O deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, afirmou nesta quarta-feira, 30, que é falsa a versão de que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) se entregou voluntariamente às autoridades da Itália. O parlamentar afirmou ser o responsável por informar à polícia o endereço da brasileira em Roma.
"Não é verdade que Carla chegou à polícia. Foi a polícia que chegou a ela", disse Bonelli em entrevista ao ICL Notícias.
Nesta terça-feira, 29, o advogado Fábio Pagozzi, que representa Carla Zambelli, publicou um vídeo nas redes sociais afirmando que a deputada "não foi surpreendida" pela polícia, mas se apresentou voluntariamente. A versão foi defendida pelo filho da parlamentar, Bruno Zambelli, e pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ).
"Na tarde de hoje, minha cliente, deputada Carla Zambelli, decidiu se entregar às autoridades italianas a fim de colaborar administrativamente com os pedidos das autoridades, mostrando o seu endereço, mostrando que nunca foi foragida na Itália e estava esperando um posicionamento oficial para que ela pudesse se apresentar. A Carla busca a não-extradição e, obviamente, ser julgada com parcialidade e justiça", disse o advogado.
O deputado italiano, no entanto, refutou a versão da defesa e descreveu como ocorreu a prisão de Zambelli.
"Às 18h40, no horário da Itália, fui informado do paradeiro de Carla. 19h50, eu repassei o endereço de Zambelli à polícia nacional, representada pelo delegado de polícia de Roma. Às 21h, a polícia nacional identificou Carla Zambelli, que estava no endereço que eu havia fornecido: um apartamento no bairro Aurélio, em Roma", contou.
Bonelli também afirmou na entrevista que está recebendo diversas intimidações de apoiadores de Zambelli em suas redes sociais. "Tenho recebido mensagens de ameaça nas redes sociais, inclusive mensagens de morte, em relação a este caso."
O deputado afirmou, no entanto, que "está tranquilo" em relação às ameaças, pois "compreende o clima violento que vive o Brasil neste momento". Bonelli disse que analisa "a questão criminal, e não a política, envolvendo Carla". Além disso, afirmou que entregou a deputada por um "dever cívico", após ela declarar, em entrevista, que estava "intocável na Itália".
Segundo Bonelli, o Tribunal de Roma deve decidir ainda nesta quinta-feira, 31, se vai manter ou não a prisão de Carla Zambelli. A extradição também será decidida pelo governo italiano.
Segundo apurou o Estadão com investigadores, a deputada Carla Zambelli foi localizada pelo adido da Polícia Federal em Roma, que trabalha na embaixada, em conjunto com as autoridades italianas.
De acordo com autoridades do governo italiano, Zambelli deve ficar na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma, até que seja tomada uma definição sobre sua extradição.
Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ter pedido a um hacker a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, para emitir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.