Cruz Vermelha chega em Gaza para resgatar três reféns do Hamas que serão libertadas

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Equipes da Cruz Vermelha já estão a caminho da Faixa de Gaza para acolher as três primeiras reféns a ser libertadas pelo grupo terrorista Hamas neste domingo, 19. São elas Romi Gonen, Emily Damari e Doron Steinbrecher. É a primeira leva dos 33 reféns que devem ser libertados no acordo de cessar-fogo assinado entre o governo de Israel e o grupo.

A trégua, que começou com um atraso de quase três horas porque o Hamas demorou em divulgar o nome das reféns que seriam libertadas, está sendo respeitada. Caminhões de ajuda humanitária estão entrando em Gaza pela fronteira com o Egito e cerca de 90 prisioneiros palestinos devem ser libertados hoje na Cisjordânia por Israel, a maioria mulheres e crianças.

O conflito se arrasta há 15 meses, desde 7 de outubro de 2023, quando um ataque do Hamas matou cerca de 1,2 mil pessoas e rendeu 251 reféns. Desde o início da ofensiva israelense contra os terroristas, mais de 46 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, que não distingue civis de combatentes.

O governo de Netanyahu aprovou o acordo na madrugada do sábado, 18, horário local, após reunião que durou horas, ultrapassando o início do Sabbat (sábado judaico), em que o governo geralmente interrompe todas as atividades, exceto em casos de emergência.

Mediado por Estados Unidos, Catar e Egito, o cessar-fogo é a segunda trégua no conflito e teve a aprovação de 24 ministros israelenses e oito votos contrários.

Veja a seguir o que foi estabelecido na proposta de cessar-fogo:

Primeira fase

A primeira etapa do cessar-fogo tem previsão de 42 dias. Durante esse período, o Hamas se comprometeu a liberar 33 reféns israelenses. Entre eles estariam pelo menos cinco soldados, além de mulheres, crianças, idosos e doentes.

Informações iniciais dão conta de que Israel se comprometeu a libertar 30 prisioneiros para cada refém civil e 50 para cada refém militar. A lista de prisioneiros inclui terroristas condenados que estão cumprindo prisão perpétua. Em comunicado, o Ministério da Justiça de Israel afirmou que o previsto é liberar cerca de 737 prisioneiros.

Ao final da primeira fase, a expectativa é de que todos os reféns civis - vivos ou mortos - terão sido libertados. Todas as mulheres e menores de 19 anos detidos por Israel serão libertados nesta fase, segundo o acordo.

O acordo também prevê que todos os prisioneiros palestinos condenados por ataques letais sejam exilados em Gaza ou no exterior, sendo proibidos de retornar a Israel ou à Cisjordânia. O documento indica que alguns terão que se exilar por três anos, enquanto outros de forma permanente.

Durante esse período também é esperado ainda que as forças israelenses se afastem de áreas mais densamente povoadas da Faixa de Gaza, permitindo o retorno de civis deslocados e aumento da ajuda humanitária.

A previsão é que aproximadamente 600 caminhões por dia entrem no território, dando alívio para a crise humanitária que devasta a região.

Segunda fase

Os detalhes da segunda fase serão negociados ao longo da primeira. As previsões apontam que, a partir do 16º dia de cessar-fogo, as partes comecem as negociações para uma declaração de "cessação permanente das hostilidades".

Nessa etapa, o Hamas deve liberar o restante dos reféns em troca de mais prisioneiros palestinos. Os números ainda não estão definidos. Das 251 pessoas sequestradas pelo Hamas, 94 ainda estão como reféns em Gaza, das quais 34 morreram, de acordo com o Exército de Israel.

Essa etapa prevê ainda a retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza. Durante meses, o Hamas exigiu que Israel se comprometesse a encerrar a guerra, mas o país resiste.

Terceira fase

Na última etapa do acordo, o Hamas entregaria os corpos dos reféns israelenses mortos na Faixa de Gaza.

Nessa fase, está prevista a implementação de um plano, supervisionado pela comunidade internacional, para reconstruir a Faixa de Gaza dentro de três a cinco anos. No entanto, de acordo com estimativas da ONU, a reconstrução total pode levar mais de 350 anos se o bloqueio permanecer.

Os bombardeios israelenses e as operações terrestres transformaram bairros inteiros de várias cidades em terrenos baldios cobertos de entulho, com cascas enegrecidas de edifícios e montes de detritos se estendendo em todas as direções.

As principais estradas foram danificadas. A infraestrutura crítica de água e eletricidade está em ruínas. A maioria dos hospitais do enclave não funciona mais.

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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou esclarecimento nesta terça-feira, 22, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes falar em risco de prisão por descumprimento de medidas cautelares e alegou não ter conhecimento de que ele estava proibido de conceder entrevistas.

Os advogados do ex-presidente sustentam que ele não descumpriu as ordens do ministro e prometeram que Bolsonaro permanecerá calado, sem fazer "qualquer manifestação" sobre o caso.

"Cabe esclarecer que o Embargante (Jair Bolsonaro) não descumpriu o quanto determinado e jamais teve a intenção de fazê-lo, tanto que vem observando rigorosamente as regras de recolhimento impostas por este Tribunal", escreveu a defesa do ex-presidente.

Bolsonaro esteve na Câmara na tarde desta segunda-feira, 21, e, na saída, mostrou aos jornalistas a tornozeleira eletrônica que utiliza desde semana passada como parte das medidas cautelares impostas por Moraes. O ex-presidente declarou que o dispositivo simbolizava a "máxima humilhação".

Moraes impôs as medidas cautelares de Bolsonaro na última sexta-feira, 18, e complementou a decisão com despacho expedido ontem. O ministro afirmou que a proibição de uso das redes sociais incluía, "obviamente, as transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiros".

