Escrita lúdica

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

As pessoas praticamente não refletem sobre como alguns hábitos da infância podem influenciar a fase adulta. Um simples desfralde, o descarte da chupeta ou a forma como são encaradas a raiva e a frustração quando criança mudam a maneira como se reage às emoções ao longo da vida. E com a correria do dia a dia, que não parou mesmo com a pandemia do novo coronavírus, muitos pais se sentem desamparados para lidar com diversas situações com os filhos. A literatura infantil é uma das ferramentas lúdicas mais assertivas para conquistar os pequeninos. A Editora Edipro lança a Coleção Crescidinhos, pelo selo Caminho Suave, com quatro livros que pretendem aprimorar a inteligência emocional das crianças.

"Se o seu dia está horrível e você sente que o seu coração começou a apertar e doer, pare e respire fundo", diz o trecho de A Mágica da Respiração, de Christopher Willard e Wendy O'Leary, ao mostrar a ilustração de uma menina triste por ter quebrado um brinquedo. Em outro momento, o livro acolhe aqueles que se sentem isolados de um grupo: "Se você se sente estranho e solitário e seu peito começa a apertar e sufocar, pare e respire fundo".

Quando fechamos os olhos, inspiramos e expiramos o ar, uma sensação de relaxamento ocorre dentro de nós. O exercício também é fundamental na prática de ioga. "Pratico desde 2012. Tenho dois filhos, a Gabriela, de 11 anos, e o Miguel, de 7. A Gabi começou a fazer ioga aos 4 anos. Já o Miguel nasceu nesse universo e vem nos acompanhando desde bebezinho. Eles adoram e sentem muito quando não conseguem praticar", conta a professora Debora Molon, formada pela Escola de Yoga Shanti Om.

A experiência com os filhos a inspirou a escrever O Pequeno Yogue. A obra traz exercícios da prática milenar e explica os inúmeros benefícios, já que as posturas que envolvem o equilíbrio ajudam a aumentar a concentração, influenciam no comportamento físico e mental. "A prática da ioga por crianças de todas as idades pode ser muito acessível, fácil, divertida e saudável. No livro, lançamos mão de posturas simples e bem ilustradas para que as crianças possam desenvolver a prática e assim sentir os benefícios da ioga na sua vida", enfatiza Molon.

Ao contrário do que muitos pensam, a ioga é uma prática simples e crianças de todas as idades podem fazer. "Desde bem pequenininhas, elas já podem ser inseridas, estimuladas na prática por meio de histórias, brincadeiras, músicas, livros. Quanto mais cedo entrarem na prática, mais benefícios serão colhidos para o desenvolvimento de mente, corpo e espírito", avalia a autora. Em tempos de pandemia, a atividade também proporciona relaxamento. "Alivia o estresse, ensina a amorosidade com elas mesmas e com o próximo. Também promove autoconhecimento, observação dos seus limites, movimenta o corpo, que é muito bom para imunidade neste momento. Além de tirar as crianças da frente do celular e da televisão, convidando-as a viajar ao universo lúdico e divertido", conclui Molon.

Outras situações do universo infantil e que são pouco abordadas, mas fazem a diferença no controle emocional, são o desfralde e o uso de chupeta. Maíra Lot Micales sempre inventou histórias para contar para as crianças à noite e procurava colocar nelas alguma lição ou situação que precisavam aprender ou melhorar. "Meu filho estava com muita dificuldade no desfralde, com escapes constantes do xixi. Então, inventei uma história onde o Xixi, o Cocô e o Pum eram os personagens principais. Eles amaram a história e me pediam para repetir toda noite, inclusive minha filha mais velha, que já não usava fraldas. Comecei a contar até para os amiguinhos. Depois de uns dias, meu filho parou de fazer xixi na fralda e pediu para usar o penico. Então, percebi que tinha alguma coisa na mão. Submeti a história para três editores", afirma. Assim surgiu o título Cocô, Xixi e Pum.

Em Cocô, Xixi e Pum, Maíra aborda, de maneira leve e divertida, assuntos que muitas vezes constrangem os adultos, que podem ter sofrido certa repressão no momento do desfralde na infância. "Ainda escuto alguém falando: 'Que isso, menino, falando de cocô'. Mas quando escuto as crianças, estão sempre rindo disso. Perguntam uma para a outra: 'Que livro você está lendo?'. E respondem: 'Cocô, Xixi e Pum'. Todas caem na gargalhada. A vida deve ser levada realmente com mais leveza e menos repressão. Em vez de reprimir, vamos conhecer a criança: quem é aquele serzinho que está na nossa frente. Vamos respeitá-lo, assim ele respeitará os demais", enfatiza a autora, provando que a literatura infantil cada vez mais contribui para o desenvolvimento emocional dos futuros adultos.

Retorno positivo

Após o retorno positivo dos leitores, Maíra decidiu manter a escrita lúdica em Careta para Chupeta!, que acaba de ser lançado. A chupeta cumpre um papel relevante na vida das crianças na primeira infância, na medida em que, em alguns casos, serve como um consolo afetivo. "No livro, sempre trato a chupeta com carinho. Tem uma cena em que o personagem pega a chupeta chamando-a de queridinha, respira, sorri e agradece, para então guardá-la na caixinha. Também no guia que tem ao final do livro, escrito por um odontopediatra, ele também reitera que o uso da chupeta é interessante, apenas o uso prolongado é que pode trazer alguns malefícios para a saúde, então, os pais precisam ficar atentos para não prolongar o uso e tirá-la com carinho da vida da criança", explica Micales.

