Sérvia: bombas de fumaça e sinalizadores ferem parlamentares dentro do parlamento

Internacional
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Pelo menos três parlamentares ficaram feridos na terça-feira, 4, um deles gravemente, após cenas caóticas no parlamento da Sérvia, onde bombas de fumaça e sinalizadores foram lançados, aumentando ainda mais as tensões políticas no país europeu.

Os parlamentares deveriam votar uma lei para aumentar o financiamento da educação universitária, mas partidos de oposição alegaram que a maioria governista também planejava aprovar dezenas de outras decisões. Segundo a oposição, isso seria ilegal, e os legisladores deveriam primeiro confirmar a renúncia do primeiro-ministro, Milos Vucevic, e de seu governo.

O caos começou cerca de uma hora após o início da sessão parlamentar, quando membros da oposição começaram a apitar e a segurar um cartaz com a frase: "A Sérvia se levantou para que o regime caia!". Centenas de apoiadores da oposição protestavam do lado de fora do prédio do parlamento durante a sessão.

Imagens de vídeo do plenário mostraram confrontos entre parlamentares e o lançamento de sinalizadores e bombas de fumaça. A mídia sérvia informou que ovos e garrafas de água também foram arremessados.

Autoridades relataram que três pessoas ficaram feridas, incluindo a parlamentar Jasmina Obradovic, que foi levada ao hospital.

A presidente do parlamento, Ana Brnabic, acusou a oposição de agir como uma "gangue terrorista". O ministro da Defesa, Bratislav Gasic, descreveu os responsáveis pelo incidente como "uma vergonha para a Sérvia". "O vandalismo dos parlamentares da oposição expôs a natureza de suas personalidades e a essência de sua agenda política", disse Gasic.

O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, visitou Obradovic no hospital. "Jasmina vencerá, a Sérvia vencerá", escreveu Vucic em uma postagem no Instagram, mostrando-o segurando a mão da parlamentar em uma sala de emergência.

Demandas dos estudantes em protesto

O incidente reflete uma profunda crise política na Sérvia, onde protestos anticorrupção há meses abalam o governo populista. Vucevic renunciou em janeiro, enquanto o governo enfrentava manifestações após o desabamento, em novembro, da cobertura de concreto de uma estação de trem no norte da Sérvia, que matou 15 pessoas. Críticos atribuem a tragédia à corrupção desenfreada. O parlamento deve confirmar a renúncia do primeiro-ministro para que ela tenha efeito.

O aumento no financiamento da educação tem sido uma das principais reivindicações dos estudantes sérvios, que são a força motriz dos protestos diários que começaram após o colapso da estrutura em 1º de novembro, na cidade de Novi Sad.

Pedido por um governo de transição

Os partidos de oposição insistem que o governo não tem autoridade para aprovar novas leis. O parlamentar de esquerda Radomir Lazovic afirmou que a oposição estava disposta a apoiar a aprovação do projeto de lei de financiamento da educação solicitado pelos estudantes, mas não outras decisões incluídas na pauta da assembleia.

Lazovic afirmou: "Só podemos discutir a queda do governo". Segundo ele, a única saída para a crise atual seria a formação de um governo de transição que estabelecesse condições para eleições livres e justas-uma exigência que os governistas populistas rejeitam repetidamente.

Vucic e seu partido de direita, o Partido Progressista Sérvio, consolidaram um controle firme sobre o poder nas últimas décadas, apesar de oficialmente buscarem a adesão à União Europeia.

Muitos sérvios acreditam que o colapso da cobertura da estação de trem foi causado por trabalho malfeito e negligência às normas de segurança devido à corrupção governamental.

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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promoveram ações nas sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 22 Estados nesta quarta-feira, 23. A autarquia é responsável pela política agrária no Brasil, e os atos são mais um movimento com o objetivo de pressionar o governo pela reforma agrária. O MST também se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mesmo dia.

"Entre as pautas levadas ao governo estão a criação e estruturação de novos assentamentos, acesso ao crédito e políticas públicas para a produção de alimentos saudáveis, além de moradia, educação e infraestrutura para as famílias do campo", afirma a organização em post no Instagram.

Em São Paulo, 300 militantes do MST invadiram o Incra enquanto perguntavam "Lula, cadê a reforma agrária?". De acordo com o movimento, as ocupações também foram registradas em Tocantins, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Distrito Federal, Maranhão, Pará e Roraima.

MST enviou carta em que pedia rapidez reforma agrária, ministério rebateu

O MST intensificou os atos na "Semana Camponesa", mobilização nacional da entidade que deve se estender até o dia 25. Na segunda, 21, o movimento divulgou uma carta aberta na qual cobrava avanços na reforma agrária e dizia que "soberania nacional só é possível com soberania alimentar", fazendo alusão à campanha que Lula encampa em prol da soberania do País após o tarifaço de Donald Trump.

No mesmo dia, o Ministério do Desenvolvimento Agrário respondeu o movimento e negou demora para regularizar terras. "Ao contrário do que diz a carta do MST, a reforma agrária no Brasil retomou o ritmo dos dois primeiros governos do presidente Lula", escreveu a pasta.

"Em 2025 foram obtidos e disponibilizados 13.944 novos lotes para assentamentos, número comparável aos dos governos Lula 1 e 2", acrescentou.

