primeiro "dentro de casa" para depois "atravessar fronteiras".

Sem citar nominalmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Trump, Temer opinou que é preciso ao menos tentar estabelecer um contato entre os dois presidentes.

"São inadequações que não se resolvem, contudo, com bravatas, com ameaças, com retruques, com agressões. Resolve-se pelo diálogo que se faz entre nações, especialmente nações parceiras. E o diálogo se faz pelos mais variados meios; pela diplomacia tradicional, pelo contato dos legislativos e, naturalmente, pela interlocução entre os chefes dos respectivos governos. É difícil? No caso, pode ser, mas não pode deixar de ser tentado", afirmou o ex-presidente.

Segundo ele, o Brasil precisa se portar com bom senso e cálculo estratégico para evitar que a crise se transforme em um confronto entre brasileiros ou entre países.

"Devemos agir e reagir como uma nação livre e soberana que somos, sem excessos de ambas as partes e sempre rigorosamente guiados pelos tratados internacionais e pela nossa Constituição", continuou Temer.

A tarifa entra em vigor no dia 1º de agosto. Uma comitiva de oito senadores brasileiros viajará aos Estados Unidos na sexta-feira, 25, para debater o assunto com empresários e parlamentares americanos. Em uma publicação no X, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que a missão está "fadada ao fracasso" e que a solução para reverter o tarifaço é uma anistia "ampla, geral e irrestrita".

O ex-coach Pablo Marçal (PRTB) foi condenado nesta terça-feira, 22, a oito anos de inelegibilidade pela Justiça Eleitoral. É a terceira vez que ele é condenado por crimes praticados nas eleições de 2024, quando disputou a Prefeitura de São Paulo. Procurado, Marçal diz estar confiante de que a decisão será revista nas instâncias superiores.

A sentença contra o influenciador foi proferida pelo juiz eleitoral Antônio Maria Patiño Zord, da 1.ª Zona Eleitoral. O magistrado analisou duas ações de modo simultâneo, concluindo que Marçal praticou abuso de poder econômico, captação e gastos ilícitos e uso indevido dos meios de comunicação social.

As ações foram protocoladas pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), da então candidata à Prefeitura Tabata Amaral, e pela vereadora Silvia Ferraro (PSOL). As denúncias apontam que o ex-coach promoveu sorteios nas redes sociais, atacou adversários e questionou a lisura do processo eleitoral.

Na sentença, Zord julgou parcialmente procedente as acusações contra Marçal. O magistrado, no entanto, absolveu Antônia de Jesus (PRTB), candidata a vice na chapa encabeçada pelo ex-coach. A condenação é de primeira instância, e cabe recurso.

Por meio de sua assessoria, Marçal afirmou que recebeu com serenidade a decisão. "Embora respeite o posicionamento da Justiça Eleitoral, reafirmo minha total convicção de que sou inocente e reforço que os recursos cabíveis serão apresentados no tempo certo. Sigo confiante na revisão dessa decisão pelas instâncias superiores".

Em abril deste ano, Marçal já havia sido condenado pela 1.ª Zona Eleitoral. Na ocasião, o ex-coach foi sentenciado a multa de R$ 420 mil, além de oito anos de inelegibilidade. A decisão também apontou a pratica de abuso de poder econômico, captação ilícita de recurso e uso indevido de meio de comunicação social.

"Pablo Marçal buscou garantir uma alavancamento da sua presença nas redes sociais por meio de mecanismos ilícitos correspondentes ao concurso de 'cortes' de seus vídeos para fins de estimular impulsionamento de propaganda eleitoral de terceiros com a promessa de pagamento de prêmio aos vencedores ficando, desta forma, caracterizado o abuso de poder econômico", escreveu Zord, na segunda sentença contra Marçal.

Já primeira condenação de Marçal ocorreu em fevereiro deste ano em ação movida pelo PSB e pelo PSOL após Marçal divulgar um vídeo em que diz que venderia seu apoio a candidatos a vereador de "perfil de direita" em troca de doação de R$ 5.000 para sua campanha. A decisão também o declarou inelegível por oito anos. As condenações, porém, não são acumulativas.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promoveram ações nas sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 22 Estados nesta quarta-feira, 23. A autarquia é responsável pela política agrária no Brasil, e os atos são mais um movimento com o objetivo de pressionar o governo pela reforma agrária. O MST também se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mesmo dia.

"Entre as pautas levadas ao governo estão a criação e estruturação de novos assentamentos, acesso ao crédito e políticas públicas para a produção de alimentos saudáveis, além de moradia, educação e infraestrutura para as famílias do campo", afirma a organização em post no Instagram.

Em São Paulo, 300 militantes do MST invadiram o Incra enquanto perguntavam "Lula, cadê a reforma agrária?". De acordo com o movimento, as ocupações também foram registradas em Tocantins, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Distrito Federal, Maranhão, Pará e Roraima.

MST enviou carta em que pedia rapidez reforma agrária, ministério rebateu

O MST intensificou os atos na "Semana Camponesa", mobilização nacional da entidade que deve se estender até o dia 25. Na segunda, 21, o movimento divulgou uma carta aberta na qual cobrava avanços na reforma agrária e dizia que "soberania nacional só é possível com soberania alimentar", fazendo alusão à campanha que Lula encampa em prol da soberania do País após o tarifaço de Donald Trump.

No mesmo dia, o Ministério do Desenvolvimento Agrário respondeu o movimento e negou demora para regularizar terras. "Ao contrário do que diz a carta do MST, a reforma agrária no Brasil retomou o ritmo dos dois primeiros governos do presidente Lula", escreveu a pasta.

"Em 2025 foram obtidos e disponibilizados 13.944 novos lotes para assentamentos, número comparável aos dos governos Lula 1 e 2", acrescentou.

O MST tem adotado a soberania nacional como mote e relacionado o tema com a reforma agrária. "Representantes de diversos acampamentos e assentamentos do Tocantins reforçam a importância da Reforma Agrária Popular como política estratégica para a soberania alimentar e justiça social", escreveu a entidade em uma das publicações que anunciou as ocupações.

A entidade também divulgou uma carta em defesa da soberania nacional no Instagram.