O cardeal espanhol Juan José Omella, que completou 79 anos no mesmo dia em que o papa Francisco morreu, não está entre os favoritos para assumir o cargo.
Entretanto, a eleição costuma reserva surpresas - o próprio Francisco, em 2012, não acreditava que seria escolhido sucessor de Bento 16, tanto que saiu da Argentina dizendo para sua irmã que logo voltaria e que havia interrompido a arrumação de casa, mas rapidamente a retomaria. Eleito papa, Francisco nunca mais voltou ao país.
Omella, arcebispo de Barcelona, também não se considera com chances de ser eleito. "Sou o último cardeal, o cardeal mais limitado", afirmou à emissora de TV espanhola La Sexta, quando questionado sobre o conclave.
"Eu não penso nessas coisas. Vou participar com prazer nesta eleição e espero que acertemos no que o Espírito Santo nos iluminar", concluiu o religioso.
Mas, se os demais cardeais votantes decidirem alçar a papa alguém com perfil semelhante a Francisco, Omella ganha destaque. Apesar de ser um dos mais importantes integrantes da Igreja Católica na Espanha, onde presidiu a Conferência dos Bispos de 2020 a 2024, ele sempre manteve uma vida humilde, dedicando-se ao cuidado pastoral e promovendo justiça social.
"Não devemos ver a realidade apenas pelos olhos daqueles que têm mais, mas também pelos olhos dos pobres" - a frase poderia ter sido dita por Francisco, mas seu autor é Omella, durante entrevista ao site espanhol de notícias Crux, em abril de 2022.
Nascido em 1946 no vilarejo de Cretas, no nordeste da Espanha, foi ordenado padre em 20 de setembro de 1970. Atuou inicialmente em Zaragoza, e passou um ano como missionário no Zaire, hoje chamado de República Democrática do Congo.
De 1999 a 2015 Omella trabalhou em estreita parceria com a instituição de caridade espanhola Manos Unidas, que combate a fome, as doenças e a pobreza em países em desenvolvimento.
Nomeado bispo em 1996 e promovido a arcebispo de Barcelona em 2015, Omella foi alçado a cardeal em 2016, por decisão do papa Francisco, em medida interpretada como claro endosso às tendências progressistas do religioso.
Em 2023, quando Omella presidia a conferência de bispos espanhóis, uma comissão independente estimou que mais de 200 mil crianças e adolescentes podem ter sido abusados sexualmente pelo clero espanhol, em décadas.
Omella pediu perdão repetidamente pela prática e pela gestão dos abusos sexuais, mas negou que tantas crianças tenham sido abusadas - uma investigação interna da Igreja identificou 927 vítimas desde a década de 1940.
Depois o cardeal disse que os números eram menos importantes. "No final das contas, os números não nos levam a lugar algum. O importante são as pessoas e fazer as pazes na medida do possível", ponderou.
Em 2023, Francisco convidou Omella para se tornar um dos nove cardeais que integram um gabinete para aconselhar o papa sobre questões de governança.
'Sou o mais limitado', diz cardeal espanhol que se dedica aos pobres e é cotado para ser papa
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