Festival de documentários musicais In-Edit abre com mais de 50 longas

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O festival In-Edit Brasil começa oficialmente nesta quarta-feira, 16, e segue até o dia 27 com uma seleção de filmes para se ver em casa, de graça ou pagando muito pouco, R$ 3, pela plataforma in-edit-bra sil.com. Uma parte da programação das mais das 50 produções ficará também na plataforma do Sesc Digital, a sescsp.org.br/cine maemcasa, e, a partir de 28 de julho, um dia após o término oficial da exibição, alguns filmes permanecem até 28 de setembro no espaço virtual da Spcine Play: spcineplay.com.br. Ou seja, se há perdas físicas na realização de um festival inteiramente virtual, os ganhos também existem, e a possibilidade de vê-los fora das exigências de horários impossíveis a muita gente é um deles.

A maioria dos filmes vistos com antecedência pela reportagem faz parte da programação nacional e ao menos três deles saltam aos olhos pela carga emocional e pela fuga do costumeiro depoimento seguido de depoimento. Algo muito difícil de se conseguir.

Alzira E - Aquilo Que Eu Nunca Perdi, de Marina Thomé, é um deles. Sensível, investigativo, tem imagens preciosas de arquivo da grande família Espíndola e esforços de uma câmera esperta. Marina olha para Alzira, e já era tempo de alguém fazer isso, sem querer criar conflitos onde eles não existem para valorizar seu personagem. Ela a trata com respeito e valoriza seus muitos encontros, desde a saída do lar dos cinco irmãos artistas, em Mato Grosso do Sul, até a chegada definitiva a São Paulo e sua união com Itamar Assumpção, Luli e Lucina, Luiz Waak, Arrigo Barnabé e Ney Matogrosso. Gente de cantos diferentes que, incrivelmente, falava a mesma língua.

A vida de Jair Rodrigues aparece perfilada por Rubens Rewald no ótimo Deixa que Digam. Sempre foi um desafio biografar Jair, um homem sem conflitos e sem contradições, dois temperos tomados como imprescindíveis às grandes histórias. Talvez um único período de contratempo mencionado no longa de 100 minutos seja um afastamento de Jair da mídia, por um suposto desinteresse por parte dos veículos de comunicação, entre meados dos anos 1980 e entrada dos 90, mas há dúvidas que mesmo isso possa tê-lo afetado. Jair é uma pedreira a quem busca problematizá-lo. Ele não se levantou contra os militares, não por apoiá-los, mas por não politizar a vida para a qual insistia em sorrir.

Não assumiu o passado na lavoura no interior de São Paulo como uma história de superação por nunca entender que precisava de uma para ser maior do que já era, e nunca valorizou possíveis casos de racismo contra sua pessoa para levantar-se com a imponência de um militante. A história de Jair Rodrigues, sem dramas internos, é grandiosa exatamente por isso. E as cenas em que o filho Jair de Oliveira interpreta as falas e os trejeitos do pai para narrar alguns episódios foram uma sacada brilhante.

Autor dos mais prolíficos do samba e da MPB, Paulo César Pinheiro é tema de Letra e Alma, de Andrea Prates e Cleisson Vidal. As imagens de arquivo estão lá, mas o eixo central é guiado pelo close das câmeras que visitam o compositor em seu apartamento, no Rio, para ouvir suas tantas histórias. Paulo recita alguns de seus versos e conta passagens ótimas sobre as origens de músicas conhecidas. E Lá Se Vão Meus Anéis, assinada com o parceiro de São Paulo, Eduardo Gudin, e gravada pelos Originais do Samba, saiu depois de uma longa noite em que ele levou um saco de dinheiro consigo até esquecê-lo, na final da madrugada, dentro de um táxi. Há muitos casos de cortes em seus versos feitos pela censura e de ameaças veladas para que ele mudasse seu jeito de compor. Claro, todas elas devidamente ignoradas.

É bonito também o filme Todas as Melodias, que Marco Abujamra fez sobre a história de Luiz Melodia, com muitas imagens raras e um foco especial na narração da mulher do cantor, Jane Reis. Não é definitivo e, de Melodia, cabem sempre muitos mergulhos, mas emociona, informa e, o mais importante, contamina a quem assiste com a irresistível aura deste artista. A matriz criativa de Melodia foi estabelecida sobre fontes diferentes daquelas de seus pares. De todos esses gigantes, ele é um raro pensador de música brasileira que disse sim ao blues e ao rock para fazê-los andar junto a todo samba que chegava ao Estácio. Melodia não precisou sufocar seus estrangeirismos para afirmar uma brasilidade imaginária. É por isso que o blues, mesmo diluído, está em tudo o que fez.

