Zelenski rejeita proposta dos EUA para ter acesso a minerais raros da Ucrânia

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O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse que instruiu seus ministros a não aprovarem um acordo proposto para conceder aos Estados Unidos acesso aos minerais raros da Ucrânia, porque o documento estava muito focado nos interesses dos EUA.

A proposta, que foi uma parte fundamental das conversas de Zelenski com o vice-presidente dos EUA, JD Vance, à margem da Conferência de Segurança de Munique na sexta-feira, 14, não oferecia garantias de segurança específicas em troca de acesso aos minerais, segundo um atual e um ex-alto funcionário ucraniano familiarizados com as negociações.

A decisão de Zelenski de não assinar o acordo, pelo menos por enquanto, foi descrita como "míope" por um alto funcionário da Casa Branca.

"Eu não permiti que os ministros assinassem um acordo relevante porque, na minha visão, ele não está pronto para nos proteger, para proteger nossos interesses", disse Zelenski para a Associated Press no sábado, em Munique.

A proposta focava em como os Estados Unidos poderiam usar os minerais raros da Ucrânia "como compensação" pelo apoio já fornecido ao país pelo governo Biden e como pagamento por ajuda futura, disseram atuais e ex-altos funcionários ucranianos, que falaram anonimamente para poder se expressar livremente.

A Ucrânia possui vastas reservas de minerais críticos usados nas indústrias aeroespacial, de defesa e nuclear. O governo Trump indicou interesse em acessá-los para reduzir a dependência dos Estados Unidos em relação à China, mas Zelenski afirmou que qualquer exploração desses recursos precisaria estar vinculada a garantias de segurança para a Ucrânia, a fim de desencorajar futuras agressões russas.

A proposta focava em como os Estados Unidos poderiam usar os minerais raros da Ucrânia "como compensação" pelo apoio já fornecido ao país pelo governo Biden e como pagamento por ajuda futura, disseram atuais e ex-altos funcionários ucranianos, que falaram anonimamente para poder se expressar livremente.

A Ucrânia possui vastas reservas de minerais críticos usados nas indústrias aeroespacial, de defesa e nuclear. O governo Trump indicou interesse em acessá-los para reduzir a dependência dos Estados Unidos em relação à China, mas Zelenski afirmou que qualquer exploração desses recursos precisaria estar vinculada a garantias de segurança para a Ucrânia, a fim de desencorajar futuras agressões russas.

"É um acordo colonial, e Zelenski não pode assiná-lo", disse o ex-alto funcionário. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Brian Hughes, não confirmou explicitamente a oferta, mas afirmou em um comunicado que "o presidente Zelenski está sendo míope em relação à excelente oportunidade que o governo Trump apresentou à Ucrânia."

O governo Trump tem demonstrado cansaço em enviar mais ajuda dos EUA para a Ucrânia, e Hughes afirmou que um acordo sobre minerais permitiria que os contribuintes americanos "recuperassem" parte do dinheiro enviado a Kiev, ao mesmo tempo que impulsionaria a economia ucraniana.

Hughes acrescentou que a Casa Branca acredita que "laços econômicos sólidos com os Estados Unidos serão a melhor garantia contra futuras agressões e uma parte essencial da paz duradoura." Ele também afirmou: "Os EUA reconhecem isso, os russos reconhecem isso, e os ucranianos precisam reconhecer isso."

Segundo um alto funcionário, os representantes dos EUA em discussões com seus colegas ucranianos em Munique estavam focados em aspectos comerciais, concentrando-se principalmente nos detalhes da exploração dos minerais e em como formar uma possível parceria com a Ucrânia para esse fim.

O valor potencial dos depósitos minerais na Ucrânia ainda não foi discutido, já que grande parte das reservas permanece inexplorada ou está próxima da linha de frente do conflito.

A proposta dos EUA aparentemente não levou em consideração como os depósitos seriam protegidos em caso de uma agressão russa contínua. O funcionário sugeriu que os EUA não tinham "respostas prontas" para essa questão e que um dos principais pontos discutidos em Munique será como garantir a segurança de qualquer operação de extração mineral na Ucrânia que envolva pessoas e infraestrutura.

Qualquer acordo deve estar de acordo com a legislação ucraniana e ser aceitável para o povo ucraniano, afirmou o alto funcionário ucraniano.

"O subsolo pertence aos ucranianos, conforme a Constituição", disse Kseniiia Orynchak, fundadora da Associação Nacional da Indústria de Mineração da Ucrânia, à AP anteriormente, sugerindo que um acordo precisaria do apoio popular.

Zelenski e Vance não discutiram os detalhes do documento dos EUA durante sua reunião na sexta-feira, na Conferência de Segurança de Munique, disse o alto funcionário. A reunião foi "muito boa" e "substancial", com Vance deixando claro que o principal objetivo dele e de Trump era alcançar uma paz duradoura e sustentável, afirmou o oficial.

