O que você precisa saber sobre papas, doença no Vaticano, a carta de renúncia de Francisco

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Embora o Vaticano tenha leis e rituais detalhados para garantir a transferência de poder quando um papa morre ou renuncia, eles não se aplicam caso ele esteja doente ou até mesmo inconsciente. E não há normas específicas que determinem o que acontece com a liderança da Igreja Católica se um papa se tornar totalmente incapacitado.

Assim, apesar de o Papa Francisco continuar hospitalizado em estado crítico com uma infecção pulmonar complexa, ele ainda é o papa e continua plenamente no comando.

O Vaticano informou no domingo, 23, que Francisco descansou durante uma noite tranquila, após ter sofrido uma crise respiratória prolongada no dia anterior, que exigiu altos fluxos de oxigênio para ajudá-lo a respirar. Ele está consciente, dizem.

A internação de Francisco, porém, levanta questões óbvias sobre se ele pode seguir os passos do Papa Bento XVI e renunciar caso se torne incapaz de liderar. Na segunda-feira, 24, a hospitalização atingirá a marca de 10 dias, igualando a duração da internação de 2021, quando ele passou por uma cirurgia para remover 33 centímetros do cólon.

A idade e doença prolongada reacenderam o interesse sobre como o poder papal é exercido na Santa Sé, como é transferido e sob quais circunstâncias. Veja como funciona:

Qual é o papel do papa?

O papa é o sucessor do apóstolo Pedro, o chefe do colégio dos bispos, o Vigário de Cristo e o pastor da Igreja Católica universal na Terra, de acordo com o direito canônico da própria Igreja.

Nada mudou no status, papel ou poder desde que Francisco foi eleito o 266º papa em 13 de março de 2013. Esse status é determinado por designação teológica.

O que é a Cúria Vaticana?

Francisco pode estar no comando, mas já delega a administração cotidiana do Vaticano e da Igreja a uma equipe de funcionários que opera independentemente de sua presença no Palácio Apostólico ou de seu estado de consciência. É a chamada Cúria Vaticana.

O principal entre eles é o secretário de Estado, o cardeal Pietro Parolin. Como sinal de que a hospitalização de Francisco não trouxe mudanças para a governança da Igreja, Parolin estava em Burkina Faso quando o papa foi internado em 14 de fevereiro. Parolin já retornou ao Vaticano.

Outras funções do Vaticano seguem normalmente, incluindo os preparativos para o Ano Santo de 2025. No domingo, por exemplo, o arcebispo Rino Fisichella celebrou uma Missa Jubilar na Basílica de São Pedro, que Francisco deveria presidir. Fisichella fez uma oração especial pelo papa no altar antes de pronunciar a homilia preparada por Francisco.

O que acontece quando um papa fica doente?

O direito canônico prevê medidas para quando um bispo adoece e não pode administrar sua diocese, mas não há regras específicas para um papa.

O Cânon 412 estabelece que uma diocese pode ser considerada "impedida" se seu bispo - devido a "cativeiro, banimento, exílio ou incapacidade" - não puder exercer suas funções pastorais. Nesses casos, a administração diária da diocese passa para um bispo auxiliar, um vigário-geral ou outra autoridade.

Embora Francisco seja o bispo de Roma, não existe uma previsão explícita para o papa caso ele se torne "impedido" da mesma forma. O Cânon 335 apenas declara que, quando a Santa Sé estiver "vaga ou totalmente impedida", nada pode ser alterado na governança da Igreja. No entanto, o texto não especifica o que significa a Santa Sé estar "totalmente impedida" nem quais medidas deveriam ser adotadas caso isso aconteça.

Em 2021, um grupo de especialistas em direito canônico começou a propor normas para preencher essa lacuna legislativa. Eles criaram uma iniciativa de crowdsourcing canônico para elaborar uma nova lei da Igreja que regulasse tanto o cargo de um papa aposentado quanto as normas a serem aplicadas caso um papa ficasse impossibilitado de governar, seja temporária ou permanentemente.

As normas propostas argumentam que, com os avanços da medicina, é totalmente plausível que, em algum momento, um papa esteja vivo, mas incapaz de governar. Segundo a proposta, a Igreja deve prever a declaração de uma "Sé totalmente impedida" e a transferência de poder para garantir sua unidade.

De acordo com essas normas, a governança da Igreja universal passaria para o Colégio dos Cardeais. No caso de um impedimento temporário, os cardeais nomeariam uma comissão para administrar a Igreja, com avaliações médicas periódicas a cada seis meses para determinar o estado do papa.

E a carta de renúncia de Francisco?