Sobre a inteligência emocional das crianças em meio à pandemia do novo coronavírus, a escritora Maíra Lot Micales dá algumas dicas sobre como desligar o celular e brincar mais com os filhos, seja com papel e caneta, pega-pega ou esconde-esconde. "Brinquem muito, leiam livros, ensinem os pequenos a meditar, a agradecer o canto do passarinho ou a flor que veem da janela. Outro dia, a professora do meu filho perguntou como as crianças estavam se sentindo na pandemia. Ele disse, com linguagem ainda em construção: 'Eu estou me sentindo muito bem, meus pais estão aqui em casa, assim brinco mais com eles'. Presença e diversão são bons caminhos para aliviar este momento desafiador", avalia. Maíra Lot Micales adianta que adquiriu os direitos do clássico americano The Invisible String, que sairá nos próximos meses pela editora Caminho Suave, no selo Crescidinhos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O Último Azul, filme de Gabriel Mascaro (Divino Amor) que disputou o Urso de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Berlim de 2025, teve sua data de estreia divulgada em um teaser lançado nesta terça-feira, 6. Estrelado por Denise Weinberg e Rodrigo Santoro, o longa estreia nos cinemas brasileiros em 28 de agosto.

De acordo com a sinopse oficial, o filme se passa em um Brasil quase distópico em que cidadãos idosos são transferidos compulsoriamente para uma colônia habitacional para que "desfrutem" de seus últimos anos de vida. Antes de seu exílio forçado, Tereza (Weinberg), uma mulher de 77 anos, embarca em uma viagem pelos rios e afluentes da Amazônia em busca de realizar seu último desejo.

Embora não tenha vencido o Urso de Ouro em Berlim, O Último Azul conquistou o Grande Prêmio do Júri no festival, também conhecido como "Urso de Prata". O Festival aconteceu em fevereiro deste ano, com o norueguês Dreams (Sex Love) vencendo o principal prêmio do evento.

Além de dirigir, Mascaro também assina o roteiro ao lado de Tibério Azul (Som Brasil). Murilo Hauser e Heitor Lorega, ambos de Ainda Estou Aqui, serviram como consultores do script.

O elenco de O Último Azul conta ainda com Adanilo (Oeste Outra Vez) e Miriam Socarrás (Violeta).

Confira o trailer aqui

Daniel Erthal usou suas redes sociais na segunda-feira, 5, para revelar que o seu carrinho de bebidas foi roubado no Rio de Janeiro.

Atualmente, o ex-galã de Malhação trabalha como empreendedor e é dono de um bar em Botafogo, na zona sul da capital. O veículo estava estacionado na calçada do local quando foi levado.

"Estamos vivendo tempos sombrios no que diz respeito à segurança no Rio. Ninguém aqui pode ter nada. Cheguei para trabalhar e não encontrei meu carrinho de bebidas. É a extensão do meu bar, faz parte do meu plano de negócio", lamentou.

Ele ainda disse que se sustenta com o carrinho há cerca de um ano e meio. "O meu único bem. Como eu estava sem garagem, ele ficou exposto por duas semanas, e agora não está mais."

No ano passado, Daniel Erthal havia viralizado com imagens em que aparece com o seu carrinho em frente à queima de fogos do reveillón em Copacabana, no Rio de Janeiro. Desde então, ele conseguiu abrir um bar em Botafogo, mas voltou a circular com o veículo durante o carnaval.

Conhecido do público por ter feito parte do elenco do folhetim teen em 2005, Erthal também gravou Belíssima, de 2006, e a versão brasileira de Rebelde, em 2011. Ele tem um perfil no Instagram apenas para divulgar seu trabalho como vendedor, e voltou a aparecer com o carrinho durante os blocos de rua, transitando para vender as bebidas entre os foliões.

Nos últimos anos, em meio à pressão estética da sociedade, Paolla Oliveira se tornou uma representante do chamado "corpo real" - embora não goste do termo, por acreditar que todos os corpos são reais. Em entrevista ao Roda Viva, nesta segunda-feira, 5, a atriz falou com franqueza sobre o tema e relembrou o período em que acreditava que as críticas ao seu corpo eram justificadas.

"As críticas ao meu corpo, para mim, eram completamente corretas. Passei muito tempo achando que eu que estava errada", declarou a atriz, ao pontuar como os comentários nas redes sociais influenciaram sua autopercepção. Segundo ela, o processo de entender e desconstruir essas imposições foi gradual.

A artista afirmou que, mesmo sem se identificar com o rótulo, acabou sendo vista como uma representante do tal "corpo real". O incômodo com perguntas recorrentes sobre emagrecimento para papéis específicos também a fez repensar sua posição. "Percebi que estavam me empurrando para um lugar que não me cabia", disse. "Mas eu achava ainda que a errada era eu."

Ao ganhar consciência dessa situação, Paolla conseguiu se libertar da cobrança e passou a enxergar a questão de outra forma. "Entendi que não era sobre mim. Era sobre um lugar para o qual a maioria das mulheres é empurrada, pra caber e servir", afirmou.

Por fim, a atriz destacou seu processo de amor-próprio e como isso influenciou sua percepção sobre outras mulheres: "Aprendi a me gostar e que a minha beleza é possível. Também aprendi a reparar em outras mulheres com outras belezas possíveis. O que eu luto hoje é basicamente pra existir e querer que as pessoas existam à minha volta."