Putin ameaça usar míssil com capacidade nuclear em Kiev

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O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou nesta quinta-feira, 28, bombardear "centros de decisão" de Kiev, capital da Ucrânia, com um míssil balístico Oreshnik, armamento com capacidade de transportar ogivas nucleares utilizado pela primeira vez em combate na semana passada.

A ameaça de Putin foi feita após um novo bombardeio massivo contra regiões ucranianas - o segundo nesta semana -, que deixou cerca de 1 milhão de pessoas sem energia. A Rússia vem usando a estratégia de atacar a infraestrutura da Ucrânia à medida que o inverno se aproxima. O objetivo é comprometer a capacidade de manter as residências aquecidas no período de frio.

"O Ministério da Defesa e o Estado-Maior do Exército da Rússia estão atualmente selecionando alvos para atacar no território da Ucrânia. Esses alvos podem incluir instalações militares, empresas da indústria de defesa ou centros de tomada de decisão em Kiev", afirmou Putin, durante reunião de cúpula da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), que inclui ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, em Astana, no Casaquistão.

Quando questionado sobre se planejava atacar alvos militares ou civis em Kiev, Putin respondeu com uma piada da era soviética sobre a previsão do tempo: "Hoje, ao longo do dia, tudo é possível."

O presidente russo anunciou que a indústria de defesa da Rússia já está produzindo novas unidades do Oreshnik, uma arma que atinge dez vezes a velocidade do som e tem capacidade de transportar múltiplas ogivas nucleares, o que provocou um alerta entre analistas para o potencial aumento do risco de um conflito atômico.

Ameaça

Putin disse que o Oreshnik é "indetectável" e "comparável em força a um ataque nuclear", se usado várias vezes em um único local. "O impacto cinético é poderoso, como a queda de um meteorito. Sabemos na história onde os meteoritos caíram e quais as consequências. Às vezes, foi o suficiente para formar lagos inteiros", disse. "Caberá a nós escolher os meios de destruição, considerando a natureza do alvo selecionados e as ameaças representadas à Rússia."

Ao confirmar o uso de um míssil balístico de alcance intermediário contra um complexo industrial militar de Dnipro, na semana passada, Putin argumentou que a opção pelo armamento era uma resposta à autorização dada por americanos e britânicos para que a Ucrânia usasse armas de longo alcance em ações contra o território russo.

Ontem, após os bombardeios contra a infraestrutura energética da Ucrânia, Putin voltou a mencionar o uso de armas ocidentais, dizendo que a ofensiva era uma resposta à utilização delas em combate, embora ataques no mesmo estilo tenham sido realizados desde o início da guerra.

"As ações do nosso lado foram em resposta aos ataques em território russo com mísseis ATACMS, dos EUA. Como eu disse repetidamente, nós sempre responderemos", afirmou o presidente russo.

Ao todo, as forças da Rússia lançaram 100 mísseis e 466 drones contra a Ucrânia nos últimos dois dias, segundo balanço divulgado por Putin. A Força Aérea ucraniana afirmou que abateu 79 de 91 mísseis disparados, e 35 de 97 drones na madrugada de ontem. Não houve registro de mortos. No entanto, mais de uma dezena de alvos foram atacados. Segundo o governo ucraniano, foram 12 instalações atingidas. Nos cálculos de Putin, foram 17.

Trump

Embora as novas ameaças de Putin causem preocupação, muitos analistas acreditam que, após usar o Oreshnik uma vez como demonstração, é improvável que ele escale o conflito antes de Donald Trump assumir a presidência dos EUA, tentando tirar proveito de sua proximidade com o futuro presidente americano.

Ontem, Putin elogiou Trump e disse ter ficado chocado com as tentativas de assassinato durante a campanha americana. "Em minha opinião, ele não está seguro", afirmou. "Infelizmente, na história dos EUA, vários incidentes aconteceram. Acho que ele é inteligente. Espero que seja cauteloso e entenda isso." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes manifestou ceticismo quanto ao avanço da proposta que visa revisar as penas dos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, além de defender que a responsabilidade pelo julgamento do caso permaneça com o Judiciário. A declaração foi feita na segunda-feira, 5, durante um evento promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), realizado na Espanha.

