Trump impõe tarifas contra Colômbia após recusa de Petro a receber deportados

Internacional
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O presidente americano Donald Trump anunciou neste domingo, 26, por meio de sua rede social, a imposição de tarifas de importação a produtos colombianos após o presidente Gustavo Petro ter se recusado a receber dois aviões com imigrantes deportados dos Estados Unidos. Na sexta, 24, um voo com imigrantes brasileiros chegou a Manaus com relatos de agressões e maus-tratos contra os deportados.

Trump anunciou de imediato a fixação de tarifas de importação de 25% sobre os produtos colombianos, além da suspensão de vistos para Petro, aliados políticos e familiares e sanções bancárias e financeiras contra o país.

"Estas medidas são apenas o começo. Não permitiremos que o governo colombiano viole suas obrigações legais no que diz respeito à aceitação e ao retorno dos criminosos que forçaram a entrada nos Estados Unidos", afirmou Trump.

Mais cedo, o presidente colombiano havia citado o caso de deportados brasileiros que disseram ter sofrido agressões de agentes da imigração americana para vetar a entrada dos voos de repatriação no país.

"Um imigrante não é um criminoso e deve ser tratado com a dignidade que um ser humano merece", afirmou Petro. "Não posso obrigar os imigrantes a permanecer num país que não os quer; mas se esse país os devolver, deve ser com dignidade e respeito por eles e pelo nosso país".

Trump anunciou a medida como retaliação à fala de Petro.

"Fui informado que dois voos de repatriação vindos dos Estados Unidos, com um grande número de criminosos ilegais, não foram autorizados a pousar na Colômbia", escreveu Trump na sua rede social The Truth. "A negação de Petro a esses voos colocou em risco a segurança nacional e a segurança pública dos Estados Unidos, portanto, instruí minha administração a tomar imediatamente as seguintes medidas retaliatórias urgentes e decisivas".

Petro, primeiro presidente de esquerda da Colômbia, adotou uma postura mais defensiva contra Trump e suas deportações. No X, ele observou que mais de 15,6 mil cidadãos americanos estão vivendo na Colômbia sem os documentos adequados. Petro disse que, embora esteja ciente de que alguns americanos estão vivendo ilegalmente na Colômbia, ele não vai prendê-los e devolvê-los aos EUA acorrentados, dizendo que seu governo é "o oposto dos nazistas".

Os Estados Unidos são o parceiro comercial e aliado de segurança mais importante da Colômbia. As remessas financeiras para a Colômbia representam cerca de 3,4% da economia do país - mais do que o café, um dos principais produtos de exportação colombianos. A maior parte dessas remessas vem dos Estados Unidos.

A Embaixada dos EUA em Bogotá não respondeu a um pedido de comentário.

México também recusa voo com deportados

Segundo a NBCNews, o México se negou a receber um avião militar dos EUA que transportava deportados na quinta, 23. No mesmo dia, dois Air Force C-17s com 80 deportados cada viajaram até a Guatemala. A terceira aeronave, que tinha o México como destino, não teve pouso autorizado.

No mesmo dia, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, tuitou: "Ontem, o México aceitou um recorde de 4 voos de deportação em um dia!". Não está claro se os voos eram militares ou civis e nem os efeitos da recusa para os países

"O México tem um relacionamento muito bom com o governo dos Estados Unidos e cooperamos com respeito à nossa soberania em uma ampla gama de questões, incluindo a migração. Quando se trata de repatriações, sempre receberemos de braços abertos a chegada de mexicanos ao nosso território. O México os abraça", disse uma nota do ministro das relações exteriores do México. O governo da presidente mexicana Claudia Sheinbaum já afirmou que se opõe à ação "unilateral" de Trump em questões migratórias.

Veja as sanções impostas por Trump a Colômbia:

- Tarifas de emergência de 25% sobre todos os bens entrando nos Estados Unidos. Em uma semana, as tarifas de 25% serão aumentadas para 50%.

- Proibição de viagem e revogações imediatas de visto para funcionários do governo colombiano, inclusive aliados e apoiadores.

- Suspensão dos vistos de todos os membros do partido, da família e de apoiadores do governo colombiano.

- Inspeções aduaneiras e de proteção de fronteiras em toda carga que tenha origem da Colômbia com base na segurança nacional.

- Sanções bancárias e financeiras.

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O Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou ontem uma carta na qual pede que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspenda relações diplomáticas e comerciais com o governo de Benjamin Netanyahu, de Israel. Na abertura do 17º Encontro do PT, na noite desta sexta-feira, em Brasília, o senador e atual presidente nacional do PT, Humberto Costa, leu a carta de apoio ao povo palestino e reafirmou a posição histórica do PT em defesa da causa.

"Não é possível virar os olhos às mortes de crianças em Gaza pelos bombardeios de Israel há mais de 20 meses, e agora pela fome e doenças produzidas pelo bloqueio israelense. São crianças, um terço dos 55 mil palestinos mortos em Gaza e na Cisjordânia", descreve a carta. "O governo de Benjamin Netanyahu é acusado de 'crimes de guerra' até por ex-embaixadores e ex-primeiros-ministros israelenses. Os crimes agora incluem assassinar civis desarmados e famintos, que buscam auxílio humanitária e recebem balas e bombas."

