Hamas liberta 3 reféns e Israel começa a libertar prisioneiros palestinos

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Israel começou a libertar um grupo de prisioneiros palestinos horas depois que o Hamas libertou três reféns como parte do acordo de cessar-fogo que interrompeu 15 meses de conflitos na Faixa de Gaza.

Um ônibus partiu da Prisão Militar de Ofer com cerca de 32 prisioneiros para a Cisjordânia. Cerca de 150 outros prisioneiros estavam sendo enviados para Gaza ou deportados. De acordo com as autoridades palestinas, um total de 183 prisioneiros palestinos devem ser libertados, incluindo dezenas cumprindo longas sentenças ou sentenças perpétuas, e 111 pessoas da Faixa de Gaza presas após 7 de outubro de 2023 e mantidas sem julgamento.

Mais cedo, militantes entregaram Yarden Bibas e o franco-israelense Ofer Kalderon a autoridades da Cruz Vermelha na cidade de Khan Younis, no sul, enquanto o refém americano-israelense Keith Siegel foi entregue à Cruz Vermelha na manhã deste sábado na Cidade de Gaza, ao norte.

Todos os três foram sequestrados durante o ataque liderado pelo Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra. A libertação deles eleva para 18 o número de reféns libertados desde que o cessar-fogo começou em 19 de janeiro.

Ambos os eventos de sábado foram rápidos e ordeiros, em contraste com as cenas caóticas que se desenrolaram durante uma libertação de reféns anterior na quinta-feira, quando militantes armados pareciam lutar para conter uma multidão que cercava os reféns. Em ambas as libertações de sábado, militantes mascarados e armados ficaram em filas enquanto os reféns caminhavam para um palco e acenavam antes de serem levados para fora e entregues à Cruz Vermelha.

Na Praça dos Reféns de Tel Aviv, milhares de pessoas se reuniram para assistir às libertações transmitidas ao vivo em um telão, agitando cartazes e comemorando.

O cessar-fogo visa encerrar a guerra mais mortal e destrutiva já travada entre Israel e o grupo militante Hamas. O acordo foi mantido por duas semanas, interrompendo a luta e permitindo que mais ajuda flua para o pequeno território costeiro.

Durante a primeira fase de seis semanas da trégua, espera-se que um total de 33 reféns israelenses sejam libertados em troca de quase 2 mil prisioneiros palestinos. Israel diz ter recebido informações do Hamas de que oito desses reféns foram mortos no ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 ou morreram em cativeiro.

Também no sábado, espera-se que palestinos feridos sejam autorizados a deixar Gaza para o Egito através da passagem de Rafah. Ela tinha sido o único ponto de saída para palestinos durante a guerra antes de Israel fechá-la em maio. Uma missão civil da União Europeia foi enviada na sexta-feira para preparar a reabertura da passagem.

A reabertura marcaria outro passo importante na primeira fase do cessar-fogo, que exige o retorno dos palestinos ao norte de Gaza e um aumento da ajuda humanitária ao território devastado.

O Ministério da Saúde informou que 50 crianças doentes e feridas devem ser evacuadas pela passagem de Rafah, junto com 61 acompanhantes.

Siegel, 65, originalmente de Chapel Hill, Carolina do Norte, foi feito refém do Kibbutz Kfar Aza, junto com sua esposa, Aviva Siegel. Ela foi libertada durante o cessar-fogo de 2023 e travou uma campanha de alto perfil para libertar Keith e outros reféns.

Enquanto isso, a libertação de Bibas, 35, trouxe atenção renovada ao destino de sua esposa, Shiri, e seus dois filhos pequenos. Todos os quatro foram capturados do Kibbutz Nir Oz.

Um vídeo do sequestro delas por homens armados mostrou Shiri enrolando em um cobertor seus dois meninos ruivos - Ariel, 4 anos, e Kfir, 9 meses na época.

Kfir era o mais novo de cerca de 250 pessoas capturadas em 7 de outubro, e sua situação rapidamente passou a representar o desamparo e a raiva que a tomada de reféns despertou em Israel, onde a família Bibas se tornou um nome conhecido.

O Hamas disse que Shiri e seus filhos foram mortos em um ataque aéreo israelense. Israel não confirmou isso, mas um porta-voz militar reconheceu recentemente sérias preocupações sobre seus destinos.

Kalderon, 54, também foi capturado no Kibutz Nir Oz.

Em Kfar Saba, ao norte de Tel Aviv, a família de Kalderon se abraçou e aplaudiu ao ver as imagens dele subindo no palco em Khan Younis e sendo transferido para a Cruz Vermelha.

"Ofer está voltando para casa!", eles disseram, com os braços erguidos para o céu.

Os dois filhos de Ofer Kalderon, Erez e Sahar, foram sequestrados junto com ele e libertados durante um cessar-fogo em novembro de 2023. Membros da família disseram que não conseguiram se recuperar do sofrimento até que o pai retornasse.

"Lamentamos que tenha demorado tanto, Ofer", disse Eyal Kalderon. "Em breve seremos uma família inteira novamente. Esperamos que outras famílias se sintam assim em breve, até a última família."

