'Amigas inseparáveis': quem eram as jovens atropeladas e mortas em São Caetano do Sul

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As jovens Isabela Priel Regis e Isabelli Helena de Lima Costa, ambas de 18 anos, morreram na noite da última quarta-feira, 9, atropeladas por um carro em alta velocidade, em São Caetano do Sul, cidade da região metropolitana de São Paulo.

Segundo familiares, as duas eram amigas próximas e se formaram juntas na mesma escola. Antes do acidente, elas estariam celebrando a conquista do emprego de Isabelle, que começaria na nova experiência profissional na semana que vem.

"As duas eram amigas inseparáveis, estudaram o Ensino Médio juntas e morreram juntas", disse Claudilene Helena de Lima, mãe de Isabelli, em entrevista a repórteres, nesta quinta-feira, 10. "(Elas) Iam começar a trabalhar. A Isabelli ia começar na segunda-feira e não deu tempo. Elas saíram para comemorar e estavam voltando para casa", acrescentou.

Em um perfil na rede social, Isabela Priel informou que buscava a primeira experiência profissional e que estudava, desde 2023, em um curso técnico de Enfermagem na instituição Grau Técnico. "Busco oportunidades que me permitam crescer profissional e pessoalmente", escreveu a jovem.

A instituição disse, em nota, que recebeu a notícia da morte da jovem com "bastante pesar" e desejou condolência à família e amigos.

Isabela e Isabelli foram atingidas por um carro em alta velocidade na altura do número 935 da Avenida Goiás, no bairro Santo Antônio. Elas atravessavam a pista quando o veículo as atingiu, arrastando duas por cerca de 50 metros. As vítimas morreram no local.

O homem que dirigia o carro foi submetido ao teste do etilômetro (bafômetro), que resultou negativo. "Ele foi encaminhado à delegacia da cidade, onde foi ouvido e preso em flagrante por homicídio. Ele deve passar por audiência de custódia ainda nesta quinta-feira", afirmou a pasta.

O condutor foi identificado como Brendo dos Santos Sampaio, de 26 anos. De acordo com uma testemunha ouvida pela polícia, o rapaz dava indícios de estar disputando um racha com outro veículo no momento em que atropelou Isabelli e Isabela.

A prisão em flagrante foi convertida em preventiva e Brendo foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Bernardo do Campo.

Os advogados de defesa de Brendo, Thalita Beserra, Francisco Ferreira e Thaís Vianna, afirmam, em nota, que o caso "foi uma fatalidade" e dizem que Isabela e Isabelli atravessaram a via quando o semáforo ainda estaria vermelho para elas e que o estudante não as teria visto.

"Ele prestou socorro no mesmo momento, não se evadindo do local. E o teste para embriaguez deu negativo", completaram os defensores.

Conforme o boletim de ocorrência, Brendo foi indiciado por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. Ele dirigia um veículo modelo Honda Civic, que ficou com a parte dianteira completamente destruída.

"Destarte, no presente caso, o indiciado ao lançar-se em prática de altíssima periculosidade em via pública e mediante alta velocidade (em conduta conhecida por "racha"), teria consentido com que o resultado se produzisse. Logo, há dolo eventual na espécie", escreveu a polícia.

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Morreu neste domingo, 3, aos 48 anos, o ator Mauricio Silveira. O artista estava em coma induzido por complicações de uma cirurgia para retirada de um tumor no intestino. A notícia foi confirmada nas redes sociais de Mauricio.

O velório do ator será realizado no domingo, das 9h às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade, no Jardim Sulacap, no Rio de Janeiro.

Mauricio já havia atuado em diversas novelas da Rede Globo, como Cobras & Lagartos (2006), Faça Sua História (2008) e Insensato Coração (2011). Ele também colecionou contribuições ao teatro e ao audiovisual.

Mauricio era ator, diretor e CEO da oficina de teatro e audiovisual MS Produções, responsável por espetáculos como Blue Man e Eu Matei Nelson Rodrigues, no qual também atuou.

Tratamento contra câncer no intestino

O artista estava em coma induzido para tratar uma infecção. Theo Becker, que também é ator e amigo pessoal de Mauricio, pediu em seu Instagram para que fãs e seguidores torcessem pela recuperação. O vídeo, postado no último domingo, 27, viralizou.

"Quero pedir orações para um grande amigo meu, Mauricio Silveira. O médico fez um exame e descobriu um câncer no intestino. Um câncer agressivo demais. Ele está entre a vida e a morte", disse Theo na ocasião.

Na última quinta, 31, a família de Mauricio informou que o estado de saúde do ator havia piorado e pediu por doações de sangue. Na ocasião, ele recebeu o apoio de diversos colegas de profissão.

"Toda força e energia de cura", escreveu Eriberto Leão. "Estou orando por você, querido", comentou a atriz Ellen Roche.

A mesa 8 da Flip 2025, na manhã de sexta-feira, 1.º, não foi uma "mesa de poesia feminina", como aquelas que, há poucas décadas, separavam as poetas da conversa principal. Mas foi uma mesa sobre poesia, e de poesia feita por mulheres. A conversa entre Alice Ruiz, Claudia Roquette-Pinto e Marília Garcia, mediada por Fernando Luna, falou sobre as convergências e divergências de três gerações de poetas e gerou diversos momentos aplaudidos pela plateia.

