Trump e Kamala concentram eventos finais no Estado-chave da Pensilvânia

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Na véspera do dia da eleição, ambos os candidatos presidenciáveis dos Estados Unidos decidiram fazer seus eventos finais de campanha no Estado-pêndulo da Pensilvânia, onde pode ser decidido o futuro presidente. Kamala Harris passou toda esta segunda-feira, 4, no Estado, especialmente em Scranton, cidade natal de Joe Biden. Enquanto Donald Trump se dividiu entre três Estados-chaves: Pensilvânia, Michigan e Carolina do Norte.

A disputa presidencial continua acirrada ao entrar em suas horas finais. A tumultuada campanha de 2024 - na qual o presidente democrata em exercício se retirou semanas antes da convenção de nomeação de seu partido e o indicado republicano sobreviveu a duas tentativas de assassinato - está concluindo em uma atmosfera de extrema incerteza, com um eleitorado profundamente dividido.

O ex-presidente fez um discurso de 90 minutos, cheio de queixas, na Carolina do Norte. Falando com uma voz rouca e parecendo cansado, Trump zombou de perguntas sobre sua idade e capacidade mental, e pediu aos apoiadores que permanecessem fortes, dizendo: "Este será nosso momento final". Da Pensilvânia ele segue para o Michigan, onde encerra a noite de véspera das eleições.

Kamala está concentrando toda a sua energia na Pensilvânia e seus 19 delegados. Ela agradeceu aos trabalhadores da campanha em Scranton, cidade natal do presidente Biden, e fez uma série de aparições pelo Estado com celebridades, incluindo Katy Perry, Lady Gaga e Oprah Winfrey.

As fileiras de assentos vazios eram perceptíveis no comício da Carolina do Norte para Trump, cujas multidões diminuíram nos últimos dias, apesar de sua tendência de se gabar sobre o comparecimento em seus comícios. Em várias de suas aparições recentes em Estados-campo de batalha, os locais não estavam lotados e alguns participantes saíram mais cedo.

Trump subiu ao palco em Raleigh, Carolina do Norte, dizendo que o Estado do sudeste era "nosso". Ele começou criticando o governo Biden em relação à imigração e atacando os democratas, sem apresentar provas, por crimes que ele atribui à imigração ilegal.

O republicano parecia confiante, dizendo ao seu público: "Com a Carolina do Norte, sempre cheguei lá". "Meu único propósito em estar aqui hoje é: saiam e votem", disse Trump, alto, mas com a voz rouca.

Ali ele tentou se redimir dos comentários preconceituosos que fez há duas semanas sobre Porto Rico ao se referir ao local como uma "ilha flutuante de lixo" durante um comício em Nova York. "Quero dizer, Porto Rico é ótimo", disse. "Ajudamos Porto Rico mais do que ninguém".

Já na Pensilvânia, Estado que deu a vitória a Biden em 2020, Trump atraiu milhares de apoiadores para a Santander Arena, mas, mais uma vez, muitos dos 7.200 assentos do local continuavam vazios mais de uma hora depois do horário previsto para sua entrada no palco. A campanha pendurou uma grande bandeira americana perto do fundo da arena, bloqueando a visão das seções posteriores, atrás do palco para a imprensa, que estavam vazias.

Ele disse aos seus apoiadores que estava esperando quatro anos pela eleição e a chamou de "o evento político mais importante da história do nosso país". Trump, que se recusou a reconhecer que perdeu a eleição presidencial há quatro anos. "Apenas um dia. Vocês têm que aparecer", acrescentou. Ele também disse aos seus apoiadores que eles precisam aparecer em massa e "simplesmente inundar as urnas amanhã".

Kamala foca em um Estado

O último dia de campanha de Kamala será sobre um Estado apenas, Pensilvânia, com a candidata democrata cobrindo a comunidade em quatro eventos. Ali as pesquisas mostram os candidatos empatados indo para o dia da eleição.

Ela deu início à véspera da eleição com um evento para incentivar o voto em Scranton, pedindo aos apoiadores que estavam prestes a bater de porta em porta que aproveitassem as últimas 24 horas de sua campanha. "Voces estão prontos para fazer isso?", gritou, com uma grande placa feita à mão "Vote pela Liberdade" atrás dela e uma faixa semelhante "Vote" ao seu lado.

Mesas perto da vice-presidente estavam cheias de materiais de campanha, incluindo cabides de porta que serão deixados nas portas por toda a área de Scranton. Ela pediu aos apoiadores que entendessem que "há uma enorme diferença entre mim e o outro cara", referindo-se a Trump. "Nas próximas 24 horas, vamos aproveitar este momento para bater na porta de um vizinho", disse ela.

