Trump defende fechamento da Usaid e diz que agência 'está deixando esquerda radical louca'

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a defender o fechamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês) em uma postagem em sua rede Truth Social. "A Usaid está deixando a esquerda radical louca, e não há nada que eles possam fazer sobre isso", escreveu o republicano.

Ele acrescentou: "A maneira como o dinheiro da agência foi gasto, com tanta parte dele fraudulentamente, é totalmente inexplicável. A corrupção está em níveis raramente vistos antes. Fechem isso!"

Anteriormente, Elon Musk, responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), que visa reduzir os gastos públicos do país, afirmou que pretende fechar a Usaid, que, segundo ele, é responsável por cerca de 40% da ajuda humanitária mundial.

Em seu perfil no X, o empresário chamou a agência de "organização criminosa" e alegou que ela está envolvida em "trabalhos sujos da CIA", além de ser utilizada pela "esquerda radical para financiar partidos políticos e mídia esquerdista no mundo".

"Conversei detalhadamente com Trump, e ele concordou que deveríamos encerrar o projeto. Portanto, estamos fechando a Usaid", escreveu Musk.

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A Justiça da Itália decidiu, nesta sexta-feira, dia 1º, que a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) deverá aguardar o processo de extradição na prisão Rebibbia, em Roma. A Quarta Seção do Tribunal romano confirmou a prisão de Zambelli durante a audiência de custódia a que ele foi submetida.

A Corte deverá analisar o pedido de liberdade da deputada licenciada em meados de agosto. Ela foi presa na última terça-feira, 29, após permanecer escondida em um endereço em Roma, foragida da Justiça brasileira.

Nesta quinta-feira, 31, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Advocacia Geral da União (AGU) tome as "providências cabíveis e necessárias" para extraditar Zambelli.

"Considerando a comunicação da prisão da ré condenada Carla Zambelli Salgado de Oliveira na República Italiana, oficie-se à Advocacia-Geral da União para que acompanhe e adote as providências cabíveis e necessárias relacionadas ao processo de extradição da ré", escreveu Moraes em despacho nesta quinta.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) jantou com seis dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta quinta-feira, 31, no Palácio da Alvorada. Estiveram no encontro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Edson Fachin.

Além dos integrantes do STF, também estavam no evento o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Dos membros do Supremo, não compareceram Kassio Nunes Marques, André Mendonça, Luiz Fux, Dias Toffoli e Cármen Lúcia. Nunes Marques e Mendonça foram indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e se notabilizaram por votarem contra os entendimentos de Moraes nas ações penais pelo 8 de Janeiro. Enquanto isso, Fux tem rompido com os entendimentos do relator na Primeira Turma.

Durante o jantar, Lula e os ministros discutiram reações do Brasil às sanções contra Moraes e também contra o tarifaço dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Ambas as medidas foram anunciadas na quarta-feira, dia 30.

O governo Lula encampou a defesa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que se tornou alvo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e foi enquadrado na Lei Magnitsky, adotada contra ditadores e terroristas. No dia seguinte ao anúncio pela Secretaria do Tesouro dos EUA da aplicação da legislação ao magistrado brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou todos os ministros do Supremo para um jantar, nesta quinta, 31, no Palácio da Alvorada, para conversar sobre respostas jurídicas possíveis às sanções impostas a Moraes.

Na noite desta quarta-feira, 30, Lula já havia se encontrado com três ministros do STF para falar da mais recente investida de Trump contra Moraes - além do presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, o decano do tribunal, Gilmar Mendes, e Cristiano Zanin. No jantar que ocorreria no Alvorada, a expectativa era de que o presidente apresentasse a estratégia em curso na Advocacia-Geral da União (AGU) para tentar reverter as sanções aplicadas a ministros do STF.

Lula indica que o Executivo busca protagonismo no embate com as autoridades americanas. Mais do que atingir Moraes, a aplicação da Lei Magnitsky contra um magistrado da mais alta Corte do País vem sendo encarada como uma retaliação ao Judiciário. O influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo - principal aliado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos - disse anteontem que outros ministros do STF também podem ser enquadrados na legislação.

