Republicanos avançam com proposta para evitar 'shutdown' apesar da oposição dos democratas

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Os republicanos enfrentarão um teste crucial de coesão quando o projeto de lei de gastos, que evitaria uma paralisação parcial do governo e garantiria o financiamento das agências federais até setembro, for votado. O presidente da Câmara, Mike Johnson, espera que a votação ocorra ainda nesta terça-feira, 11, apesar da falta de apoio dos democratas, desafiando-os a se opor e arriscar uma paralisação que começaria no sábado, 15, caso os parlamentares não ajam.

Para garantir que o projeto chegue à mesa do presidente Donald Trump, os republicanos precisarão de amplo apoio de seus membros em ambas as esferas legislativas, além de alguma colaboração dos democratas no Senado. Este é um dos maiores desafios legislativos do segundo mandato de Trump, o que levou o vice-presidente JD Vance a visitar o Capitólio nesta manhã para tentar angariar apoio.

"Temos que manter o governo em operação", disse Johnson ao sair de uma reunião com republicanos da Câmara. "É uma responsabilidade fundamental nossa." O vice-presidente compartilhou esse sentimento. "Foi muito bem recebido e bem transmitido. Acho que os resistentes são apenas um ou dois."

A estratégia conta com o apoio de Trump, que está pedindo aos republicanos para "permanecerem UNIDOS - SEM DISSIDÊNCIA - Lutar por outro dia, quando o momento for certo." Os republicanos da Câmara afirmaram que o projeto reduziria US$ 13 bilhões em gastos não relacionados à defesa em comparação com o orçamento de 2024, além de aumentar os gastos com defesa em US$ 6 bilhões. Essas mudanças são modestas em relação ao total de quase US$ 1,7 trilhão em gastos discricionários. O projeto, no entanto, não cobre a maior parte dos gastos do governo, como Seguridade Social e Medicare, cujos financiamentos são automáticos e não passam por revisão regular no Congresso.

Os democratas, por sua vez, estão preocupados com o poder discricionário que o projeto dá ao governo Trump nas decisões de gastos. Já alarmados com os esforços da administração para realizar cortes significativos por meio do Departamento de Eficiência do Governo (Doge), liderado por Elon Musk, eles temem que o projeto de lei de gastos impulsione essas iniciativas.

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A Faculdade de Direito da USP realizou na manhã desta sexta-feira, 25, um ato em defesa da soberania nacional. A mobilização foi motivada pela decisão do governo de Donald Trump de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

Segundo a organização, mais de 250 entidades da sociedade civil aderiram à manifestação, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Vladimir Herzog. Cerca de mil pessoas participaram do evento no Salão Nobre da faculdade, que estava lotado e decorado com bandeiras do Brasil, faixas verde e amarelas e banners com os dizeres "Soberania" e "Democracia".

A convocação foi assinada pelo diretor da Faculdade de Direito, Celso Campilongo, e pela vice-diretora Ana Elisa Bechara. Ana participou da leitura da Carta em Defesa da Soberania Nacional, ao lado da psicóloga Cida Bento, autora do livro O Pacto da Branquitude.

Um dos trechos do documento afirma: "Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza, mais uma vez, na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses sociais e econômicos de todos os brasileiros".

Antes da leitura da carta, Campilongo alertou para o risco de violação de princípios básicos do Direito Internacional. "A soberania nacional, o respeito aos direitos básicos do Direito Internacional estão sendo solapados por esta situação de constrangimento, de ameaça, de abuso de poder - de um lado político, mas, juntamente com este poder político, também de um poder econômico."

Estiveram presentes no evento diversas figuras da política brasileira, como Aloizio Mercadante, presidente do BNDES; Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Edinho Silva, presidente eleito do PT; e José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) montou uma barraca na Praça dos Três Poderes em protesto contra as medidas judiciais impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lopes ainda colocou um esparadrapo na boca sustentando que a liberdade de expressão está ameaçada no País.

O deputado publicou nas redes sociais uma carta aberta em que diz que o Brasil "não é mais uma democracia". "Não estou aqui para provocar. Estou aqui para demonstrar a minha indignação com essas covardias. Não estou incentivando ninguém a fazer o mesmo", disse.

Questionado pela reportagem por que ele resolveu se acampar, ele se manteve calado.

Diante de novas perguntas, o deputado reagiu gesticulando negativamente, manifestando o desejo de permanecer sem falar, com a mordaça na boca, enquanto lia o capítulo de Provérbios, do Velho Testamento da Bíblia.

Apesar de declarar-se em silêncio, a conta do parlamentar nas redes sociais continuaram ativas e, por lá, ele se manifestava: "Muito obrigado pelas mensagens de carinho. Mesmo em silêncio, tenho sentido cada palavra, cada oração e cada apoio que chega de todos os cantos do Brasil", escreveu em sua conta o X.

A manifestação chamou a atenção de poucos transeuntes, em sua maioria bolsonaristas. O primeiro político a chegar foi o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que deu um abraço no deputado e disse que irá acampar ao lado de Lopes.

"Estamos procurando uma forma de mostrar ao Brasil o que está acontecendo", disse. Segundo ele, ainda que Lopes tenha dito que não está "incentivando ninguém a fazer o mesmo", num futuro breve poderiam ter outras dezenas de acampamentos na Praça dos Três Poderes.

A Polícia Militar do Distrito Federal acionou a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, conhecida como DF Legal, dizendo que acampamentos não podem ficar na área da Praça, a mesma que foi invadida nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

O deputado se recusou a sair e policiais discutem qual a melhor estratégia a ser adotada neste momento.

Bolsonaro disse que passaria perto da manifestação de Lopes, mas não iria parar "senão politiza".

Na avaliação do ministro dos Transportes, Renan Filho, a família Bolsonaro tem caminhado cada vez mais para a extrema direita e, por isso, o governo do presidente Lula deve ocupar mais o centro, visando as eleições presidenciais do ano que vem.

Em conversa com a imprensa após participar de um painel na XP Expert, em São Paulo, Renan Filho destacou que "há muita possibilidade" de isolar o bolsonarismo na extrema-direita, principalmente após o deputado Eduardo Bolsonaro ter se licenciado de seu mandato e mudado para os Estados Unidos.

"É um ataque que está sendo feito à própria democracia", disse Renan Filho, em relação às negociações de Eduardo Bolsonaro nos EUA que culminaram na imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros.

Para Renan Filho, é possível "reconstituir uma frente ampla", apresentando um projeto para o País que agregue, além da centro-esquerda, uma parte maior do próprio centro.