Leitores celebram hoje dois clássicos da literatura - 'Ulysses' e 'Mrs Dalloway'

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É uma coincidência que neste ano o Bloomsday e o Dalloway Day sejam celebrados aqui ao mesmo tempo. Tradição entre os leitores de James Joyce (1882-1941) há quase um século - o primeiro é de 1924 -, o Bloomsday relembra Ulysses, lançado em 1922 e cuja ação toda, centrada em Leopold Bloom, se passa no dia 16 de junho de 1904, em Dublin. Em São Paulo, o dia é festejado desde 1988. Já o Dalloway Day é um evento mais tímido, e não há um dia exato para sua celebração, já que Virginia Woolf (1882-1941) situou sua história numa quarta-feira, em meados de junho de 1923, em Londres. A festa para seu romance mais célebre começou a trilhar seu caminho no Brasil em 2020 - e segue digital por causa da pandemia, como o Bloomsday.

Nesta quarta, 16, a editora Nós, que está publicando os diários de Virginia, e a The School of Life Brasil (Tsol), as duas que iniciaram as comemorações aqui no ano passado, promovem a aula Dalloway Day at Night, com a editora Simone Paulino e a tradutora Ana Carolina Mesquita e inscrição a R$ 88. Ao longo do dia, haverá ainda uma rodada de vídeos com leituras nas redes sociais da Nós, Tsol e da Gato Sem Rabo, nova livraria de São Paulo que abriga apenas obras escritas por mulheres e que emprestou seu nome de um texto de Virginia Woolf. Participam autoras como Alice Ruiz, Natalia Timerman, Andrea Del Fuego, Prisca Augustoni, Micheliny Verunschk e Aline Bei. E quem passar pelas livrarias Mandarina, da Tarde, da Travessa e Gato Sem Rabo, em São Paulo, e pela Baleia, em Porto Alegre, verá um espaço especial dedicado ao evento.

E o que o romance publicado por Virginia Woolf em 1925 tem de tão especial? "Mrs Dalloway, para além de um marco na literatura - pelo uso do chamado fluxo de consciência, pela concentração da ação narrativa em um único dia, por tratar lado a lado da vida de uma mulher de classe alta e de um ex-combatente traumatizado da Primeira Guerra -, é um livro cuja sinopse não te prepara para a multiplicidade que ele contém.

Porque te oferece uma braçada de experiências simultâneas, de diferentes olhares e sensações sobre a vida, de reflexões sobre o que é estar vivo. É um livro que te arrebata, atordoante", responde Ana Carolina Mesquita. Ela é a tradutora dos diários e vai trabalhar, agora, nesta que é a obra mais popular da inglesa - a ideia é publicar uma edição comemorativa no centenário.

Antes disso, porém, já em 2022, Simone Paulino pretende lançar, pela sua editora Nós, uma edição especial de Mrs Dalloway em Bond Street. "Virginia Woolf começou a escrever o embrião de Mrs Dalloway em 1922. Além do conto Mrs Dalloway on Bond Street, nessa época ela escreveu outros que viriam a ampliar a ideia desse romance ou que derivaram dele. Então, para dar início à publicação da ficção dela, vamos começar publicando, no próximo Dalloway Day, este texto e a partir dele seguiremos compondo a edição de 2025, acompanhando, digamos, o trajeto da Woolf até a publicação do romance", explica a editora.

Hoje, há pelo menos cinco edições de Mrs Dalloway no País (Autêntica, Penguin, L&PM, Antofágica e Martin Claret). A tradução de Tomaz Tadeu para a Autêntica abriu a nova fase de Woolf no Brasil, depois do domínio público, em 2012.

Para Tomaz, que lança sua tradução de As Ondas, também pela Autêntica, em julho, Mrs Dalloway tem alguns elementos que o tornaram atrativo tanto para os leitores da época quanto para os de hoje. "Pode-se citar, por exemplo, sua estrutura narrativa, que foge aos cânones então ainda predominantes. Mrs Dalloway centra-se não no que os diferentes personagens fazem ou dizem expressamente, mas nos seus sentimentos, nas suas sensações, nos seus delírios, nas suas paixões. Quem não gosta de dar uma espiada na mente, na psique, na alma alheia? Acrescente-se a isso uma prosa fluente, rítmica, musical, além de outros truques narrativos que Virginia tão bem dominava, e tem-se um livro que ainda atrai e comove", diz.

Bloomsday

Nesta mesma quarta-feira, a homenagem a James Joyce em São Paulo será realizada pela Casa das Rosas e Casa Guilherme de Almeida. Com transmissão pelo YouTube, o Bloomsday será aberto às 18h30 com uma palestra de Caetano Galindo, tradutor de Ulysses (Penguin), e seguirá com leituras e música. A coordenação é de Marcelo Tápia. "Neste ano ainda pandêmico, escolhemos um tema que dialoga com a circunstância: 'O homem menos só', algo que o romance nos propicia com seu mundo onde cabe cada um de nós", comenta Tápia.