O MST tem adotado a soberania nacional como mote e relacionado o tema com a reforma agrária. "Representantes de diversos acampamentos e assentamentos do Tocantins reforçam a importância da Reforma Agrária Popular como política estratégica para a soberania alimentar e justiça social", escreveu a entidade em uma das publicações que anunciou as ocupações.

A entidade também divulgou uma carta em defesa da soberania nacional no Instagram.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta quarta-feira, 23, que as contas bancárias de sua esposa foram bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Nas redes sociais, o parlamentar classificou a medida como "arbitrária" e alegou que não foi citado nos inquéritos recentemente abertos contra ele. O STF não se manifestou sobre a alegação de Eduardo Bolsonaro.

Na segunda-feira, 21, o próprio Eduardo já havia informado que teve suas contas bancárias e chave Pix bloqueadas. Como mostrou o Estadão, a decisão de Moraes também incluiu o bloqueio de bens móveis, imóveis e do salário como parlamentar. O objetivo da medida é tentar dificultar suas ações nos Estados Unidos.

A medida é mais uma estratégia da investigação contra as ações do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seu filho para obter sanções do governo de Donald Trump contra o Brasil.

Após ter obtido a aplicação de medidas restritivas a Jair Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica, a PF considerou que seria mais eficaz aplicar medidas patrimoniais contra Eduardo, já que ele está nos Estados Unidos.

Os investigadores analisaram a possibilidade de pedir a deflagração de medidas ostensivas contra o filho do ex-presidente, como decretar prisão, mas avaliaram que seriam de baixa efetividade.

Em casos recentes nos quais o STF determinou a prisão de brasileiros residentes nos EUA e acusados de atos antidemocráticos, não houve sucesso em obter a extradição deles.

O entendimento dos investigadores foi que medidas patrimoniais seriam mais eficientes para tentar dificultar as ações de Eduardo no exterior. A PF mira, por exemplo, os R$ 2 milhões que Jair Bolsonaro transferiu a Eduardo para financiar sua permanência nos EUA nesse período.

Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão na última sexta-feira, 18, sob suspeita de ter estimulado, em conjunto com seu filho, ações do presidente Donald Trump contra o governo brasileiro. Para a Polícia Federal, essas ações tiveram seu ápice quando Trump anunciou uma taxação de 50% sobre os produtos brasileiros.

Após a operação da PF, o governo dos EUA anunciou como nova retaliação a suspensão do visto do ministro Alexandre de Moraes e de outros integrantes do STF.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) compartilhou na última terça, 22, em seu perfil no X (antigo Twitter) um vídeo em que o blogueiro Paulo Figueiredo chama ex-ministros de Jair Bolsonaro (PL) de "traidores da pátria" por integrarem missão do Senado que viajou aos EUA para negociar a sobretaxa de 50% imposta sobre os produtos brasileiros pelo presidente Donald Trump.

"Tereza Cristina e Marcos Pontes, para mim, neste momento, são dois traidores da pátria, está muito claro", afirma o influencer bolsonarista na gravação. Na publicação, Eduardo também escreveu que "tais parlamentares não falam em nome do Presidente Jair Bolsonaro" e que a missão de senadores está "fadada ao fracasso".

O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações durante o governo de Jair Bolsonaro e a senadora Tereza Cristina (PP-MS) atuou como ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na mesma gestão.

A critica contra os ex-ministros de seu pai continua, na publicação, Eduardo escreve que o "constrangimento" dos senadores "se agrava com a presença de senadores ligados ao partido de Lula, político que sistematicamente adota posturas hostis aos EUA".

Apesar dos atritos, os senadores continuam apoiando o ex-presidente. Tereza Cristina, por meio de seu X, escreveu: "tenho defendido sempre cautela e maturidade para enfrentarmos os graves problemas do Brasil - inclusive para manter abertas as negociações sobre tarifas que tanto podem prejudicar o nosso povo".

Confira os senadores que participam da missão:

- Presidente: Senador Nelsinho Trad (PSD-MS)

- Senadora Tereza Cristina (PP-MS)

- Senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)

- Senador Jaques Wagner (PT-BA)

- Senador Esperidião Amin (PP-SC)

- Senador Rogério Carvalho (PT-SE)

- Senador Fernando Farias (MDB-AL)

- Senador Carlos Viana (Podemos-MG)

Eduardo Bolsonaro pede sanções para pressionar por anistia

No post, Eduardo Bolsonaro afirma que a missão do Senado não deve ter frutos por "adiar o enfrentamento dos problemas reais, vendendo a falsa ideia de uma 'vitória diplomática' enquanto ignoram o cerne da questão institucional brasileira".

O parlamentar defende a concessão de uma anistia "ampla geral e irrestrita" para os condenados pela trama golpista, incluindo seu pai, para que o tarifaço seja retirado. Eduardo já criticou outros aliados que tentaram reverter as taxas, com o objetivo de evitar danos econômicos, mas não falaram em anistia, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Autoexilado nos EUA, Eduardo pede por sanções para autoridades brasileiras e, na última segunda, 21, afirmou que participou de reuniões com membros do governo americano em que o tarifaço foi discutido.

Antes, o deputado pedia para que autoridades estadunidenses punissem o ministro Alexandre de Moraes, do STF, com a Lei Magnitsky, usada para enquadrar autoridades de regimes autoritários, integrantes de grupos terroristas, criminosos ligados a esquemas de lavagem de dinheiro e agentes de segurança acusados de assassinatos em série.