Quem é o camerlengo que governa o Vaticano na ausência do papa Francisco

Francisco confirmou, em 2022, que escreveu uma carta de renúncia logo após sua eleição como papa, para ser usada caso ele ficasse incapacitado por motivos médicos. Ele disse que entregou o documento ao então secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone, e supôs que ele o tivesse repassado ao escritório de Parolin ao se aposentar.

O texto da carta não é público, e as condições que Francisco estipulou para sua renúncia são desconhecidas. Também não se sabe se esse tipo de carta teria validade canônica. O direito canônico exige que uma renúncia papal seja "livre e devidamente manifestada" - como aconteceu quando Bento XVI anunciou a renúncia em 2013.

Em 1965, o Papa Paulo VI escreveu cartas ao decano do Colégio dos Cardeais, sugerindo que, caso ficasse gravemente doente, o decano e outros cardeais deveriam aceitar a renúncia dele. No entanto, a carta nunca foi usada, já que Paulo VI viveu por mais 13 anos e morreu exercendo o cargo.

O que acontece quando um papa morre ou renuncia?

O poder papal só muda de mãos quando um papa morre ou renuncia. Nesses momentos, uma série de ritos e cerimônias entram em ação para governar o interregnum - o período entre o fim de um pontificado e a eleição de um novo.

Durante esse período, conhecido como sede vacante (Sé vazia, em uma tradução literal), o camerlengo (ou camareiro) assume a administração e as finanças da Santa Sé. Ele certifica a morte do papa, lacra os aposentos papais e organiza o funeral antes do início do conclave para a eleição do sucessor.

Atualmente, essa posição é ocupada pelo cardeal Kevin Farrell, responsável pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida no Vaticano. O camerlengo não tem nenhuma função caso o papa esteja apenas doente ou incapacitado.

O decano do Colégio dos Cardeais, que preside o funeral papal e organiza o conclave, também não assume nenhuma responsabilidade adicional se o papa estiver apenas doente. Atualmente, o cargo é ocupado pelo cardeal italiano Giovanni Battista Re, de 91 anos.

No início deste mês, Francisco decidiu manter o cardeal no cargo mesmo após o término do mandato de cinco anos, em vez de nomear um substituto. O papa também prorrogou o mandato do vice-decano, o cardeal argentino Leonardo Sandri, de 81 anos./AP

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Taterka começou na propaganda dirigindo comerciais nos anos 1970. Em seguida, fez parte da equipe criativa de agências como Norton Publicidade, Proeme, Cosi&Jarbas e Standard Ogilvy & Mather. No início dos anos 1980 fundou a TVC - Televisão e Cinema, produtora dedicada a comerciais. Em 1993, criou a Taterka Comunicações.

Em 2010, o francês Publicis Groupe tornou-se sócio minoritário da agência brasileira, chegando a comprar 60% das ações em 2012. Em 2015, grupo a fundiu com outra agência brasileira, formando a DPZ&T, unindo a inicial de Taterka às de Petit, Zaragoza e Duailibi (que faleceu há uma semana).

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A opção de cremação foi um pedido de Preta à família. O corpo dela foi levado até o cemitério em cortejo em um carro do Corpo de Bombeiros e passou pelo chamado Circuito de Carnaval de Rua Preta Gil.

Preta morreu em decorrência de um câncer colorretal que tratava desde 2023. Em busca de métodos alternativos para o tratamento da doença, passou suas últimas semanas de vida em Nova York, nos Estados Unidos, onde morreu.

Geezer Butler, baixista do Black Sabbath, publicou um artigo no jornal britânico The Times, no domingo, 27, em homenagem a Ozzy Osbourne, que morreu aos 76 anos na terça-feira, 22. No texto, Butler compartilha momentos da convivência com o vocalista, desde os primeiros anos em Aston, bairro operário de Birmingham, até a última apresentação da banda, no Villa Park, neste mês.

O artigo começa com uma lembrança recente: uma campanha promocional do Aston Villa, em que Butler e Osbourne participaram de um vídeo para lançar o novo uniforme do clube. A ação, que simulava um telefonema entre os dois sobre jogar juntos no estádio do time, alcançou grande repercussão nas redes sociais.

A relação entre Osbourne e Butler teve início ainda na juventude. Ambos cresceram nos arredores do estádio do Aston Villa, frequentavam a mesma região e, em 1968, fundaram a banda que mais tarde se tornaria o Black Sabbath, ao lado de Tony Iommi e Bill Ward.

No relato, Butler descreve o reencontro com Osbourne nos ensaios para o último show da banda, realizado em 5 de julho, em Birmingham. Segundo ele, o estado de saúde do vocalista já era delicado.