"Acho fundamental que esse crime fique entregue aos tribunais. A eventual condenação ou absolvição dos responsáveis por esse episódio todo. Demos passos significativos. Até pouco tempo, falávamos que só os executores tinham sido atingidos. Agora, percebemos que também a cúpula desse movimento foi atingida", afirmou o decano do STF.

Gilmar Mendes declarou que a Corte se "orientou pelo dever de ação que decorre da Constituição" ao julgar os envolvidos nos atos do 8 de Janeiro e afirmou que o Supremo agiu em defesa da democracia.

"Nós poderíamos estar aqui, muitos de nós, contando a história de um golpe. Mas estamos aqui, ao contrário, com uma história constitucional de resistir a uma tendência autoritária, totalitária", disse Gilmar.

Também presente no seminário, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, disse que as sanções não devem ser desfeitas por "capricho político". O chefe da PF afirmou que as investigações conduzidas pela corporação identificaram não apenas os autores diretos das ações, mas também planos envolvendo homicídios e ataques à ordem democrática.

"São situações muito graves e que não podem simplesmente ser apagadas por capricho político. A minha posição, e é pública, é contrária ao processo de anistia, e as pessoas têm que ser responsabilizadas pelos graves crimes que cometeram", declarou o chefe da PF.

Já o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que abriu os discursos no evento, preferiu não emitir opinião sobre a possível anistia, argumentando que o tema ainda está em análise tanto no Judiciário quanto no Legislativo.

O evento, sediado na Universidade Complutense de Madri, abordou temas relacionados à segurança jurídica e à jurisdição constitucional. O seminário ocorreu na capital espanhola e contou com ingressos comercializados ao custo de R$ 9 mil.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) comemorou nesta terça-feira, 6, a decisão do ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), de autorizar advogados a participarem da sessão com seus celulares.

A Primeira Turma do STF decide nesta terça se recebe ou não a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os sete acusados do "núcleo de desinformação" do plano de golpe.

A OAB chegou a orientar advogados a boicotarem a sessão se a ordem para entregar os aparelhos fosse mantida, assim como ocorreu no último julgamento do golpe. Os celulares foram colocados em sacos plásticos e lacrados pela equipe do STF.

Em nota, o presidente da OAB, Beto Simonetti, afirma que o recuo demonstra que "o diálogo prevaleceu". Ele esteve com Zanin na semana passada para conversar sobre o assunto.

"Com a decisão, o ministro prestigiou o respeito às prerrogativas profissionais", comenta Beto Simonetti.

O presidente da OAB afirma ainda que mantém o "compromisso de atuar em todas as instâncias e órgãos para proteger o livre exercício da advocacia e coibir qualquer tentativa de violação de prerrogativas".

O STF proíbe que as sessões das turmas e do plenário sejam fotografadas e filmadas pela plateia. Segundo o tribunal, a regra foi burlada no julgamento do recebimento da primeira denúncia do plano de golpe, que colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados no banco dos réus. Por isso, o uso de celulares por advogados e jornalistas foi proibido na sessão seguinte, que também tinha relação com o inquérito do golpe.

Além disso, o ex-assessor da Presidência Filipe Garcia Martins, um dos denunciados, estava proibido de captar e divulgar imagens do julgamento e de aparecer nas filmagens.

Ao ser questionado pela OAB, Zanin informou que determinou a lacração dos celulares com base no poder de polícia do presidente da Primeira Turma, "após consenso entre os integrantes do colegiado, diante de questões específicas daquele julgamento".

"A providência foi pontual visou e buscou observar a liturgia da Suprema Corte, o bom andamento da sessão e o cumprimento da decisão do ministro relator, que vedou o uso da imagem de um dos denunciados presentes naquela sessão", informou o ministro.

