Israel anuncia bombardeios no sul do Líbano 3 dias após acordo de cessar-fogo

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O Exército de Israel anunciou bombardeios contra o Hezbollah no Líbano três dias após o frágil cessar-fogo entrar em vigor. A Defesa israelense afirma que os alvos estavam relacionados ao transporte de armas do grupo, que acusa de violar o acordo.

O cessar-fogo no Líbano foi estabelecido na semana passada, após meses de destrutivos ataques aéreos e combates. Pelo acordo, as forças israelenses devem se retirar gradualmente do sul do Líbano no prazo de dois meses. A milícia xiita Hezbollah, por sua vez, deve recuar de posições ao norte do rio Litani e desmantelar sua infraestrutura militar no sul do país.

Ainda não está claro, contudo, quando cerca de 1 milhão de pessoas deslocadas pelo conflito poderão voltar para casa em segurança. Israel afirma ter bombardeado o sul do Líbano após detectar atividades do Hezbollah que representam ameaça e descreveu quatro ataques.

O Exército justificou que um dos alvos, na fronteira entre Líbano e Síria, estava sendo "ativamente usado" pelo Hezbollah para transportar armas da Síria ao Líbano, o que descreveu como uma violação do acordo de cessar-fogo.

Os outros três ataques, afirma a Defesa israelense, foram lançados ao identificar integrantes da milícia libanesa se aproximando de estruturas do Hezbollah, carregando armas ou se envolvendo no que descreveu como atividade terrorista. O exército se recusou a fornecer mais detalhes sobre esses ataques.

O Hezbollah não comentou imediatamente sobre os bombardeios. Desde o início do cessar-fogo, na quarta-feira, 27, Israel já atacou pelo menos dois outros locais descritos como infraestrutura do Hezbollah. Apesar dos ataques esporádicos, a trégua parecia se manter no Líbano diferente do que ocorre em Gaza, onde as forças israelenses mantém a ofensiva no norte do enclave palestino.

A Defesa Civil Palestina em Gaza acredita que mais de 70 pessoas morreram em ataques em Beit Lahia, ao norte da Cidade de Gaza, mas afirma que não conseguiu acessar o local em razão do bloqueio israelense.

"Famílias inteiras foram exterminadas no norte de Gaza, e não sabemos nada sobre elas", afirma o comunicado da Defesa Civil - que não diferencia civis e combatentes ao divulgar números de mortos no conflito. "Há sobreviventes que permanecem sob os escombros por muito tempo, e não há defesa civil para resgatá-los."

Equipes de resgate estão impossibilitadas de operar no norte de Gaza desde o início da ofensiva israelense, há quase dois meses. O serviço de internet e telefone na área também tem sido instável nos últimos dias, dificultando ainda mais o acesso a informações confiáveis sobre as vítimas.

O Exército de Israel, por outro lado, negou os ataques aéreos em Beit Lahia e atribuiu os relatos à "propaganda falsa do Hamas", embora confirme que mantém a operação contra o Hamas na Faixa de Gaza.

O Exército declarou que opera "com base em inteligência precisa e confiável contra terroristas e alvos do Hamas, não contra civis em Gaza". Acrescentou ainda que a área mencionada é uma "zona de guerra ativa". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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Após as medidas cautelares adotadas pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, aumentou no X o engajamento em torno de postagens contrárias ao ex-presidente e favoráveis à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Levantamento da Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados mostra que, entre as 9h de segunda-feira, 21, e o mesmo horário desta terça-feira, 22, três expressões atribuídas à esquerda apareceram nos "trending topics" da rede de Elon Musk.

Na análise dos dez termos no topo do engajamento, "Chuva de Lula" estava em primeiro lugar, com um milhão de menções. Em quinto lugar, aparecia a expressão "Democracia Sempre", com 411 mil menções. O nono lugar era ocupado pelo termo "Eduardo Bolsonaro cassado", com 110 mil postagens.

A única menção atribuída à direita nos "trending topics" no período foi "Reaja Brasil", com 2 milhões de menções. Embora o número individual de menções seja maior para a direita, o X leva em consideração outros fatores para ranquear o engajamento dos usuários, como volume de menções, compartilhamentos, curtidas, comentários e o fato de ser um tópico recente.

