Bossa nova para bailar

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A intelectualização da bossa nova cobrou um preço histórico ao existir, para muitos historiadores, com total protagonismo naquele lastro mais concentrado entre 1959 e 1964, a chamada primeira fase. Mas aos poucos, como arqueólogos em busca dos fragmentos de cidades perdidas, projetos e revisitações trazem o que também existiu no mesmo período, longe da superfície mostrada pelos jornais e louvada pelos próprios artistas. Bem ao lado dos bossa-novistas, e mesmo dentre eles, Ed Lincoln, Durval Ferreira, Orlandivo, Miltinho, Eumir Deodato, Claudio Roditi, Emílio Santiago, Wilson das Neves, Elza Soares e mais um punhado de gente com sangue quente nas veias estavam mais dispostos a fazer as pessoas dançarem em uma boate entre 23h e 4h da manhã do que passarem dias em busca de acordes perfeitos e cantos ideais. Eles eram capazes de operar a magia da dança, cantando para pistas de boates cheias de casais em passes frenéticos, e foi ela, a dança, quem, um dia, definiu por antecipação a própria música.

Uns o chamam de "a corrente dançante da bossa nova" enquanto outros o enxergam como um contraponto a ela. O fato é que o sambalanço, um movimento catalogado assim anos depois de sua existência, nunca foi louvado enquanto representante de uma brasilidade legítima para exportação, apesar de o ser também, nem ganhou linhas de análise dos pensadores e teóricos dos movimentos musicais. Seus clássicos, talvez pagando o preço por serem erguidos sobre dois ou três acordes "quadrados", não passaram por festivais da canção nem foram alimentados por muitas regravações. Estão ainda datados e seguem quase que na condição de materiais de pesquisa.

Por tudo isso e mais, por todas as histórias que consegue aprofundar, o documentário Sambalanço, a Bossa que Dança, baseado no livro do jornalista e pesquisador Tárik de Souza, se torna, além de diversão degustada com bom humor, um documento importante. Ele já pode ser acessado nas plataformas Now, Vivo e Oi e será exibido, no dia 19 de maio, no Canal Brasil. Além do envolvimento de Tárik também na realização do filme, a direção ficou com Fabiano Maciel.

Se fosse necessário uma gênese para a história, essas reduções que decantam muitos acontecimentos em um só ou muitos artistas em um grande pai, ela poderia ser retirada do dia em que o mais tecladista do que pianista cearense Ed Lincoln foi intimado a correr para a boate Drink a fim de assumir o baile à frente da orquestra do pianista Djalma Ferreira. Djalma havia levado um tiro, conforme conta o próprio Ed Lincoln em uma cena captada durante um raro show de reencontro de sambalancistas clássicos no Centro Cultural Banco do Brasil, em 2003.

"Eu não sabia nem como ligava aquilo", ele diz, referindo-se ao órgão eletrônico que o esperava. Mas Ed foi, e o que se viu na pista foi incrível. Mais aplaudido do que o próprio Djalma e Seus Milionários do Ritmo, Ed foi visto pelo jornalista Stanislaw Ponte Preta, que voltou para a redação de seu jornal no dia seguinte com uma frase na cabeça: "O rei do sambalanço".

Djalma, é preciso fazer justiça, segue à espera de sua própria descoberta biográfica. Esse homem aprendeu piano e violino na Itália, andou pelas boates do Rio em companhia de Noel Rosa, fez história pelos cassinos cariocas, inaugurou boates no Peru e na Bolívia, tornou-se o primeiro músico brasileiro a possuir uma gravadora e partiu para uma carreira em Las Vegas. Mas sua vida, ainda por causa dos apagamentos de muitos em razão da luminosidade de poucos, segue sob os escombros.

A dimensão da dança

De volta ao documentário, Ed Lincoln, agora uma sensação, forma seu próprio grupo, uma constelação que atrairia muitos dos nomes designados ao estrelado posterior. Os trompetistas Claudio Roditi e Marcio Montarroyos, o guitarrista Durval Ferreira, o cantor Orlandivo e o baterista Wilson das Neves são alguns deles. Um álbum chamado Nova Geração do Samba, raríssimo hoje, com Paulo Silvino (que se tornaria humorista), Durval Ferreira e Orlandivo, também é lançado, com arranjos de Eumir Deodato. Eumir abre o filme devolvendo uma pergunta ao interlocutor Tárik: "O que é esse negócio de sambalanço?".

Mas, mais à frente, vai resumir sem querer aquilo que parece ter se tornado o elemento mais importante aos músicos que se banharam nesse rio. Depois da "experiência sambalanço", ele produziu grupos como o Kool and the Gang graças, à dimensão do conceito da dança no ato da composição. "Produzi Celebration, do Kool and the Gang, por influência do Ed Lincoln. Ele me deu a noção da dança, algo que é o mais importante para um músico."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Netflix norte-americana anunciou que Ainda Estou Aqui, filme de Walter Salles que trouxe o primeiro Oscar da história do Brasil, vai estar disponível para streaming na plataforma nos Estados Unidos a partir de 17 de maio.

Estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, Ainda Estou Aqui conta a história de Eunice Paiva, que precisou reconstruir a sua vida e sustentar os filhos após seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, ser sequestrado e morto pela ditadura militar brasileira. O filme é inspirado no livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva.