"Quando concorri pela primeira vez a um cargo como promotora, comecei com 6% nas pesquisas, então qualquer um que saiba disso é seis em 100. Ninguém pensou que eu poderia vencer. E eu costumava fazer campanha com minha tábua de passar roupa", continuou.

"Eu andava até a frente do mercado, do lado de fora, e colocava minha tábua de passar roupa de pé, porque, veja bem, uma tábua de passar roupa é uma ótima mesa", acrescentou Harris, lembrando como ela colava pôsteres na parte externa do mercado, enchia o topo com panfletos e "exigia que as pessoas falassem comigo enquanto entravam e saíam do mercado".

"É assim que eu amo fazer campanha. Não faço mais tanto, obviamente", disse, soando melancólica. Kamala foi eleito promotora pública de São Francisco em 2003.

O Estado da Pensilvânia foi o mais visitado por ambos os partidos desde março. Foram mais de 80 visitas dos republicanos e democratas. Dos sete Estados considerados campo de batalha, a Pensilvânia é o que tem o maior eleitorado. Os demais Estados visitados foram Michigan (63 vezes), Wisconsin (50), Carolina do Norte (45), Arizona (27), Geórgia (26) e Nevada (25). (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou nesta segunda-feira, 28, que a comitiva do Senado que viajou rumo aos EUA para negociar a sobretaxa de 50% imposta aos produtos nacionais não terá sucesso em sua empreitada e que ele irá atrapalhar o processo. "Eu trabalho para que eles não encontrem diálogo", disse em entrevista ao SBT News.

Composta por oito senadores de diferentes partidos, a delegação começou nesta segunda seus trabalhos nos EUA e se reuniu com representantes do setor privado na capital do país. O grupo também tenta se encontrar com autoridades do governo americano com o objetivo de atrasar ou reverter a taxação de produtos nacionais.

Eduardo, no entanto, disse que o grupo não deve encontrar nenhum representante de alto escalão da Casa Branca e que a missão "está fadada ao fracasso".

Para o deputado, as negociações para evitar o tarifaço não podem ser apenas econômicas. "O problema é uma crise institucional, é um problema dentro do Judiciário, é um problema político e não meramente econômico. Se o Brasil der um primeiro passo para mostrar que está disposto a resolver essa situação, o Trump abre uma mesa de negociação", afirmou.

"Eles (comitiva de senadores), vindo com essa visão estritamente comercial da coisa (tarifaço) - quando o Trump já deixou claro em declarações, post nas redes sociais e até mesmo em uma carta que o problema não é estritamente comercial, mas sim institucional - dão esperança a essas autoridades, principalmente do Judiciário, de que existe meio termo", disse o deputado.

O deputado defende o uso taxas como ferramenta para pressionar o Congresso Nacional a conceder anistia pelos condenados por tentativa de golpe de Estado, incluindo seu pai.

Na carta que comunicou o tarifaço, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que "o modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional" e pediu o fim do julgamento que investiga a participação de Bolsonaro na trama golpista. O filho do ex-presidente teria participado da reunião em que o tarifaço foi debatido.

Para Eduardo, a missão do Senado deve "prolongar o sacrifício dos brasileiros" ao não oferecer proposta de anistia. O deputado também disse que as tarifas não devem ser adiada, uma vez que "o Brasil tem sido ineficiente em dar a resposta" exigida pelo presidente dos Estados Unidos.

A maioria dos brasileiros não acredita que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, será capaz de reverter a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 7 de julho, Trump criticou os processos na Justiça brasileira contra Bolsonaro, chamando-os de "caça às bruxas". Dois dias depois, citando a situação jurídica do aliado, anunciou uma tarifa de 50% aos produtos do Brasil nos Estados Unidos.

Para 59% dos entrevistados pela Genial/Quaest, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira, 28, a investida do republicano não reverterá o quadro jurídico de Bolsonaro, enquanto 31%, acreditam que sim. São 10% os que não sabem ou não responderam.

A Genial/Quaest realizou 2.004 entrevistas entre os dias 10 e 13 de julho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%.

Bolsonaro acumula duas penas de inelegibilidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não pode concorrer a cargos eletivos até 2030. Além disso, é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022.

A avaliação do impacto de Trump no quadro jurídico de Bolsonaro acompanha o voto do entrevistado no segundo turno da eleição presidencial de 2022. Entre os que votaram em Lula, 69% acham que Trump não reverterá a inelegibilidade do aliado, enquanto 23% dizem que sim e 8% não responderam.

Entre os que votaram em Bolsonaro, 46% acreditam que a investida do americano surtirá efeito, enquanto 45% dizem que não e 9% não responderam.

Já entre os que votaram branco ou nulo ou não foram votar, 59% descreditam a investida de Trump, enquanto 27% avaliam que o tarifaço pode mudar a situação de Bolsonaro e 14% não responderam.

