Liberação de vacina pelo setor privado desagrada à maioria da população mundial

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Com a aprovação pela Câmara dos Deputados de uma mudança na lei para permitir que empresários comprem vacinas contra a covid-19 que não tenham aval da Anvisa, o Brasil caminha em direção a uma pequena lista de países que abriram mão da estratégia de imunização oferecida exclusivamente pela rede pública. A alteração, que ainda precisa ser aprovada pelo Senado, é vista com apreensão pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), porque poderia favorecer desigualdades. Também vai na contramão da vontade de boa parte da população mundial.

Segundo uma pesquisa feita em 13 países pela Universidade de Oxford e mais dez instituições, a maioria das pessoas acredita que a vacinação contra o coronavírus deva ser feita apenas por governos. A abertura do serviço às clínicas particulares foi contestada por pelo menos dois terços da população de cada país. O levantamento envolveu 18 pesquisadores que entrevistaram 15,5 mil adultos de 13 países dos cinco continentes, incluindo o Brasil.

Entre os brasileiros entrevistados, 68% acreditam que a compra e distribuição das vacinas deve ser feita pelo governo, enquanto 23% acham que a iniciativa privada pode fazer parte dessa tarefa. Apenas 2% pensam que o setor privado deve se responsabilizar integralmente pela operacionalização da vacinação.

Apesar de a maior parte da população de países de baixa e média renda acreditar que a responsabilidade da vacinação deve ser do governo, essas pessoas estão mais dispostas a pagar para ter acesso mais rápido ao imunizante.

Em Uganda e na Índia, 79% dos entrevistados disseram que pagariam pela vacina. No Brasil, o índice ficou em 54%. Os números mais baixos foram registrados na França (18%) e no Reino Unido (30%).

"Se as vacinas contra a covid-19 forem alocadas de forma privada, será essencial desenvolver políticas para garantir que isso não prejudique a capacidade de um país de adquirir as doses necessárias para campanhas de vacinação administradas pelo governo. Idealmente, o acesso privado complementaria a provisão pública para maximizar os ganhos de saúde e econômicos da vacinação e minimizar o potencial de corrupção", escreveram os pesquisadores.

Vacinação privada

Índia, México, Paquistão, Tailândia, Filipinas e Colômbia são nações que autorizam a aquisição de vacinas pelo setor privado. Na Colômbia, as doses devem ser distribuídas gratuitamente, mas os outros países permitem a venda do imunizante. Muitos governos, no entanto, pontuam que o setor privado terá dificuldades para comprar vacinas visto que a corrida global pelo suprimento é acirrada, e as farmacêuticas preferem vendê-lo diretamente aos governos.

Os países que permitem a venda de vacinas em clínicas e hospitais privados também oferecem o imunizante no sistema público de saúde. Na Índia, uma dose da vacina contra a covid-19 custa cerca de 250 rúpias (R$ 18,65). O Paquistão não limita a venda de vacinas a pessoas do grupo de risco. Por isso, os jovens do país entraram em uma corrida para garantir uma dose do imunizante e vários pontos de vacinação esgotaram seu estoque rapidamente.

O governo da Tailândia aprova a inclusão do setor privado na campanha de vacinação. De acordo com a imprensa local, barreiras legais estariam impedindo os empresários de importar vacinas, mas o primeiro-ministro do país se comprometeu a resolver o impasse. A expectativa é que uma dose da vacina contra a covid-19 custe entre 2 mil e 4 mil baht (R$ 357,66 a R$ 715,32).

Nas Filipinas, o presidente Rodrigo Duterte autorizou a compra de vacinas pelo setor privado no mês passado e não limitou a quantidade de doses. A Malásia está no caminho para liberar o setor privado a entrar na briga por vacinas. No entanto, o governo alertou que mesmo com a permissão a compra pode encontrar entraves, já que a corrida global pelo suprimento é muito acirrada.

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A Netflix norte-americana anunciou que Ainda Estou Aqui, filme de Walter Salles que trouxe o primeiro Oscar da história do Brasil, vai estar disponível para streaming na plataforma nos Estados Unidos a partir de 17 de maio.

Estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, Ainda Estou Aqui conta a história de Eunice Paiva, que precisou reconstruir a sua vida e sustentar os filhos após seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, ser sequestrado e morto pela ditadura militar brasileira. O filme é inspirado no livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva.

A produção fez história ao receber três indicações ao Oscar 2025, em melhor filme internacional, melhor atriz e melhor filme, e conquistou a estatueta na categoria internacional.

No X, antigo Twitter, fãs comemoraram o anúncio do filme no catálogo americano da Netflix. "Simplesmente Oscar Winner", escreveu um. "Melhor filme do mundo", completou outra pessoa.

