Panamá efetiva saída da nova rota da seda

Internacional
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O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou nesta quinta, 5 que seu país efetivou a saída do acordo econômico da Rota da Seda com a China, após pressão dos EUA para reduzir a influência chinesa no Canal do Panamá.

O anúncio foi feito quatro dias depois da visita ao Panamá do secretário de Estado, Marco Rubio, que reafirmou as ameaças de Donald Trump de que os EUA tomariam o controle do canal, caso a influência chinesa não fosse contida.

Mulino negou que a pressão dos EUA tenha influenciado a decisão e assumiu a responsabilidade por retirar o país da iniciativa, que contempla o financiamento de projetos de infraestrutura com fundos chineses. "Essa é uma decisão que eu tomei", afirmou.

Renovação

Após se reunir com Rubio, no domingo, Mulino havia antecipado que deixaria expirar o acordo assinado em 2017 pelo então presidente Juan Carlos Varela. O país foi o primeiro da América Latina a aderir ao acordo, após romper laços com Taiwan e reconhecer o governo chinês. Na época, a adesão foi acompanhada pelo anúncio de e investimentos em estradas e pontes.

O acordo é renovado a cada três anos de forma automática (a próxima seria em 2026), mas prevê que "pode ser rescindido por qualquer uma das partes" notificando a outra com três meses de antecedência. Mulino disse ontem que a Embaixada do Panamá em Pequim apresentou o documento às autoridades locais. "Eu não sei quem incentivou, na ocasião, a assinar isso com a China", disse. "O que isso trouxe para o Panamá em todos estes anos?"

O porta-voz da chancelaria chinesa, Lin Jian, disse na quarta-feira que a cooperação entre China e Panamá se desenvolvia com "normalidade" e esperava que os panamenhos resistissem "às interferências externas".

Em meio à pressão do governo Trump, EUA e Panamá emitiram declarações conflitantes ontem sobre o acesso ao Canal do Panamá. Primeiro, o Departamento de Estado disse que todas as taxas seriam dispensadas para navios americanos. Algumas horas depois, o Panamá respondeu que nenhum acordo havia sido fechado.

Economia

O anúncio do governo americano sobre a isenção de taxas veio na forma de uma breve postagem nas redes sociais, que não forneceu mais detalhes além de dizer que o acordo "economizaria milhões de dólares por ano para os EUA", embora não estivesse claro se a economia seria mesmo significativas.

A Autoridade do Canal do Panamá respondeu dizendo que nenhum ajuste desse tipo havia sido feito nos pedágios ou direitos de trânsito para navios do governo dos EUA. Trump há muito tempo reclama que o Panamá cobra demais dos navios militares dos EUA para atravessar o canal construída pelos americanos, mesmo que as embarcações da Marinha paguem taxas iguais às de outros países. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Veira, se reuniu nesta quarta-feira, dia 30, em Washington, com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio.

Esse foi primeiro encontro entre os chefes das diplomacias brasileira e americana. Vieira estava orientado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a reforçar que o Brasil desejava discutir a questão tarifária - e apenas a relação econômica-comercial - sem entrar em questões políticas.

O diálogo ocorreu no mesmo dia em que o governo Donald Trump anunciou sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e o tarifaço de 50% sobre exportações do Brasil.

Na reunião com Rubio, Vieira afirmou ter enfatizado que "é inaceitável e descabida a ingerência na soberania nacional no que diz respeito a decisões do Poder Judiciário do Brasil".

O ministro disse ter abordado a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que Trump classifica como "caça às bruxas" e deseja ver encerrada. Vieira respondeu que a Justiça nacional é tão "independente" quanto a dos EUA e "não se curvará a pressões externas".

Em pronunciamento posterior na embaixada brasileira em Washington, ele disse ter afirmado a Rubio que o governo brasileiro se reserva o direito de responder às medidas de restrição americanas contra Moraes.

O chanceler retorna ao País nesta noite e vai relatar o teor da conversa a Lula, a fim de discutir medidas do governo contra o tarifaço da Casa Branca, e as restrições aplicadas pelos Departamento de Estado e o Tesouro americano.

Segundo interlocutores do governo brasileiro, Vieira se deslocou a Washington para ser recebido por Rubio, após dias de articulação discreta. O encontro não ocorreu na sede do Departamento de Estado, tampouco na embaixada brasileira. O local não foi informado. A reunião também não foi previamente divulgada, até que fosse realizada, nas respectivas agendas públicas de ambos.