Canto de Família, de Paula Bessa Braz e Mihai Andrei Leaha, conta a história da família dos irmãos Cruz, gente humilde e de talento que vive de ensinar jovens e crianças muito pobres em uma escola de música num dos bairros mais violentos de Fortaleza. Que bom que o filme não cai na armadilha de mostrá-los deslumbrados quando chegam ao Rio de Janeiro para um concurso de música. Seria tão forçado quanto a ideia de Wim Wenders em mostrar os velhinhos cubanos do Buena Vista maravilhados ao chegarem aos Estados Unidos. O filme brasileiro é real em tudo.

Um dos destaques internacionais é Rockfield, que narra a história de dois irmãos fazendeiros do interior do País de Gales que criaram, por serem apaixonados por rock and roll desde que ouviram Elvis Presley, o primeiro estúdio caseiro do mundo. É para lá, no meio dos porcos e das vacas, que vão gravar Robert Plant em sua fase de procura por si mesmo no pós-Led Zeppelin; Ozzy Osborne em busca de um som com o Black Sabbath; o Simple Minds, que recebe a visita de David Bowie; Lemmy Kilmister e seu carregamento de drogas; e os irmãos Gallagher, do Oasis, como sempre, em pé de guerra.

OUTROS NACIONAIS

Chico Mário - A Melodia da Liberdade

Silvio Tendler, Brasil, 2020, 100 min

Francisco Mário de Sousa tinha tudo para ser ofuscado por dois de seus irmãos: o cartunista Henfil e o sociólogo Betinho. Mas foi

na música que ele descobriu sua maneira de se expressar e de olhar o mundo.

Dois tempos

Pablo Francischelli, Brasil, 2020, 88 min

O diretor Pablo Francischelli nos traz um road movie, tendo como protagonistas os violonistas Yamandu Costa e Lucio Yanel e um velho

motorhome. Mas este encontro não é ao acaso. O argentino Yanel foi mestre de Yamandu e, aqui, eles se reencontram, muitos anos depois, para viajarem rumo ao sul, em direção a Corrientes, cidade natal de Lucio, para se apresentarem em um festival.

Secos & Molhados

Otávio Juliano, Brasil, 2021, 90 min.

Neste documentário, João Ricardo, o criador da banda, surge contando a sua história. Com o Teatro Municipal de São Paulo vazio a seus pés, ele narra sua infância, a iniciação musical, a criação dos Secos & Molhados, a estreia, o sucesso e as brigas.

Toada para José Siqueira

Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques, Brasil, 2020, 131 min.

José de Lima Siqueira nasceu no alto sertão paraibano e lá teve sua iniciação musical. Anos depois, foi para o Rio de Janeiro para estudar composição e regência, e acabou fundando a Orquestra Sinfônica Brasileira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Heleninha Roitman, empoderamento feminino, aborto e carnaval: no Roda Viva desta segunda-feira, 5, Paolla Oliveira reviveu temas que permeiam sua carreira durante a entrevista.

"Quando a gente fala sobre as questões femininas, tem sempre um entorno que leva a gente a se aprisionar. Parte tudo do mesmo lugar: ter o corpo que a gente quer, se sentir bonita da maneira que a gente é, escolher ter filhos. Escolher fazer um aborto", explicou a atriz.

"Acho que isso é uma escolha da mulher, e eu sou a favor. É uma decisão da mulher, tem que ser. Acho um grande retrocesso a gente não pensar nisso como uma possibilidade."

A intérprete de Heleninha em Vale Tudo, personagem cuja trama gira em torno do alcoolismo, explicou algumas das motivações do trabalho: "A Heleninha, a gente tem ela quase que como um estereótipo. A mulher da crise, a mulher do escândalo, a bêbada. Para mim, ela é mais. Penso que ela é uma mulher com tantas camadas, desafios, conflitos."