Ainda Estou Aqui está disponível para streaming no Brasil pelo Globoplay.

A morte da atriz mirim Millena Brandão aos 11 anos nesta sexta-feira, 2, comoveu colegas e fãs. A menina, que estava internada desde o último dia 29, teve morte encefálica e sofreu diversas paradas cardiorrespiratórias nos últimos dias. Nas redes sociais, astros, amigos e admiradores prestam homenagem.

Várias mensagens foram deixadas nas fotos do perfil de Millena no Instagram e em outras publicações.

O ator Matheus Santos, conhecido como MC M10, escreveu: "Meus sentimentos à família. Muito triste. Pude conhecê-la no set de Sintonia, uma menina maravilhosa e encantadora."

Já Silvia Abravanel declarou: "Meus sentimentos à família. Que Deus a receba com muito amor, luz e paz num abraço eterno", enquanto a cantora Simony demonstrou tristeza: "Poxa", escreveu, ao lado de um emoji triste.

Millena precisou ser internada inicialmente devido a uma forte dor de cabeça, e foi transferida da Unidade de Pronto Atendimento Maria Antonieta (UPA).

"Desde a sua chegada, a paciente recebeu cuidados intensivos e todo o empenho da equipe médica e assistencial, que não mediu esforços para preservar sua vida", afirma a nota assinada por Thiago Rizzo, gerente médico.

Segundo o SBT, ela chegou a ser diagnosticada com dengue em uma unidade, mas, após uma piora no quadro, ela foi transferida para o Hospital Geral do Grajaú, onde médicos realizaram outros exames e identificaram a presença de um tumor no cérebro de cinco centímetros. Ela estava entubada, sedada e sem respostas neurológicas.

As atrizes Sophia Valverde e Giulia Garcia, de As Aventuras de Poliana e Chiquititas, também se manifestaram. "Muito triste. Que Deus esteja consolando a família nesse momento tão difícil", escreveu Sophia. "Que Deus conforte o coração dessa família", desejou Giulia.

Millena atuou em A Infância de Romeu e Julieta, no SBT, e em Sintonia, da Netflix. Além de atriz, também era modelo e influenciadora digital, e havia feito diversos trabalhos publicitários com marcas infantis.

Morreu nesta sexta-feira, 2, em São Paulo, a atriz mirim Millena Brandão, do canal SBT, aos 11 anos. A artista teve morte encefálica, de acordo com o hospital onde ela estava internada.

Também conhecida como morte cerebral, a morte encefálica é a perda completa e irreversível das funções cerebrais. Como o cérebro controla outros órgãos, quando é constatada sua morte, outras funções vitais também serão perdidas e o óbito da pessoa é declarado.

Millena havia sofrido diversas paradas cardiorrespiratórias nos últimos dias, recebido diagnóstico de tumor cerebral e estava internada no Hospital Geral de Grajaú, na capital, desde o dia 29.

O que configura morte encefálica?

Para funcionarem, os neurônios precisam de oxigênio e glicose, que chegam ao cérebro pela circulação sanguínea. Quando algum problema impede o fluxo sanguíneo, essas células podem morrer e as funções cerebrais são prejudicadas. Se a perda das funções é completa e irreversível, é declarada a morte cerebral.

Apesar de alguns órgãos poderem continuar funcionando, o cérebro já não consegue controlá-los. Assim, embora ainda haja batimentos cardíacos, por exemplo, eles tendem a parar. A respiração também não acontecerá sem a ajuda de aparelhos.

O que pode causar a morte encefálica?

Qualquer problema que cesse a função cerebral antes de encerrar o funcionamento de outras partes do organismo causa a morte encefálica. Entre as causas mais comuns estão:

- Parada cardiorrespiratória;

- Acidente vascular cerebral (AVC);

- Doença infecciosa que afete o sistema nervoso central;

- Tumor cerebral;

- Traumas.

Quando a morte encefálica é declarada?

No Brasil, a resolução nº 2.173/17 do Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece critérios rigorosos para a declaração de morte encefálica. De acordo com especialistas, o protocolo brasileiro é um dos mais criteriosos do mundo.

O CFM determina a realização de uma série de exames para comprovar a perda do reflexo tronco encefálico, aquele responsável por controlar funções autônomas do organismo, como a respiração.

Essa análise deve ser feita por dois médicos que examinam o paciente em horários diferentes, e os resultados precisam ainda ser complementados por um exame - um eletroencefalograma ou uma tomografia, por exemplo.

Morte encefálica e doação de órgãos

A "Lei dos Transplantes" (Lei nº 9.434/1997) estabelece que a doação de órgãos após a morte só pode ser realizada quando constatada a morte encefálica.

Quando isso acontece, as funções vitais do paciente são mantidas de maneira artificial até que a remoção dos órgãos seja feita.