O que se sabe sobre operação que envolve, Faria Lima, PCC e setor de combustíveis

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A Operação Carbono Oculto, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 28, é a maior da história do País contra a infiltração do crime organizado na economia formal e mira o setor de combustíveis e instituições financeiras sediadas na avenida Faria Lima, na capital paulista.

Ao todo 1.400 agentes cumpriram 200 mandados de busca e apreensão contra 350 alvos em dez Estados do País. A operação envolve agentes da Polícias Federal e Militar e das Receitas Estadual e Federal, além de promotores Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Só a região da avenida Faria Lima, principal centro financeiro do País, concentra 42 dos alvos da operação, entre fintechs, corretoras e fundos de investimentos. A estimativa é que a organização criminosa, ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), tenha movimentado R$ 52 bilhões no período investigado, blindando os recursos por meio de 40 fundos de investimentos.

Empresas da cadeia produtiva de combustível também são investigadas. A Justiça paulista decretou a indisponibilidade de quatro usinas de álcool, cinco administradoras de fundos de investimentos e cinco redes de postos de gasolina. Os cinco postos alvos das diligências somam 300 endereços de venda de combustíveis pelo País. Ao todo, são investigadas 17 distribuidoras de combustível, quatro transportadoras de cargas, dois terminais de portos, duas instituições de pagamentos, seis refinadoras e formuladoras de combustível, além de 21 pessoas físicas e até uma rede de padarias.

Fintech movimentou R$ 17,7 bilhões

A principal instituição de pagamentos investigada é o BK Bank. De acordo com as autoridades, a fintech registrou R$ 17,7 bilhões em movimentações financeiras suspeitas. A estimativa é que 80% das movimentações da fintech no período investigado tenham relação com o PCC.

A Receita Federal também estima que o esquema criminoso tenha sonegado R$ 1,4 bilhão em tributos federais, enquanto os tributos estaduais sonegados são estimados em R$ 7,6 bilhões.

Em nota, o BK Bank informou que foi surpreendido com a operação e que "conduz todas as suas atividades com total transparência, observando rigorosos padrões de compliance".

"O BK Bank reitera seu compromisso com a legalidade e coloca-se à inteira disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e colaborar plenamente com as investigações", diz o comunicado.

Reag e Boxter citadas na investigação

Entre as empresas citadas na investigação, as mais conhecidas são a Reag Investimentos e a Rede Boxter de Combustíveis.

A Reag administrava o fundo de investimentos Location no primeiro semestre de 2020. O único cotista do fundo era Renato Steinle de Camargo. Segundo as investigações, Renato era um "testa de ferro" dos empresários Mohamad Hussein Mourad e Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como "Beto Louco", ligados ao PCC.

Renato depositou R$ 54 milhões no investimento. O Santander notificou o Coaf sobre os depósitos, os quais, segundo o banco, eram incompatíveis com o patrimônio de Renato. Ao analisar as movimentações financeiras do cotista, identificou-se que R$ 45 milhões tinham como origem uma aplicação financeira de uma conta que pertencia a Mohamed Mourad.

Um dos sócios da Reag, Walter Martins Ferreira III, é acusado de ter ajudado a ocultar o verdadeiro beneficiário do fundo Location. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Reag informou que está colaborando integralmente com as autoridades.

Um parente de Mohamad Mourad, Tharek Majide Bannout, teria uma rede de padarias e atuaria no ramo dos postos de combustíveis por meio da RCG Investimentos e Participações, empresa que pertencia a Renan Cepeda, investigado na Operação Rei do Crime, em 2020, por supostas ligações com operadores de Marcola. Renan é um dos sócios da Rede Boxter de Combustíveis, apontada pelos investigadores como a rede de postos de gasolina do PCC.

Empresas do setor de combustíveis

Segundo o inquérito, o principal cliente do BK Bank no período investigado foi a distribuidora de combustíveis Aster, que pertence a Mohamad Mourad. Dos R$ 17,7 bilhões em movimentações suspeitas, R$ 2,22 bilhões foram destinados à Aster. A empresa teve sua atuação suspensa pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em 2024. Além da distribuição, Mourad seria ligado à Copape, uma formuladora de combustíveis.

As investigações também apontam que Mourad era dono de uma rede de postos de combustível em nome de laranjas. O primo de Mohamed Mourad, Himad Abdallah Mourad, é diretor da GCX, que controla 103 postos, e da GT Formuladora, que gerencia a distribuidora Arka e os terminais portuários TLOG Terminais e Riolog Terminais.

Promotores suspeitam de vazamento

Os promotores do MP-SP suspeitam que a operação tenha vazado para seus alvos. Os investigados abandonaram suas casas ainda de madrugada, antes de a polícia chegar. Por outro lado, o vazamento não atingiu os endereços mais importantes da investigação, como a sede do BK Bank.

Os investigadores identificaram que computadores e outras provas estavam escondidas em um prédio da rua Conselheiro Saraiva, no bairro de Santana, zona norte de São Paulo.

Autoridades reagem

Autoridades comentaram megaoperação. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, defendeu a aprovação da PEC da Segurança, em tramitação no Congresso. "A proposta do governo do Brasil é justamente que todas as forças de segurança do país se entrosem, que as informações sejam compartilhadas e as operações, coordenadas", disse o chefe da pasta ao defender o projeto do governo.

Segundo o ministro, a aprovação da PEC facilitará a cooperação entre diferentes órgãos públicos, o que é importante em um contexto de infiltração do crime em diferentes setores da economia e em diferentes regiões do território nacional. "O crime organizado não é mais local, é global. Apenas uma visão macro a partir do governo brasileiro, que se espraia pelos Estados, tem êxito. São operações em dez Estados", afirmou Lewandowski em entrevista coletiva em Brasília.

Na mesma linha, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a colaboração de diferentes autoridades. "Essa operação é exemplar porque ela conseguiu chegar na cobertura do sistema, no andar de cima do sistema", disse Haddad.

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, atualizou os dados da operação em entrevista coletiva. Segundo Derrite, apenas em São Paulo, foram mobilizados 700 policiais estaduais. "Eles cumpriram 156 mandados. Os policiais não sabiam o que era a operação e onde iam atuar", informou o secretário.

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