"A novela é super atual [...] Procurei muito sobre as mudanças do alcoolismo de lá para cá, então eu vejo que [o Brasil] mudou bastante, mas que os estigmas continuam", disse, sobre o remake de Vale Tudo.

Paolla também abordou temas relacionados ao empoderamento da mulher, como as críticas ao seu corpo e a visão da beleza.

"De longe, não sou a única mulher a levar isso, mas eu me via nessa roupa. Nessa roupa que não cabia, nessa forma pequena. Precisei arrumar um lugar de libertação."

Questionada sobre sua decisão pessoal de não ter filhos, argumentou: "Eu não tenho mais vergonha de dizer [que não quero ter filhos]. A maternidade é uma coisa tão linda, grandiosa, especial. Tem que ser uma decisão, uma escolha."

Ela, que saiu do posto de rainha de bateria da para voltar às telas da Globo, ponderou sobre o carnaval ser uma celebração cultural e histórica. "Tenho o carnaval nesse lugar muito especial [...] O carnaval virou esse lugar de libertação do corpo."

Ela ainda palpitou sobre quem deveria substituí-la no posto. "Eu acho que deveria ser uma pessoa da comunidade [...] Muito do prestígio que eu tive lá foi por conta de eu estar perto da comunidade. Seria bacana", opinou também.

A entrevista de Paolla para o Roda Viva foi realizada por Carolina Morand, Paola Deodoro, Chico Barney, Marcia Disitzer e Nilson Xavier. A apresentação é de Vera Magalhães.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais.

Miguel Falabella, de 68 anos, recebeu alta hospitalar após passar por uma cirurgia de uma hérnia de disco na última sexta-feira, 2. O ator já está em casa, onde iniciou o processo de recuperação com sessões de fisioterapia.

"Estou em casa, estou bem, caminhando devagarinho. Queria agradecer ao Dr. Davi por ter feito a cirurgia, porque me devolveu o sorriso ao rosto", disse ele em vídeo publicado nas redes sociais. Segundo o ator, o processo de recuperação envolve repouso e acompanhamento fisioterapêutico, já iniciados.

O artista havia comunicado na quinta-feira, 1º, que precisaria se afastar das apresentações do espetáculo Uma Coisa Engraçada Aconteceu a Caminho do Fórum, em cartaz em São Paulo, por conta das fortes dores causadas pela hérnia de disco. Durante sua ausência, o ator Edgar Bustamante assumiu o papel nas sessões, que seguiram até o domingo, 4.

Nas redes sociais, Falabella também agradeceu ao carinho do público e ao apoio recebido nos últimos dias. "Recebi muitas mensagens de gente que teve essa dor e sabe o que é. Obrigado pelas boas vibrações, pois tenho certeza que ajudaram muito."

Sargento Rock, filme inspirado no personagem clássico da DC Comics, foi cancelado pelo estúdio após meses de desenvolvimento. O longa seria dirigido por Luca Guadagnino (Queer) e protagonizado por Colin Farrell. O roteiro estava sendo escrito por Justin Kuritzkes, que trabalhou com o diretor italiano em produções recentes, como Queer e Rivais.

De acordo com o The Wrap, a causa do cancelamento é um mistério, mas o portal descartou qualquer motivo financeiro. Estima-se que a produção, que acompanha um soldado da Segunda Guerra Mundial, custaria menos de US$ 70 milhões, metade do orçamento normalmente disponível para adaptações de quadrinhos.

Mesmo sem Sargento Rock, o calendário de Guadagnino para os próximos anos segue lotado. O diretor comandará uma nova adaptação de Psicopata Americano, livro de Bret Easton Ellis que foi transformado em filme em 2000. Além disso, ele ainda dirige After the Hunt, já em pós-produção, Camere Separate, estrelado por Léa Seydoux (Duna: Parte 2) e Josh O'Connor (Rivais), e uma sequência de Me Chame Pelo Seu Nome, lançado em 2017.

DURÃO

Sargento Rock foi apresentado nos quadrinhos da DC Comics em 1959 e fez sua estreia na edição nº 81 da revista Our Army at War. O personagem é um soldado durão que lutou durante a Segunda Guerra, liderando a Companhia Moleza.

Uma versão de Rock foi apresentada na série animada Comando das Criaturas, escrita por James Gunn, copresidente do DC Studios, e lançada na Max em 2024. O personagem foi dublado por Maury Sterling.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.