Fora da zona de conforto

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Diretor, ator e autor celebrado como um dos principais nomes do teatro contemporâneo, Eric Lenate buscava sair de sua zona de conforto que, em sua concepção, lhe foi entregue como uma "herança estrutural", quando surgiu o convite para orquestrar uma oficina dentro do projeto de Oficinas de Montagem do Inbox Cultural, espaço voltado a cursos e produções independentes que tem entre seus professores nomes como Cacá Carvalho, Nelson Baskerville, Camila Raffanti e Fernanda Rocha, além do próprio Lenate.

Nasceu, então, Cemitério Vertical - Poéticas de Resistência à Necropolítica laboratório de montagem de solos no qual o diretor abriu espaço para que jovens atores criadores pusessem em cena obras que girassem em torno da temática principal, a necropolítica a partir das obras do teórico político e historiador camaronês Achille Mbembe e do teórico social e filósofo francês Michel Foucault (1926-1984).

"Ficamos atentos a pessoas que procuraram nossa proposta justamente pela curiosidade sobre o tema em questão - no caso de pessoas que ainda não tinham contato com a obra do professor Mbembe. E também atentos a pessoas que nos procuraram especificamente por se tratar de um trabalho em que as discussões partiriam desta obra", explica.

Foram então selecionados 12 artistas criadores (sete atrizes e cinco atores) para um mergulho ao longo de três meses no estudo da necropolítica e dos retrocessos sociais e em pautas progressistas ao longo da última década.

"Sempre tive um prazer muito grande no caminho pelo autodidatismo, mas descobri um prazer muito maior em aprender junto a outras pessoas. Enquanto transmito o que pude acumular de saber e experiência para pessoas que são menos experientes em termos de tempo de palco, me percebo sempre revendo tudo o que aprendi e percebo também como fórmulas prontas nunca serão a pedra filosofal dentro do teatro", conceitua o encenador.

"Cada pessoa é uma pessoa. Cada corpo é um corpo. Cada voz é uma voz. A tarefa de me dedicar a estimular e a investigar as potencialidades de criação de uma pessoa me é extremamente prazerosa."

Formado por Diego Lima, Juliana Poggi, Lorena Garrido, Luís Paulon, Maria Amélia Lonardoni, Maria Eduarda Pecego, Michelle Braz, Paloma Alecrim, Paulo Castello, Rebecca Loise, Renato Izepp e Vinícius Aguiar, o grupo criou uma série de narrativas que vão desde a vida de uma mulher que vai perdendo sua memória, percepção e sanidade na medida em que seu companheiro se aproveita do isolamento social da pandemia para enclausurá-la com abusos psicológicos, até a bala perdida que sempre encontra um corpo negro.

"Procuramos ao máximo deixar o processo individual de cada pessoa andar de acordo com as necessidades e com o tempo de criação. Se não olharmos para cada pessoa que está conosco como um ser único, o perigo de não conseguirmos enxergar cada uma dessas pessoas plenamente é grande. Dá bastante trabalho e é necessária muita paciência para se trabalhar desaa forma, porque por vezes é necessário esperar, como esperamos o florescer de um botão de rosa. Mas o prazer de assistir a florescimentos e mais florescimentos é indescritível."

Intitulado Cemitério Vertical, o projeto estreou no último sábado, 24, para curtíssima temporada até o dia 1.º de agosto, com transmissão via streaming e ingressos a preços populares. Embora seja produzido por um grupo de atores, o espetáculo não é necessariamente uma obra de grupo, ainda que, com o isolamento social, as interações de atores e atrizes em grupos de curta duração tenham se tornado mais constantes.

Artistas como Ana Elisa Mattos, Erica Montanheiro e Marcelo Varzea já encabeçaram propostas parecidas, enquanto companhias ao redor do Brasil vêm buscando cada vez mais possibilidades de contribuir com artistas de outros Estados, linguagens e histórias. Embora descrente que a pandemia insufle a produção desses novos grupos, Lenate atenta para a proximidade que a distância permitiu a esses artistas.

"Não tenho certeza se a pandemia pode impulsionar novamente esse formato de trabalho. Espero que sim e com experimentações cada vez mais ousadas e surpreendentes. A pandemia nos separou e nos isolou, mas produziu outras formas de aproximação. Como nossa proposta nasceu com essa característica de reservar um momento solo para cada um dos participantes do grupo, resolvemos assumir isso como proposta escolhida e desenhamos a encenação a partir dessas características que foram se configurando para nós."

