Matt Gaetz desiste de ser secretário de justiça do governo Trump depois de escândalo sexual

Internacional
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O ex-deputado Matt Gaetz desistiu de assumir o cargo de secretário de Justiça dos Estados Unidos, que acumula a função de Procurador-Geral, depois dos escândalos sexuais que o envolvem. Ele havia sido anunciado pelo presidente eleito Donald Trump no início da semana e precisaria da aprovação do Senado para assumir o cargo, mas a nomeação foi ofuscada pelos processos que o investigam por tráfico sexual.

Nas redes sociais, o ex-deputado da Flórida justificou a desistência pela atenção que o seu caso estava recebendo. Segundo o comunicado dele nas redes sociais, a nomeação estava "injustamente se tornando uma distração para o trabalho crítico da transição Trump-Vance". "Não há tempo a perder em uma briga desnecessariamente longa em Washington, portanto retirarei meu nome para servir como secretário de Justiça", escreveu.

Gaetz era investigado pela Câmara dos Representantes e pelo Departamento de Justiça, que ele iria chefiar no ano que vem. Na segunda-feira, 18, um advogado que representa duas mulheres que testemunharam contra ele disse que uma delas o viu fazendo sexo com uma adolescente numa festa em 2017. As testemunhas também disseram que fizeram sexo por ele por dinheiro e que Gaetz parecia estar sob efeito de drogas.

Apesar das alegações, as conclusões da investigação na Câmara dos Representantes não devem ser divulgadas por causa da renúncia de Gaetz ao cargo de deputado, na semana passada. O Comitê de Ética decidiu que não iria divulgar o relatório final pelo fato dele não ser mais membro da Casa dos Representantes.

Após a desistência do ex-deputado, Trump reiterou em uma mensagem na sua rede social, a Truth Social, que o caso de Gaetz estava sendo uma "distração" e desejou sorte ele. "Ele estava indo muito bem, mas, ao mesmo tempo, não queria ser uma distração para o governo, pela qual ele tem muito respeito", disse o presidente eleito. "Matt tem um futuro maravilhoso, e estou ansioso para assistir a todas as grandes coisas que ele fará!"

Na sua mensagem, Gaetz afirmou que continuaria fiel a Trump, a quem chamou de "presidente mais bem-sucedido da história". "Serei eternamente honrado pelo fato de o presidente Trump ter me nomeado para liderar o Departamento de Justiça e tenho certeza de que ele salvará a América", escreveu no X.

A equipe de transição de Trump diz que ele anunciará a nova escolha para o cargo assim que decidir. "O presidente Trump continua comprometido em escolher um líder para o Departamento de Justiça que defenderá firmemente a Constituição e acabará com a militarização do nosso sistema de justiça", disse Karoline Leavitt, porta-voz da equipe de transição.

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A Faculdade de Direito da USP realizou na manhã desta sexta-feira, 25, um ato em defesa da soberania nacional. A mobilização foi motivada pela decisão do governo de Donald Trump de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

Segundo a organização, mais de 250 entidades da sociedade civil aderiram à manifestação, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Vladimir Herzog. Cerca de mil pessoas participaram do evento no Salão Nobre da faculdade, que estava lotado e decorado com bandeiras do Brasil, faixas verde e amarelas e banners com os dizeres "Soberania" e "Democracia".

A convocação foi assinada pelo diretor da Faculdade de Direito, Celso Campilongo, e pela vice-diretora Ana Elisa Bechara. Ana participou da leitura da Carta em Defesa da Soberania Nacional, ao lado da psicóloga Cida Bento, autora do livro O Pacto da Branquitude.

Um dos trechos do documento afirma: "Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza, mais uma vez, na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses sociais e econômicos de todos os brasileiros".

Antes da leitura da carta, Campilongo alertou para o risco de violação de princípios básicos do Direito Internacional. "A soberania nacional, o respeito aos direitos básicos do Direito Internacional estão sendo solapados por esta situação de constrangimento, de ameaça, de abuso de poder - de um lado político, mas, juntamente com este poder político, também de um poder econômico."

Estiveram presentes no evento diversas figuras da política brasileira, como Aloizio Mercadante, presidente do BNDES; Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Edinho Silva, presidente eleito do PT; e José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) montou uma barraca na Praça dos Três Poderes em protesto contra as medidas judiciais impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lopes ainda colocou um esparadrapo na boca sustentando que a liberdade de expressão está ameaçada no País.

O deputado publicou nas redes sociais uma carta aberta em que diz que o Brasil "não é mais uma democracia". "Não estou aqui para provocar. Estou aqui para demonstrar a minha indignação com essas covardias. Não estou incentivando ninguém a fazer o mesmo", disse.

Questionado pela reportagem por que ele resolveu se acampar, ele se manteve calado.

Diante de novas perguntas, o deputado reagiu gesticulando negativamente, manifestando o desejo de permanecer sem falar, com a mordaça na boca, enquanto lia o capítulo de Provérbios, do Velho Testamento da Bíblia.

Apesar de declarar-se em silêncio, a conta do parlamentar nas redes sociais continuaram ativas e, por lá, ele se manifestava: "Muito obrigado pelas mensagens de carinho. Mesmo em silêncio, tenho sentido cada palavra, cada oração e cada apoio que chega de todos os cantos do Brasil", escreveu em sua conta o X.

A manifestação chamou a atenção de poucos transeuntes, em sua maioria bolsonaristas. O primeiro político a chegar foi o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que deu um abraço no deputado e disse que irá acampar ao lado de Lopes.

"Estamos procurando uma forma de mostrar ao Brasil o que está acontecendo", disse. Segundo ele, ainda que Lopes tenha dito que não está "incentivando ninguém a fazer o mesmo", num futuro breve poderiam ter outras dezenas de acampamentos na Praça dos Três Poderes.

A Polícia Militar do Distrito Federal acionou a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, conhecida como DF Legal, dizendo que acampamentos não podem ficar na área da Praça, a mesma que foi invadida nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

O deputado se recusou a sair e policiais discutem qual a melhor estratégia a ser adotada neste momento.

Bolsonaro disse que passaria perto da manifestação de Lopes, mas não iria parar "senão politiza".

Na avaliação do ministro dos Transportes, Renan Filho, a família Bolsonaro tem caminhado cada vez mais para a extrema direita e, por isso, o governo do presidente Lula deve ocupar mais o centro, visando as eleições presidenciais do ano que vem.

Em conversa com a imprensa após participar de um painel na XP Expert, em São Paulo, Renan Filho destacou que "há muita possibilidade" de isolar o bolsonarismo na extrema-direita, principalmente após o deputado Eduardo Bolsonaro ter se licenciado de seu mandato e mudado para os Estados Unidos.

"É um ataque que está sendo feito à própria democracia", disse Renan Filho, em relação às negociações de Eduardo Bolsonaro nos EUA que culminaram na imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros.

Para Renan Filho, é possível "reconstituir uma frente ampla", apresentando um projeto para o País que agregue, além da centro-esquerda, uma parte maior do próprio centro.