Documentário mostra influência da ditadura na carreira de Pelé

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O documentário abre com clima de uma festa anunciada: os momentos que antecedem a final da Copa de 1970, no México, onde o Brasil se tornou tricampeão mundial ao golear a Itália por 4 x 1. Foi a consagração de um geração de craques, mas também a afirmação de um rei: Pelé. Mas é justamente a voz dele que se ouve, em off, fazendo uma alarmante confissão: "Naquele momento, eu não queria ser Pelé". E é com esse enigma que começa Pelé, documentário original da Netflix, que estará disponível no streaming a partir da terça, 23.

Dirigido por David Tryhorn e Ben Nicholas, o filme se estrutura de forma a justificar tal desabafo. É justamente esse caminho o que torna esse documentário distinto dos demais: sim, são mostrados muitos gols, como não poderia ser diferente, mas a ascensão de Pelé no mundo do futebol passa a interessar ao meio político, a ponto de ele ser obrigado a rever a decisão de não mais disputar uma Copa do Mundo após o fracasso brasileiro no Mundial de 1966, na Inglaterra, e assumir a obrigação de vencer quatro anos depois, no México.

"O Brasil antes de Pelé e o Brasil depois de Pelé são dois países totalmente diferentes em termos de identidade cultural e nacional", observa Tryhorn que, a partir do surgimento do maior jogador de futebol do mundo, traça um paralelo entre a sua trajetória e a do próprio País.

Assim, a surpreendente revelação de Pelé na Suécia, em 1958, quando o Brasil conquistou seu primeiro título, e a vitória no Chile, quatro anos depois, correspondem a uma das fases mais criativas e economicamente positivas da história brasileira - o sucesso dentro de campo encontrava reflexo fora, na sociedade.

Os ares mudam em 1964, com o golpe militar. Apesar de colecionar títulos no Santos, Pelé, que representava até então o futebol alegre e bem jogado, sai machucado no início da Copa da Inglaterra, em 1966, e o Brasil é precocemente desclassificado.

Pelé anuncia seu desejo de não mais disputar um Mundial - e essa declaração é uma das imagens raras do documentário, encontrada nos arquivos da RTP, televisão portuguesa.

O regime militar, no entanto, precisava de uma conquista mundial para consolidar a imagem de um país bem-sucedido, ainda que à base de mortes, torturas e cassação dos direitos civis. A pressão se instala na preparação para a Copa do México: comunista confesso, o técnico João Saldanha, que chegou a confrontar o presidente Emílio Garrastazu Médici ("Eu não escolho os ministros dele, e ele não escala a minha seleção"), logo é destituído e Zagallo assume, junto de uma comissão técnica formada por militares.

"A gente sabia de muitas coisas que aconteciam no País. Outras, não", comenta Pelé, no documentário, sobre os abusos da ditadura. "Nunca fui forçado a nada", completa ele, que decidiu voltar à seleção também para uma realização pessoal: mostrar que, aos 30 anos, ainda podia ser campeão do mundo. Nas entrelinhas, porém, fica evidente que ele sentia o peso da responsabilidade imposta pelo governo.

"O documentário talvez seja a jornada de doze anos de um garoto que ganhou uma Copa do Mundo em 1958, e depois se tornou um homem na de 1970", observa o italiano Mateo Bini, editor do filme. "Aí você entende que, quando vence aquela Copa do Mundo, Pelé é considerado o salvador, porque é ele quem está derrotando aquele complexo."

É nesse momento também que o espectador passa a entender o significado da frase inicial do filme, quando ele diz que não gostaria de ser Pelé naquele instante. Também se tornam compreensíveis o choro compulsivo que o domina quando se aproxima do estádio da final contra a Itália, surpreendendo os outros jogadores, e ainda os três estrondosos berros de desabafo que deu no vestiário ("Não morri, não", relembra Rivellino), após a conquista.

A volta ao Brasil e o encontro com Médici, em Brasília, são momentos delicados do documentário. O ex-jogador Paulo César Caju analisa a cena do abraço com o presidente como um rebaixamento social. "Pelé retoma a posição do 'sim, senhor'", diz. Em contrapartida, Pelé assegura ter mais ajudado o Brasil com seu brilhante futebol que os políticos, "que ganham para fazer isso". De uma certa forma, a maioria dos entrevistados para o documentário referenda isso, poupando-o de uma condenação moral.

