Rebeldes derrubam ditadura na Síria e Assad vai para Rússia

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Uma ofensiva-relâmpago de 10 dias na Síria colocou fim a uma das ditaduras mais sangrentas e longevas do Oriente Médio, capaz de resistir por anos durante a chamada Primavera Árabe. O ditador sírio, Bashar Assad, abandonou o poder neste domingo, 8, e fugiu para a Rússia poucas horas antes da milícia rebelde Hayat Tharir al-Sham (HTS) chegar a Damasco e declarar vitória sobre o regime, que teve início em 1971 com Hafez Assad, pai de Bashar.

Na primeira aparição pública após a conquista, o líder dos rebeldes, Abu Mohammed Jolani, afirmou que a queda de Assad representa uma "vitória para a nação islâmica". Ele falou diante de uma multidão reunida na Mesquita Omíada, um marco de Damasco que ele visitou depois de entrar na capital. "Uma nova história, meus irmãos, está sendo escrita em toda a região após esta grande vitória", declarou.

Conforme avançavam sobre Damasco, os rebeldes também libertaram milhares de prisioneiros políticos que estavam presos sob o regime de Assad. Nas redes sociais, vídeos publicados mostram os presos na saída da prisão e comemorando nas ruas da capital.

Após a tomada da cidade pelos rebeldes, pelo menos cinco locais no centro e no subúrbio de Damasco foram incendiados. Todos eles serviam de instalações governamentais ou militares, segundo a verificação do jornal The New York Times. A residência oficial do ditador e uma sala do Palácio Presidencial foram invadidas e saqueadas.

CELEBRAÇÕES

Após a queda, uma multidão foi às ruas para expressar entusiasmo, mas também preocupação sobre o futuro, incerto depois de 13 anos de uma guerra civil que deixou mais de meio milhão de sírios mortos e milhões de refugiados ao redor do mundo.

Imagens e estátuas de Hafez Assad e de Bashar, que estava no governo desde 2000, foram destruídas por multidões em Damasco aos gritos de "Deus é o maior". As comemorações também se estenderam para o Líbano, que abriga mais refugiados sírios per capita do que qualquer outro país do mundo. As celebrações foram vistas em Beirute, na cidade de Trípoli, ao norte, e na fronteira entre os dois países. "Qualquer coisa é melhor do que Bashar," disse Sami Abdel-Latif, um refugiado de Hama que estava voltando para se juntar à esposa e quatro filhos.

"Esse é uma sensação pela qual esperamos há 14 anos" disse Malak Matar, que se preparava para retornar à capital, Damasco. "(Agora) os sírios têm que criar um Estado bem organizado e cuidar de seu país", acrescentou.

TRANSIÇÃO

Antes de abandonar o país, Bashar Assad ordenou que os membros do governo dessem início a uma transição pacífica de poder. Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Síria chamou a mudança de "um novo capítulo na história do país". "Vamos consagrar um novo acordo nacional de união que reúna todos os sírios", diz o texto.

O primeiro-ministro sírio, Mohammad Ghazi Jalali, disse que ficaria no país e que estava pronto para trabalhar com quem os sírios escolhessem como próximo líder. A declaração foi bem-recebida pelos rebeldes do HTS, que prometeram trabalhar com Jalali. O premiê vai supervisionar as instituições do país até que o novo governo seja estabelecido.

A transição também deve considerar a participação de outros grupos rebeldes presentes no país, como os curdos, no norte. O HTS, uma milícia islâmica que surgiu com raízes no Estado Islâmico e na Al-Qaeda, prometeu incluir outras forças nas negociações.

Os países árabes e muçulmanos do Oriente Médio também pediram uma transição pacífica no país. O Irã, que deu sustentação ao regime de Assad, pediu que o futuro da Síria seja "responsabilidade exclusiva" dos sírios, em um recado para a Turquia e os Estados Unidos, que têm relações com os outros grupos rebeldes do país.

Outra aliada de Assad, a Rússia solicitou uma consulta fechada de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir a queda e as repercussões para a segurança na região, informaram diplomatas.

INSTABILIDADE

Apesar de comemorada, a queda de Assad também causa preocupação na população do Oriente Médio depois do fracasso de sucessivos movimentos da Primavera Árabe que derrubaram ditaduras na região. Nascidos com uma aspiração democrática, muitos resultaram em conflitos e em outros governos autoritários. "Vimos isso acontecer antes," disse Saeed Sawy, engenheiro na capital egípcia, Cairo. "Vimos isso na Líbia, na Tunísia, no Iêmen e no Sudão. As pessoas se regozijam com a queda dos tiranos, depois discordam e lutam, e uma guerra civil começa."

Sob o temor de que a queda de Assad aumente a instabilidade regional, os países vizinhos da Síria reforçaram a segurança ao longo das fronteiras. O Líbano anunciou que fecharia todas suas passagens fronteiriças com o país, exceto uma. A Jordânia também fechou uma passagem de fronteira.

O Exército de Israel disse que entrou em uma zona de amortecimento desmilitarizada no território das Colinas do Golã, estabelecida por um acordo de cessar-fogo de 1974, após os soldados sírios abandonarem suas posições. Segundo o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, a ocupação da zona é temporária. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 47,8% das intenções de voto contra 44,2% do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, em pesquisa AtlasIntel/Bloomberg sobre a disputa presidencial de 2026 divulgada nesta quinta-feira, 31.