"É uma magia um espaço desse lotado de pessoas interessadas em poesia de mulheres às 10h da manhã de uma sexta", celebrou Alice. Logo, foi questionada sobre a emoção de estar na Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, no ano em que o homenageado é o poeta Paulo Leminski, que foi seu companheiro e com quem teve três filhos. "Normalmente para a mulher se pergunta da emoção, mesmo quando é trabalho. Se eu não tivesse colocado a emoção de lado, não teria conseguido trabalhar", disse Alice, que, mais tarde, voltou à questão: "Espero não ter sido indelicada. É porque isso é o inferno da minha geração".

Alice definiu como uma felicidade grande ver o reconhecimento da obra de Leminski, pelo qual ela e as filhas Aurea Alice e Estrela tanto trabalharam. "Essa coisa de estar vivo é por momentos como esse."

CONVERGÊNCIA. Alice, Claudia e Marília contaram como conheceram a poesia uma da outra. "Nunca vi uma Flip com tantas poetas. Isso a gente deve a essas pioneiras", disse Claudia, falando da geração de Alice. "Os rapazes que me desculpem, mas em quantidade e qualidade acho que já estamos na frente", completou Alice.

Um dos temas de convergência foi o erotismo, presente nas obras de Claudia e Alice. A veterana comentou que uma de suas grandes influências foi Clarice Lispector, mas também citou Gilka Machado, e disse que a presença do erotismo nas obras da poeta a impressionaram: "Mulher escrever sobre erotismo, para mim, é político".

Marília comentou que acredita que a poesia vai sendo construída em conjunto, a partir de quem está produzindo naquele período, mas que agora vê uma pluralidade muito maior de vozes. Claudia lembrou que "escutou atrocidades" nos anos 1990, quando começou a publicar. "Mostrei um poema a um colega e ele me disse: você escreve igual a um homem." Foi nesse momento que ela lembrou como eram comuns as "mesas de poesia feminina". "É muito diferente disso aqui, agora."

"Eu tinha quase um compromisso em não falar de sofrimento. Mas, se eu falasse, queria apresentar uma saída", disse Alice, antes de ler um trecho de Milagrimas. Quando encerrou o último verso, "a cada mil lágrimas sai um milagre", foi ovacionada de pé pela plateia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A escritora mexicana Cristina Rivera Garza, vencedora do prêmio Pulitzer por O Invencível Verão de Liliana (Autêntica), falou sobre a crise na fronteira entre Estados Unidos e México durante a mesa que dividiu com a argentina María Negroni na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip 2025, neste sábado, 2.

A autora nasceu em 1964 no município de Heroica Matamoros, que fica na divisa com o estado do Texas, e atualmente mora em Houston. "Sempre que me perguntam isso eu começo dizendo: é tão horrível quanto parece", disse, em resposta ao mediador Guilherme Freitas.

A escritora considera que o conflito na fronteira e a política contra imigração americana são frutos de um "capitalismo de ódio". Ela contou que conseguiu perceber, ao longo de quase dez anos em Houston, que celebrações mexicanas na cidade foram diminuindo por medo da repressão.

"É preciso lutar cotidianamente, com o corpo, como as feministas dizem. Para mim, trabalhar na universidade é oferecer cursos de escrita criativa e literatura é uma forma de ativismo", completou. Atualmente, ela dirige o programa de doutorado em escrita criativa da Universidade de Houston.

Escrita e memória

A mesa entre Cristina e María Negroni, que contaram que se conhecem há muitos anos, demorou a engatar e teve alguns problemas de tradução. Ainda assim, ambas puderam apresentar seus trabalhos e refletir sobre a criação da literatura a partir de memória e pesquisa.

O Coração do Dano (Poente), da escritora argentina, é uma autoficção sobre a relação complicada com a mãe, um misto de rancor e fascínio. "A escrita de um livro é sempre um mistério para o autor ou autora. Acho que o livro foi se escrevendo, um pouco baseado na perda. Não é um livro de luto, mas de alguma forma, tinha que articular algo que sempre esteve dentro de mim. Essa figura materna, de alguma forma, me configura", disse ela.

O Invencível Verão de Liliana, de Cristina, reconstitui a vida da irmã da escritora, morta em 1990, aos 21 anos, vítima de feminicídio. A mexicana comentou que já havia tentado escrever o livro anteriormente, sem sucesso, e creditou às mobilizações feministas na América Latina que, segundo ela, produziram a linguagem que ela pode usar no livro. Quando Liliana foi morta, o termo 'feminicídio' não fazia parte da esfera pública. "Foram elas que possibilitaram eu pudesse dizer: foi isso que aconteceu", afirmou.

Ela também falou sobre Autobiografia do Algodão, publicado neste ano pela Autêntica, um romance que resgata a história de seus avós na fronteira, em uma plantação de algodão. "O que me moveu foi uma busca pela identidade. Foi uma pesquisa amorosa. Um trabalho de cuidado, um acolhimento que oferecemos aos nossos mortos", disse.

Em outro momento, o mediador pediu que María falasse sobre sua relação com Clarice Lispector. A epígrafe do livro da argentina é uma frase da escritora: "Vou criar o que me aconteceu". Ela disse que Clarice, nesta frase, "faz uma espécie de fenda na distância que existe entre a palavra e o mundo."

"Minha citação da Clarice é para dizer que o que narra esse livro não é algo que ocorreu. Eu não tenho certeza de fato. Dentro do livro, a mãe desmente memórias", disse, completando: "Escrever um livro é como entrar em um poço às escuras. Tenho que acreditar que ele vai me levar para onde eu quero ir."