Ainda segundo o estudo da Nexus, outros termos da esquerda ganharam destaque na rede fora das primeiras posições, como "Bolsonaro preso amanhã" e "Vai Xandão". A análise do X levou em conta uma amostra de 41 mil publicações em português relacionadas com a decisão de Moraes.

No Google Trends, a palavra "impeachment" chegou a ocupar a 10ª posição da lista de buscas no brasil no mesmo período, como mais de 10 mil ocorrências. O termo foi associado a outras pesquisas, como "impeachment moraes" e "alexandre de moraes impeachment".

O mesmo estudo também analisou a repercussão da decisão de Moraes de bloquear contas bancárias, bens e salário do deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho do ex-presidente que foi morar nos EUA.

O volume de postagens capturadas no X, Instagram e Facebook entre domingo, 20, e hoje revela aumento de 67% nas citações ao parlamentar em comparação a períodos anteriores. No Google Trends, o nome do deputado foi buscado mais de 2 mil vezes no decorrer de 13 horas.

A investigação deflagrada nesta terça-feira, 22, pela Polícia Federal para apurar desvios de recursos do Dnit do Amapá apontou que o empresário Breno Barbosa Chaves Pinto, segundo suplente do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), usava o nome do senador para desviar recursos em licitações.

O empresário foi alvo de buscas nesta terça-feira, 22, no âmbito da Operação Route. Segundo a PF, Chaves Pinto fazia tráfico de influência - "influía em atos de agente público" para "obter vantagens indevidas".

Não existem indícios da participação de Alcolumbre nos fatos investigados, de acordo com a PF e o Ministério Público Federal. Por isso, o caso tramita na Justiça Federal do Amapá.

Por meio de nota, o presidente do Senado disse que não possui relação com as empresas citadas na operação da PF, nem com a atuação do segundo suplente, alvo da apuração. "Alcolumbre reitera seu respeito às instituições e entende que todos os envolvidos devem prestar os devidos esclarecimentos à Justiça, respeitado o devido processo legal", diz nota da assessoria do senador.

Se houvesse indícios de envolvimento do senador, o caso teria que ser enviado ao Supremo Tribunal Federal, foro especial destinado à investigações contra parlamentares e ministros.

A investigação apura fraudes em licitações e desvios em contratos de R$ 60 milhões do Dnit do Amapá.

A decisão da Justiça Federal que autorizou a operação descreveu as citações a Alcolumbre e apontou que não há indícios de crimes por parte do parlamentar.

"Quanto à menção ao Senador da República Davi Alcolumbre, cujo (segundo) suplente é o investigado Breno Barbosa Chaves Pinto, observo que tanto a Autoridade Policial quanto o Ministério Público Federal são categóricos em afirmar a ausência de qualquer indício de participação dolosa do parlamentar nos fatos apurados. A hipótese acusatória é de que o investigado Breno se utilizava de sua proximidade com o senador para, a pretexto de influir em atos de agente público, obter vantagens indevidas, conduta que se amolda ao tipo penal de tráfico de influência (art. 332, CP), crime este que se consuma com a mera solicitação ou obtenção da vantagem a pretexto da influência, não exigindo a participação ou ciência do funcionário público em questão", escreveu Jucelio Fleury Neto, juiz titular da 4ª Vara Federal do Amapá.

A PF diz que o superintendente do Dnit no Amapá, Marcello Linhares, favoreceu empresários nas licitações sob suspeita. Um dos favorecidos nas fraudes seria o suplente de Alcolumbre.

"Breno é considerado figura central no esquema criminoso, operando como agente ativo de ingerência institucional no Dnit/AP. Ele se valia de sua influência política (segundo suplente do senador Davi Alcolumbre) e de sua relação pessoal com o Superintendente Marcello Vieira Linhares", diz a decisão.

As investigações financeiras demonstraram, segundo a Operação Route, "vultosos e sucessivos saques em espécie, que ultrapassam R$ 3 milhões, das contas de suas empresas, em datas próximas a pagamentos de contratos públicos, configurando indícios de lavagem de capitais".

Outro investigado, o superintendente do Dnit no Amapá, Marcello Vieira Linhares, foi afastado do cargo. Ele seria "o vértice público do esquema, utilizando-se de seu cargo para direcionar os certames em favor das empresas dos demais investigados".