O levantamento indica um crescimento 3,2 pontos porcentuais de Lula e uma queda de 2,2 pontos porcentuais de Bolsonaro, ante a última sondagem. Segundo a Atlas/Bloomberg, é a primeira vez, desde janeiro, que Lula aparece à frente de Bolsonaro neste cenário, que reproduz a disputa de 2022.

Em terceiro lugar, aparece o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 3,2%. Já a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), 1,4%. Votos em branco e nulos somam 1,7%.

Quando o nome de Bolsonaro é substituído por quatro presidenciáveis do campo da direita, Lula fica com 48,5%. Ante a última pesquisa, de junho, Lula subiu 3,9 pontos porcentuais.

Neste cenário, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem 33%, ante 34% do último levantamento. Em seguida, mas distantes, aparecem os governadores do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), com 3,6%, de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), com 3,6%, e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), com 3%.

Depois, vem Ciro, com 2,9%. Pablo Marçal, que foi julgado inelegível, aparece com 2,2%. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), tem 0,4%, Não sabem, votos em branco ou nulos somam 2,8%.

A AtlasIntel/Bloomberg também pesquisou um cenário com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), mas sem Jair Bolsonaro e Tarcísio. Neste recorte, Lula tem 48,5%, enquanto Michelle aparece com 29,7%. Zema aparece com 6,6%, Caiado com 4,6%, Ratinho Júnior com 4,2%, Ciro com 2,8%, Marçal com 1,7% e Leite com 0,6%. Não sabem, votos em branco ou nulos são 1,6%.

Com Fernando Haddad (PT) no lugar de Lula, o ministro da Fazenda fica com 34,2%. Neste recorte, Tarcísio tem 33,8%, Ciro 8,5%, Zema 4%, Leite 3%, Ratinho 2,9%, Caiado 2,8% e Marçal 1,7%. Não sabem, votos em branco e nulos somam 9%.

Segundo turno

Em cenários de segundo turno, nos números apurados pela pesquisa, Lula venceria todos os adversários.

- Lula (50,4%) x Tarcísio (46,6%);

- Lula (50,6%) x Michele (45,9%);

- Lula (50,1%) x Jair Bolsonaro (46,3%);

- Lula (50,7%) x Zema (40,6%);

- Lula (50,3%) x Caiado (39,7%);

- Lula (50,5%) x Ratinho Júnior (39,7%);

- Lula (49,6%) x Leite (25,7%).

A pesquisa faz parte do relatório Latam Pulse, que fornece dados mensais sobre a situação política, social e econômica do País. O levantamento foi realizado com 7.334 respondentes em recrutamento digital aleatório. A margem de erro é de 1 ponto porcentual e o nível de confiança, de 95%. O período de coleta foi de 25 a 28 de julho.

O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), defendeu nesta quarta-feira, 30, uma "solução equilibrada" para o tarifaço a produtos brasileiros promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O parlamentar saiu em defesa do Poder Judiciário, "elemento essencial para a preservação da soberania nacional, que é inegociável".

"O Parlamento acompanha de perto cada desdobramento dessa questão, em conjunto com o Executivo e o Judiciário, para assegurar a proteção da nossa economia e a defesa intransigente das instituições democráticas", diz o posicionamento assinado por Davi Alcolumbre. "O caminho da cooperação internacional deve prevalecer, com o objetivo de restabelecer a confiança mútua e manter a histórica parceria entre as duas nações."

Mais cedo na quarta, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), rechaçou a aplicação de sanções contra autoridades do País. Sem fazer referência ao tarifaço de Trump, Motta frisou que a democracia é sustentada pelo Executivo, pelo Legislativo e pelo Judiciário e que estes devem atuar com "independência e harmonia".

O governo Trump incluiu Alexandre de Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky nesta quarta-feira. É a primeira autoridade de um país democrático a ser punida com a medida, criada para restringir direitos de violadores graves de direitos humanos, como condenados por tortura, tráfico humano e assassinatos em série.

Horas depois de sancionar Moraes, o governo americano ratificou a imposição de tarifas de 50% às importações do Brasil. Quase 700 produtos foram incluídos como exceção e serão isentos da taxa. Entre as principais mercadores prejudicadas, estão o café e as carnes. Um cálculo preliminar da consultoria Leme Consultores aponta que as 694 exceções da gestão Trump atenuam os efeitos do tarifaço em 41%.

Uma comitiva de senadores desembarcou nos Estados Unidos no início da semana para tentar reverter a imposição das tarifas. Em nota, a comitiva diz que "todas as agendas da delegação foram voltadas à reconstrução do diálogo político" entre os parlamentares dos dois países. Se confirmadas, as taxas passam a valer a partir de 6 de agosto.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, participa nesta quinta-feira, 31, do programa da Ana Maria Braga, na TV Globo. A entrevista ocorre um dia após a oficialização da tarifa de 50% a produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Alckmin afirmou que o governo Lula continua com as negociações com os Estados Unidos e a intenção é aumentar o comércio com o país. "Negociações começam hoje", disse.

"Nós não criamos o problema, mas queremos resolver", afirmou o vice-presidente, destacando que um contato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente dos EUA precisa de uma preparação.

"Vamos trabalhar para preservar empregos, produções e para avançar em mercados", afirmou.