Orlando Drummond, o 'Seu Peru' da 'Escolinha', sai de cena aos 101 anos

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Humorista, ator e dublador, figura conhecida há décadas na televisão brasileira, Orlando Drummond - o Seu Peru da Escolinha do Professor Raimundo - morreu ontem no Rio, aos 101 anos de idade, em decorrência de falência múltipla de órgãos, segundo informou a assessoria da TV Globo. Como dublador, emprestou sua voz a personagens marcantes como Scooby-Doo, Popeye e Alf, o Eteimoso. Deixa a mulher, Glória, dois filhos, cinco netos e três bisnetos.

Drummond não chegou a apresentar, ao longo das últimas décadas, qualquer histórico de grandes problemas de saúde. Apenas em 2015 foi que começou a ter quadros de tontura. No mesmo ano, sofreu acidente em sua casa, fraturando quatro costelas e foi internado. No ano seguinte, aos 96, sofreu queda de pressão e caiu da escada, fissurando o fêmur. Em abril de 2021, foi internado com infecção urinária grave.

O sucesso de Seu Peru, na Escolinha, abriu-lhe espaço para uma de suas últimas aparições na TV, em um episódio especial da versão mais recente do programa, gravado em 2019. Na ocasião, contracenou com Marcos Caruso - que interpreta o Seu Peru na fase mais recente do programa - e foi aplaudido pelos atores da nova geração.

Na mesma época, já beirando os 100 anos, também apresentou um de seus últimos trabalhos como dublador, fazendo a voz do Vingador, de A Caverna do Dragão, para a propaganda de uma marca de carros.

Drummond nasceu em 18 de outubro de 1919, no bairro de Todos os Santos, zona norte do Rio de Janeiro. Era o sétimo filho de seu pai, Arthur Candido Cardoso, e o quinto da mãe, Alcinda Drummond. Começou a trabalhar como entregador de armazém aos 13 anos e aos 17 foi atrás de seu primeiro emprego "de fato", vendendo na rua os chapéus de uma loja no centro.

Incentivado pelo pai, foi aprovado em um concurso para o Departamento Administrativo do Serviço Público, tornando-se escriturário no Ministério do Trabalho. Sem se adequar à função, pediu demissão e foi ser vigia em um posto de gasolina.

No rádio

Só em 1942 ele teve seu primeiro trabalho na rádio, uma de suas paixões. A vaga era para ser contrarregra na Rádio Tupi. A convite de Paulo Gracindo, que considerava seu "guru", fez dois testes como ator e exibiu sua veia cômica. Depois, Drummond conseguiu emplacar pontas mais bem-sucedidas em seis episódios do Grande Theatro Eucalol.

Entre os personagens de destaque no início da carreira, interpretou Fifico Papoula - o primeiro de trejeitos afeminados, como outros tantos que faria. Em 1953, surgiu o índio Taco, dupla de Pataco (Otávio França), do humorístico Uma Pulga na Camisola, que foi ao ar na rádio e na TV Tupi.

Nos anos 2000, Pataco e Taco retornaram ao ar no Zorra Total, da Globo, com Paulo Silvino no lugar de França. "Nem acreditei quando o (diretor do Zorra) Maurício Sherman ligou para me convidar para voltar com o quadro. Antes de responder o "sim" eu só falava no telefone: "Pezinho pra frente! Pezinho pra trás!", repetindo o bordão do personagem.

Com Ankito

Como ator, fez sua estreia no filme O Rei do Movimento, protagonizado por Ankito em 1954. Foi a primeira vez em que fez um personagem afeminado no cinema, Natanael, dono de uma loja de joias que aparece em apenas duas cenas. Em Angu de Caroço, outro filme de Ankito, lançado no ano seguinte, voltou a interpretar um homossexual, Lulu. Orlando Drummond voltaria às grandes telas no filme O Doce Esporte do Sexo, de Chico Anysio, no ano de 1971.

Em 1956, na TV Tupi, ele participou de Ali Babá e os Quarenta Garçons e ainda fez o Hotel da Sucessão e Marmelândia, o País das Maravilhas. Com os investimentos feitos na televisão, muitas demissões ocorriam na rádio da emissora, o que acabava sobrecarregando parte dos artistas. Sem se sentir valorizado pela direção e sem receber os salários em dia, Drummond decidiu ir para a rádio Mayrink Veiga, como ensaiador e diretor.

Em 1963 e 1964 se destacou com a imitação do ex-presidente Jânio Quadros. O próprio Drummond não aprovava a paródia bêbada do político: "Não é minha responsabilidade a maneira de apresentar o programa, o personagem. Eu, como artista disciplinado, obedecia às marcações que o produtor preparava e dava minha melhor atuação".

Aos 54 anos, com o tempo de trabalho necessário para se aposentar e se dedicar mais à dublagem, decidiu se desligar da Tupi em negociação amigável.

