Caminhão invade ponto de ônibus e deixa 35 feridos perto de base militar em Israel

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Um caminhão invadiu um ponto de ônibus e deixou ao menos 35 pessoas feridas em Tel Aviv, uma das maiores cidades de Israel, neste domingo, 27. Além de estar perto da sede do Mossad (agência de espionagem e inteligência de Israel) e de uma base militar, o ponto de ônibus também fica perto de um cruzamento central de rodovias.

Segundo as forças de segurança de Israel, pelo menos seis pessoas estão em estado grave. As causas estão sendo investigadas, mas, segundo a mídia local, a polícia suspeita de um ataque terrorista.

"Às 10h08, um relatório foi recebido no Centro de Atendimento de Emergência 101 da MDA na região de Yarkon sobre um caminhão batendo em um ponto de ônibus na Aharon Yariv Boulevard em Ramat Hasharon. Os paramédicos e paramédicos do MDA estão fornecendo tratamento médico no local para dezenas de vítimas", disse o serviço de emergência de Israel em um comunicado.

Segundo o jornal The Times of Israel, oito pessoas estavam presas no caminhão quando os médicos chegaram ao local. "Um caminhão atingiu dezenas de pessoas que desembarcaram em um ponto de ônibus. Oito dos feridos ficaram presos sob o caminhão e outros estavam deitados e andando perto dele", disse um médico ao jornal.

Um porta-voz do serviço de ambulâncias de Israel, citado pelo jornal israelense Haaretz, disse que muitos dos feridos eram idosos que desembarcaram de um ônibus antes de uma visita à base das Forças de Defesa de Israel (IDF) em Glilot. Asi Aharoni, um porta-voz da polícia israelense, disse aos repórteres que o agressor foi "neutralizado".

O motorista do caminhão, o israelense Rami Nasrallah Natour, da cidade árabe de Kalansua, no centro de Israel, foi morto a tiros por civis no local, segundo a AFP. A polícia está investigando se outros suspeitos o ajudaram no ato.

Escalada de tensões

Entre sexta-feira, 25, e sábado, 26, Israel promoveu ataques aéreos contra o Irã. Várias explosões foram ouvidas em Terrã, capital do país.

No domingo, 27, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, falou pela primeira vez sobre os ataques. Ele disse que a ofensiva israelense prejudicou gravemente as capacidades de defesa iranianas e o ataque contra o Irã foi preciso, poderoso e atingiu todos os seus objetivos. O governo iraninano disse que vai responder de forma "proporcional".

O Exército de Israel lançou uma série de ataques aéreos contra o Irã na noite desta sexta-feira, 25, (manhã de sábado no horário local), 25 dias depois de ter sido alvo de um ataque de mísseis balísticos iranianos, lançados no começo do mês como resposta à morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram em um comunicado na madrugada deste sábado, 26, que concluiu os ataques aéreos contra o Irã, e que os bombardeios foram "precisos e direcionados" contra alvos militares em diversas áreas do país. Segundo comunicado, foram realizadas três ondas de ataques ao território iraniano.

Várias explosões foram ouvidas em Teerã, capital do país. A imprensa local informou que o governo iraniano irá responder de forma "proporcional". Com o cumprimento da promessa de que iria retaliar o Irã, Israel aumenta o risco de uma guerra total no Oriente Médio, já imerso em dois conflitos simultâneos em Gaza e no Líbano.

Os alvos do ataque ainda não estão claros, mas foram registradas explosões nas cidades de Teerã, Isfahan e Mashad. Em um raro reconhecimento público de uma ação militar, o Exército de Israel anunciou que estava conduzindo operações contra alvos militares no Irã. Não está claro também como - ou se -o Irã vai retaliar.

Este é o segundo ataque aéreo israelense ao Irã neste ano. O primeiro, em abril, teve como alvos militares iranianos em Isfahan, mas teve um alcance limitado, e não foi admitido publicamente pelos israelenses. As forças israelenses, ainda de acordo com o Exército, estão de prontidão.

As tensões entre os dois países têm crescido desde os atentados terroristas do Hamas contra Israel, há um ano. Desde então, grupos radicais islâmicos patrocinados pelo Irã, que incluem também o Hezbollah, os houthi e milícias sírias e iraquianas têm atacado Israel num conflito de baixa intensidade que tem se tornado cada vez mais perigoso.