"Eu sabia que ele não estava bem de saúde, mas não estava preparado para ver o quão frágil ele estava. Ele foi auxiliado a entrar na sala de ensaio por dois ajudantes e uma enfermeira e estava usando uma bengala - sendo Ozzy, a bengala era preta e cravejada de ouro e pedras preciosas. Ele não disse muito além dos cumprimentos habituais e, quando cantou, sentou-se em uma cadeira. Repassamos as músicas, mas percebemos que ele estava ficando exausto depois de seis ou sete músicas. Conversamos um pouco, mas ele estava bem quieto comparado ao Ozzy de antigamente."

Durante a apresentação final, a banda não pôde repetir os rituais de encerramento habituais. Butler menciona que não houve o tradicional abraço entre os integrantes, já que Osbourne permaneceu sentado em seu "trono" no palco.

"O que fazemos? Tony apertou sua mão, eu o presenteei com um bolo, mas foi uma sensação tão estranha terminar nossa história assim. Eu gostaria de ter tido mais tempo nos bastidores com o Ozzy, mas desejos são redundantes agora. Como Ozzy costumava dizer: 'Deseje em uma mão, c**** na outra e veja o que vem primeiro'", escreveu o baixista.

Butler também recorda episódios marcantes da formação da banda, incluindo o primeiro encontro com Osbourne, que apareceu à porta de sua casa vestindo uma beca e segurando uma escova de chaminé. O texto ainda menciona como os quatro músicos se conheceram e decidiram formar o grupo, inicialmente chamado Earth.

Além dos momentos profissionais, Butler destaca a relação pessoal com Osbourne. Ele relata que, mesmo após longos períodos sem contato direto, o vocalista se mantinha presente em situações importantes. Durante uma internação de seu filho, por exemplo, Osbourne telefonava diariamente para saber notícias.

O texto termina com um agradecimento à trajetória compartilhada e à oportunidade de se apresentarem juntos pela última vez. "Ninguém sabia que ele nos deixaria pouco mais de duas semanas após o show final. Mas sou muito grato por termos tocado juntos uma última vez diante de seus amados fãs. O carinho dos fãs e de todas as bandas, músicos, cantores e artistas solo naquela noite foi incrível. Todos vieram prestar homenagem ao Príncipe. Sou muito privilegiado por ter passado a maior parte da minha vida com ele. É claro que há milhões de coisas que me lembrarei e que eu deveria ter escrito, mas como posso resumir 57 anos de amizade em poucos parágrafos? Deus te abençoe, Oz, foi uma jornada incrível! Te amo!", concluiu.

Leia o texto na íntegra:

Geezer Butler: Ozzy Osbourne era o Príncipe do Riso

Desde o dia em que Ozzy chegou descalço à sua porta até o emocionante show final, três semanas atrás, o baixista do Black Sabbath reflete sobre 57 anos de amizade.

Há pouco mais de um ano, o departamento de publicidade do Aston Villa entrou em contato comigo perguntando se eu teria interesse em lançar o novo uniforme do Villa, da Adidas. Eles explicaram o cenário: Ozzy Osbourne me ligava perguntando se eu jogaria no Villa Park com ele e eu respondia: "Contanto que eu jogue na ponta esquerda". É claro que o vídeo viralizou e teve o maior número de visualizações entre todos os lançamentos de uniformes de futebol daquela temporada. Esse era o poder do Ozzy.

O Aston Villa era uma presença enorme para nós em Aston. Quando eu era criança, a humilde casa do Ozzy ficava a algumas centenas de metros do estádio, assim como a minha. Eu era fanático pelo Villa - ainda sou - e ia a todos os jogos que minha mesada permitia, enquanto o Ozzy 'cuidava' dos carros dos torcedores por alguns centavos. Portanto, foi bastante apropriado para Ozzy e o Black Sabbath encerrarem a longa jornada desde o nosso início em 1968 até o nosso último show em Aston, no Villa Park, em 5 de julho. Eu não imaginava então que nunca mais veria Ozzy depois daquela noite.

Os ensaios para aquele show final começaram um mês antes em um estúdio na zona rural de Oxfordshire. Tony Iommi, Bill Ward e eu tocamos sete músicas juntos. Claro, sem tocar juntos há 20 anos, levou alguns dias para nos livrarmos da ferrugem.

Então chegou a hora de Ozzy se juntar a nós. Eu sabia que ele não estava bem de saúde, mas não estava preparado para ver o quão frágil ele estava. Ele foi ajudado a entrar na sala de ensaio por dois ajudantes e uma enfermeira e estava usando uma bengala - sendo Ozzy, a bengala era preta e cravejada de ouro e pedras preciosas. Ele não disse muito além dos cumprimentos habituais e, quando cantou, sentou-se em uma cadeira. Repassamos as músicas, mas percebemos que ele estava ficando exausto depois de seis ou sete músicas. Conversamos um pouco, mas ele estava bem quieto comparado ao Ozzy de antigamente. Depois de mais algumas semanas, estávamos prontos para o show.

