'O cinema anda em crise, mas lendas o alimentam', diz Peter Bogdanovich

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Prestes a colocar o ponto final em um novo livro, chamado Five American Icons (Cinco Ícones Americanos, em livre tradução), sobre todas as mitologias cinéfilas em torno de Lauren Bacall, Kirk Douglas, Arthur Miller, Clint Eastwood e Jack Nicholson, o realizador Peter Bogdanovich admite haver algo de irônico com o fato de sua obra-prima, A Última Sessão de Cinema (1971), estar completando 50 anos num momento em que salas exibidoras do mundo todo fecham suas portas. "É a covid, mas não só", admite o cineasta nova-iorquino de 81 anos em entrevista ao Estadão por telefone, desde seu escritório, em Los Angeles.

Lá, ele ainda prepara mais um livro: But What I Really Wanna Do Is Direct (Mas o que eu realmente quero fazer é ser sincero, em livre tradução), uma espécie de diário com citações e anotações de sua carreira. Aliás, uma das carreiras de maior prestígio da chamada Nova Hollywood (ou Geração Easy Rider), a turma de diretores que mudou a maneira de se filmar nos EUA, entre 1967 e 1981, a partir de um engajamento social, de uma cartografia das desilusões inerentes ao sonho americano e da ruptura com os ditames dos estúdios.

Scorsese, Coppola, De Palma, Elaine May, Spielberg apareceram ali e redefiniram a História, num casamento feliz (e raro) entre autoralidade e sucessos de bilheteria em série, do qual Bogdanovich fez parte também com Essa Pequena É Uma Parada (1972) e Lua de Papel (1973).

Mas foi A Última Sessão de Cinema (The Last Picture Show) - drama em preto e branco sobre a perda da inocência da juventude do Texas, em 1951, tendo uma velha sala de projeção como ponto de encontro - que mais lhe deu projeção na indústria. Dois Oscars de melhor coadjuvante, dados a Cloris Leachman e Ben Johnson (numa atuação antológica), imortalizaram o longa, que aniversaria agora, inspirando um debate que Bogdanovich considera doloroso (ou quase terminal) sobre o futuro da arte cinematográfica.

Qual é a sua maior preocupação em relação às finanças dos cinemas ao fim da pandemia?

Tenho um filme para dirigir ainda este ano, chamado One Lucky Moon, que é uma comédia ambientada em parque temático do Velho Oeste. Ele acabou adiado pois tudo parou em Los Angeles, com o coronavírus, e pessoas da minha idade precisam ficar em casa. Mas o que me parece perigoso é que as novíssimas gerações estão descobrindo o cinema em plataformas digitais nas quais a experiência de ver filmes é completamente diferente, e é feita em casa. Você não precisa ir a um lugar, pagar ingresso. Isso pode ameaçar o futuro do circuito, somando-se ao fato de que mais ninguém parece se interessar pelos clássicos, por Howard Hawks, por John Ford, diretores cuja obra exige a força da tela grande.

Mas o senhor ainda parece fiel a esse passado, tendo participado do resgate recente de O Outro Lado do Vento, de Orson Welles, e dirigido um documentário sobre Buster Keaton, The Great Buster. O senhor não acha que os streamings podem ajudar a reviver essas lendas do passado do cinema?

Claro que podem, até porque os streamings têm muita coisa boa em sua programação. Mas eles não são cinema. É o mesmo quando me perguntam sobre as séries. "As séries são boas? São importantes?" Caramba, eu fiz A Família Soprano. Claro que elas têm coisas boas. Eu mesmo teria interesse em fazer mais uma. Mas não é cinema. Cinema é algo que depende de uma plateia. Uma plateia que se deixe comover.

Da mesma maneira como parte do público se comoveu com seu A Última Sessão de Cinema há cinco décadas?

Aquele filme mudou a minha vida porque me deu a chance de ser alguém que as pessoas queriam escutar na indústria. Nunca penso no cinema dos anos 1970, nos EUA, como sendo um movimento ou uma revolução. Foi apenas uma troca de turno, uma passagem de bastão. Eu não andava com aquela turma, pois estava preocupado em entrevistar os velhos, os diretores dos anos 1930, 1940 e 1950 que estavam vivos, mas começavam a ser esquecidos. Eu queria filmar o meu tempo fiel ao passado. Ben Johnson, por exemplo, não queria fazer o filme. Ele recebeu meu roteiro e reclamou do excesso de palavras. Ele era um ator que gostava da ação física e não de falar, não de tramas palavrosas. Precisei pedir ajuda a John Ford, que eu andava entrevistando na época. Ele procurou Ben Johnson e disse: "Você quer passar a vida toda sendo o 'escada' de John Wayne? Então faça o filme do garoto". E ele fez. Eu disse a ele: "Ben, se você fizer o papel de Sam The Lion, vai ganhar o Oscar". Não deu outra.

Qual o maior legado da geração dos anos 1970, na sua opinião?

O realismo. O cinema, com a gente, atenuou seu escapismo por um tempo. Mas a principal mudança foi estrutural. Os estúdios existiam para fabricar astros e estrelas. A gente apareceu para fabricar filmes. Antes da gente, as pessoas iam ver James Cagney, Humphrey Bogart. Conosco, a plateia ia ver Lua de Papel.

O que esperar agora de Five American Icons?

Muitas histórias que colhi ao longo de muitas entrevistas. O cinema anda em crise, mas as lendas o alimentam.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Morreu nesta sexta-feira, 2, em São Paulo, a atriz mirim Millena Brandão, do canal SBT, aos 11 anos. A artista teve morte encefálica, de acordo com o hospital onde ela estava internada.