Publicamente, autoridades iranianas tentaram diminuir a severidade do ataque. As agências Fars e Irna disseram que os sons de explosão ouvidos em Teerã no começo da manhã eram da artilharia antiaérea iraniana. Apesar disso, a imprensa estatal reconheceu que bases aéreas foram atacadas em algumas regiões.

Segundo a força de defesa aérea nacional do Irã, Israel atacou bases militares em três províncias iranianas, incluindo Teerã, causando "danos limitados", acrescentando ainda que as defesas aéreas iranianas foram capazes de reduzir os danos, apesar de avaliações adicionais estarem em andamento.

Por volta das 5h, pelo horário local, o exército israelense anunciou que havia completado "ataques retaliatórios contra alvos militares no Irã". "Nossos aviões retornaram para casa em segurança", disse o comunicado.

Aeronaves israelenses miraram instalações de fabricação de mísseis, conjuntos de mísseis terra-ar e outros locais militares. Na mesma declaração os militares israelenses alertaram o Irã contra uma nova escalada, dizendo que, neste caso, Israel seria "obrigado a responder".

Retaliação da retaliação

Os militares do Irã disseram neste sábado que os ataques de Israel contra eles visaram bases militares nas províncias de Ilam, Khuzestan e Teerã, causando "danos limitados".

A declaração dos militares iranianos foi lida na televisão estatal, que não mostrou imagens dos danos descritos. Os militares iranianos alegaram que a defesa aérea limitou os estragos causados pelos ataques, sem apresentar evidências.

A agência semi-estatal iraniana Tasnim afirmou que o Irã está preparado para responder a "agressão israelense", segundo fontes do governo. "Não há dúvida de que Israel enfrentará uma reação proporcional a qualquer ação que tomar", informaram as fontes.

A mídia estatal iraniana afirmou que as autoridades de inteligência do país estão investigando o ataque. Segundo a imprensa local, as explosões ouvidas podem ser resultado da atuação do sistema de defesa.

Americanos a par do ataque

O governo americano foi avisado com antecedência do ataque e estava ciente de todos os detalhes do plano israelense. "Entendemos que Israel está realizando ataques direcionados contra alvos militares no Irã como um exercício de autodefesa e em resposta ao ataque de mísseis balísticos do Irã contra Israel", disse Sean Savett, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

O porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, disse em comunicado por vídeo que as capacidades ofensivas e defensivas estão completamente mobilizadas. E que não há mudanças nas recomendações para os israelenses até o momento.

"Em resposta aos meses de ataques contínuos do regime iraniano contra o Estado de Israel, as Forças de Defesa de Israel estão neste momento conduzindo ataques precisos contra alvos militares no Irã", anunciou Hagari.

"O regime do Irã e seus representantes na região têm atacado implacavelmente Israel desde 7 de outubro", seguiu o porta-voz. "Como qualquer outro país soberano do mundo, o Estado de Israel tem o direito e o dever de responder."

Uma fonte do governo israelense disse à CNN americana que o ataque foi desenhado após semanas de discussão e teve como alvo ativos iranianos que poderiam representar um risco a Israel e que um bombardeio mais amplo, contra alvos nucleares ou econômicos, foi descartado.

Explosões em Teerã

Moradores de Teerã relataram ter ouvido várias explosões na madrugada deste sábado (horário local). A agência iraniana Fars News disse que Israel atacou várias bases militares no oeste e no sul da capital iraniana. Foram reportadas ainda explosões na área do Aeroporto Internacional Imam Khomeini, mas a agência estatal IRNA afirma que o terminal segue em funcionamento, sem ordem para o cancelamento de voos.

Maryam Naraghi, uma jornalista iraniana, disse que ouviu fortes explosões no leste de Teerã, onde vive. "Foi muito perto de onde estou", relatou. Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ouvir as sirenes na região, que inclui bases militares e o complexo de Parchin, associado à fabricação de mísseis.

Além dos ataques contra o Irã, foram registradas também explosões na Síria.