Para mim, Ozzy não era o Príncipe das Trevas - na verdade, era o Príncipe do Riso. Ele fazia qualquer coisa por uma risada, um artista nato. A primeira vez que o conheci foi quando voltava para casa depois de noites inteiras em uma casa noturna de rock chamada Penthouse, em Birmingham. Eu tinha cabelo comprido abaixo dos ombros e parecia um hippie. O Ozzy estava do outro lado da rua, vindo das noites inteiras de soul em Brum, com seu cabelo curto e terno moderno. Completamente opostos um do outro. Mal sabia eu então que, em um ano, formaríamos o que se tornaria o Black Sabbath e criaríamos uma forma totalmente nova de rock.

Em 1968, a banda de meio período em que eu fazia parte estava procurando um vocalista. Vi um anúncio em uma loja de música no centro de Birmingham com as palavras 'Ozzy Zig needs a gig' (algo como 'Ozzy Zig precisa de espaço em uma banda'). O endereço dele estava no anúncio e vi que ele morava a três ou quatro quarteirões de mim, então fui e bati na porta dele, só para ouvir da irmã dele que o Ozzy não estava. Deixei meu endereço com ela e, mais tarde naquela noite, enquanto a família Butler estava se sentando para jantar, bateram na porta. Meu irmão atendeu e disse: 'Ei, tem alguma coisa na porta perguntando por você'. Eu perguntei: 'O que você quer dizer com 'alguma coisa'? Ele respondeu: 'Você vai ver'.

Era o cara de cabelo curto que eu tinha visto voltando para casa depois das noites em claro, só que ele não estava de terno - ele estava com a beca marrom do pai, uma escova de chaminé no ombro, um sapato na coleira de cachorro e descalço. Ele disse: 'Sou o Ozzy'. Depois que parei de rir, eu disse: 'Ok, você está na banda'.

Assim começou a jornada mais incrível das nossas vidas. Tony Iommi morava a duas ruas da minha casa, então fomos lá para ver se ele conhecia algum baterista. Ele disse: "Sim, Bill Ward, e ele está aqui se você quiser falar com ele". Bill ouviu o que tínhamos a dizer e concordou em se juntar a nós, contanto que Tony aparecesse. E assim nasceu o Earth - que mais tarde mudou para Black Sabbath.

Nosso primeiro show terminou em uma briga enorme. Sendo de Aston, você tinha que saber se defender, e certamente Ozzy e Tony, em particular, não ficavam alheios a brigas. Nos tornamos irmãos inseparáveis, sempre cuidando um do outro. As pessoas sempre acharam Ozzy um homem selvagem, mas ele tinha um coração de ouro puro. A maioria de suas travessuras infames - a saga do morcego, morder a cabeça de uma pomba, urinar no Álamo, cheirar fileiras de formigas e o resto - aconteceu em seus anos solo, longe das restrições da equipe do Sabbath. Mas se você fosse um amigo em apuros, Ozzy sempre estaria lá para te ajudar. Quando meu filho nasceu com um problema cardíaco, Ozzy me ligava todos os dias para saber como eu estava lidando, mesmo sem nos falarmos por um ano.

Quando fizemos a promoção da Adidas no Aston Villa, eu não via nem falava com Ozzy desde a turnê The End, do Black Sabbath, em 2017. Mas sempre houve uma ligação invisível entre Ozzy, Tony, Bill e eu. Tínhamos passado pelos melhores e piores momentos; o vínculo era inquebrável.

E assim foi até o show final. A parte mais estranha daquele show foi o final. Normalmente, todos nos abraçaríamos e faríamos uma reverência para a plateia. Mas o Ozzy estava em seu trono e não tínhamos pensado nisso.

O que fazemos? Tony apertou sua mão, eu o presenteei com um bolo, mas foi uma sensação tão estranha terminar nossa história assim. Eu gostaria de ter tido mais tempo nos bastidores com o Ozzy, mas desejos são redundantes agora. Como Ozzy costumava dizer: 'Deseje em uma mão, cague na outra e veja o que vem primeiro'.

Ninguém sabia que ele nos deixaria pouco mais de duas semanas após o show final. Mas sou muito grato por termos tocado juntos uma última vez diante de seus amados fãs. O carinho dos fãs e de todas as bandas, músicos, cantores e artistas solo naquela noite foi incrível. Todos vieram prestar homenagem ao Príncipe. Sou muito privilegiado por ter passado a maior parte da minha vida com ele. É claro que há milhões de coisas que me lembrarei e que eu deveria ter escrito, mas como posso resumir 57 anos de amizade em poucos parágrafos?

Deus te abençoe, Oz, foi uma jornada incrível! Te amo!