Sua atitude desrespeita nosso governo e a liderança de Trump, diz Vance a Zelensky

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Em reunião no Salão Oval da Casa Branca nesta sexta-feira, 28, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou que a atitude do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre as discussões do acordo de minerais entre os dois países, desrespeitava o governo dos EUA e a liderança de Donald Trump.

"Esse tipo de comentário que vai destruir o seu país", respondeu Vance à Zelensky. O presidente da Ucrânia havia dito que o acordo de minerais não era o suficiente.

Segundo o vice-presidente americano, a estratégia do ex-presidente Joe Biden não funcionou e o caminho para a paz é engajar a diplomacia da Rússia.

Zelensky rebateu o comentário e enfatizou que Putin começou a atacar desde 2014 e "ninguém fez nada para parar até hoje".

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta segunda-feira, 21, que as tarifas "podem até parecer algo patriótico", mas apenas até certo ponto. As declarações ocorrem em meio ao acirramento das tensões entre Brasil e Estados Unidos, após o ex-presidente Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros.

"Tarifas podem até parecer algo interessante para quem aplica, algo patriótico, algo que traz um retorno para empresas, para empregos. Isso é verdade até a página dois", disse o governador durante a abertura da Coopercitrus Expo, em Bebedouro, no interior paulista.

"No médio e longo prazo, a aplicação de tarifas cria um mercado viciante. A aplicação de tarifas é um obstáculo para o desenvolvimento de tecnologia. Torna empresas dependentes do Estado. Nunca foi bom ao longo do tempo", afirmou Tarcísio.

Entre as justificativas de Trump para a imposição das tarifas ao País estão os processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou a decisão para cobrar do Congresso Nacional a aprovação de uma anistia para o seu pai.

Na última sexta-feira, 18, Bolsonaro foi alvo de uma ação de busca e apreensão da Polícia Federal, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O ex-presidente está submetido a medidas restritivas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e também está proibido de acessar as redes sociais.

Eduardo chegou a pedir que os Estados Unidos mandassem "uma resposta" para o que ele classificou como "novo modelo de censura brasileiro. Após a determinação do STF, o secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, anunciou a revogação imediata dos vistos dos ministros da Corte brasileira e de seus familiares diretos.

O anúncio das tarifas escancarou o embate entre o filho 03 do ex-presidente e o governador paulista, que tem como pano de fundo as eleições de 2026. Eduardo chegou a discutir com Tarcísio sobre a postura que deveria ser adotada diante das tarifas.

Ainda durante seu discurso nesta manhã, Tarcísio reforçou a defesa do diálogo e enfatizou que a política externa brasileira deve se pautar pelo interesse nacional, não por disputas ideológicas.

"As duas maiores economias das Américas e as duas maiores democracias do Ocidente não podem estar distantes. E é fundamental que a gente chegue a uma solução para isso. Nós precisamos ter essa compreensão que o discurso eleitoral não pode estar acima do interesse nacional", afirmou Tarcísio, que figura como principal adversário da direita para enfrentar o presidente Lula no próximo ano.

"Quem fala em nome do Brasil tem que ter essa compreensão. Tem que trabalhar para distensionar as relações. Tem que trabalhar para pacificar. Tem que trabalhar para entender o jogo geopolítico. Entender que o Brasil não ganha nada em se aliar a determinados blocos em detrimento de outros. E se a gente entender isso, a gente vai conseguir ter sucesso na mesa de negociação", concluiu.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desistiu da entrevista que daria a jornalistas na tarde desta segunda-feira, 21, na Câmara, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

A decisão foi tomada após o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes esclarecer em novo despacho que a proibição de uso de redes sociais imposta a Bolsonaro "inclui, obviamente, transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiros".

Bolsonaro chegou por volta das 14h à Câmara, onde se encontra com parlamentares aliados. A previsão era que falasse às 16h, depois do encontro, mas mudou o plano depois do despacho de Moraes.

Inicialmente, também havia a ideia de que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Bolsonaro, participasse da reunião remotamente. Eduardo também desistiu por causa da restrição de falar com o pai. A previsão é que converse apenas com deputados depois do fim da reunião.

A proibição de uso de redes sociais, "diretamente ou por intermédio de terceiros" é uma das medidas cautelares que foram impostas a Bolsonaro no bojo da investigação que fez buscas contra o ex-presidente na última sexta-feira, 18. Moraes enfatizou que o ex-chefe do Executivo não pode burlar a medida cautelar que lhe foi imposta, sob "pena de imediata revogação e decretação da prisão".

Bolsonaro e seu filho Eduardo são investigados por suspeita de atuação para prejudicar o processo que tramita no STF sobre tentativa de golpe. Uma das provas apresentadas pela Polícia Federal para pedir abertura de apuração foi a atuação de Eduardo nos Estados Unidos junto ao governo de Donald Trump.

A bancada do PSOL na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) protocolou nesta segunda-feira, 21, um pedido de impeachment contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo os deputados do partido, o chefe do Executivo estadual teria cometido crimes de responsabilidade ao apoiar publicamente "ataques do governo Trump contra o Brasil" e agido para "favorecer a fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por tentativa de golpe de Estado".

A manifestação ocorreu após o anúncio de Trump de taxar em 50% produtos brasileiros. De acordo com o pedido, Tarcísio apoiou publicamente o governo dos EUA ao compartilhar nas redes sociais a carta de Donald Trump atacando o Supremo Tribunal Federal (STF) e exigindo o fim do julgamento de Bolsonaro.

O Estadão procurou a assessoria de Tarcísio, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

O PSOL afirma que Tarcísio afronta a soberania nacional e os interesses do Estado ao apoiar a crise diplomática e o tarifaço de Trump, mesmo com o impacto direto das taxações na economia paulista.

"Em 2024, o Estado de São Paulo foi o que mais exportou para os Estados Unidos, dentre os entes federativos do Brasil. Foram quase 14 bilhões de dólares em exportações, representando um pouco mais de um terço de todas as exportações realizadas pelo Brasil aos Estados Unidos", diz o texto, citando dados do Comex Stat.

Além disso, o partido também diz que o governador tentou intervir diretamente no STF para que o passaporte de Jair Bolsonaro fosse liberado, sob a justificativa de que ele viajaria aos Estados Unidos para negociar a suspensão das tarifas com Trump. A proposta enviada no dia 11 de julho ao Supremo foi considerada "esdrúxula" por ministros.

"Dessa maneira, a articulação de Tarcísio em favor da liberação do passaporte de Bolsonaro poderia constituir, caso concretizada, articulação em favor da fuga do ex-presidente, em mais um ataque ao Poder Judiciário brasileiro", diz o PSOL.

No entendimento da bancada, a conduta de Tarcísio legitimou os ataques dos Estados Unidos e ultrapassou os limites da liberdade de expressão, se configurando "como apoio tácito a uma agenda que compromete o bem-estar da população brasileira e a soberania nacional".

O PSOL solicita que a Alesp "instaure imediatamente o processo de impeachment e aplique as sanções previstas em lei com a perda do mandato e a proibição de exercer funções públicas por até cinco anos".

O pedido é assinado pelos deputados estaduais Carlos Giannazi, Ediane Maria, Guilherme Cortez, Mônica Seixas das Pretas e Paula da Bancada Feminista.

Em 10 de julho, Ediane Maria já havia protocolado na Alesp um pedido de impeachment contra Tarcísio por "apoiar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em suas medidas contra o Brasil" além de "incitar a população contra o Judiciário".