Zelenski disse a Vance que a verdadeira paz requer que a Ucrânia esteja em uma "posição forte" ao iniciar as negociações, enfatizou que os negociadores dos EUA devem ir à Ucrânia e que os EUA, a Ucrânia e a Europa devem estar na mesa de negociações para conversas com a Rússia.

Mas o general Keith Kellogg, enviado especial de Trump para a Ucrânia e a Rússia, praticamente excluiu os europeus de qualquer negociação Ucrânia-Rússia, apesar do pedido de Zelenski.

"Podem estar na mesa os ucranianos, os russos e, claramente, os americanos falando", disse Kellogg em um evento organizado por um magnata ucraniano durante a Conferência de Segurança de Munique. Quando questionado se isso significava que os europeus não seriam incluídos, ele respondeu: "Eu sou da escola do realismo. Acho que isso não vai acontecer."

A Ucrânia está agora preparando uma "contraproposta" que será entregue aos EUA "em um futuro próximo", disse o oficial.

"Acho que é importante que o vice-presidente tenha entendido que, se quisermos assinar algo, precisamos entender que isso vai funcionar," disse Zelenski à AP.

Isso significa, afirmou, "que trará dinheiro e segurança."

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O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) respondeu a carta aberta enviada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta segunda-feira, 21. A pasta argumentou que, diferente do que o MST argumenta, não há lentidão na redistribuição de terras e negou falta de incentivo à agricultura familiar. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

"Ao contrário do que diz a carta do MST, a reforma agrária no Brasil retomou o ritmo dos dois primeiros governos do presidente Lula", declara o MDA, presidido pelo ministro Paulo Teixeira. A pasta ainda complementa: "a meta é criar 30 mil novos lotes ainda em 2025 e 60 mil até o final do mandato, o que representa metade de todas as 120 mil famílias acampadas em todo o Brasil".

O MST, no entanto, afirma que "400 mil famílias assentadas seguem à espera de políticas públicas que existem, mas não chegam à base". Na carta aberta, o movimento social questionava o governo após seu apoio nas eleições de 2022. "Após mais de três anos de governo Lula, a reforma agrária continua paralisada e as famílias acampadas e assentadas se perguntam: Lula, cadê a reforma agrária?".

"Respeitamos o papel dos movimentos sociais de reivindicar mas a verdade é que o governo Lula 3 caminha para bater recordes históricos na reforma agrária", responde o MDA para as acusações de lentidão.

Tarifaço

O MST ainda faz referência à sobretaxa de 50% sobre os produtos nacionais imposta pelo presidente americano, Donald Trump. O movimento aproveita a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com foco em soberania nacional e afirma: "soberania nacional só é possível com soberania alimentar. E a soberania alimentar se constrói com a agricultura familiar camponesa e com a reforma agrária".

Em carta divulgada em janeiro, o MST já tinha cobrado o assentamento de 100 mil famílias que seguiam acampadas pelo País. O movimento invadiu 11 propriedades em abril deste ano, cobrando mais velocidade no assentamento de famílias.

Em despachos publicados nesta segunda-feira, 21, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aprofundou os efeitos de investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Moraes decidiu que a medida cautelar imposta ao ex-presidente, que o proíbe de usar redes sociais, se refere também a participações em lives em qualquer plataforma de redes, inclusive em contas de terceiros. O ministro alerta que Bolsonaro poderá ser preso se descumprir a decisão judicial.

Ontem mesmo, no início da noite, ele deu prazo de 24 horas para a defesa do ex-presidente apresentar explicações sobre postagens nas redes e exibição da tornozeleira eletrônica. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, após o despacho de Moraes, Bolsonaro desistiu de uma entrevista que daria a jornalistas prevista para a tarde na Câmara dos Deputados. Depois de se reunir com deputados e senadores da oposição, em meio a um tumulto, ele expôs o equipamento de monitoramento a repórteres e falou em "máxima humilhação". Imagens da tornozeleira foram publicadas por deputados em suas redes (mais informações nesta página).

"Intimem-se os advogados regularmente constituídos por Jair Messias Bolsonaro para, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, prestarem esclarecimentos sobre o descumprimento das medidas cautelares impostas, sob pena de decretação imediata da prisão do réu", escreveu Moraes em seu despacho.

Em outra frente, Moraes também determinou o bloqueio de contas bancárias e chave Pix de Eduardo, com o objetivo de tentar dificultar as ações do filho do ex-presidente nos Estados Unidos. Também foram alvo de bloqueios bens móveis, imóveis e o recebimento de seu salário como parlamentar. "Alexandre de Moraes acabou de bloquear minhas contas bancárias, mas, obviamente, em nome da democracia", ironizou Eduardo durante entrevista a um Podcast.