Logo após a sessão em que os celulares foram confiscados, o tribunal foi procurado pelo Estadão e informou que a restrição havia sido pontual e que não havia previsão de a regra ser mantida em outros julgamentos.

Leia a íntegra da nota da OAB:

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) parabeniza o ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, por ter retirado a exigência de que os advogados lacrem seus celulares para participar da sessão. O diálogo prevaleceu e, com a decisão, o ministro prestigiou o respeito às prerrogativas profissionais, de acordo com o Estatuto da Advocacia (Lei 9.806/94) e com a Constituição Federal.

A OAB destaca que a comunicação respeitosa e o compromisso com a legalidade fortalecem a relação entre as instituições e garantem a segurança jurídica. Mantemos nosso compromisso de atuar em todas as instâncias e órgãos para proteger o livre exercício da advocacia e coibir qualquer tentativa de violação de prerrogativas. A defesa da profissão é compromisso permanente e inegociável da entidade.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira, 6, para a Primeira Turma receber denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os sete acusados do "núcleo de desinformação" do plano de golpe.

Como relator, Moraes abriu os votos na Primeira Turma do STF. O ministro rebateu as defesas e argumentou que as acusações precisam ser analisadas no contexto do plano de golpe.

"O núcleo de desinformação tem essa importância: tentar transformar mentira em uma dúvida na sociedade em relação à democracia, às instituições, à Justiça Eleitoral", contextualizou o ministro.

Moraes destacou, por exemplo, que as fake news supostamente disseminadas pelo "núcleo de desinformação" coincidem com declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em discursos públicos e lives, o que na avaliação do ministro demonstra uma atuação coordenada.

"Não se trata da acusação de que 'ah, uma pessoa simplesmente repassou uma notícia para outra'. O que a denúncia traz é o núcleo atuando em conformidade estratégica com outros núcleos, cada um dentro das suas tarefas nessa organização criminosa", complementou o ministro.

Neste grupo, estão sete denunciados que, segundo a PGR, ficaram responsáveis por "operações estratégicas de desinformação" e ataques ao sistema eleitoral e a instituições e autoridades.

As defesas buscaram descolar os denunciados das lideranças do plano de golpe. Em sustentação oral na tribuna da Primeira Turma do STF, os advogados dos sete acusados alegaram que seus clientes não tinham poder decisório nem influência suficiente para contribuir para o 8 de Janeiro.

Para o ministro, os denunciados do "núcleo de desinformação" do golpe contribuíram, "em maior ou menor extensão", para o plano golpista.

"Toda a estrutura do núcleo político, cuja denúncia já foi recebida, instrumentalizou as duas ordens pelo núcleo de desinformação, como narra a denúncia", defendeu Moraes.

Moraes é o relator das ações do plano de golpe.

O ministro também fez referência ao relatório da Polícia Federal no inquérito das milícias digitais, que apontou uma "atuação orquestrada" de bolsonaristas para promover ataques e fake news com o objetivo de ganhar projeção política e de lucrar com a monetização de notícias falsas nas redes sociais.

"Havia núcleo de produção, divulgação e financiamento de notícias fraudulentas e o núcleo político. Esses fatos são comprovados", disse Moraes.

Ele afirmou que o grupo se valeu do mesmo "modus operandi das milícias digitais" para jogar uma parcela da população contra o Poder Judiciário e o sistema eleitoral. "Não se pode relativizar a força, que pode ser uma força maléfica, das redes sociais."

Veja quem são os denunciados do 'núcleo de desinformação' do golpe:

- Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército

- Ângelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército

- Carlos César Moretzsohn Rocha, ex-presidente do Instituto Voto Legal;

- Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército e ex-servidor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);

- Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército;

- Marcelo Araújo Bormevet, policial federal e ex-servidor da Abin;

- Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército.