Advogado desmente delator do PCC e nega propina de R$ 4,2 mi ao delegado Fábio Caipira e a Olim

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O advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves, personagem central de um capítulo importante da delação do empresário Antônio Vinícius Gritzbach - o delator do PCC, fuzilado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em novembro - negou em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo que tenha pagado propinas de R$ 4,2 milhões ao delegado Fábio Pinheiro Lopes, o Fábio Caipira, e ao deputado Delegado Olim. Ramsés afirmou que "nunca se reuniu" com o delegado e o parlamentar. "Jamais o dr. Fábio e o deputado exigiram ou solicitaram qualquer vantagem espúria."

Ramsés depôs na sexta-feira ao delegado Eduardo Rodrigues Corrêa, da Divisão Operacional da Corregedoria. O Estadão teve acesso à íntegra do depoimento do advogado citado na delação de Gritzbach.

O delator disse aos promotores do Gaeco - braço do Ministério Público estadual que combate crime organizado - que Ramsés lhe foi apresentado em meados de março de 2022 'como muito influente e que resolveria todos os seus problemas, como restituição de passaporte, desbloqueio de bens e liberdade durante todos os processos'.

De acordo com o relato de Gritzbach aos promotores, Ramsés teria cobrado R$ 5 milhões, dos quais R$ 800 mil de honorários e 'o resto de propina' - que seria entregue a Fábio Caipira e a Olim.

Parte do montante, afirmou o delator, foi quitada com dois apartamentos, além de 'diversos cheques', mais R$ 300 mil 'em transferência bancária' em 24 de junho de 2022 e 'uma parte em espécie'.

Fábio Caipira, desde o início dos anos 1990 na carreira, foi afastado da direção do Departamento Estadual de Investigações Criminais quando seu nome surgiu em meio ao escândalo da execução de Gritzbach.

Ele e Olim sempre negaram taxativamente qualquer envolvimento com episódio de extorsão do delator do PCC.

À Corregedoria, Ramsés atribuiu a citação a seu nome a um desentendimento com o delator que teria provocado 'ruptura de contrato' entre ambos. Declarou que conheceu Gritzbach quando namorava uma prima do empresário.

Segundo ele, o rompimento ocorreu porque Gritzbach teria protocolado uma petição, por intermédio de outro advogado, 'sugerindo que o 24.º Distrito Policial (zona Leste da capital paulista) recebia valores indevidos da favela da Caixa D'Água, que seria dominada pelo PCC.'

"Por não compactuar com tal procedimento decidi romper o contrato com Gritzbach, haja vista a quebra de confiança."

Ramsés disse que, 'a partir da ruptura', Gritzbach passou a solicitar o valor pago a ele, 'a título de honorários', inclusive os dois apartamentos registrados no 9.º Cartório de Imóveis de São Paulo.

"Diante da minha negativa em restituir o que recebi de honorários, Gritzbach passou a fazer ameaças veladas dizendo que me incluiria em uma futura delação premiada caso não devolvesse os imóveis e os valores recebidos."

Segundo Ramsés, em abril de 2024, como 'negou as investidas de Gritzbach', o delator ingressou com ações judiciais tentando reaver a propriedade dos dois imóveis. O advogado afirma que Gritzbach 'perdeu as ações'.

À Corregedoria da Polícia, Ramsés afirmou: "Acredito que, em razão disso, em setembro de 2024, Gritzbach incluiu meu nome em sua delação junto ao Gaeco/MP, uma vez que acreditava que os imóveis retornariam a ele por força do acordo de delação, já que não tinha alcançado sucesso nas ações cíveis."

Ramsés disse que conheceu o deputado Delegado Olim por volta de 2023 por intermédio de um outro parlamentar que já conhecia da cidade de Indaiatuba, no interior paulista. "A apresentação foi informal, de corredor, não tratei com o dr. Olim de assuntos profissionais."

"Jamais solicitei ao deputado que marcasse reunião com o delegado Fábio Pinheiro Lopes", declarou Ramsés. "O único contato com o deputado Olim se limitou a este único e breve encontro, nunca mais o encontrei."

Sobre Fábio Caipira, ele disse: "Já o conhecia dos corredores do Deic, quando ele ainda não era diretor, por conta de sua atuação profissional. Jamais me reuni com o dr. Fábio para tratar de assuntos profissionais e pessoais. Nunca me encontrei com ele em sua sala no Deic. Apenas uma vez o procurei em um final de semana para desejar felicidades, mas ele não estava no local."

Ramsés também negou relacionamento com o delegado Murilo, do 24.º DP. "Jamais sequer o vi."

No termo de declarações de Ramsés, a Corregedoria destacou: "Nega veementemente que tenha oferecido ou tenha recebido qualquer pagamento de propina para as autoridades (Fábio Caipira, Murilo e deputado Olim) a fim de que os problemas de Vinícius Gritzbach fossem resolvidos." "Tudo o que recebi em valor ou imóveis é referente a honorários advocatícios. Jamais cobrei R$ 5 milhões que seriam destinados a policiais."

Sobre os cheques que teria recebido do delator e que seriam parte da propina a ser paga aos policiais e ao parlamentar, afirmou que "diziam respeito a uma compra e venda". Segundo ele, os cheques foram posteriormente restituídos a Gritzbach. "Nunca passaram por mim."

Sobre os R$ 300 mil declarou que o valor era referente a uma 'transação' com um outro advogado 'relacionado a negócios profissionais'.

Ramsés rechaçou outro trecho da versão de Gritzbach aos promotores sobre conversas via WatsApp - em uma delas ele teria dito ao delator que estava no Deic e que 'os policiais estão contando o dinheiro'.

"Desconheço por completo, nego que tenha entabulado tal conversa com Antônio Vinícius, ele pode ter forjado tais mensagens." O advogado também negou que tenha enviado áudio ao delator cobrando que 'faltaria uma parte do dinheiro solicitado pelos policiais'.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA SÉRGIO ROSENTHAL, QUE DEFENDE O DELEGADO FÁBIO CAIPIRA

"É evidente que ou Antônio Vinícius deliberadamente mentiu visando prejudicar o advogado Ramsés, assim como obter benefícios em seu acordo de delação premiada, ou foi enganado pelo advogado. De todo modo, é lamentável que uma alegação esdrúxula e desacompanhada de qualquer prova seja utilizada para macular o nome de um policial íntegro e com mais de trinta anos de carreira como o delegado Fábio."

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ANTÔNIO CLÁUDIO MARIZ DE OLIVEIRA, QUE REPRESENTA O DEPUTADO DELEGADO OLIM

"Jamais o deputado Olim exigiu ou recebeu propinas para facilitar qualquer coisa para o delator. Olim é um parlamentar de reputação ilibada. Seu nome foi citado de forma irresponsável na delação."

COM A PALAVRA , O ADVOGADO RAMSÉS BENJAMIN GONÇALVES, CITADO PELO DELATOR GRITZBACH

A reportagem do Estadão pediu, via WatsApp, manifestação do advogado Ramsés Benjamin Gonçalves. Não houve retorno até a publicação deste texto. O espaço está aberto (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.; Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.).

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Ivete Sangalo se emocionou em sua primeira apresentação depois do velório de Preta Gil, na noite de sábado, 26. A cantora se apresentou no festival Fortal, em Fortaleza, e dedicou o show à amiga: "Ofereço a você, Pretinha, com todo o meu amor, essa apresentação e todas as que vierem. Receba essa homenagem, que eu sei que você está em um lugar de luz", disse Ivete com a voz embargada.

Ovacionada pelo público, a cantora justificou sua emoção: "Vou falar uma coisa a vocês: está tudo bem. Eu estou emocionada porque foi agora, mas ela deixou todo mundo muito bem equipado, acreditem", explicou Ivete, antes de entoar o maior hit da carreira de Preta, a música Sinais de Fogo.

Um dia antes, na sexta-feira, 25, Ivete Sangalo esteve no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde aconteceu o velório de Preta Gil. A cantora chegou acompanhada de seu marido, o nutricionista Daniel Cady, e chorou bastante ao se aproximar do caixão da amiga.

Preta Gil e Ivete Sangalo eram muitos próximas. Em maio, a baiana chegou a visitar a amiga nos Estados Unidos, onde ela passou por um tratamento experimental contra o câncer.

Mesmo sendo filha de Gilberto Gil, um dos maiores ícones da música brasileira, Preta Gil contou que só iniciou na carreira musical por causa do estímulo de Ivete. Em uma entrevista de 2023 na Vogue Brasil, ela explicou que Ivete a via cantar em rodas de amigos e sempre elogiou a sua voz.

O humorista Léo Lins usou seu canal no YouTube neste domingo, 27, para afirmar que nunca fez piadas diretamente sobre a morte de Preta Gil e que também não pretende mais fazer piadas envolvendo a cantora, que morreu no último domingo, 20.