(Com agências internacionais)

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A Faculdade de Direito da USP realizou na manhã desta sexta-feira, 25, um ato em defesa da soberania nacional. A mobilização foi motivada pela decisão do governo de Donald Trump de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

Segundo a organização, mais de 250 entidades da sociedade civil aderiram à manifestação, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Vladimir Herzog. Cerca de mil pessoas participaram do evento no Salão Nobre da faculdade, que estava lotado e decorado com bandeiras do Brasil, faixas verde e amarelas e banners com os dizeres "Soberania" e "Democracia".

A convocação foi assinada pelo diretor da Faculdade de Direito, Celso Campilongo, e pela vice-diretora Ana Elisa Bechara. Ana participou da leitura da Carta em Defesa da Soberania Nacional, ao lado da psicóloga Cida Bento, autora do livro O Pacto da Branquitude.

Um dos trechos do documento afirma: "Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza, mais uma vez, na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses sociais e econômicos de todos os brasileiros".

Antes da leitura da carta, Campilongo alertou para o risco de violação de princípios básicos do Direito Internacional. "A soberania nacional, o respeito aos direitos básicos do Direito Internacional estão sendo solapados por esta situação de constrangimento, de ameaça, de abuso de poder - de um lado político, mas, juntamente com este poder político, também de um poder econômico."

Estiveram presentes no evento diversas figuras da política brasileira, como Aloizio Mercadante, presidente do BNDES; Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Edinho Silva, presidente eleito do PT; e José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) montou uma barraca na Praça dos Três Poderes em protesto contra as medidas judiciais impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lopes ainda colocou um esparadrapo na boca sustentando que a liberdade de expressão está ameaçada no País.

O deputado publicou nas redes sociais uma carta aberta em que diz que o Brasil "não é mais uma democracia". "Não estou aqui para provocar. Estou aqui para demonstrar a minha indignação com essas covardias. Não estou incentivando ninguém a fazer o mesmo", disse.

Questionado pela reportagem por que ele resolveu se acampar, ele se manteve calado.

Diante de novas perguntas, o deputado reagiu gesticulando negativamente, manifestando o desejo de permanecer sem falar, com a mordaça na boca, enquanto lia o capítulo de Provérbios, do Velho Testamento da Bíblia.

Apesar de declarar-se em silêncio, a conta do parlamentar nas redes sociais continuaram ativas e, por lá, ele se manifestava: "Muito obrigado pelas mensagens de carinho. Mesmo em silêncio, tenho sentido cada palavra, cada oração e cada apoio que chega de todos os cantos do Brasil", escreveu em sua conta o X.

A manifestação chamou a atenção de poucos transeuntes, em sua maioria bolsonaristas. O primeiro político a chegar foi o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que deu um abraço no deputado e disse que irá acampar ao lado de Lopes.

"Estamos procurando uma forma de mostrar ao Brasil o que está acontecendo", disse. Segundo ele, ainda que Lopes tenha dito que não está "incentivando ninguém a fazer o mesmo", num futuro breve poderiam ter outras dezenas de acampamentos na Praça dos Três Poderes.

A Polícia Militar do Distrito Federal acionou a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, conhecida como DF Legal, dizendo que acampamentos não podem ficar na área da Praça, a mesma que foi invadida nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

O deputado se recusou a sair e policiais discutem qual a melhor estratégia a ser adotada neste momento.

Bolsonaro disse que passaria perto da manifestação de Lopes, mas não iria parar "senão politiza".

Na avaliação do ministro dos Transportes, Renan Filho, a família Bolsonaro tem caminhado cada vez mais para a extrema direita e, por isso, o governo do presidente Lula deve ocupar mais o centro, visando as eleições presidenciais do ano que vem.

Em conversa com a imprensa após participar de um painel na XP Expert, em São Paulo, Renan Filho destacou que "há muita possibilidade" de isolar o bolsonarismo na extrema-direita, principalmente após o deputado Eduardo Bolsonaro ter se licenciado de seu mandato e mudado para os Estados Unidos.

"É um ataque que está sendo feito à própria democracia", disse Renan Filho, em relação às negociações de Eduardo Bolsonaro nos EUA que culminaram na imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros.

Para Renan Filho, é possível "reconstituir uma frente ampla", apresentando um projeto para o País que agregue, além da centro-esquerda, uma parte maior do próprio centro.