O filme traz ainda outros momentos preciosos. Como a chegada de Pelé à sala onde concedeu as entrevistas: apoiando-se em um andador, ele empurra o aparelho para fora do foco da câmera tão logo se senta. "Não planejamos isso", diz Tryhorn. "Sentimos que era importante mostrar que um dos maiores atletas tinha problemas para caminhar, mas ainda assim não aceita isso."

Entre os diversos entrevistados, destaque para dois familiares: a irmã Maria Lúcia e o tio Jorge Arantes, que relembram a infância de Pelé, especialmente quando trabalhou de engraxate para ajudar em casa. E é justamente a singela imagem do rei do futebol batucando em uma caixa de engraxate que encerra o documentário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Sabrina Sato leva a sério o ditado de que a melhor fase da vida começa depois dos 40. Foi quando ela viu tudo mudar. Aos 42 anos, separou-se de Duda Nagle, com quem viveu 7 anos e teve uma filha, Zoe, agora com 6 anos. Aos 43, assumiu um namoro com Nicolas Prattes. Prestes a completar seus 44, casou-se com o ator.

Mas Sabrina mal imaginava que poderia se apaixonar depois de uma relação longa e da responsabilidade de criar Zoe. O amor, é claro, vem acompanhado de estereótipos, mas a apresentadora quer provar que nenhum deles é real com Minha Mãe com Seu Pai, reality que acaba de estrear na Globoplay.

A proposta é inusitada: filhos inscreveram os pais de meia-idade para que eles tentem encontrar um novo amor. O que eles não sabiam é que teriam de atuar como "especialistas", decidindo o destino dos pais e acompanhando tudo o que acontece entre eles. Tudo mesmo.

Em entrevista ao Estadão, Sabrina garante ter sido a primeira vez que colocou tanto da sua experiência em um programa. Em Minha Mãe com Seu Pai, ela foi filha, mãe, amiga, confidente e conselheira. "Eu me intrometi até demais", brinca. Foi a atriz que, depois de ver a proposta do formato original, da rede britânica ITV Studios, pediu para assumir o programa. À época, ela estava noiva e grávida de Nicolas - e perdeu o bebê com 11 semanas de gestação.

Por ter sentido na pele o que é amar de novo, a apresentadora conta ter feito o máximo para que os participantes também "se jogassem" no romance. "Minha experiência de estar em um momento muito feliz da minha vida pessoal, de estar amando, de ter encontrado alguém especial e ter dado certo me ajudou a incentivá-los e a falar: 'Gente, vem, vem pular na piscina também, vem para esse lado'."

"Qualquer pessoa que encerra um relacionamento longo e com filhos pensa: 'Agora já era'. Você não consegue nem pensar que ainda pode voltar a amar e ser amada." O peso é ainda maior para as mulheres. No reality, ela decidiu avisar cada participante de que o objetivo é dar-lhes a oportunidade de escolher um parceiro - e não de serem escolhidas. "As pessoas precisam entender que a mulher com mais de 40, 50, 60 anos tem desejos. A mulher que quer encontrar um grande amor está mais viva do que nunca."

ROMANCE

Ao todo, seis homens e seis mulheres participam do programa. A maioria não vive um romance há muito tempo - e há algumas mulheres que chegaram a passar por relacionamentos tóxicos.

Do lado dos filhos, há ciúme. A atriz diz ter se divertido com as reações. "Os filhos viram pela primeira vez o pai ou a mãe beijar na boca. É uma loucura imaginar que a mãe queira fazer outras coisas além de maternar... É maravilhoso", comenta.

A Globo pretende que Minha Mãe com Seu Pai preencha a ausência do BBB 25 e pega carona no crescente gosto do público brasileiro por realities de namoro - como se viu com Casamento às Cegas, da Netflix.

Segundo Gustavo Baldoni, head de Conteúdo de Entretenimento Produtos Digitais da Globo, o Globoplay conseguiu um aumento de 51% de horas vistas de realities no ano passado. Túnel do Amor, reality de namoro apresentado por Ana Clara, é um dos maiores sucessos do serviço de streaming e soma 10 milhões de horas consumidas.

Para ele, o interesse do público pelo gênero envolve curiosidade e identificação. "Todo mundo se relaciona ou já se apaixonou. Há uma curiosidade em observar as questões e os conflitos. Os realities permitem explorar dinâmicas diferentes de relacionamentos, além de gerar muitas conversas", comenta.

