O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou que pessoas mais pobres votem em políticos da classe trabalhadora, e não em candidatos que representam as elites.
"É preciso parar com essa ideia. O pobre fala que vai votar no prefeito que é rico porque ele não vai roubar, porque já é rico. Ora, ele só é rico porque já roubou", disse o presidente durante evento em Osasco (SP).
Na cerimônia no bairro do Jardim Rochdale, Lula anunciou investimentos do programa PAC Seleções 2025 Periferia Viva - Urbanização de Favelas. Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), serão destinados R$ 4,67 bilhões para ações em 49 territórios periféricos de 32 municípios de 12 Estados.
"O pobre fica com preconceito contra o pobre. Vou dizer uma coisa, esses deputados que estão aqui são verdadeiros heróis, porque, se juntarem todos os partidos de esquerda, chegamos a 130 deputados. O que leva uma pessoa que mora na periferia a votar num cara rico? Significa que a gente está colocando uma raposa para tomar conta do galinheiro", declarou.
Discurso do governo não é de 'nós contra eles', mas 'eles contra nós'
Segundo Lula, o discurso do governo não é de "nós contra eles", mas de "eles contra nós". O recurso discursivo do presidente foi uma forma de dizer que não são os pobres que estão se revoltando contra os ricos, mas os ricos que exploram os mais pobres.
"Não tem nós contra eles, são eles contra nós. O povo levanta de manhã, vai trabalhar, às vezes pega duas horas de ônibus, no fim do mês recebe um salário de merreca que não dá para fazer tudo. O povo é pacífico, espera no ponto de ônibus, ônibus vem lotado, não consegue pegar. Ainda aparece alguém para roubar o celular dele, é pobre roubando pobre, uma vida desgraçada", disse o presidente durante a cerimônia.
"Quando eu vejo uma mulher vendo seu celular e passa alguém e rouba, é um desgraçado de um pobre roubando o desgraçado de outro pobre", comentou.
Lula disse que o governo está "tentando diminuir o sofrimento desse povo". Citou ainda os desvios de recursos nos pagamentos de aposentados e afirmou que o governo começou a devolver o dinheiro aos beneficiários.
"Montaram uma quadrilha para roubar dinheiro de aposentados. Ontem, começamos a devolver o dinheiro que foi roubado para todos os aposentados lesados neste País", disse.
O presidente defendeu o aumento do salário mínimo acima da inflação, uma das principais marcas de suas gestões no Palácio do Planalto.
"Ficamos sete anos sem aumentar o salário mínimo. Voltei e já há dois anos aumento o salário mínimo de acordo com o crescimento do PIB. Se tem crescimento da produtividade, do País, quem é que trabalha? Quem mete a mão na massa? É o povo trabalhador, então é justo que tenha a receber o aumento do PIB. Vamos continuar aumentando o salário mínimo, a merenda, aquilo que é possível fazer."
"Se a gente não cuidar disso, para que ser presidente da República? Para governar para os ricos? Aí não sou eu, escolham outro para governar para os ricos", afirmou.
Durante o discurso do presidente, houve uma briga no local. Um homem xingou Lula e disse que ele deveria "ser preso" e foi agredido por um apoiador do presidente. Ele foi retirado por outros militantes do local.
O presidente da República disse que, em quase 80 anos de vida, nunca brigou e não xingou adversários em suas disputas políticas. Mencionou seu vice, Geraldo Alckmin, como exemplo disso. Mas também afirmou que "provocador não tem a menor chance" nos atos do governo.
"Eu vou fazer 80 anos em outubro. Nesses 80 anos, nunca briguei com ninguém. Fui candidato muitas vezes e nunca xinguei ninguém, nunca desrespeitei ninguém. O Alckmin é a prova disso, porque já foi meu adversário. Aprendi com a minha mãe analfabeta que respeito é bom, a gente gosta de dar e de receber. Mas vou falar, se teve aqui presente um provocador, nas coisas que eu fizer, provocador não tem a menor chance", declarou.
Lula disse, ainda, que "enquanto eu tiver força, saúde e disposição, essa gente que governou este País não volta mais para governar".