O presidente francês Emmanuel Macron disse que a França "compartilha o alívio e a alegria" do retorno de Kalderon após 483 dias de "inferno inimaginável", acrescentando que a França continuará fazendo tudo o que puder para garantir a libertação de outro refém franco-israelense que ainda está detido em Gaza.

As dezenas de prisioneiros palestinos que serão libertados por Israel no sábado incluem pessoas que cumprem penas longas e perpétuas.

Mais de 100 reféns foram libertados durante um cessar-fogo de uma semana em novembro de 2023. Cerca de mais 80 reféns ainda estão em Gaza, pelo menos um terço deles acredita-se que estejam mortos. Israel diz que o Hamas confirmou que oito dos 33 a serem libertados na primeira fase do cessar-fogo estão mortos.

Israel e Hamas estão prontos para começar a negociar na próxima semana uma segunda fase do cessar-fogo, que pede a libertação dos reféns restantes e a extensão da trégua indefinidamente. A guerra pode recomeçar no início de março se um acordo não for alcançado.

Israel diz que ainda está comprometido em destruir o Hamas, mesmo depois que o grupo militante reafirmou seu domínio sobre Gaza horas após o último cessar-fogo. Um parceiro-chave de extrema-direita na coalizão de Netanyahu está pedindo que a guerra seja retomada após a primeira fase do cessar-fogo.

O Hamas diz que não libertará os reféns restantes sem o fim da guerra e uma retirada total de Israel de Gaza.

No ataque de 7 de outubro que deu início à guerra, cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, foram mortas. Mais de 47 mil palestinos foram mortos na guerra aérea e terrestre de retaliação de Israel, mais da metade deles mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, que não diz quantos dos mortos eram militantes.

O exército israelense diz que matou mais de 17 mil combatentes, sem fornecer evidências. Ele culpa o Hamas pelas mortes de civis porque seus combatentes operam em bairros residenciais. /Moshe Edri na base militar de Reim, Israel, e Paz Bar em Kfar Saba, Israel, contribuíram para esta reportagem.

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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou neste sábado, 26, que vive como "exilada política" na Itália e agradeceu ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por ter pedido às autoridades do país europeu que a recebessem. Condenada por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ela deixou o País antes que a sentença pudesse ser cumprida.

"Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a Giorgia Meloni [primeira-ministra da Itália], para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política, sou uma perseguida política no Brasil", declarou Zambelli em vídeo publicado em seu perfil reserva no Instagram.

Os perfis oficiais da deputada, de sua mãe - Rita Zambelli -, e de seu filho foram retirados do ar após decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A nova conta já acumula mais de 11 mil seguidores e 40 publicações; a primeira postagem foi feita em 13 de junho.

Carla Zambelli está na Itália há quase dois meses, na tentativa de evitar o cumprimento de sua pena no Brasil. A parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão e perda do mandato, acusada de ser mentora intelectual da invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Em tempos sombrios como este, em que sou alvo de uma perseguição política implacável, cada gesto de solidariedade tem um valor imenso", escreveu a parlamentar.

Na quinta-feira, 24, em entrevista ao portal Metrópoles, o filho "01" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que o governo italiano "abra as portas" para Zambelli.

Senadores brasileiros tiveram uma primeira reunião de trabalho na noite desde sábado, em Washington, nos Estados Unidos, no âmbito da missão oficial à capital americana para debater as tarifas de 50% aos produtos brasileiros, a partir do dia 1º de agosto. Participaram das conversas Teresa Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), o astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL).

O encontro foi preparatório e teve como foco atualizar os parlamentares sobre os temas prioritários e alinhar os pontos que deverão ser discutidos nas reuniões com congressistas norte-americanos e representantes do setor produtivo dos EUA.

"O objetivo foi promover uma atualização da temática e alinhar os pontos que deveremos abordar ao longo da missão. Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil", afirmou o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e coordenador da missão, em nota.

Os senadores Carlos Viana (Podemos-MG), Jacques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE) devem chegar a Washington neste domingo.

A missão oficial do Senado brasileiro à capital americana ocorre em meio ao início do recesso parlamentar nos EUA. A Câmara dos Deputados entrou em recesso na semana passada, enquanto o Senado americano deve ter sessão até o dia 31 de julho.

Com a agenda parlamentar esvaziada, o foco da missão brasileira deve ser o setor corporativo. As tentativas de negociações do Brasil com os EUA ganharam corpo nos últimos dias, mas nenhum avanço de fato ocorreu, em meio ao temor de que os americanos adotem novas sanções contra o País.

Há a expectativa de que o presidente dos EUA, Donald Trump, assine uma ordem executiva nos próximos dias com as justificativas legais para taxar os produtos importados do Brasil em 50%, a partir de agosto, conforme relatos na imprensa. Isso porque a investigação do Escritório de Representação de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) para apurar práticas comerciais injustas no Brasil, e que também teria o mesmo objetivo, poderia consumir mais tempo.