Transmitido através do site oficial do Inbox Cultural, o espetáculo tem ingressos de R$ 10 a R$ 50, com sessões aos sábados e domingos, sempre às 20h.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Semanas depois de ser anunciado como Severus Snape na série de Harry Potter, Paapa Essiedu foi alvo de críticas dos fãs de J.K. Rowling, criadora da franquia, após assinar uma petição de vários atores e cineastas que pede que estúdios e imprensa se comprometam a defender a comunidade transgênero. Nas redes sociais, usuários têm pedido que a autora, creditada como produtora da nova adaptação da HBO, demitisse Essiedu. Em sua conta no X, antigo Twitter, Rowling disse que não tem autoridade para dispensar membros do elenco e que, mesmo se tivesse, não o faria.

"Não tenho o poder de demitir um ator da série e não o faria se tivesse. Não acredito em tirar o trabalho ou o sustento de alguém porque eles têm crenças protegidas legalmente que diferem das minhas", escreveu a autora.

Rowling e a franquia Harry Potter têm sido muito criticados nos últimos anos por causa das declarações transfóbicas da autora e seu apoio financeiro a grupos políticos que defendem a cassação dos direitos de pessoas transgênero no Reino Unido. Famosos como Pedro Pascal (The Last of Us) e Nicola Coughlan (Bridgerton) se pronunciaram contra a escritora e a franquia nas últimas semanas.

Além de Essiedu, o elenco da nova série de Harry Potter conta com John Lithgow, Nick Frost, Janet McTeer, Paul Whitehouse e Luke Thallon. A estreia está prevista para 2026.

O Supergrass, uma das bandas britânicas mais emblemáticas dos anos 1990 e 2000, confirmou uma apresentação única no Brasil no dia 31 de agosto, no palco do Terra SP, na capital paulista. O show integra a turnê comemorativa de 30 anos do disco I Should Coco, lançado em 1995, e será promovido pela produtora Balaclava Records.

O repertório vai incluir o álbum tocado na íntegra, além de músicas que marcaram a trajetória do quarteto inglês formado por Gaz Coombes, Mick Quinn, Danny Goffey e Rob Coombes - integrado oficialmente ao grupo em 2002. Os ingressos estão à venda no site da Ingresse, com opções de pista e mezanino.

I Should Coco levou o Supergrass ao topo das paradas britânicas e recebeu disco de platina, impulsionado pelo sucesso de Alright. O trabalho de estreia também rendeu faixas como Caught by the Fuzz, Lose It e Mansize Rooster.

Ícone dos anos 1990 e 2000, o Supergrass encerrou suas atividades em 2010, mas voltou à ativa em 2019 para uma série de shows especiais. Desde então, o grupo tem celebrado sua discografia com apresentações pontuais ao redor do mundo.

O vencedor do Oscar Robert De Niro e a atriz Jenna Ortega contracenarão juntos pela primeira vez. A dupla viverá os protagonistas de Shutout, novo filme de David O. Russell (Amsterdam) que seguirá dois golpistas que ganham dinheiro em jogos de sinuca. O longa tem roteiro de Alejandro Adams (Amity) e terá os direitos de distribuição oferecido a estúdios durante o Festival de Cannes.

Shutout acompanha Jake Kejeune (De Niro), um homem desiludido que passou a vida ganhando dinheiro dando golpes em jogadores de sinuca. Um dia, ele conhece Mia (Ortega), uma jovem habilidosa que reacende nele sua motivação para o "trabalho". Guiando os instintos e talentos da garota, Jake e Mia mergulham no mundo competitivo da sinuca, vivendo na corda bamba entre o sucesso financeiro e o fracasso. Com Mia ascendendo ao estrelato e ficando cada vez mais ambiciosa, Jake questiona se ele pode orientá-la ao sucesso ou se o ego da jovem vai ofuscar seus ensinamentos.

Russell e De Niro trabalharam juntos em O Lado Bom da Vida, de 2012, que rendeu duas indicações ao Oscar ao cineasta (Melhor Direção e Melhor Roteiro Adaptado). O diretor ainda foi indicado por seus trabalhos em O Vencedor, de 2010, e Trapaça, de 2013.

Ortega tem diversos projetos encaminhados, incluindo Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes, Klara and the Sun e a segunda temporada de Wandinha, que estreia na Netflix em 6 de agosto.