Como ontem foi o último dia do recesso no tribunal, nem todos os ministros deveriam comparecer ao jantar no palácio. A sessão de reabertura dos trabalhos no Supremo está agendada para hoje, às 10 horas. Além de Barroso, outros ministros pretendem discursar em defesa de Moraes e do tribunal, em reforço à postura da Corte de não se render a pressões políticas no curso do processo sobre a trama golpista.

Entre as medidas adotadas por Trump, Moraes teve operações financeiras bloqueadas nos EUA. Ele e mais sete ministros, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet, também tiveram a autorização de visitar o país revogada.

Caminho

Em caráter reservado, ministros do STF consideram que não há um caminho jurídico efetivo para o próprio tribunal contestar as sanções americanas. Para eles, essa resposta deve ser dada por meio da AGU, que representa a União nesses casos.

A decisão de sancionar Moraes representou uma escalada na crise envolvendo o governo Trump e os Poderes Executivo e Judiciário do Brasil - no mesmo dia em que anunciou a punição ao ministro do Supremo, o presidente americano assinou o decreto que oficializa tarifas de 50% a produtos exportados pelo Brasil.

Nesta quarta, 30, o advogado-geral da União, Jorge Messias, informou, em nota, que a medida anunciada pelo governo Trump contra Moraes é "arbitrária e injustificável" e representa "tentativa de intimidação do Judiciário brasileiro".

A AGU declarou que vai adotar, "de forma ponderada e consciente nos fóruns e momentos adequados", todas as medidas de responsabilidade do Estado brasileiro para "salvaguardar sua soberania e instituições, especialmente em relação à autonomia de seu Poder Judiciário".

'Integridade'

A estratégia jurídica para tentar reverter as sanções de Trump estão em fase de elaboração. A nota da AGU afirma que "merece forte repúdio qualquer tentativa de intimidação do Poder Judiciário brasileiro, sobretudo quando voltada a afetar a integridade do exercício de suas funções constitucionais".

"A existência de uma Justiça independente é pilar essencial de qualquer democracia e nós, brasileiros, jamais admitiremos sofrer assédio político contra quem aqui cumpre seu dever constitucional. Não nos curvaremos a pressões ilegítimas, que tentam macular a honra e diminuir a grandeza de nossa nação soberana", diz trecho da nota publicada no X.

O advogado-geral da União deixou claro ainda que não está em negociação a possibilidade de qualquer intervenção nas decisões tomadas pelo STF no julgamento de processos que atingem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a família dele. "Soberania não se negocia", escreveu Messias. Moraes é ministro-relator da ação penal do golpe - que tem Bolsonaro como principal réu.

Apoio

Depois do anúncio da punição a Moraes, o Supremo divulgou nota em defesa do magistrado. O comunicado afirma que a Corte "não se desviará do seu papel de cumprir a Constituição e as leis do País, que asseguram a todos os envolvidos o devido processo legal e um julgamento justo". O texto destaca que todas as decisões de Moraes como relator do processo do golpe de Estado "foram confirmadas pelo colegiado competente".

No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, se reuniu com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em Washington. O chanceler afirmou que ressaltou durante o encontro que "é inaceitável e descabida a ingerência na soberania nacional no que diz respeito a decisões do Poder Judiciário do Brasil".

Como mostrou o Estadão, o uso de Lei Magnitsky pelos EUA é inédito contra um ministro de Suprema Corte no mundo. Alvos típicos da medida são autoridades de regimes autoritários, terroristas, criminosos ligados a esquemas de lavagem de dinheiro e agentes de segurança acusados de assassinatos em série.

A aplicação da lei foi publicada no site do Tesouro dos Estados Unidos. O nome de Moraes passou a constar na lista do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC). A decisão proíbe, por exemplo, que ele utilize cartões de crédito com as bandeiras Mastercard e Visa por serem empresas americanas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.