Vieira havia viajado aos Estados Unidos após sinalizar disposição para uma conversa. Ele passou dois dias em Nova York, em debates sobre o conflito entre Israel e Palestina.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) será interrogada pela justiça italiana na próxima sexta-feira, 1º de agosto. A parlamentar foi presa em Roma, capital do país, na última terça-feira, 29, e se encontra no presídio feminino de Rebibbia.

No interrogatório, a justiça italiana perguntará se Zambelli prefere voltar ao Brasil ou passar por um processo de extradição. Caso opte pela segunda opção, o juiz deverá decidir se ela ficará presa ou terá medidas cautelares enquanto aguarda o resultado do processo. Como já apontou o Estadão, os trâmites para concretizar a extradição podem demorar de um ano e meio a dois anos.

Dentre as medidas cautelares que podem ser impostas à parlamentar, estão a prisão domiciliar, a continuidade no presídio ou, até mesmo, a possibilidade de seguir em liberdade enquanto o processo corre.

A defesa da deputada já afirmou que ela deseja permanecer no país e não deve escolher voltar ao Brasil por conta própria. "A Carla busca a não extradição e, obviamente, ser julgada com imparcialidade e justiça", afirmou o advogado Fábio Pagnozzi, que representa a deputada, por meio de um vídeo publicado no seu Instagram.

O deputado italiano de esquerda Angelo Bonelli, do Partido Europa Verde, diz ter encontrado a deputada em Roma e fornecido o endereço dela à polícia nacional.

O parlamentar europeu era vocal nas críticas à Zambelli e, em junho, pressionou o governo de seu país, questionando ao ministro das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional, ao ministro do Interior e ao ministro da Justiça, sobre a permanência de Zambelli na Itália.

A defesa de Zambelli, no entanto, sustenta uma versão diferente. O advogado e a deputada afirmam que ela se entregou às autoridades italianas e busca por um julgamento no país.

A deputada deixou o Brasil após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão e a perda do seu mandato por ser mentora intelectual da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na ocasião, um mandato de prisão falso foi emitido para o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

A nova briga travada no campo das narrativas entre governistas e bolsonaristas é atribuir um responsável pelo governo de Donald Trump ter recuado e deixado de fora da taxação quase 700 itens produzidos pelo Brasil.

Na primeira declaração sobre o anúncio do governo norte-americano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atribuiu a desidratação da medida ao seu próprio trabalho com autoridades americanas.

"Trabalhamos diretamente nas últimas semanas para que as medidas fossem ainda melhor direcionadas, atingindo o alvo correto e poupando ao máximo possível o povo brasileiro e o setor produtivo", disse, após semanas afirmando que buscou as sanções contra o Brasil.

O anúncio de Trump ocorre no mesmo dia em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi punido com a Lei Magnitsky pelo governo americano, o que representou vitória dos bolsonaristas e de Eduardo, que há meses tem buscado a sanção internacional contra o ministro.

Eduardo encheu as próprias redes com agradecimentos às autoridades americanas e declarações sobre os próprios esforços. Após as notícias sobre a oficialização das tarifas, entretanto, o deputado demorou quase quatro horas até se pronunciar sobre as medidas.

Já os aliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conferem ao petista e à posição do governo os créditos pelo recuo de Trump.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou que País "não se ajoelhou, respondeu com firmeza, defendeu sua soberania", e as exceções listadas pelo americano são resultados dessa postura.

Fotos de Lula, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, circulam nas redes com frases como "os mais brabos".

As publicações fazem referência a fotos do trio Trump, Eduardo, e do influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo, que trabalha com o deputado em busca das sanções para punir autoridades brasileiras; ou do deputado, do presidente americano, e do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

Tão logo as tarifas foram anunciadas pelo americano no início de julho, que deixou claro que a medida estava vinculada à ação penal que Jair Bolsonaro (PL) responde no STF por golpe de Estado, bolsonaristas demonstraram dificuldade em centralizar as críticas em um único culpado, se dividindo entre Lula e Moraes.

O efeito ainda foi visto nesta quarta nas declarações após decreto de Trump, mas o principal alvo, principalmente de parlamentares, foi o presidente Lula.