Também conhecida como morte cerebral, a morte encefálica é a perda completa e irreversível das funções cerebrais. Como o cérebro controla outros órgãos, quando é constatada sua morte, outras funções vitais também serão perdidas e o óbito da pessoa é declarado.

Millena havia sofrido diversas paradas cardiorrespiratórias nos últimos dias, recebido diagnóstico de tumor cerebral e estava internada no Hospital Geral de Grajaú, na capital, desde o dia 29.

O que configura morte encefálica?

Para funcionarem, os neurônios precisam de oxigênio e glicose, que chegam ao cérebro pela circulação sanguínea. Quando algum problema impede o fluxo sanguíneo, essas células podem morrer e as funções cerebrais são prejudicadas. Se a perda das funções é completa e irreversível, é declarada a morte cerebral.

Apesar de alguns órgãos poderem continuar funcionando, o cérebro já não consegue controlá-los. Assim, embora ainda haja batimentos cardíacos, por exemplo, eles tendem a parar. A respiração também não acontecerá sem a ajuda de aparelhos.

O que pode causar a morte encefálica?

Qualquer problema que cesse a função cerebral antes de encerrar o funcionamento de outras partes do organismo causa a morte encefálica. Entre as causas mais comuns estão:

- Parada cardiorrespiratória;

- Acidente vascular cerebral (AVC);

- Doença infecciosa que afete o sistema nervoso central;

- Tumor cerebral;

- Traumas.

Quando a morte encefálica é declarada?

No Brasil, a resolução nº 2.173/17 do Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece critérios rigorosos para a declaração de morte encefálica. De acordo com especialistas, o protocolo brasileiro é um dos mais criteriosos do mundo.

O CFM determina a realização de uma série de exames para comprovar a perda do reflexo tronco encefálico, aquele responsável por controlar funções autônomas do organismo, como a respiração.

Essa análise deve ser feita por dois médicos que examinam o paciente em horários diferentes, e os resultados precisam ainda ser complementados por um exame - um eletroencefalograma ou uma tomografia, por exemplo.

Morte encefálica e doação de órgãos

A "Lei dos Transplantes" (Lei nº 9.434/1997) estabelece que a doação de órgãos após a morte só pode ser realizada quando constatada a morte encefálica.

Quando isso acontece, as funções vitais do paciente são mantidas de maneira artificial até que a remoção dos órgãos seja feita.

Miguel Falabella atualizou o estado de saúde após revelar em suas redes sociais que estava com hérnia de disco. O ator e diretor publicou um vídeo nesta sexta-feira 2, gravado e compartilhado direto do hospital em que precisou ficar internado para fazer uma cirurgia.

"Quero agradecer muito as literalmente milhares de mensagens que recebi de força, carinho, de afeto", declarou no vídeo, contando já está se recuperando.

"Me operei hoje às 9h da manhã e o médico disse para mim: 'Você vai acordar sem dor'. Eu não acreditei, mas ele tinha razão."

Falabella comunicou na última quinta-feira, 1º, que estava afastado das apresentações desta semana do espetáculo Uma Coisa Engraçada Aconteceu a Caminho do Fórum, em São Paulo, por estar com muita por conta da hérnia de disco.

O ator Edgar Bustamante substitui Falabella nas sessões que vão até este domingo, 4.

No novo vídeo, Falabella comemora estar melhor. Segundo ele, a cirurgia ocorreu sem intercorrências.

"Sem dor, já acordei, já fui ao banheiro, eu estou andando. Esperando alta para ir para casa. Depois dou notícias. Muito obrigado, um beijo enorme, agora é fisioterapia e vida que segue."

Ela veio, apareceu e deu um presente: a passagem de som, que foi praticamente uma 'apresentação extra'. Nesta sexta-feira, 2, depois de quatro dias de espera, Lady Gaga surgiu aos fãs que já estão na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, aguardando o mega show da diva pop que acontece neste sábado, 3.

O ensaio não foi surpresa, ainda assim pegou os fãs desprevenidos. Uma multidão, ansiosa para reencontrar aquela que não via desde 2012, correu em direção ao palco ao ouvir a voz da cantora.

A artista dançou, tocou piano e ficou a poucos metros dos fãs. Aos gritos de "Gaga, eu te amo", a cantora se emocionou e levou a plateia ao delírio com canções como "Abracadabra", "Shallow" e "Garden of Eden".

A passagem de som, iniciada pouco depois das 20h, teve cerca de uma hora de duração, mais de dez músicas apresentadas e troca de figurino - praticamente um show completo depois da sua quase vinda ao Rock In Rio de 2017, cancelada devido a fortes dores causadas pela fibromialgia, mas que rendeu os inesquecíveis memes "Ela não vem mais!" e "Brazil, I'm devastated."

Durante o ensaio de "Vanish Into You", música de seu novo álbum intitulado "Mayhem", o público quase derrubou a barreira de contenção, mas a artista seguiu com a passagem de som sem interrupções.

Ao que tudo indica, a tão esperada apresentação terá um setlist similar ao do Coachella 2025, já que os hits 'Alejandro', 'Paparazzi' e 'Bloody Mary' também marcaram presença na passagem de som.

O show de sábado, gratuito e previsto para começar às 21h45, deve reunir mais de 1,5 milhão de pessoas na orla carioca.

A TV Globo irá transmitir a apresentação ao vivo, que também poderá ser assistida no Multishow e no Globoplay. A expectativa é de um espetáculo histórico, marcando o retorno de Gaga ao Brasil após doze anos.