Bolsonaro, por sua vez, alega que "jamais cogitou que estava proibido de conceder entrevistas, que podem ser replicadas em redes sociais".

Os advogados de Bolsonaro sustentam que ele não pode ser responsabilizado pela conduta de terceiros que postaram em redes sociais o que ele faz. "Tais atos não contam com a participação direta ou indireta do entrevistado, que não pode ser punido por atos de terceiros", afirmou.

"Afinal se a proibição envolve transmissão ou transcrição de entrevistas, o Embargante, na prática, está proibido de concedê-las, posto que ninguém tem controle sobre a forma de sua divulgação, a não ser, e apenas incialmente, o próprio jornalista", argumentaram.

A forma escolhida pela defesa de Bolsonaro para responder Moraes sobre o suposto descumprimento de medidas cautelares foi por meio da apresentação de embargos de declaração, um tipo de instrumento jurídico no qual a parte pede esclarecimentos ao juiz sob aspectos de determinada decisão.

Bolsonaro, portanto, inverteu a decisão de Moraes e pediu que o ministro explique a extensão da sua ordem. A defesa do ex-presidente garantiu que, "em absoluto respeito à decisão da Suprema Corte", ele "não fará qualquer manifestação até que haja o esclarecimento apontado".

A leitura feita pela equipe jurídica de Bolsonaro é de que "tal decisão, com todo o respeito, vai muito além da proibição de utilização de redes sociais". "Sim, porque a primeira decisão jamais cogitou de 'transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiros'", alegou a defesa.

"É notório que a replicação de declarações por terceiros em redes sociais constitui desdobramento incontrolável das dinâmicas contemporâneas de comunicação digital e, por isso, alheio à vontade ou ingerência do Embargante", prosseguiram os advogados.

O ex-presidente despachou na sede do Partido Liberal (PL) nesta terça-feira, 22. Ao deixar o prédio, no centro de Brasília, Bolsonaro se recusou a responder questionamentos de jornalistas que o aguardavam na garagem do prédio.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, ao descumprir ordens impostas a ele pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no contexto das medidas cautelares adotadas nesta semana para evitar uma possível tentativa de fuga, pode estar forçando uma prisão por desacato, disse à Estadão/Broadcast o presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi-SP), Joseph Cury.

De acordo com o empresário - que pondera que não é especialista em assuntos jurídicos - por trás dos descumprimentos das determinações judiciais por Bolsonaro e da elevação das críticas ao Judiciário por parte do ex-presidente e de seus apoiadores, pode ter uma estratégia segundo a qual uma prisão agora por desacato implicaria em uma pena menor. Assim, sua defesa teria mais tempo para encontrar meios de atenuar a pena por tentativa de golpe.

Logo após ter sido informado sobre as medidas restritivas e de ter recebido tornozeleira para monitorar seus movimentos, Bolsonaro saiu da sede da polícia concedendo entrevistas e ontem foi até à Câmara dos Deputados. Na Casa, recebeu apoio de parlamentares da oposição, mostrou a tornozeleira a aliados e voltou a criticar o ministro Moraes, alegando sofrer perseguição política.

Depois do ocorrido na Câmara, Moraes determinou à defesa de Bolsonaro que explique, até às 21h13 desta terça-feira, por que o ex-presidente descumpriu as medidas cautelares.

"Tudo indica que Bolsonaro quer forçar a prisão por desacato porque sabe que a pena é mais branda do que a por tentativa de golpe. Não acredito que se ele for preso por desacato, o processo por tentativa de golpe vai ser interrompido, mas a ideia é ganhar tempo para a defesa", disse Cury.

Após as medidas cautelares adotadas pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, aumentou no X o engajamento em torno de postagens contrárias ao ex-presidente e favoráveis à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Levantamento da Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados mostra que, entre as 9h de segunda-feira, 21, e o mesmo horário desta terça-feira, 22, três expressões atribuídas à esquerda apareceram nos "trending topics" da rede de Elon Musk.

Na análise dos dez termos no topo do engajamento, "Chuva de Lula" estava em primeiro lugar, com um milhão de menções. Em quinto lugar, aparecia a expressão "Democracia Sempre", com 411 mil menções. O nono lugar era ocupado pelo termo "Eduardo Bolsonaro cassado", com 110 mil postagens.

A única menção atribuída à direita nos "trending topics" no período foi "Reaja Brasil", com 2 milhões de menções. Embora o número individual de menções seja maior para a direita, o X leva em consideração outros fatores para ranquear o engajamento dos usuários, como volume de menções, compartilhamentos, curtidas, comentários e o fato de ser um tópico recente.

Ainda segundo o estudo da Nexus, outros termos da esquerda ganharam destaque na rede fora das primeiras posições, como "Bolsonaro preso amanhã" e "Vai Xandão". A análise do X levou em conta uma amostra de 41 mil publicações em português relacionadas com a decisão de Moraes.

No Google Trends, a palavra "impeachment" chegou a ocupar a 10ª posição da lista de buscas no brasil no mesmo período, como mais de 10 mil ocorrências. O termo foi associado a outras pesquisas, como "impeachment moraes" e "alexandre de moraes impeachment".

O mesmo estudo também analisou a repercussão da decisão de Moraes de bloquear contas bancárias, bens e salário do deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho do ex-presidente que foi morar nos EUA.

O volume de postagens capturadas no X, Instagram e Facebook entre domingo, 20, e hoje revela aumento de 67% nas citações ao parlamentar em comparação a períodos anteriores. No Google Trends, o nome do deputado foi buscado mais de 2 mil vezes no decorrer de 13 horas.