A produção fez história ao receber três indicações ao Oscar 2025, em melhor filme internacional, melhor atriz e melhor filme, e conquistou a estatueta na categoria internacional.

No X, antigo Twitter, fãs comemoraram o anúncio do filme no catálogo americano da Netflix. "Simplesmente Oscar Winner", escreveu um. "Melhor filme do mundo", completou outra pessoa.

Ainda Estou Aqui está disponível para streaming no Brasil pelo Globoplay.

A morte da atriz mirim Millena Brandão aos 11 anos nesta sexta-feira, 2, comoveu colegas e fãs. A menina, que estava internada desde o último dia 29, teve morte encefálica e sofreu diversas paradas cardiorrespiratórias nos últimos dias. Nas redes sociais, astros, amigos e admiradores prestam homenagem.

Várias mensagens foram deixadas nas fotos do perfil de Millena no Instagram e em outras publicações.

O ator Matheus Santos, conhecido como MC M10, escreveu: "Meus sentimentos à família. Muito triste. Pude conhecê-la no set de Sintonia, uma menina maravilhosa e encantadora."

Já Silvia Abravanel declarou: "Meus sentimentos à família. Que Deus a receba com muito amor, luz e paz num abraço eterno", enquanto a cantora Simony demonstrou tristeza: "Poxa", escreveu, ao lado de um emoji triste.

Millena precisou ser internada inicialmente devido a uma forte dor de cabeça, e foi transferida da Unidade de Pronto Atendimento Maria Antonieta (UPA).

"Desde a sua chegada, a paciente recebeu cuidados intensivos e todo o empenho da equipe médica e assistencial, que não mediu esforços para preservar sua vida", afirma a nota assinada por Thiago Rizzo, gerente médico.

Segundo o SBT, ela chegou a ser diagnosticada com dengue em uma unidade, mas, após uma piora no quadro, ela foi transferida para o Hospital Geral do Grajaú, onde médicos realizaram outros exames e identificaram a presença de um tumor no cérebro de cinco centímetros. Ela estava entubada, sedada e sem respostas neurológicas.

As atrizes Sophia Valverde e Giulia Garcia, de As Aventuras de Poliana e Chiquititas, também se manifestaram. "Muito triste. Que Deus esteja consolando a família nesse momento tão difícil", escreveu Sophia. "Que Deus conforte o coração dessa família", desejou Giulia.

Millena atuou em A Infância de Romeu e Julieta, no SBT, e em Sintonia, da Netflix. Além de atriz, também era modelo e influenciadora digital, e havia feito diversos trabalhos publicitários com marcas infantis.

Morreu nesta sexta-feira, 2, em São Paulo, a atriz mirim Millena Brandão, do canal SBT, aos 11 anos. A artista teve morte encefálica, de acordo com o hospital onde ela estava internada.

Também conhecida como morte cerebral, a morte encefálica é a perda completa e irreversível das funções cerebrais. Como o cérebro controla outros órgãos, quando é constatada sua morte, outras funções vitais também serão perdidas e o óbito da pessoa é declarado.

Millena havia sofrido diversas paradas cardiorrespiratórias nos últimos dias, recebido diagnóstico de tumor cerebral e estava internada no Hospital Geral de Grajaú, na capital, desde o dia 29.

O que configura morte encefálica?

Para funcionarem, os neurônios precisam de oxigênio e glicose, que chegam ao cérebro pela circulação sanguínea. Quando algum problema impede o fluxo sanguíneo, essas células podem morrer e as funções cerebrais são prejudicadas. Se a perda das funções é completa e irreversível, é declarada a morte cerebral.

Apesar de alguns órgãos poderem continuar funcionando, o cérebro já não consegue controlá-los. Assim, embora ainda haja batimentos cardíacos, por exemplo, eles tendem a parar. A respiração também não acontecerá sem a ajuda de aparelhos.

O que pode causar a morte encefálica?

Qualquer problema que cesse a função cerebral antes de encerrar o funcionamento de outras partes do organismo causa a morte encefálica. Entre as causas mais comuns estão:

- Parada cardiorrespiratória;

- Acidente vascular cerebral (AVC);

- Doença infecciosa que afete o sistema nervoso central;

- Tumor cerebral;

- Traumas.

Quando a morte encefálica é declarada?

No Brasil, a resolução nº 2.173/17 do Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece critérios rigorosos para a declaração de morte encefálica. De acordo com especialistas, o protocolo brasileiro é um dos mais criteriosos do mundo.

O CFM determina a realização de uma série de exames para comprovar a perda do reflexo tronco encefálico, aquele responsável por controlar funções autônomas do organismo, como a respiração.

Essa análise deve ser feita por dois médicos que examinam o paciente em horários diferentes, e os resultados precisam ainda ser complementados por um exame - um eletroencefalograma ou uma tomografia, por exemplo.

Morte encefálica e doação de órgãos

A "Lei dos Transplantes" (Lei nº 9.434/1997) estabelece que a doação de órgãos após a morte só pode ser realizada quando constatada a morte encefálica.

Quando isso acontece, as funções vitais do paciente são mantidas de maneira artificial até que a remoção dos órgãos seja feita.