Sem citar diretamente a quais matérias se refere, o comediante criticou parte da imprensa: "Pegaram uma notícia de um mês atrás, feita de forma muito desleal e desonesta, sobre piadas escritas dois anos atrás, para, agora, publicarem notas dizendo que estou fazendo piadas sobre a morte de Preta Gil, chegando a atribuir a mim a frase, com aspas, dizendo que falei: 'Quem me processar vai pegar câncer e morrer'. Eu nunca disse isso. E nem fiz piadas sobre a morte da Preta Gil."

Em seguida, disse que chegou a fazer humor com a doença da cantora, mas não a respeito de sua morte: "Eu sei que vão falar: 'Ah, não falou da morte, mas falou do câncer, ela morreu de câncer, isso também está errado...'. 'Ele escreveu a piada dois anos atrás, mas contou até semana passada, mas não pode...'. Eu sei que aqui já cabe uma discussão. Mas o ponto é: quando chegou nesse nível de distorção e de mentira, eu achei importante fazer o vídeo."

Em junho, quando Preta Gil ainda estava viva, uma reportagem do jornal O Globo indicou que Léo Lins citou Preta Gil no primeiro show feito pelo comediante após sua condenação à prisão. A apresentação aconteceu no Teatro Gazeta, em São Paulo, diante de 720 pessoas. Na ocasião, segundo o jornal, teria feito a seguinte piada: "A Preta Gil veio me processar por causa de uma piada de anos atrás. Três meses depois que chegou o processo, ela apareceu com câncer. Bom, parece que Deus tem um favorito. Acho que ele gostou da piada. E pelo menos ela vai emagrecer".

Léo Lins diz que não fará mais piadas com Preta Gil

Em seu vídeo no YouTube, Léo Lins prosseguiu: "Aproveito para dizer que não faço mais as piadas (sobre o tema). Porque elas eram sobre o processo. Como não tem mais processo, não tem mais por que continuar com as piadas."

O humorista ainda compartilhou o print screen com uma mensagem que teria enviado ao perfil de Preta Gil no Instagram, mas que não foi respondida ou visualizada, datada de 10 de março de 2023, logo após ela ter sido diagnosticada com câncer: "Acabei de ver uma notícia sobre sua saúde. Estimo suas melhoras. Sei que nem colegas nós somos, mas senti vontade de te mandar essa mensagem".

Léo Lins, por fim, desejou forças à família da cantora. "Meus sentimentos a todos vocês. Tenho certeza que estão passando por um momento difícil. Principalmente vocês que acompanharam tão de perto o quanto ela lutou contra esse câncer. Deixo os meus sinceros sentimentos."

"Me despeço com uma piada. Para vocês que são meus fãs, e feita para vocês que não gostem de mim. Fiquem tranquilos: a Preta Gil não vai mais me encontrar e ouvir minhas piadas, porque ela está no céu, e eu vou para o inferno", concluiu.

Bela Gil falou sobre luto neste domingo, 27, data que marca uma semana da morte de sua irmã, Preta Gil, que foi velada e cremada no Rio de Janeiro na última sexta-feira, 25. "Quero agradecer por todas as mensagens lindas, cuidadosas e acolhedoras que recebi nesses últimos dias! Obrigada a cada um de vocês", escreveu a chef de cozinha e apresentadora nos Stories da sua conta do Instagram.

Diferentemente de outros familiares e dos amigos famosos, Bela Gil não foi fotografada no funeral de Preta Gil, já que chegou ao velório da irmã junto com o pai, Gilberto Gil, e a mãe, Flora Gil, depois do fechamento da cerimônia para o público e para a imprensa.

"Agradeço especialmente aos meus amigos e amigas pela preocupação e disponibilidade em cuidar de mim. Vocês são fundamentais na minha vida. Que lindo sentir isso e espero ser essa amiga à altura para vocês também. Eu tô 'bem' e aprendendo a dar espaço para a saudade", esclareceu Bela sobre seu "sumiço" nos últimos dias por causa do luto.

No sábado, 26, Bela já havia mostrado uma ida à praia para um mergulho na tentativa de se cuidar. "Hoje o corpo pedia movimento para refrear a dor e nada melhor do que nadar no mar", escreveu. Na quinta-feira, 24, um dia antes do velório de Preta, Bela também havia homenageado a irmã com um post e uma sequência de fotos nas redes sociais. "Você abriu portas e caminhos e seguirei trilhando obrigada por tudo, te amo."

Além de Bela Gil, Preta Gil tinha outros 6 irmãos, todos filhos de Gilberto Gil. O cantor já tinha perdido outro filho, Pedro Gil, em 1990.