A avaliação do tarifaço de Trump também muda conforme os recortes de posicionamento político do entrevistado. Entre os que se consideram petistas, 67% dizem que o tarifaço não ajudará Bolsonaro; entre quem se considera de esquerda, o índice chega a 80%.

Entre bolsonaristas, 52% acreditam que as tarifas de Trump ajudarão o ex-presidente; entre os que se consideram de direita, o índice é de 40%.

Bolsonaro está inelegível até quando?

Em junho de 2023, o TSE condenou Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação pela reunião com embaixadores em julho de 2022. Na ocasião, o então presidente atacou, sem apresentar provas, as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral do País.

Três meses depois, em outubro de 2023, o ex-chefe do Executivo foi condenado pelo TSE mais uma vez, por abuso de poder político durante o feriado de Dia da Independência em 2022. Os ministros da Corte eleitoral concluíram que ele usou a data cívica para fazer campanha.

No mês seguinte, o ministro Benedito Gonçalves, do TSE, impôs mais uma condenação a Bolsonaro por abuso de poder durante o Sete de Setembro. Em junho de 2024, o ministro Raul Araújo anulou essa decisão, permanecendo as demais condenações.

Bolsonaro acumula duas penas por inelegibilidade, mas não há soma no tempo das condenações. O prazo da inelegibilidade do presidente segue até 2030, oito anos após 2022.

Além das condenações na esfera eleitoral, o ex-presidente é réu no STF por tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022. Bolsonaro aguarda a abertura do prazo para apresentar as alegações finais no processo. Segundo a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro foi "o principal articulador, maior beneficiário e autor dos mais graves atos executórios voltados à ruptura do Estado Democrático de Direito".

"No exercício do cargo mais elevado da República, instrumentalizou o aparato estatal e operou, de forma dolosa, esquema persistente de ataque às instituições públicas e ao processo sucessório", afirma o procurador Paulo Gonet no parecer que pediu a condenação de Bolsonaro e outros sete réus do "núcleo crucial" da trama golpista. O ex-presidente nega.

O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou na última sexta-feira, 25, que o ex-procurador da República Deltan Dallagnol, que foi coordenador da extinta Operação Lava Jato, pague em até 15 dias a indenização de R$ 135,4 mil ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por danos morais pela divulgação do PowerPoint para ilustrar a denúncia do tríplex no Guarujá, em 2016.

O valor havia sido fixado em R$ 75 mil pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 2022, mas foi atualizado com a correção monetária e a aplicação de juros. Segundo a ordem de cumprimento da sentença, expedida pelo juiz Carlo Brito Melfi, caso Dallagnol não cumpra o prazo de pagamento, pode receber uma multa de 10%, além de honorários advocatícios de 10%.

O caso não cabe mais recurso, já que o último apresentado foi rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em junho do ano passado. No entanto, Dallagnol pode ainda questionar a correção do valor da indenização. O Estadão procurou o ex-procurador para comentar sobre o caso, mas ainda não obteve retorno.

Na época, Dallagnol afirmou que o STF está em "lua de mel" com o governo. "Não há nada mais tirânico e perigoso para o Estado de Direito e para a democracia do que um Judiciário que decide politicamente, punindo inimigos e beneficiando aliados", disse em nota.

Ao decidir pela condenação, concluíram que houve "excesso" no detalhamento da denúncia à imprensa e que o ex-procurador ofendeu a honra e a reputação do petista.

Em 2016, Deltan Dallagnol participou de uma entrevista coletiva para o esclarecimento da denúncia relativa ao caso do tríplex do Guarujá. Na coletiva, o ex-procurador utilizou uma imagem criada no PowerPoint para apontar Lula como "maestro" e "comandante" do esquema criminoso investigado na Lava Jato.

De acordo com os advogados de Lula, Dallagnol feriu direitos de personalidade do petista em rede nacional de televisão, exercendo um juízo de culpa mesmo antes do início da ação penal, além de trazer acusações que nem sequer faziam parte da denúncia. Ainda segundo eles, a entrevista coletiva foi replicada na mídia brasileira e internacional, ampliando a dimensão do dano à imagem do presidente.

O caso do tríplex levou à primeira condenação de Lula na Operação Lava Jato, imposta pelo então juiz Sérgio Moro, com pena inicial de nove anos e seis meses de prisão, pena reduzida para 8 anos, 10 meses e 20 dias. Após ficar 580 dias preso, o petista foi beneficiado por uma decisão do Supremo que reconheceu nulidades e extinguiu as ações contra ele.

Em abril de 2021, o STF declarou a suspeição do ex-juiz federal Sérgio Moro ao condenar Lula na ação do triplex do Guarujá. Os ministros votaram pelo entendimento de que Moro foi parcial no caso enquanto atuava como juiz na 13.ª Vara Federal de Curitiba.