A parceria com Chico Anysio teve início em 1982, quando Drummond foi chamado para fazer pequenas participações no Chico Anysio Show. Quatro anos depois, ganharia seu primeiro personagem fixo no programa, o Cachorro Jorge, um cão "malufista", à época em que o governo de José Sarney tentava driblar a hiperinflação.

Seu Peru

Em 1988, foi chamado para integrar o elenco da Escolinha do Professor Raimundo. Curiosamente, o personagem Seu Peru não foi criado pensando nele. Chico Anysio lembrou-se de outros personagens gays de Drummond, que ganhou uma chance e ficou. Em 1992 o programa era exibido durante a tarde. Em 1998, foi participar do Zorra Total, que seria lançado em 2000. Desta vez, a Escolinha voltava como quadro.

Chico Anysio e Orlando Drummond ainda voltaram a se encontrar em 2010, no encontro entre os vampiros Bento Carneiro e Vamperu, e, pela última vez, no especial Chico e Amigos, em 2011 (Chico morreria no ano seguinte).

Fora dos programas de Chico Anysio, Orlando Drummond teve um currículo breve na televisão nas décadas mais recentes.

Aos 90 anos, já com dificuldades de locomoção e alguns problemas de memória, começou a se afastar das telas. "Eu ainda conseguia decorar os textos, mas na hora de gravar me dava um branco. Por isso, eu mesmo tomei a decisão de conversar com o Maurício (Sherman) para reduzir as gravações", dizia Drummond. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Troféu Imprensa 2025 divulga sua lista de vencedores no SBT na noite deste domingo, 4. Durante a cerimônia, os apresentadores Patricia Abravanel e Celso Portiolli conversaram com Carlos Alberto de Nóbrega, que comanda o humorístico A Praça É Nossa, que recebeu o Troféu Imprensa Pela História por conta de sua trajetória na TV.

Ele se emocionou ao relembrar os passos do pai, Manoel de Nóbrega: "A Praça é a minha vida, porque eu pude continuar um trabalho que o meu pai teve só 14 anos [para fazer], coitado. Eu tô há 38 fazendo. E sempre que eu entro eu me lembro dele".

Na sequência, recordou a importância de Silvio Santos para trazê-lo ao SBT em 1987. "[Foi] a maneira que achei para dizer 'muito obrigado' para o Silvio pelo que ele fez pelo meu pai - Porque todo mundo fala o que meu pai fez pelo Silvio, ninguém fala sobre o que o Silvio fez pelo meu pai. Eu sei."

"Vou dar o meu melhor. No dia que a Praça acabar, não sei, eu vou junto", continuou. Em outro momento, brincou, fazendo referência a Daniela Beyruti, filha de Silvio e presidente do SBT: "Estou aqui há 38 anos e espero ficar mais, viu dona patroa? [Olhou na direção de Daniela] Eu quero fazer 90 anos aqui! [Risos]".

Patricia Abravanel valorizou o prêmio dado a Carlos Alberto de Nóbrega: "É um troféu pela sua história. Você está sendo o primeiro a ganhar um troféu pela sua história, dedicação ao entretenimento, ao humor, à televisão brasileira."

O ator David Harbour passou pelo Brasil em novembro do ano passado, quando participou da conferência D23, da Disney, e falou ao Estadão sobre o que os fãs podiam esperar de Thunderbolts*, novo filme da Marvel que acaba de estrear nos cinemas brasileiros.

Contido e com medo de spoilers, o ator bateu na tecla de que o longa mudaria o rumo da Casa das Ideias - uma conversa que, no final das contas, acaba surgindo sempre em entrevistas com atores da Marvel. Mas, algo chamou a atenção: a devoção de Harbour a Florence Pugh.

Espontaneamente, o Jim Hopper de Stranger Things falou sobre a colega de elenco. Vale ressaltar que, até aquele momento, não estava claro quem seria o protagonista do filme.

"Acho que uma das coisas de que mais gosto em Thunderbolts* é que a Florence Pugh é a líder do filme. Acho que ela tem uma força e uma presença. É provavelmente a melhor atriz entre nós", afirmou Harbour, de maneira muito franca. "Fico feliz em ser ator coadjuvante para uma mulher como ela. É menos sobre diversidade e mais sobre capacidade".

Agora, com Thunderbolts* finalmente nas telonas, dá para notar duas coisas: Florence Pugh é realmente uma atriz extraordinária, elevando a qualidade do filme para outro patamar, e Harbour parece realmente uma pessoa feliz em ser a "escada" do elenco.

O papel de Guardião Vermelho

No novo longa-metragem da Marvel, ele interpreta novamente o Guardião Vermelho, herói da época da União Soviética e que também é o emocionado pai da personagem de Pugh. Aqui, ele passa a fazer parte desse time de anti-heróis ao lado de Yelena (Pugh), Soldado Invernal (Sebastian Stan), John Walker (Wyatt Russell) e Fantasma (Hannah John-Kamen).