Na semana passada, senadores americanos enviaram uma carta ao presidente Trump, criticando a taxação ao Brasil. No documento, acusam o chefe da Casa Branca de "claro abuso de poder" e que interferir no sistema jurídico de uma nação soberana cria um "precedente perigoso" e provoca uma "guerra comercial desnecessária ".

A defesa do general Mario Fernandes pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a revogação de sua prisão preventiva ou a aplicação das mesmas medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro (PL). O argumento dos advogados é de que o ex-presidente da República foi denunciado como líder da organização criminosa envolvendo a tentativa de golpe, posição superior à do general dentro da acusação.

A manifestação foi protocolada no STF na noite do sábado, 26, após se encerrarem os interrogatórios do núcleo dois da ação penal da tentativa de golpe.

A defesa também afirmou que o general "não confessou plano de matar ninguém" e argumentou que os interrogatórios comprovaram que o documento "Punhal Verde Amarelo" não foi recebido por nenhum outro acusado.

Na quinta-feira, 24, Fernandes confirmou, em depoimento ao STF, ser o autor do documento "Punhal Verde Amarelo", que descrevia a possibilidade de "envenenamento" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e "neutralização" do seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).

O arquivo havia sido encontrado em um HD apreendido com o general, em fevereiro de 2024. O militar disse que o documento não foi apresentado a ninguém.

"Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado, um compilar de dados, um estudo de situação meu, de pensamento, uma análise de riscos que eu fiz e por um costume próprio decidi digitalizá-lo. Não foi apresentado a ninguém ou compartilhado com ninguém", afirmou no interrogatório.

Com base no depoimento, a Procuradoria-Geral da República opinou que o general deveria ser mantido preso e disse que as provas colhidas "tornam inverossímil presumir que o requerente, após confeccionar o material, não o divulgou a seus pares".

O argumento foi rebatido pela defesa do general. Os advogados citaram que o tenente-coronel Mauro Cid, delator na ação, foi questionado sobre o Punhal Verde e Amarelo e confirmou não ter recebido cópia do documento.

Cid também disse que o general nunca conversou com ele sobre ações de monitoramento do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que foram realizadas por militares das Forças Especiais. De acordo com a defesa, essas informações demonstrariam que o general não participou de nenhuma ação concreta envolvendo o plano de golpe.

"A defesa nunca presumiu nada, apenas demonstrou, e não caberia a ela este ônus, que o arquivo eletrônico não foi apresentado a ninguém, tal como declarou Mauro Cid. Agora, quem não pode presumir no devido processo legal é a acusação, que por imposição legal e sem presunções, tem o dever efetivo de comprovar e provar o fato narrado na denúncia", escreveram os advogados Marcus Vinicius Figueiredo, Igor Monteiro e Diogo Borges.

A defesa argumenta que, no interrogatório, o general somente confirmou um fato já comprovado nos autos, mas que não realizou nenhuma ação para colocar em prática o Punhal Verde Amarelo. Por isso, a defesa afirma que ele "não confessou plano de matar ninguém".

"A minuta punhal verde amarelo já era vinculada ao requerente, razão pela qual a confirmação daquele arquivo pelo requerente em seu interrogatório não exprime qualquer confissão de crime, pois como já incontroversamente constatado não foi objeto de compartilhamento ou debate com quaisquer dos acusados", afirmou a defesa.

Por isso, afirmam que a prisão preventiva e uma eventual condenação só poderiam se basear em "elementos concretos" e na certeza das provas. Eles argumentam que o fato de que outros investigados estavam no Palácio do Planalto no mesmo horário em que o documento foi impresso não comprova a acusação descrita na denúncia: "Condenação se legitima apenas pela certeza, nunca pela coincidência".

Decreto golpista de Bolsonaro

O general também havia confirmado, em seu interrogatório, ter tomado conhecimento de que o ex-presidente Jair Bolsonaro discutia um decreto com teor golpista, mas disse não ter participado da construção do documento.

A Polícia Federal citou, no relatório final, a existência de mensagens enviadas por ele a Mauro Cid nas quais pede ao tenente-coronel que convencesse Bolsonaro a assinar o decreto.

A defesa afirmou que esses elementos indicam que ele não participou da elaboração do documento. "O requerente tomou conhecimento da suposta minuta do Golpe por conversas de corredor, tanto é que jamais participou de qualquer reunião ou qualquer outra situação envolvendo a construção daquela minuta - fato incontroverso", diz a manifestação da defesa.

Por último, os advogados solicitaram que a prisão preventiva do general seja revogada ou que deveriam ser aplicadas a ele as mesmas medidas cautelares impostas a Bolsonaro, já que o ex-presidente foi denunciado como líder da organização criminosa, posição superior à ocupada por Mario Fernandes na estrutura da acusação.

"Insubsistente a manifestação da d. Procuradoria que não reflete a realidade dos fatos, causando estranheza a contradição entre a denúncia e o conteúdo da sua manifestação, objeto da presente petição, impondo-se a revogação da prisão preventiva ou a aplicação das mesmas medidas recentemente destinadas ao acusado Jair Messias Bolsonaro - indicado na denúncia como líder da organização criminosa", solicitou a defesa.