O documento destaca que, no último dia 5 de junho, o presidente Lula declarou que, na região, não se trata de uma guerra, mas de "um genocídio premeditado". "Todavia, ainda há no mundo inteiro quem compre, venda e subsidie o complexo industrial-militar de Israel, como se isso fosse normal", afirma o texto, acrescentando que a militância presente no Encontro Nacional do PT "declara sua irrestrita solidariedade ao povo palestino".

"De acordo com os compromissos históricos do PT que todos reivindicamos, endossamos a nota do Conselho Nacional de Direitos Humanos de 6 de junho de 2025, e solicitamos ao presidente Lula para que intervenha em favor da suspensão de relações diplomáticas e comerciais com o governo de Netanyahu", reforça o documento.

Com a presença de cerca de mil delegados e delegadas do Brasil, o 17º Encontro Nacional do PT começou ontem e deve seguir até amanhã, com lideranças petistas presentes para debater os rumos do partido e os desafios do próximo período. Além de Humberto Costa, estiveram presentes na abertura do evento o presidente eleito, Edinho Silva, e os dirigentes Romênio Pereira, Mônica Valente, Valter Pomar e Misiara, além do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben.

O jornalista e colunista do Estadão José Roberto Guzzo morreu na manhã deste sábado, 2, aos 82 anos. Guzzo foi vítima de um infarto. Segundo a família, ele já sofria de problemas crônicos coronários, pulmonares e dos rins.

Guzzo era colunista do Estadão desde junho de 2021 e fundador da revista Oeste.

"Estou muito triste porque hoje morreu senão o maior e melhor jornalista de todos os tempos, um dos maiores e melhores jornalistas que o Brasil já teve", disse Roberto Guzzo, filho dele.

Carreira

Guzzo iniciou sua carreira como repórter do jornal Última Hora de São Paulo, em 1961. Cinco anos depois, foi trabalhar no Jornal da Tarde, que acabara de ser lançado pelo Grupo Estado, do qual foi correspondente em Paris.

Foi na Editora Abril, porém, que Guzzo trabalhou a maior parte da carreira. Em 1968, fez parte da equipe fundadora da Veja, como editor de Internacional, e depois foi correspondente em Nova York. Cobriu a guerra do Vietnã e acompanhou a visita pioneira do então presidente americano, Richard Nixon, à China, em 1972. Foi o único jornalista brasileiro presente ao encontro de Nixon com o líder chinês Mao Tsé-tung.

Em 1976, aos 32 anos, Guzzo assumiu a direção da Veja, que ocupou até 1991. Neste período, a publicação saiu do vermelho e sua circulação passou de 175 mil exemplares para quase 1 milhão, o que a levou ao quarto lugar no ranking das maiores revistas semanais de informação do mundo, atrás apenas das americanas Time e Newsweek e da alemã Der Spiegel. Por sua habilidade de transformar um texto enfadonho em algo agradável de ler apenas com retoques pontuais, ganhou o apelido de "mão peluda" na redação.

Em 1988, passou a acumular a direção da Veja com o cargo de diretor-geral da Exame, encarregado de reinventar a revista. Deixou a Veja em 1991, encerrando um ciclo na revista. Depois de um ano sabático, voltou à ativa, dedicando-se exclusivamente à Exame, primeiro como diretor editorial e depois como publisher. Nos 11 anos em que esteve à frente da revista, transformou-a na publicação mais rentável, em termos relativos, da Abril.

O percentual de brasileiros a favor da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado foi de 52%, em abril, para 48% no final de julho, segundo pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira, 1º. Já a quantidade de brasileiros que avaliam que Bolsonaro não deveria ser preso foi de 42% para 46% no mesmo período. Com isso, a diferença entre os que são a favor e contra a pena foi de 10 pontos percentuais para 2 p.p.. A diferença, no entanto, é considerada uma oscilação no limite da margem de erro. Tanto em abril como em julho, 6% disseram não saber opinar sobre o tema.

O Datafolha ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais nos dias 29 e 30 de julho. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou menos.

A pesquisa ainda mostra que 51% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente não vai ser preso, ante 40% que avaliam que o desfecho será de cadeia.

Bolsonaro já cumpre medidas restritivas, como o uso de tornozeleira eletrônica, determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, depois da ofensiva do presidente americano Donald Trump para livrar o aliado político do processo. O ex-presidente brasileiro ainda será julgado na Corte por participação na suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Veja os dados

Respostas à pergunta: "Considerando o que foi revelado pelas investigações sobre a tentativa de golpe em 2022 e seus desdobramentos até o momento, na sua opinião, Jair Bolsonaro deveria ou não ser preso?"

- "Sim, deveria": 48% (eram 52% em abril)

- "Não deveria": 46% (eram 42%)

- "Não sabe": 6% (mesmo índice em abril)

Respostas à pergunta: "E na sua opinião, Jair Bolsonaro vai ou não ser preso?"

- "Sim, vai ser preso": 40% (eram 41% em abril)

- "Não vai ser preso": 51% (eram 52% em abril)

- "Não sabe": 8% (eram 7%)