'Retransmissões'

Antes, nos autos do inquérito 14.129/DF, que apura suposta tentativa de obstrução da Justiça por Bolsonaro, Moraes salientou que a proibição do uso das mídias sociais inclui "as transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiros".

Segundo o ministro do STF, se o ex-presidente usar algum desses meios para "burlar a medida", será punido com "imediata decretação da prisão".

Na sexta-feira passada, 18, Moraes decretou uma série de medidas restritivas contra Bolsonaro, sob o "risco concreto de fuga", conforme manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR). Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica, está proibido de acessar redes sociais e não poderá se comunicar com Eduardo, seu filho, nem com diplomatas ou embaixadores estrangeiros. Além disso, ele deverá ficar sob recolhimento domiciliar das 19h às 7h, em dias úteis, e durante todo o fim de semana. A decisão monocrática do ministro foi referendada pela maioria da Corte.

Medidas patrimoniais

O bloqueio de contas de Eduardo foi mais uma estratégia da investigação contra as ações do ex-presidente e de seu filho para obter sanções do governo de Donald Trump ao Brasil. Após ter obtido a imposição de medidas restritivas a Bolsonaro, a Polícia Federal (PF) considerou que seria mais eficaz aplicar medidas patrimoniais contra Eduardo, já que ele está nos EUA.

Os investigadores analisaram a possibilidade de pedir a deflagração de medidas ostensivas contra o filho do ex-presidente, como decretar prisão, mas avaliaram que seriam de baixa efetividade. Em casos recentes nos quais o STF determinou a prisão de brasileiros residentes nos EUA e acusados de atos antidemocráticos, não houve sucesso em obter a extradição deles.

O entendimento dos investigadores foi de que medidas patrimoniais seriam mais eficientes para tentar dificultar as ações de Eduardo no exterior. A PF mira, por exemplo, os R$ 2 milhões que Bolsonaro transferiu a Eduardo para financiar sua permanência nos EUA nesse período.

Também no âmbito do inquérito que envolve o deputado do PL, Moraes atendeu a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e determinou ontem nova investigação. Ele mandou apurar a compra e venda de dólar com lucro de até 50% no dia do tarifaço de Trump (mais informações na página ao lado).

Pen drive

A PF realizou uma análise preliminar no pen drive encontrado no banheiro da residência de Bolsonaro durante busca e apreensão na última sexta-feira e considerou seu conteúdo irrelevante para as investigações. Ainda não foi produzido um relatório apresentando os detalhes do conteúdo do aparelho, mas essa análise inicial feita pelos investigadores descartou a importância do item para a investigação.

Bolsonaro havia dito, em entrevista após a ação da PF, desconhecer o pen drive e chegou a insinuar que o item poderia ter sido plantado pelos agentes da Polícia Federal. O cumprimento das buscas, entretanto, foi filmado por câmeras corporais dos agentes.

Agora a PF deve analisar com mais profundidade o conteúdo do aparelho celular do ex-presidente, que também foi apreendido na ação. Um dos focos será analisar os diálogos dele com Eduardo para verificar se houve alguma orientação do ex-presidente em relação às ações nos Estados Unidos para pressionar o governo Trump a impor sanções ao Brasil por causa do julgamento da ação da tentativa de golpe. Não há prazo, porém, para que essa análise seja concluída.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O partido Novo anunciou nesta segunda-feira, 21, evento em que lançará o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, como pré-candidato à Presidência da República nas eleições do próximo ano. O evento ocorrerá dia 16 de agosto em São Paulo.

Segundo nota do partido, Zema e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniram na última semana, encontro em que o governador "oficializou sua intenção" de concorrer ao cargo.

"Bolsonaro recebeu a notícia de forma positiva e incentivou a pré-candidatura, destacando a importância de haver mais nomes da direita no primeiro turno", diz a nota.

Inelegível até 2030 por condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro evita cravar um nome para transferir o capital político que ainda lhe resta.

Zema é aliado de Bolsonaro e o segundo político da direita a lançar a pré-candidatura para 2026 - governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), também anunciou a intenção de disputar a Presidência em abril.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também estão na lista de possíveis herdeiros do espólio político do ex-presidente.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Zema afirmou que Eduardo criou um "problema" para a direita brasileira ao articular com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a imposição de tarifas de 50% sobre produtos nacionais importados.

Na mesma manhã da entrevista, sexta-feira, 18, Bolsonaro era alvo de ação da Polícia Federal (PF) e passou a usar tornozeleira eletrônica por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Zema afirmou ainda que a Corte é "claramente" um poder "subserviente" ao governo federal, ao comentar sobre a decisão de restabelecer o decreto sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).