O Bloomsday de Florianópolis, organizado por Dirce Waltrick do Amarante, Clélia Mello e Sérgio Medeiros, será festejado com ações como a criação do jornal O Dia de Hoje, com notícias de junho de 1904 no Brasil e alguns anúncios na Irlanda, disponível em issuu.com/iamcampigotto/docs/o_dia_de_hoje, e leituras no blog Ulysses Polifônico.

"Ler Ulysses hoje é entrar num mundo que nos instiga, provoca e nos faz sentir mais humanos, com nossas virtudes e defeitos, mais vivos, mais iguais aos outros em qualquer tempo, menos abandonados e sós nesta época difícil que vivemos", finaliza Marcelo Tápia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Último Azul, filme de Gabriel Mascaro (Divino Amor) que disputou o Urso de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Berlim de 2025, teve sua data de estreia divulgada em um teaser lançado nesta terça-feira, 6. Estrelado por Denise Weinberg e Rodrigo Santoro, o longa estreia nos cinemas brasileiros em 28 de agosto.

De acordo com a sinopse oficial, o filme se passa em um Brasil quase distópico em que cidadãos idosos são transferidos compulsoriamente para uma colônia habitacional para que "desfrutem" de seus últimos anos de vida. Antes de seu exílio forçado, Tereza (Weinberg), uma mulher de 77 anos, embarca em uma viagem pelos rios e afluentes da Amazônia em busca de realizar seu último desejo.

Embora não tenha vencido o Urso de Ouro em Berlim, O Último Azul conquistou o Grande Prêmio do Júri no festival, também conhecido como "Urso de Prata". O Festival aconteceu em fevereiro deste ano, com o norueguês Dreams (Sex Love) vencendo o principal prêmio do evento.

Além de dirigir, Mascaro também assina o roteiro ao lado de Tibério Azul (Som Brasil). Murilo Hauser e Heitor Lorega, ambos de Ainda Estou Aqui, serviram como consultores do script.

O elenco de O Último Azul conta ainda com Adanilo (Oeste Outra Vez) e Miriam Socarrás (Violeta).

Confira o trailer aqui

Daniel Erthal usou suas redes sociais na segunda-feira, 5, para revelar que o seu carrinho de bebidas foi roubado no Rio de Janeiro.

Atualmente, o ex-galã de Malhação trabalha como empreendedor e é dono de um bar em Botafogo, na zona sul da capital. O veículo estava estacionado na calçada do local quando foi levado.

"Estamos vivendo tempos sombrios no que diz respeito à segurança no Rio. Ninguém aqui pode ter nada. Cheguei para trabalhar e não encontrei meu carrinho de bebidas. É a extensão do meu bar, faz parte do meu plano de negócio", lamentou.

Ele ainda disse que se sustenta com o carrinho há cerca de um ano e meio. "O meu único bem. Como eu estava sem garagem, ele ficou exposto por duas semanas, e agora não está mais."

No ano passado, Daniel Erthal havia viralizado com imagens em que aparece com o seu carrinho em frente à queima de fogos do reveillón em Copacabana, no Rio de Janeiro. Desde então, ele conseguiu abrir um bar em Botafogo, mas voltou a circular com o veículo durante o carnaval.

Conhecido do público por ter feito parte do elenco do folhetim teen em 2005, Erthal também gravou Belíssima, de 2006, e a versão brasileira de Rebelde, em 2011. Ele tem um perfil no Instagram apenas para divulgar seu trabalho como vendedor, e voltou a aparecer com o carrinho durante os blocos de rua, transitando para vender as bebidas entre os foliões.

Nos últimos anos, em meio à pressão estética da sociedade, Paolla Oliveira se tornou uma representante do chamado "corpo real" - embora não goste do termo, por acreditar que todos os corpos são reais. Em entrevista ao Roda Viva, nesta segunda-feira, 5, a atriz falou com franqueza sobre o tema e relembrou o período em que acreditava que as críticas ao seu corpo eram justificadas.

"As críticas ao meu corpo, para mim, eram completamente corretas. Passei muito tempo achando que eu que estava errada", declarou a atriz, ao pontuar como os comentários nas redes sociais influenciaram sua autopercepção. Segundo ela, o processo de entender e desconstruir essas imposições foi gradual.

A artista afirmou que, mesmo sem se identificar com o rótulo, acabou sendo vista como uma representante do tal "corpo real". O incômodo com perguntas recorrentes sobre emagrecimento para papéis específicos também a fez repensar sua posição. "Percebi que estavam me empurrando para um lugar que não me cabia", disse. "Mas eu achava ainda que a errada era eu."

Ao ganhar consciência dessa situação, Paolla conseguiu se libertar da cobrança e passou a enxergar a questão de outra forma. "Entendi que não era sobre mim. Era sobre um lugar para o qual a maioria das mulheres é empurrada, pra caber e servir", afirmou.

Por fim, a atriz destacou seu processo de amor-próprio e como isso influenciou sua percepção sobre outras mulheres: "Aprendi a me gostar e que a minha beleza é possível. Também aprendi a reparar em outras mulheres com outras belezas possíveis. O que eu luto hoje é basicamente pra existir e querer que as pessoas existam à minha volta."