A Câmara de Recursos do PT acatou apelo e decidiu abrir processo disciplinar para apuração de responsabilidade no processo eleitoral interno em Camaçari (BA) e em Barro Preto (BA), que, como revelou o Estadão, teve casos de mortos como eleitores.
Além disso, a instância de recursos no partido determinou a formação de uma comissão estadual para apurar o tamanho da distorção que ocorreu na votação nessas duas cidades. Caso sejam identificadas distorções, diz a decisão, a urna deverá ser anulada.
"A Câmara de Recursos analisou o recurso sobre o processo eleitoral em Camaçari e, por unanimidade, portanto de forma terminativa, decidiu dar provimento ao recurso, reconhecendo a existência de irregularidades no processo eleitoral, ainda que sem definir, neste momento, a extensão exata de sua ocorrência", diz o texto.
Procurado, o PT da Bahia não respondeu o contato da reportagem.
O Estadão mostrou que a eleição que decidiu os presidentes dos diretórios a nível municipal, estadual e nacional teve pelo menos cinco mortos votantes em Camaçari e pelo menos um em Barro Preto.
A chapa Partido Forte, derrotada na votação que consagrou Tássio Brito - apadrinhado do senador Jaques Wagner (PT-BA) - como novo presidente da sigla no Estado no começo do mês, é a autora da denúncia.
"A mensagem que a atual direção estadual e a próxima, com essa maioria fantasmagórica, passam ao PT é clara: em eleições internas do partido, até mortos podem votar - e isso é considerado 'normal'. O PED (Processo de Eleição Direta) 2025, na Bahia, virou uma gincana de vale-tudo eleitoral", diz a nota interna do Partido Forte.
A reportagem teve acesso às listas de votação assinadas e ao certificado de óbito dos falecidos que votaram. O diretório do PT na Bahia decidiu anular os votos dos falecidos, mas aprovou a eleição nas duas cidades, enquanto a chapa Partido Forte pretende recorrer a nível nacional.