EXEMPLOS

Para Sabrina, o gosto dos brasileiros está ligado a um "interesse em tudo que envolve o comportamento humano". "Nós temos tantos problemas e ainda achamos que conseguimos cuidar dos problemas dos outros. Nós também vamos nos baseando nos relacionamentos das outras pessoas para termos como exemplo", diz.

Sabrina não viveu apenas um pouco das experiências amorosas do elenco: ela também já esteve do outro lado da moeda e foi participante do Big Brother Brasil. Diferentemente do elenco do novo programa, ela diz ter enfrentado o receio da família para entrar na casa.

"Meus irmãos falavam: 'Pelo amor de Deus, você vai expor a família inteira. Se você quer trabalhar na televisão, ser apresentadora, nós te ajudamos a fazer algum teste. Mas não inventa de participar do Big Brother'.".

Por entender o quanto é difícil tomar a decisão de participar de um reality, ela resolveu ajudar ao máximo o elenco de Minha Mãe com Seu Pai. "Tem de ter coragem. Na minha vida, ainda mais agora, eu aprendi a valorizar o tempo que eu tenho, a viver os momentos e me preocupar menos com o que os outros vão pensar e mais com o que realmente importa: os meus sentimentos", diz.

O reality terá dez episódios. Quatro deles estão desde quarta-feira, 30, no Globoplay e outros quatro chegarão ao catálogo do streaming no dia 7. A revelação da dupla final vai ao ar no dia 14 de maio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um novo documentário produzido pelo diretor Martin Scorsese apresentará uma conversa inédita com o falecido papa Francisco sobre o esforço apoiado pelo pontífice para oferecer educação por meio do cinema, anunciaram os produtores do filme nesta quarta-feira, 30.

Chamado Aldeas - A New Story, o documentário está "enraizado na crença do papa na sagrada natureza da criatividade", disse um comunicado dos cineastas. Não foi anunciada uma data de lançamento.

Segundo eles, a conversa inédita com Scorsese foi a "última entrevista aprofundada do papa para o cinema".

Antes de morrer, Francisco chamou o documentário de "um projeto extremamente poético e muito construtivo porque vai às raízes do que é a vida humana, a sociabilidade humana, os conflitos humanos... a essência da jornada de uma vida", disseram os cineastas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Morreu nesta quarta-feira, 30, o jornalista Luiz Antonio Mello, aos 70 anos. A informação foi publicada pelo jornal A Tribuna, do Rio de Janeiro, em que ele atuava como editor desde 2021. Mello teve uma parada cardíaca enquanto fazia um exame de ressonância, e se recuperava de uma pancreatite no Hospital Icaraí.

Nome importante para o rock nacional, Luiz Antonio Mello (conhecido como LAM) passou por veículos como Rádio Tupi, Rádio Jornal do Brasil e Última Hora. No entanto, foi na Rádio Fluminense FM que ele esteve à frente do programa Maldita, criado em 1981 e responsável por dar visibilidade a grandes nomes da música, como Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Legião Urbana. A história foi contada no longa-metragem Aumenta que é Rock'n Roll, estrelado por Johnny Massaro e dirigido por Tomás Portella.

Após a passagem pela Fluminense FM, que deixou em 1985 para participar da implantação da Globo FM, trabalhou como consultor de marketing para uma gravadora, foi diretor de TV e produtor musical. Colaborou com vários veículos, entre eles o Estadão, e é autor dos livros Nichteroy, Essa Doida Balzaka (1988), A Onda Maldita (1992), Torpedos de Itaipu (1995), Manual de Sobrevivência na Selva do Jornalismo (1996), Jornalismo na Prática (2006) e 5 e 15, Romance Atonal Beta (2006).

A prefeitura de Niterói declarou três dias de luto em homenagem ao jornalista.

"Luiz Antônio Melo era um niteroiense apaixonado por nossa cidade e que tinha uma mente, uma capacidade inventiva e criativa extraordinária. Participou diretamente de um dos momentos mais marcantes da música brasileira e do rock nacional através da rádio fluminense na década de 80. Lembro que ele ficou muito grato e feliz quando apoiamos a realização do filme Aumenta que isso aí é Rock and Roll, baseado no livro de sua autoria. Recentemente, conduzia com maestria as edições do jornal A Tribuna. Niterói, o rock e o jornalismo estão de luto com a sua partida. Mas ele deixou um legado, suas ideias", afirmou o prefeito Rodrigo Neves.