Nessa equação toda, Harbour é o mais coadjuvante de todos. Pugh é a protagonista absoluta, Stan tem o peso de já fazer parte do universo há bons anos, Wyatt ganha pontos pelo arco dramático em Falcão e o Soldado Invernal e John-Kamen também sai um pouco à frente por já ter aparecido como vilã de Homem-Formiga e a Vespa. Já Harbour apareceu em Viúva Negra, mas nunca assumindo um posto de peso.

Ainda assim, Harbour é uma das almas de Thunderbolts* - e ajuda o filme a ser realmente bom, livrando um peso das costas da Disney. No novo filme, o norte-americano é o alívio cômico da coisa toda, interpretando esse russo exagerado e histriônico que tenta ter mais proximidade com a filha. Não há grande dramaticidade ou momentos importantes do astro.

"Não quero dar nenhum detalhe a mais. Acho que vocês deveriam ver o filme com uma mente aberta, sem expectativas, e então vão perceber que ele realmente se encaixa no universo, mas o leva para uma direção diferente, o que é divertido", explicou o ator ao Estadão, também em novembro, sem dar pistas exatas sobre seu papel de fato no filme.

Especialista em papéis secundários memoráveis

Harbour construiu uma carreira sólida aparecendo em papéis secundários que, invariavelmente, roubam a cena. Antes de seu grande momento como Jim Hopper, ele já havia demonstrado esse talento em obras como O Segredo de Brokeback Mountain (2005), onde interpretou um personagem pequeno mas marcante.

Na TV, Harbour apareceu em séries aclamadas como The Newsroom, onde interpretou Elliot Hirsch, e Manhattan, como Dr. Reed Akley. Em ambos os casos, mesmo sem ser o protagonista, conseguiu entregar performances que ficaram na memória dos espectadores.

Em Hellboy, de 2019, finalmente ganhou um papel protagonista, mas ironicamente não conseguiu o mesmo brilho que tem em papéis menores. Foi em Viúva Negra que ele realmente mostrou sua vocação para ser o complemento perfeito em grandes produções, roubando as cenas como o Guardião - mesmo dividindo tela com Scarlett Johansson.

"Eu acho que há algo no DNA de alguns atores que os torna especialmente bons em papéis de apoio. É preciso ter capacidade de criar algo memorável em pouco tempo", disse o ator em entrevista à Entertainment Weekly em 2023, questionado sobre ser coadjuvante. "Não é sobre quanto tempo você está na tela, mas o que você faz com esse tempo."

Vale lembrar que, recentemente, Harbour também deixou sua marca em filmes como Sem Remorso, ao lado de Michael B. Jordan, e em Agente Oculto, da Netflix - todos como coadjuvante. Neste ano, também está em um pequeno papel em Resgate Implacável, filme com Jason Statham - ele interpreta um colega da época do exército com problemas de visão.

"Acho que posso não ser a estrela principal em muitos projetos, mas sou aquela peça do quebra-cabeça que ajuda a dar forma ao todo", confessou o ator ao The Hollywood Reporter em uma entrevista de 2022. "E, honestamente, isso me agrada muito. Há uma liberdade criativa em papéis coadjuvantes que nem sempre se tem como protagonista."

Reconhecimento além das câmeras

Mesmo com esse destaque como coadjuvante, porém, Harbour se consagrou e fez seu nome. É querido, reconhecido e tietado. Ao Estadão, falou sobre essa relação com os fãs e a relação com a fama.

"Há dias bons e ruins. É bonito quando seu trabalho toca tanto as pessoas que elas sentem no coração e te amam por isso", reflete o ator, que provocou grande euforia ao aparecer em eventos recentes. Mas ele pondera: "Às vezes pode ser difícil, porque uma das coisas que eu realmente gosto é a sensação de anonimato. No fim, esse é um preço que estou disposto a pagar".

Sabrina Sato publicou um texto em homenagem ao marido, Nicolas Prattes, por conta de seu aniversário de 28 anos de idade, comemorado neste domingo, 4. A postagem foi feita junto a um vídeo com diversos momentos do casal em família.

"Viva você! Viva essa sua alma cheia de luz, propósito e uma vontade quase teimosa de viver tudo intensamente. Como eu admiro tudo isso. Estar ao seu lado é como estar num filme que mistura romance, comédia e aventura e você, claro, é o protagonista gato, forte, sensível, inteligente", escreveu.

Em seguida, Sabrina Sato prosseguiu: "Você me faz sair da minha realidade. Quando estou com você, esqueço dos problemas, das crises existenciais e que eu já tinha 16 anos e estava entrando na faculdade quando você nasceu. Porque você transforma tudo em leveza".

"Obrigada por compartilhar essa vida comigo. Você me faz viver algo único. Surreal. Quase um sonho. Só que com beijo bom, risada boba e amor de verdade. Te amo com tudo o que sou e com tudo o que você é e vem. Feliz aniversário, amor da minha vida."

Confira a publicação de Sabrina Sato em homenagem a Nicolas Prattes aqui.