A análise de dados telemáticos, segundo a investigação, "revela diálogos e troca de documentos sigilosos entre o superintendente do Dnit e procuradores das empresas antes mesmo da publicação dos editais, além do uso de linguagem cifrada e comportamento destinado a ocultar as tratativas ilícitas, como o ato de apagar mensagens trocadas".

A Operação Route cumpriu nesta terça, 22, onze mandados de busca e apreensão. Os desvios teriam ocorrido em licitações e contratos para manutenção e recuperação da rodovia BR-157.

COM A PALAVRA, O DNIT

Em nota oficial, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que "colabora com a investigação, visando a completa elucidação dos fatos".

"As instâncias de integridade da autarquia também estão apurando os fatos a fim de adotar as medidas administrativas que forem necessárias. O Departamento repudia qualquer prática fraudulenta ou ato de corrupção e conta com uma Política Antifraude e Anticorrupção que, entre outros aspectos, deixa clara essa premissa. O DNIT está em permanente contato com os órgãos de controle e reafirma que pauta sua atuação dentro da legalidade e lisura, respeitando todos os princípios éticos da administração pública."

COM A PALAVRA, BRENO BARBOSA CHAVES PINTO

Até a publicação deste texto, a reportagem buscou contato com a defesa, mas sem sucesso. O espaço segue aberto.

Deputados da oposição ergueram uma bandeira de apoio ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante entrevista em que protestaram contra decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O dirigente da casa legislativa proibiu duas comissões da Casa de realizarem sessões que homenageariam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Delegado Caveira (PL-PA) e Sargento Fahur (PSD-PR) drapearam a bandeira com os dizeres "Trump Make America Great Again (lema da campanha do americano)". Ao ver a frase, o líder da oposição, Zucco (PL-RS), demoveu os parlamentares. "Estou te pedindo por favor para não fazer isso. Pode prejudicar", disse.

O presidente da Comissão de Segurança Pública, Paulo Bilynskyj (PL-SP), disse que a bandeira foi retirada por não ser o "foco da reunião" desta terça-feira, 22.

Bolsonaristas tentam se afastar da ideia de que foram Bolsonaro e o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) os responsáveis pela imposição de 50% sobre todos os produtos brasileiros pelo governo americano.

O próprio Bolsonaro negou isso. "Isso é lá do governo Trump. Não tem nada a ver com a gente. Querem colar na gente os 50%. Mentira", disse. "Eu não tenho contato com autoridades americanas."

Eduardo, porém, disse nesta segunda-feira, 21, que a possibilidade da imposição de tarifas foi discutida em reuniões que ele teve com autoridades do governo dos Estados Unidos antes do anúncio da medida.

Investigadores da PF entendem que as ações de Bolsonaro tiveram um resultado concreto contra o governo brasileiro, com a promessa de imposição do tarifaço de 50% por Trump aos produtos exportados pelo Brasil.

A investigação apontou que o próprio ex-presidente passou a vincular publicamente a revogação dessa medida com a aprovação de uma anistia aos acusados de golpe. Nos autos constam postagens nas redes sociais e entrevistas concedidas por Eduardo e Jair Bolsonaro.

Os colegiados de Segurança Pública e de Relações Exteriores - presidido por Filipe Barros (PL-PR) - fariam sessão nesta terça-feira para aprovar uma moção de louvor a Bolsonaro. Depois de conversar com lideranças da oposição, Motta decidiu por proibir a sessão.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que a decisão de Motta é "ilegal". "Temos subserviência até para submeter a uma decisão ilegal. Eu não sei até quando", disse.

Deputados bolsonaristas colocaram uma placa com o nome do ex-presidente na mesa do plenário onde ocorreria a sessão. O deputado General Pazuello (PL-RJ) advertiu Zucco sobre o item, afirmando que poderia "dar problema" caso continuasse sendo exibido na Casa.

Em tese, a Câmara não está oficialmente em recesso. Para isso, seria necessário que o Congresso votasse a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) - o que não ocorreu, algo que vem acontecendo com frequência nos últimos anos.

Mesmo assim, os presidentes da Câmara e do Senado adotam um "recesso branco", em que a pauta de todo o Legislativo federal é desocupada no mesmo período que deveria ser do recesso: duas semanas.

É em razão do recesso branco que as comissões podem funcionar normalmente neste período.